Cinema com Rapadura

Colunas   quarta-feira, 05 de junho de 2019

A Saga da Fênix Negra – Um marco no mundo dos quadrinhos

Conheça o evento mais trágico da história dos X-Men, que serve de inspiração para o vindouro “X-Men: Fênix Negra”.

“X-Men: Fênix Negra” está chegando aos cinemas com a difícil missão de adaptar um dos eventos mais importantes da história do Universo Marvel nos quadrinhos. Ao mesmo tempo, o longa precisará funcionar como uma espécie de encerramento para a franquia cinematográfica dos mutantes, uma vez que os X-Men serão integrados ao Universo Cinematográfico da Marvel nos próximos anos, e é quase certo que os responsáveis pelo MCU irão optar por apresentar novas versões dos personagens ao invés de utilizar as versões atuais.

Para celebrar o lançamento do filme, o Cinema com Rapadura preparou um texto especial sobre “A Saga da Fênix Negra”, elencando os principais eventos, dentro e fora dos quadrinhos, que conduziram os X-Men até essa célebre história, desde as dificuldades iniciais da revista para se firmar no mercado de HQs, até os dias de glória da era Claremont e Byrne, que transformaram os X-Men no grupo mais popular da Marvel. Então, sem mais delongas, embarque nessa viagem pelo universo mutante, e conheça a trágica história de Jean Grey.

Início conturbado

Ao longo de mais de cinquenta anos de existência, a franquia X-Men se constituiu como um dos verdadeiros pilares do Universo Marvel, somando diversos títulos que se encontram entre os mais populares e rentáveis da editora. Entretanto, as coisas nem sempre foram assim.

A equipe de jovens mutantes liderada pelo Professor Charles Xavier fez sua estreia nas páginas de “The X-Men” número 1, datada de setembro de 1963. Com roteiro de Stan Lee e arte de Jack Kirby, a primeira história do grupo mostrava justamente a chegada de Jean Grey à Mansão Xavier, com a adolescente adotando o codinome de Garota Marvel e se juntando à Ciclope, Anjo, Fera e Homem de Gelo para compor a primeira formação dos X-Men, que já em sua primeira missão tiveram de enfrentar aquele que se tornaria seu maior adversário: Magneto.

O fato de os X-Men terem estreado em uma revista própria demonstra a confiança que Lee e Kirby, bem como a própria editora, tinham no material, uma vez que personagens como Homem-Aranha, Homem de Ferro e Thor precisaram provar seu valor em outras publicações antes de ganharem suas próprias revistas. Durante sua passagem pelo título, Lee e Kirby apresentaram aos leitores muitos elementos que viriam a se tornar verdadeiras marcas registradas da franquia, desde a rivalidade dos X-Men com a Irmandade de Mutantes, até a ameaça dos Sentinelas criados pelo cientista Bolivar Trask.

Ainda assim, a revista, por alguma razão, não conseguia cair nas graças dos leitores da época. Apesar de ter sido concebida por aquela que é vista por muitos como a maior dupla criativa da história da nona arte, a publicação encontrava sérias dificuldades para deslanchar. Após Lee e Kirby deixarem o título a situação ficou ainda pior, e o baixo número de exemplares vendidos sugeria que a revista se encaminhava para um triste e amargo cancelamento.

Embora o cancelamento não tenha ocorrido, é possível afirmar que os X-Men ficaram em uma espécie de limbo editorial durante um período considerável. A jornada do grupo foi interrompida após a publicação de “X-Men” número 66, de março de 1970, que mostrava os jovens heróis enfrentando o Incrível Hulk. A partir da edição seguinte, a revista passou apenas a republicar as aventuras anteriores da equipe, com nenhuma história nova sendo produzida pelos próximos cinco anos.

Os personagens até chegaram a aparecer ocasionalmente em outras publicações da editora durante esse período, mas tudo indicava que a Marvel não tinha nenhuma intenção de retomar as aventuras do grupo. Assim, parecia que os X-Men estavam fadados ao esquecimento, mas quis o destino que os heróis protagonizassem uma das maiores voltas por cima da história do mundo do entretenimento.

