Cinema com Rapadura

Colunas   sexta-feira, 14 de outubro de 2022

A Casa do Dragão: em uma série sem heróis, para quem devemos torcer?

Sem a ameaça de um grande mal pairando sobre Westeros, a série derivada de "Game of Thrones" abre espaço para mais personagens moralmente questionáveis, mas será que o lado que merece o amor do público já não está bem definido?

Três anos após o famigerado fim de “Game of Thrones”, “A Casa do Dragão” tinha uma difícil missão em sua estreia: reconquistar aqueles que haviam jurado não assistir a mais nada deste universo; atrair a atenção de pessoas que nunca haviam experimentado um DominGoT antes; e se manter relevante mesmo sendo focada em apenas uma família do mundo de George R.R. Martin, em uma história prequel, cujo fim já é conhecido e retratado no livro Fogo e Sangue, do próprio autor.

O primeiro episódio se mostrou muito bem-sucedido em todos os propósitos. A estreia atraiu uma grande audiência, garantindo a renovação para a próxima temporada antes mesmo do segundo capítulo ir ao ar. O engajamento nas redes sociais continua forte, e mesmo aqueles que endureceram o coração pós-GoT não conseguiram resistir aos charmes dos Targaryen e suas intrigas.

Muitos chegaram a comentar sobre como “A Casa do Dragão” traz de volta alguns dos elementos principais (e mais elogiados) das temporadas iniciais de “Game of Thrones”, com bastante diálogo e jogo político em foco. No entanto, há uma diferença notável entre o spin-off e sua série mãe. Mesmo que o jogo dos tronos fosse a peça central na antecessora, havia ali um mal absoluto que precisava ser combatido na figura dos White Walkers. Tal ameaça foi apresentada na primeira cena de “GoT”, e com o tempo só foi ganhando espaço, até sua eventual conclusão épica (ou com a intenção de ser) no episódio da Longa Noite. No fim, pouco importava quem sentaria no desconfortável Trono de Ferro, e, seja proposital ou não, quem no fim reinou foi alguém que pouco interferiu na história.

Mas com “A Casa do Dragão” é diferente: só o que importa é quem irá sentar no trono. A disputa por poder enfraqueceu severamente a dinastia Targaryen, no período histórico de Westeros conhecido como a Dança dos Dragões, e depois de dezenas de Targaryens e dragões, e mais centenas e milhares de integrantes de “famílias menores” mortos, alguém sentou no Trono de Ferro, sim. E não muito tempo depois a dinastia chegaria ao fim, como se tal disputa tivesse sido irrelevante. É o tipo de tragédia que George R.R. Martin adora injetar em suas Crônicas de Gelo e Fogo, mas que agora transformado em série, traz o questionamento: em uma guerra em que ambos os lados são formados por pessoas moralmente questionáveis, devemos torcer para alguém?

Uma questão de sucessão

Desde a conquista de Aegon, Westeros viria a passar por seu maior período de paz durante o reinado de Jaehaerys I, e seria nesta época de calmaria que seriam plantadas as sementes da tempestade. O prólogo de “A Casa do Dragão” explica o precedente que viria a ser usado como referência para a questão de sucessão ao Trono de Ferro, e a razão pela qual Rhaenyra encontra obstáculos para ser reconhecida como a herdeira legítima. O primogênito de Jaehaerys, príncipe Aemon, morre, e um novo herdeiro precisa ser escolhido. Pela lógica, a escolha seria feita de sua prole, mas ele tinha apenas uma filha, Rhaenys, que foi ignorada como opção, sendo assim o irmão mais novo de Aemon, Baelon, o apontado.

Porém, os deuses são cruéis (ou adoram mover o plot à frente), e o príncipe mais jovem também morre. Assim, Jaehaerys precisa novamente tomar uma decisão, algo que ele se recusa a fazer, passando a tarefa para um Grande Conselho de senhores de Westeros, que votariam na reivindicação que achassem mais justa — ou mais conveniente a seus próprios interesses. No livro, as opções de maior força são Viserys, primogênito de Baelon, e Laenor, primogênito de Rhaenys, mas na série foi a própria princesa que disputou o posto. De qualquer forma, Viserys foi o escolhido como o herdeiro, e assim abriu-se o precedente de que o trono seria passado do rei para o homem mais próximo na linha de sucessão, rejeitando mulheres como possíveis regentes.

