Cinema com Rapadura

Colunas   segunda-feira, 15 de junho de 2020

[LISTA] 8 filmes de terror para quem quer conhecer o gênero… mas tem medo

Pessoas medrosas não precisam se privar da experiência de ver bons filmes de terror, e nesta lista indicamos 8 obras que vão além dos sustos óbvios.

Delimitar o que é um filme de terror não é uma tarefa fácil. Incontáveis teóricos já escreveram sobre o assunto, de maneira mais ou menos ampla, porém, nunca houve um consenso, nem entre quem produz obras do gênero — seja na literatura, cinema, teatro, etc.

O crítico literário Noël Carroll escreveu em “A Filosofia do Horror ou Paradoxos do Coração” (1999) uma série de itens necessários, que precisam no elemento essencial do terror: o monstro. Este, por sua vez, deveria apresentar duas características: ser desprezível (visual ou psicologicamente) e representar um perigoso para a sociedade.

Com isso, o autor acreditava estar colocando dentro de uma mesma classificação, filmes que trabalhassem o medo como temática central, mesmo que partissem de propostas diferentes. Porém, surge aí um questionamento: se o gênero depende do medo para funcionar, como pessoas medrosas lidariam com a experiência do terror? Se a arte é excludente, qual o seu sentido?

O que a história pode nos mostrar é que sim, o terror trabalha na sua essência com o medo, mas isso pode acontecer de diferentes maneiras. Da sugestão de um bom roteiro, à habilidade ímpar de grandes diretores, o medo pode surgir de diferentes formas, nem sempre relacionadas ao susto ou à angústia. 

Se você sempre teve curiosidade de conhecer um pouco mais o cinema de terror, mas sempre teve medo de carregar alguns traumas após o final do filme, selecionamos 8 títulos para te ajudar. Todos trabalham com elementos específicos para causar medo, e estão em ordem do “menos assustador” para o “mais assustador”, assim, você pode ir se relacionando aos poucos com o gênero, e entender porque ele acompanha a humanidade há séculos.

Drácula de Bram Stoker (1992)

Adaptação cinematográfica de Coppola de um dos livros mais importantes de terror, “Drácula de Bram Stoker” conta a história do jovem advogado britânico Jonathan Harker (Keanu Reeves), que vai para uma pequena vila no Leste Europeu, após ser contratado pelo vampiro Drácula (Gary Oldman). Ao ver uma foto de Mina Murray (Winona Ryder), noiva de Harker, Drácula acredita que ela é a reencarnação de sua antiga esposa. Começa assim um jogo de sedução e terror.

“Drácula de Bram Stoker” é um filme que apenas um diretor com total domínio da narrativa conseguiria fazer. Coppola apresenta uma releitura atualizada de um dos mais icônicos monstros da história, com uma evolução gradual de terror. A sequência que acompanha Harker até o castelo do Drácula é até hoje uma intensa experiência de terror, porém, o longa possui um ritmo cadenciado, permitindo quem assiste a se envolver com a história aos poucos.

Suspiria (1977)

A trama acompanha a jovem Suzy Bannion (Jessica Harper), uma bailarina nascida nos Estados Unidos que consegue uma bolsa de estudos em uma das mais importantes escolas de dança da Europa. Lá, ela se depara com estranhos fenômenos que colocam sua vida em risco conforme tenta desvendar os mistérios que ocorrem dentro do local.

Esteticamente impecável, “Suspiria” é um terror que começa na sugestão. O público embarca na estranheza do filme ao lado da protagonista e, com o tempo, percebe que existem perigos reais. O final pode causar um certo desconforto, mas a obra continua sendo uma das mais inteligentes experiências de terror para quem conhece pouco do gênero.

Os Invasores de Corpos (1978)

Matthew Bennell (Donald Sutherland) é um inspetor do serviço de saúde, que percebe que  as pessoas a sua volta estão se comportando de forma bem estranha. Quando sua colega de trabalho, Elizabeth Driscoll (Brooke Adams), também percebe que algo está errado, os dois começam a investigar o que está acontecendo e descobrem que alienígenas estão assumindo a aparência dos humanos e tomando seu lugar na Terra.