Segunda Gênese

Em 1975, chegava às bancas a edição especial “Giant-Size X-Men” número 1, trazendo a primeira aventura inédita da equipe mutante em cinco anos. Escrita por Len Wein e desenhada por Dave Cockrum, a história conhecida como “Segunda Gênese” mostrava os X-Men sendo capturados na ilha mutante de Krakoa, o que obrigou o Professor Xavier a recrutar uma nova equipe em caráter emergencial para salvar seus estimados alunos.

Wolverine, Colossus, Tempestade, Noturno, Banshee, Solaris e Pássaro Trovejante foram os selecionados para participar dessa importante missão sob a liderança de Ciclope, o único dos X-Men que havia conseguido escapar da ilha. Apesar da inexperiência dos novos recrutas, os X-Men originais foram salvos, e as duas equipes conseguiram conter a ameaça de Krakoa.

A recepção positiva dos fãs aos novos personagens motivou a Marvel a continuar a história dos heróis mutantes regularmente, com a revista dos X-Men passando a apresentar novas aventuras a partir da edição 94, de agosto de 1975. Na história, os X-Men originais decidem abandonar a equipe para trilhar seus próprios caminhos, com apenas o Ciclope ficando para trás e assumindo a tarefa de treinar e comandar o novo time. Assim, a transição que teve início com a “Segunda Gênese” chegou ao seu ápice, com a velha guarda passando o bastão para uma nova geração de heróis.

A edição também é considerada um marco por contar com a chegada de um novo roteirista: Chris Claremont, que permaneceria no comando do título pelos próximos dezesseis anos. Durante esse período, Claremont se tornou uma verdadeira lenda do mundo das HQs, sendo responsável por escrever as maiores e mais importantes histórias da mitologia dos X-Men.

Ao contrário do grupo original, que era composto em sua integralidade por jovens caucasianos, os novos X-Men apresentavam um elevado nível de diversidade étnica e cultural, fato evidenciado pela presença de personagens como Ororo Munroe, a Tempestade, que era a filha de uma princesa tribal africana, e de Piotr “Peter” Rasputin, um jovem russo que cresceu em uma fazenda coletiva soviética antes de se tornar o formidável Colossus.

Essa diversidade casava perfeitamente com a temática central dos X-Men de combater o preconceito e promover a aceitação das diferenças, sendo um fator preponderante para que a nova equipe obtivesse êxito em um aspecto no qual a anterior havia fracassado: conseguir conquistar os leitores.

A premissa de que os X-Men originais eram temidos, odiados e perseguidos por conta de seus poderes, ao passo em que equipes como Vingadores e Quarteto Fantástico eram reverenciadas pelas pessoas, não parecia fazer muito sentido dentro do panorama geral do Universo Marvel. Por outro lado, o preconceito sofrido pelos novos X-Men era mais verossímil, com um exemplo claro sendo a complexa situação do Noturno, que precisava lidar com o terror que sua aparência demoníaca provocava nos demais.

O fato de os novos X-Men serem muito mais carismáticos que seus predecessores também contribuiu para que a revista logo se tornasse um sucesso de vendas. Enquanto os X-Men originais eram praticamente desprovidos de personalidade própria, os novos integrantes da equipe tinham personalidades muito bem definidas, com o melhor exemplo disso sendo a ferocidade e a arrogância do misterioso Wolverine, que não tardou em se tornar um verdadeiro favorito dos fãs.

Já em sua segunda edição no comando do título, Claremont chocou os leitores ao mostrar o Pássaro Trovejante morrendo em um confronto da equipe com o maquiavélico Conde Nefária. Em uma época na qual a morte de heróis nos quadrinhos ainda não era um evento banalizado como nas HQs contemporâneas, essa tragédia acabou conferindo uma aura de imprevisibilidade à revista. E isso era apenas uma amostra do que estava por vir.

O nascimento da Fênix

Quando o cientista louco Steven Lang, responsável pelo famigerado Projeto Armagedom, decide criar versões aprimoradas dos Sentinelas para exterminar os mutantes, alguns X-Men acabam tombando em combate e sendo levados para uma plataforma orbital que servia de covil para Lang e seus seguidores. Entre os capturados estava Jean Grey, que nesse período não era mais uma integrante ativa da equipe de heróis, mas ainda mantinha contato com o grupo por conta de seu envolvimento amoroso com Scott Summers, o Ciclope.