Em seu primeiro casamento, Viserys tem apenas uma criança: Rhaenyra. Chamada de “deleite do reino”, a princesa era adorada pelo povo, mas não tinha pretensão ao trono, pois seus pais ainda eram jovens e certamente gerariam um príncipe e herdeiro. No entanto, depois de várias tentativas, a rainha Aemma morre após dar à luz a um menino que também morreria um dia depois, e Viserys, assim como seu antecessor, se vê obrigado a fazer uma escolha.

Desde que se tornou rei, pelo precedente estabelecido pelo Grande Conselho, o herdeiro de Viserys era seu irmão, Daemon Targaryen, por ser o homem mais próximo na linha de sucessão. Depois da morte de Aemma, sem filhos homens, o status de Daemon não sofreria mudanças, mas Viserys decide nomear Rhaenyra como herdeira, marcando o primeiro passo em direção à guerra. Tal escolha foi feita em parte porque Daemon era visto como um homem cruel e inconsequente, que seria uma ameaça ao reino caso subisse ao trono. Mas o motivador para isso foi a zombaria que o irmão do rei supostamente fez ao chamar o falecido bebê real de “herdeiro de um dia”. Rhaenyra então é nomeada sucessora, e os senhores de Westeros dobram o joelho e lhe juram lealdade. Mas uma mulher no Trono de Ferro? “Os homens prefeririam atear fogo no Reino” antes de ver isso acontecer.

Ao se casar novamente com Alicent Hightower, Viserys logo ganha um príncipe, Aegon, e vários grandes senhores, assim como parte do povo, o veem como o verdadeiro sucessor. Quando o Lorde Hightower recebe a família real no aniversário de dois anos do menino, ele o proclama como “Aegon, segundo de seu nome”, título que só faria sentido caso ele se tornasse rei. Na mesma ocasião, Jason Lannister, ao fazer uma proposta para casar com Rhaenyra, menciona que ele oferecerá regalias boas o suficiente para alguém que “descerá de posto”, indicando que agora que o rei tem um filho, a princesa não seria mais a herdeira. Por parte do povo, quando Rhaenyra e Daemon andam pelas ruas de Porto Real, uma peça retrata Aegon como aquele que mereceria a coroa pelo simples fato de ter um pênis.

Ainda assim, Viserys não muda seu decreto. Ele hesitou apenas uma vez, como diz a sua filha, mas não a substitui. Ele tem três filhos homens com Alicent (um deles ainda não mostrado na série), mas Rhaenyra segue como sua herdeira. Quando a princesa é continuamente acusada de gerar bastardos — algo que não é mentira, mas coloca sua reivindicação ao trono em risco —, Viserys escolhe ignorar a verdade que está bem clara diante de seus olhos, dizendo com orgulho que eles são seus netos, e nada mais importa. Em seus momentos finais de vida, mesmo em meio a tanta dor, ele rejeita ser sedado para que pudesse exercer sua função de rei, defendendo Rhaenyra e seus filhos das mesmas acusações que os perseguiram por anos. Em um reinado marcado pela sua extrema dificuldade de se comprometer, ao tentar agradar a todos a fim de manter a paz, Viserys escolheu Rhaenyra e nada nunca mudou isso.

Por que, então, o público escolheria diferente?

A moral e os bons costumes

Três anos depois do finale de “Game of Thrones” ter ido ao ar, quebrando o coração de muitos ao escolher matar a rainha Daenerys, uma nova Targaryen surge como pretendente ao trono, e as semelhanças entre as duas têm sido continuamente usadas como peça de marketing por parte da HBO. Com a aparência, vestimentas, o icônico Dracarys, e o posto de rainha do povo (não de Westeros, mas do mundo real mesmo), Rhaenyra evoca a lembrança da personagem que por tantos anos foi celebrada como a protagonista inquestionável e verdadeira merecedora do Trono de Ferro. No entanto, a jornada de Daenerys era uma de sobrevivência, libertação e conquista, sendo ela uma heroína lutando contra pessoas más. Rhaenyra, por sua vez, é apenas mais uma Targaryen no meio de muitos outros, e embora ela defenda sua própria família, qual seu objetivo além de sentar no Trono de Ferro? Ah, sim, a profecia… Mas deixemos isso de lado por enquanto.