Um dos filmes responsáveis por unir ficção científica ao terror (mistura consolidada um ano depois, por “Alien, O Oitavo Passageiro”), “Invasores de Corpos” é para quem está atrás de uma obra que termina no ápice. Ver a sociedade sendo substituída aos poucos e não conseguir lidar com o problema é angustiante, portanto o longa serve para quem não quer o grotesco ou sustos, mas tensão.

O Iluminado (1980)

Durante o inverno, Jack Torrance (Jack Nicholson) é contratado para ficar como vigia em um hotel no Colorado e vai para lá com a esposa, Wendy (Shelley Duvall), e seu filho Danny (Danny Lloyd). Com o tempo, porém, o isolamento começa a afetar Jack, que não sabe se está alucinando ou tendo contato com assombrações que aterrorizam o hotel há décadas.

“O Iluminado” ainda é um dos romances mais importantes do mestre do terror, Stephen King. A adaptação de Kubrick para a sua obra muda diversos elementos, dando mais espaço para a evolução das personagens em meio ao hotel. Ao lado de “O Bebê de Rosemary” e “O Exorcista”, é um dos filmes de terror mais importante do século 20.

>> Especial Stephen King – O universo das adaptações cinematográficas do autor

A Espinha do Diabo (2001)

Durante a Guerra Civil Espanhola, um garoto de 12 anos, Carlos (Fernando Tielve), é abandonado em um orfanato, onde é recebido com hostilidade e violência pelas outras crianças e pelo cruel funcionário Jacinto (Eduardo Noriega). Com o tempo, Carlos começa a ser visitado pelo espírito de Santi (Junio Valverde), um menino que foi brutalmente assassinado na instituição. Agora ele pede para que Carlos vingue a sua morte.

Guillermo del Toro é um cineasta com uma visão muito particular de terror, usando o gênero para criar fábulas que dialogam com outras inúmeras linguagens. Em “A Espinha do Diabo”, o diretor não abre mão de momentos de terror causados pelo espírito de uma criança, da mesma maneira como usa o orfanato e as pessoas ali dentro como monstros.

Boa Noite, Mamãe (2014)

Uma família vive em uma residência isolada em meio a árvores e plantações de milho. Após dias afastada por conta de cirurgias plásticas, a mãe (Susanne Wuest) volta para casa e não é reconhecida pelos filhos gêmeos. As crianças, de nove anos, duvidam que a mulher de rosto coberto seja realmente sua mãe e a partir de então nada será como antes.

O gore é um subgênero do terror que usa o grotesco para causar medo ou repulsa. “Boa Noite, Mamãe”, é uma opção para quem quer conhecer esse estilo, sem partir para obras mais pesadas, como “A Invasora”.

A Bruxa de Blair (1999)

Em outubro de 1994, três jovens foram para a Floresta de Black Hills nos EUA, filmar um documentário sobre uma lenda local. Nunca mais ouviu-se falar deles. Um ano depois, a gravação que eles fizeram é encontrada e seu legado tem o título “A Bruxa de Blair”, que documenta a angustiante e arrepiante jornada de cinco dias através da floresta, e todos os eventos aterrorizantes que resultaram no desaparecimento deles.

“A Bruxa de Blair” foi o filme que resgatou o formato mockumentary (o falso documentário) e o popularizou definitivamente. Quando lançado, soube usar a mentira de que as filmagens eram reais para ganhar publicidade, fez sucesso e é até hoje uma das obras de terror mais impactantes da história. É um longa que funciona totalmente pela sugestão de um mal, uma vez que a figura do monstro não é apresentada em nenhum momento.

O Babadook (2014)

Amelia (Essie Davis) perdeu o marido enquanto estava indo para o hospital dar à luz ao seu primeiro filho. Anos depois, ela divide a maternidade com seu trabalho, até o dia em que decide ler um estranho livro para o filho. A partir deste momento, a criança acredita que um monstro está se espreitando pela casa. Com o tempo, Amelie descobre que a figura que assusta seu filho, pode ser uma ameaça real.

O grande filme de terror do século 21, “O Babadook” é a obra que trabalha com vários elementos presentes nos longas anteriores, enquanto conta uma história simples. Existe o medo pela sugestão, pela presença de uma ameaça — às vezes real, às vezes não, pela trilha sonora e pela narrativa poderosa que a produção apresenta. Ao mesmo tempo é um filme que não depende da covardia do jumpscare. Existem sustos, mas nenhum apoiado em fórmulas simples.

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Robinson Samulak Alves
@rsamulakalves

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