O que se seguiu foi uma épica batalha na estação espacial de Lang, com os X-Men conseguindo frustrar os planos do vilão no final das contas. Entretanto, os pupilos do Professor Xavier não tiveram tempo para comemorar sua vitória, uma vez que a plataforma orbital estava prestes a explodir. Para piorar a situação, o computador de bordo do veículo que poderia levar o grupo de volta à Terra estava completamente avariado, de modo que um dos heróis precisaria pilotar o ônibus espacial manualmente.

Em condições normais isso não seria um problema tão grande, mas uma forte tempestade solar se aproximava da localização do grupo naquele exato momento. Logo, quem se voluntariasse para pilotar o veículo acabaria sendo exposto a uma quantidade alarmante de radiação solar, e provavelmente perderia a vida no processo. Contra a vontade dos demais, Jean assume a direção do veículo enquanto o restante do grupo se abriga na célula de vida do ônibus espacial.

O sacrifício da jovem mutante é mostrado na última página da emblemática centésima edição de “The All-New, All-Different X-Men“, de agosto de 1976, e tudo indicava que o ato heroico de Jean custaria sua vida. Todavia, Chris Claremont tinha outros planos para a personagem. A história da Garota Marvel podia estar chegando ao fim, mas a história de Jean Grey estava apenas começando.

Para a surpresa dos X-Men, Jean não apenas sobreviveu ao ocorrido, como também saiu dos destroços do ônibus espacial trajando um novo uniforme e exibindo poderes que nunca tinha demonstrado até então. Para todos os efeitos, ela agora era a Fênix, e nada mais seria como antes.

Odisseia mutante

A presença da Fênix no grupo se mostrou vital para que os X-Men fossem bem-sucedidos em sua próxima grande aventura. Graças aos novos poderes da heroína, eles conseguiram salvar a princesa espacial Lilandra, do Império Shiar, e impedir os planos do maligno Imperador D’Ken Neramani, irmão de Lilandra, cuja sede por poder quase levou à destruição de todo o universo. Ainda assim, parecia haver algo de errado com Jean, com a jovem aparentando apreciar cada vez mais a destruição causada por suas habilidades.

É importante destacar o fato de que a essa altura o desenhista Dave Cockrum já havia deixado o título, sendo substituído por um ainda jovem John Byrne, que logo passaria a auxiliar Claremont no desenvolvimento das tramas da revista. A era Claremont e Byrne é vista até hoje como o mais prolífico período criativo da história dos X-Men, resultando em eventos como “A Saga da Fênix Negra” e “Dias de um Futuro Esquecido”, que, na opinião de muitos, estão entre as melhores HQs de todos os tempos.

Após impedir a ameça de D’Ken, os X-Men precisaram lidar com o inesperado retorno de Magneto, que buscava se vingar de seus adversários. Mesmo contando com o auxílio da Fênix, os heróis sofreram para enfrentar seu arqui-inimigo, de modo que o final do conflito parecia incerto. Entretanto, a base secreta do vilão começou a ruir em decorrência dos danos gerados pela batalha, com Magneto fugindo e deixando os X-Men para trás, na esperança de que a destruição do local fosse o suficiente para dar cabo do grupo de uma vez por todas.

Em um último esforço, Jean conseguiu escapar da destruição, trazendo consigo seu antigo colega de equipe, o Fera, que havia retornado temporariamente ao grupo para ajudar os X-Men na luta contra Magneto. Até onde a Fênix e o Fera sabiam, os outros X-Men não haviam conseguido escapar, com os dois retornando à Mansão Xavier para contar o ocorrido ao Professor X. Terrivelmente abatido pela morte de seus alunos, Xavier aceita a proposta de sua amada Lilandra de viajar com ela rumo ao Império Shiar, abandonando sua missão de tentar criar uma sociedade em que humanos e mutantes possam conviver como iguais.

O que Xavier não podia imaginar é que os X-Men haviam sobrevivido, e estavam em uma verdadeira odisseia para retornar ao seu lar. Perdidos na enigmática Terra Selvagem, os heróis tiveram que atravessar praticamente meio mundo antes de finalmente conseguirem voltar para casa, enfrentando novos perigos e desafios ao longo do caminho.