Escolhida e consolidada como herdeira, Rhaenyra não teria problemas em ascender ao trono não fosse a “rainha verde” e suas crianças de cabelos prateados. Mas Alicent Hightower nem sempre foi apenas uma mãe maquinando para que seu filho se tornasse rei de Westeros, pois a série escolheu dar-lhe uma profundidade que a história registrada no livro nunca lhe ofereceu. Seja isso bom ou ruim, Alicent é mais manipulada do que manipuladora, e a mente por trás da disputa é na verdade seu pai, Otto Hightower, Mão do rei Viserys, que por muito tempo pôde fazer suas próprias vontades às custas do fraco governante. Alicent é apresentada como a melhor amiga de Rhaenyra em sua juventude, e após a morte da rainha Aemma, é forçada pelo seu pai a fazer companhia ao rei viúvo, atraindo assim seu interesse. Ela não queria se tornar a nova rainha, mas ao fazê-lo, tem de manter a “moral e bons costumes”, sendo usada como uma procriadora obediente, enquanto vê sua amiga, a princesa e herdeira do trono, fazer o que bem entende sem se preocupar com as consequências. Ressentimento surge, mas não passaria disso, não fosse Otto novamente insistindo que Rhaenyra é uma ameaça direta aos filhos de Alicent, e a jovem rainha deveria se preparar para o conflito inevitável.

Colocar Alicent como uma vítima na primeira metade da temporada foi uma escolha que parece ter sido feita para dar uma chance à personagem, para que o público ainda pudesse entender que a série não é feita de heróis, mas de pessoas com suas qualidades e defeitos. Porém, em poucos minutos como a Alicent adulta depois da passagem de 10 anos no sexto episódio, toda essa construção entra pelo ralo, com a personagem atraindo ódio imediato por conta de seu contínuo julgamento contra Rhaenyra e seus filhos de cabelos pretos. Antes mesmo disso, ao confrontar a princesa sobre a fofoca de que Rhaenyra e Daemon (sobrinha e tio) supostamente haviam transado e assim manchado a honra da princesa, Alicent age como a ditadora dessa moral que ela mesma precisa seguir, e que não parece ter efeito algum em sua ex-amiga, visto que com o passar dos anos Rhaenyra continuamente gera filhos de uma relação fora do casamento.

Há vulnerabilidade em Alicent, e ela é mais inocente do que talvez o público esteja disposto a interpretar. Os motivos de sua raiva contra Rhaenyra vêm mais de uma amargura sobre seu próprio destino do que de fato a ameaça contra seus filhos, questão essa que de início interessa mais a seu pai. Alicent acreditou em Rhaenyra quando esta mentiu, e assim, fez com que Otto fosse expulso do cargo de Mão do Rei, e somente quando descobre a verdade pelas palavras de outro manipulador, Larys Strong, ela decide não combater, mas defender sua família. Por que ela é vista como a “vilã” da história?

Além de antagonizar a nova “rainha do povo”, Alicent tem filhos desprezíveis. Aegon, seu primogênito, é um menino patético e debochado que se torna um homem abusador, e seria claramente um desastre como rei. Aemond, por sua vez, tinha um certo nível de decoro, até reivindicar Vhagar, o maior dragão vivo do mundo, e deixar que o sadismo se tornasse sua característica principal. Em contrapartida, os filhos de Rhaenyra são doces e gentis crianças, que se tornam homens de respeito e cientes de seus deveres. A escolha entre quais deles merecem nosso amor não é difícil.

Mas não é só isso. Apenas um lado tem Daemon Targaryen.

O Targaryen favorito de George R.R. Martin tem esse posto por ser um personagem cinza, algo que não só o autor gosta, mas que também costuma atrair o amor do público cansado de heróis certinhos demais ou vilões maniqueístas. A primeira aparição de Daemon na série mostrou-o desmembrando criminosos sem piedade, como parte do dever de líder da Patrulha da Cidade, e sua habilidade como guerreiro foi demonstrada na luta contra Craghas Drahar, em uma cena bastante elogiada. Junto a isso, sua constante recusa em seguir ordens do irmão e rei, e sua vontade incontrolável de causar problemas lhe conferem bem o título de Príncipe Rebelde.

Mas para além da crueldade que tanto é enfatizada no livro, a série trouxe à tona um aspecto mais amoroso de Daemon, tornando-o praticamente irresistível aos olhos de quem está disposto a passar pano para um bom personagem cinza e seus eventuais crimes. Ele demonstra amor ao irmão, expressando o desejo de estar ao seu lado, pois ele o protegeria verdadeiramente, não como fazem os aproveitadores da corte. Isso é reforçado no episódio 8, pelos seus olhares preocupados a um Viserys que está a um passo da morte, e a ajuda que oferece ao rei no caminho ao trono. Mas seu amor maior — ou obsessão? — por Rhaenyra é o golpe final, pois enquanto ele parece implacável na frente de todos os outros, ele se vê inofensivo à frente da princesa. Os dois foram “feitos para queimar juntos”, e assim se tornam imbatíveis quando o assunto é conquistar a torcida do público. Mas assim como certas escolhas foram feitas para que Alicent fosse menos vilanizada, parece haver também um esforço proposital da série em colocar Daemon em uma luz mais favorável.

No fim do episódio 6, quando Laena, segunda esposa de Daemon, está em um complicado trabalho de parto, o meistre responsável indica que o príncipe deve fazer uma escolha entre salvar o bebê ou deixar que ambos morram. Isso é um claro paralelo à mesma escolha que Viserys teve de fazer no parto de Aemma, submetendo-a a uma violência absurda para que seu filho pudesse ser retirado. No caso de Daemon, ele se preocupa com a esposa antes de considerar salvar o bebê, mas não chega a tomar uma decisão, sendo Laena a pessoa a decidir seu próprio destino. Muito foi dito sobre isso ao fim do episódio, colocando Daemon como alguém que fez a escolha certa, apesar de não ter feito nenhuma, e a amnésia do público sobre como sua primeira esposa morreu parece ter entrado em efeito.

Quando Daemon está novamente livre, por assim dizer, para ficar ao lado de Rhaenyra, há o pequeno empecilho chamado Laenor Velaryon, marido da princesa. Mas eles lidam com isso formando um plano para que as aparências indiquem que eles assassinaram o herdeiro de Driftmark, enquanto na verdade, ele viveu e escapou para o mar com seu amante. Isso marcou uma grande mudança em relação a história do livro, que por sua vez indica a participação de Daemon no assassinato de Laenor, apesar de não confirmar. Pequenos detalhes de roteiro e performance parecem colocar o Príncipe Rebelde como alguém que embora seja impiedoso, está do lado “certo”, então crimes como cortar a cabeça de um importante Velaryon na frente de toda a corte não são vistos como transgressões, pois são feitos em nome de Rhaenyra.

E isso não é novidade para quem acompanhou “Game of Thrones”. Estávamos sempre torcendo para Arya em seu caminho de vingança, sendo ela justificável em suas ações, como em busca do pagamento pelo sofrimento de sua família. Até mesmo personagens que foram a causa do sofrimento de vários dos queridinhos tinham seu momento de apoio do público, como foi o caso de Cersei e a explosão do septo de Baelor. A série mãe de “A Casa do Dragão” trabalhava bem com a área cinza, é verdade, mas é ingênuo pensar que ela não definia lados. “Game of Thrones” tinha heróis e vilões, e no fim, traiu sua maior heroína para que apenas um herói pudesse existir.

O príncipe que foi prometido

Antes mesmo de “A Casa do Dragão” estrear, uma faixa da trilha sonora de Ramin Djawadi foi liberada, com o título A Prince that Was Promised (O Príncipe Que Foi Prometido), fazendo referência à profecia do herói que uniria todos contra o perigo que vem do Norte, tópico já bem conhecido e debatido pelos leitores das Crônicas de Gelo e Fogo. Mas o que isso estaria fazendo na trama da Dança dos Dragões? A pergunta logo foi respondida no primeiro episódio, quando o rei Viserys passa a Rhaenyra a informação de que a linha Targaryen precisa ser mantida no trono pois apenas do sangue de Aegon, o Conquistador, viria tal herói prometido, e este segredo teria de passar de herdeiro para herdeiro (esta última parte uma revelação inédita para os fãs deste universo).