A viagem dos X-Men pelo globo serviu para solidificar os laços entre a nova equipe, e também teve impactos significativos na vida pessoal de alguns integrantes do grupo, como foi o caso de Wolverine. Alguns detalhes do passado misterioso do personagem foram revelados durante a estadia dos X-Men no Japão, com Wolverine comentando que já estivera no país em outra ocasião. Além disso, ele acabou conhecendo a bela Mariko Yashida, que se tornaria o grande amor de sua vida.

Quando os X-Men enfim conseguiram voltar aos EUA, se depararam com uma Mansão Xavier completamente abandonada, com nenhum indício do paradeiro do Professor X. Ao mesmo tempo, Jean Grey, tentando seguir em frente após a suposta morte de seus colegas, decidiu aceitar a oferta da Doutora Moira MacTaggert de ir até o centro de pesquisas mutantes da Ilha Muir para testar e aprender mais sobre seus novos poderes.

Contudo, a tranquilidade de Jean dura pouco. O filho de Moira, que fora aprisionado pela mãe na Ilha Muir por conta de seu descontrole acerca de sua terrível habilidade de alterar a realidade, acaba conseguindo fugir e parte em uma cruzada desenfreada para assassinar o próprio pai. Adotando a identidade de Proteus, ele acaba atraindo a atenção dos X-Men, que finalmente se reencontram com a Fênix. Unindo suas forças, os heróis conseguem derrotar Proteus, e Jean se junta ao grupo uma vez mais.

Chegando em casa, eles são surpreendidos pelo retorno do Professor Xavier, que voltou de sua viagem pelo universo por estar preocupado com o contínuo aumento de poder demonstrado por Jean. Xavier não fazia ideia de que os X-Men estavam vivos, de modo que o inesperado reencontro com seus pupilos acaba sendo extremamente emotivo. Pela primeira vez em muito tempo, parecia que tudo ficaria bem na vida dos jovens heróis. Mal sabiam eles que na realidade estavam se encaminhando para aquele que seria um dos períodos mais sombrios de sua história.

A Fênix Negra

Após alguns dias de aparente tranquilidade, os heróis passaram a ser ameaçados pelo Clube do Inferno de Sebastian Shaw, que enviou a telepata Emma Frost para capturar o grupo. Os X-Men conseguiram escapar graças à Fênix, que derrotou Frost em uma batalha mental, e logo a equipe começou a elaborar um contra-ataque para derrotar o bando de vilões de uma vez por todas.

Entretanto, os X-Men não imaginavam que o Clube do Inferno tinha uma carta na manga que poderia destruir a equipe de dentro para fora. Durante meses, o Mestre Mental, um dos asseclas de Shaw, vinha estabelecendo um elo psíquico com Jean Grey sem que ela suspeitasse de nada, utilizando essa conexão para seduzir e corromper a jovem, transformando-a na Rainha Negra do Clube do Inferno e fazendo com que ela se voltasse contra seus amigos.

No final, os X-Men conseguiram livrar Jean da manipulação do Mestre Mental, mas a interferência do vilão na psiquê da heroína fez com que as barreiras mentais que ela havia criado para conter seus próprios poderes acabassem ruindo, o que deixou Jean completamente fora de controle. Ela não era mais a Fênix, e tampouco era a Jean Grey que os X-Men conheciam e amavam. Em seu lugar, surgiu uma criatura desprovida de sentimentos, sedenta por poder e destruição: a Fênix Negra.

Depois de derrotar facilmente os X-Men, a Fênix Negra parte em uma viagem pelo espaço, atravessando o universo até chegar a uma galáxia muito distante. Para saciar sua fome por poder, ela decide absorver o sol dessa galáxia, o que acaba causando a destruição de todos os planetas daquele sistema, e a morte de seus cinco bilhões de habitantes. Uma nave Shiar que testemunhou o ocorrido também foi destruída pela fúria da Fênix Negra, que se tornava mais poderosa a cada segundo.

Retornando para a Terra, ela novamente fica frente a frente com os X-Men, que tentam a todo custo trazer de volta sua antiga colega. Após uma longa batalha, que contou também com a participação do Professor Xavier, os X-Men conseguem ajudar Jean a conter a Fênix Negra, com a jovem reassumindo o controle. Mas a alegria dos heróis durou pouco, e logo todos foram teletransportados para a nave-mãe da frota do Império Shiar, com a recém nomeada Imperatriz Lilandra anunciando que Jean Grey deveria ser morta como punição pelo genocídio cósmico perpetrado pela Fênix Negra.