“Do meu sangue virá o príncipe que foi prometido, e dele será a Canção de Gelo e Fogo”.

Assim, a disputa que seria apenas pelo trono, ganha um significado maior, como se os esforços para que os Targaryen sigam reinando sejam justificáveis, afinal, apenas deles virá o Escolhido. Na verdade, até mesmo a conquista de Aegon pode ser interpretada como uma jornada pelo dever, e não apenas a busca por uma nova casa depois da destruição de Valíria. Ao introduzir a profecia como peça importante em sua trama, “A Casa do Dragão” fez mais do que ligar sua narrativa à de “Game of Thrones”, estabelecendo uma certa bússola moral que pode transformar personagens cinzas em heróis.

No episódio 3, enquanto participam da caçada em homenagem ao aniversário de Aegon, primogênito de Alicent, o prêmio maior é o cervo branco, dito como sendo o “símbolo da realeza” antes que os dragões chegassem a Westeros. Caso conseguissem capturá-lo, seria um forte sinal de que Aegon mereceria ser rei. Neste que é um episódio cheio de simbolismo, é Rhaenyra que acaba encontrando o cervo, recusando-se a matá-lo, como um sinal dado apenas para o público de que ela é a verdadeira realeza a ser celebrada.

Já no episódio 8, quase duas décadas depois de ser nomeada herdeira, Rhaenyra vai até o leito de seu pai e pergunta se ele realmente acredita na Canção de Gelo e Fogo, e se ela é de fato quem deveria o suceder. A resposta vem, mas apenas um dia depois, e para os ouvidos errados. Um Viserys prestes a morrer fala sobre “o príncipe”, “o sonho de Aegon”, e que “você é quem deve fazer isso” para Alicent, que interpreta as palavras como uma confirmação de que seu filho, Aegon, deve ser o próximo rei. Mas novamente, o verdadeiro sinal é dado apenas para o público, que sabe que Viserys está escolhendo Rhaenyra mais uma, e pela última vez.

Mas… isso é realmente relevante?

Embora “Game of Thrones” não tenha explorado a profecia tanto quanto as Crônicas, a resposta sobre o Príncipe Prometido parece ter sido dada na figura de Jon Snow, o grande herói que unificou todos contra o Rei da Noite. Ele é um Targaryen sim — e também um Aegon —, mas é difícil vê-lo como tal, quando mesmo nem sendo filho de Ned Stark, ele é o que mais se parece com o homem mais honrado de Westeros. Não é Jon Snow que o letreiro de abertura de “A Casa do Dragão” menciona como delimitação temporal, e sim Daenerys Targaryen. É estranho, então, trazer a profecia à nova série quando no embate entre estes dois Targaryen, foi a mãe de Dragões quem perdeu.

“Sempre que um novo Targaryen nasce, os deuses atiram uma moeda ao ar e o mundo segura a respiração para ver de que lado cairá”.

Se um Targaryen é digno, outro é louco? Em uma guerra entre os dois, quem merece vencer? Em “Game of Thrones”, temporada após temporada, a Khaleesi tinha seus momentos icônicos, dando vida a dragões, queimando senhores escravagistas, libertando povos, sendo a Mhysa. Em três anos depois de The Bells, muito já se foi discutido sobre os vários sinais de quem Daenerys realmente era ou do que podia fazer, mas seus apoiadores fora das telas a seguiram até o fim, pois foram posicionados para isso desde sempre. Agora, Rhaenyra segue discretamente o mesmo caminho, como a escolhida para ascender ao Trono de Ferro e para roubar nossos corações.

Não se enganem, “A Casa do Dragão” não tem heróis, mas já definiu o lado que merece a torcida do público. Mesmo que entre dignos e loucos, uma guerra ainda é uma guerra, e muito fogo e sangue ainda há de ser derramado para que alguém possa vencer. Preparem os panos para passar!

Louise Alves
@louisemtm

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