Os X-Men lutaram bravamente para salvar a vida de Jean, mas no fim a própria jovem, consciente da gravidade de suas ações e temendo perder o controle novamente, decide se suicidar. Jean se sacrificou para que a Fênix Negra nunca mais ameaçasse o universo, abrindo mão da possibilidade de viver como uma deusa para morrer como uma verdadeira heroína.

E assim chegava ao fim “A Saga da Fênix Negra”. A morte de Jean se mostrou um evento polêmico não apenas entre os fãs, mas também dentro da própria Marvel. Claremont e Byrne nunca tiveram a intenção de matar a personagem, com o final original desenvolvido pela dupla mostrando o Império Shiar retirando os poderes de Jean, transformando-a em uma jovem comum.

Entretanto, o então editor-chefe Jim Shooter se mostrou descontente com esse desfecho, acreditando que Claremont e Byrne estavam deixando a personagem sair praticamente impune mesmo após ter se tornado uma genocida. Shooter exigiu que a saga terminasse com a morte de Jean, de modo que a personagem recebesse a devida punição por seus atos hediondos. Com isso, a dupla precisou reescrever o final do evento, e o resto é história.

Alguns anos depois a personagem acabaria retornando à vida, o que novamente gerou controvérsias nos bastidores da editora. Entretanto, isso em nada diminui o impacto que “A Saga da Fênix Negra” teve, com a história permanecendo até hoje como um dos maiores clássicos da Marvel Comics.

A saga nos cinemas 

A história já foi levada para os cinemas no final da primeira trilogia dos mutantes, mas o resultado ficou muito aquém das expectativas dos fãs. Em “X-Men: O Confronto Final” (2006), Jean retorna após aparentemente morrer no final do filme anterior, quando ela se sacrificou para salvar seus amigos. Todavia, o que deveria ser um momento de alegria para os X-Men acabou se tornando um terrível pesadelo, com a Jean que retornou se mostrando muito diferente daquela que deu a vida por seus colegas de equipe.

No decorrer do longa, é revelado que o Professor Xavier criou barreiras psíquicas na mente de Jean quando ela ainda era apenas uma criança para evitar que ela perdesse o controle de suas habilidades excepcionais. Desse modo, Xavier evitou que a jovem se deixasse dominar por uma personalidade alternativa maligna que habitava o seu interior: a Fênix. O sacrifício de Jean acabou libertando a Fênix, que agora estava livre das amarras de Xavier e decidida a trilhar um caminho sombrio, representando uma ameça para todas as criaturas vivas.

Apesar da premissa básica ser semelhante ao que se viu nos quadrinhos, o filme apresentou mudanças significativas em relação à história original, o que deixou muitos fãs extremamente decepcionados. A adaptação não apenas descartou completamente o aspecto cósmico da saga, como também deixou a história da Fênix em segundo plano, com os responsáveis pela produção preferindo voltar suas atenções para uma trama focada no surgimento de uma cura para o gene mutante. E como se isso não fosse o bastante, personagens como Ciclope e Professor Xavier, que desempenharam um papel decisivo no final da saga nas HQs, tiveram sua importância consideravelmente reduzida no filme, sendo mortos antes do longa sequer chegar a sua metade.

Com “X-Men: Fênix Negra”, a saga ganha uma segunda chance nas telonas. O diretor estreante Simon Kinberg, que foi um dos roteiristas de “X-Men: O Confronto Final“, enxerga no filme uma maneira de se redimir pelos erros cometidos na primeira adaptação da história para os cinemas, mostrando-se comprometido a fazer o possível para assegurar que o longa faça jus às HQs.

Apesar disso, os fãs devem estar preparados para o fato de que o novo filme deixará de lado muitos elementos importantes dos quadrinhos, como a participação do Clube do Inferno e do Império Shiar, com o próprio Kinberg afirmando que o clímax  original da produção, que consistiria em uma batalha no espaço, acabou sendo substituído por uma cena de luta em um trem durante as refilmagens do longa.

Ainda assim, muitos continuam na torcida para que o filme possa ao menos captar o espírito da história original, servindo como uma adaptação digna da maior saga dos X-Men.

“X-Men: Fênix Negra” chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 6 de junho.

João Antônio
@rapadura

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