Cinema com Rapadura

Colunas   terça-feira, 10 de agosto de 2021

What If…? — apesar de chances perdidas, episódios iniciais mostram que Marvel ainda tem potencial para surpreender

Entre erros e acertos, episódios iniciais reimaginam personagens e situações famosas do MCU, explorando as infinitas possibilidades abertas pelo multiverso.

Em um ano marcado por diversos lançamentos do Marvel Studios dentre filmes e séries — e com muitos outros ainda por vir —, não é surpresa para ninguém que a primeira animação do estúdio trouxesse consigo uma grande expectativa. Este é o cenário para a estreia de “What If…?”, produção que abraçará o multiverso das possibilidades, recontando grandes momentos do MCU das formas mais inesperadas e surpreendentes.

Pois bem, o Cinema com Rapadura teve acesso aos três primeiros episódios da nova série e traz para você as primeiras impressões gerais e de cada episódio — sem spoilers, relaxa!

Um prisma de possibilidades infinitas

É assim que “What If… ?” se classifica logo na vinheta de abertura, quando o Vigia (Jeffrey Wright) narra que tempo, espaço e realidade são mais que um caminho linear. A fala do personagem, juntamente com várias imagens intercaladas na abertura fazem uma ligação direta com a série “Loki” e as [SPOILER] ramificações da “linha do tempo sagrada” mostradas no final da primeira temporada. Se a animação será relevante para o MCU, disso não temos dúvidas. Mas se ela exercerá alguma influência na narrativa principal, ao menos por enquanto não podemos afirmar.

Como era de se imaginar, assim como os últimos “Vingadores”, a série é feita para quem acompanha o MCU continuamente. Fora o que foi dito acima sobre a abertura, o Vigia tece apenas alguns comentários introdutórios (às vezes, nem isso), e já somos lançados direto na ação. Este é um ponto bastante positivo para a obra, uma vez que, com episódios de apenas meia hora de duração, cada minuto é precioso para nos inserir nas histórias.

É curioso notar ainda a forma como a ausência de alguns atores foi tratada no elenco de dublagem. Os substitutos trabalham para emular as vozes originais sem medo de serem felizes, imitando tons e trejeitos que poderiam até passar despercebidos em participações menores, mas acabam chamando a atenção negativamente quando os papéis em questão são os principais dos episódios. Isso, é claro, levando em conta se você tem o hábito de acompanhar o MCU sempre com o áudio original.

Capitã Carter

O primeiro capítulo imagina o que aconteceria se Peggy Carter recebesse o soro do super soldado ao invés de Steve Rogers. Bastante divulgado pelo marketing da série (inclusive desperdiçando boas surpresas, como o Hydra Stomper), o episódio sofre com o fato de se prender demais aos acontecimentos de “Capitão América: O Primeiro Vingador”. Guardadas as devidas liberdades, o episódio busca refazer os acontecimentos do filme em meia hora, focando sempre nas cenas de ação. A permanência de Steve ao lado de Peggy, além da repetição de diversos acontecimentos, acabam não inspirando tanto aquela atmosfera surpreendente que se espera de um “e se…”. Ao menos o espaço também é utilizado para, mesmo que superficialmente, mostrar o comportamento machista de certas pessoas quando um homem é substituído por uma mulher.

T’Challa como Senhor das Estrelas

A premissa se assemelha um pouco com o que acontece no capítulo anterior, mas colocar T’Challa sendo abduzido no lugar de Peter Quill se mostra uma situação muito mais interessante e cheia de possibilidades. A começar pela índole de cada personagem, totalmente divergentes entre si, e apenas essa mudança acaba gerando consequências em toda a história do universo Marvel (sem exageros). Essa direção totalmente diferente faz com que a narrativa do episódio seja bastante imprevisível — objetivo que Capitã Carter não consegue atingir. E a cereja do bolo é poder ouvir mais uma vez a voz de Chadwick Boseman, em seu último trabalho antes de nos deixar.

Loki na Terra

De todos, este é o episódio mais surpreendente — e também o que vale mais a pena omitir detalhes sobre a trama. Basicamente, ao invés de um personagem do MCU trocar de lugar com outro, como nos dois capítulos anteriores, aqui temos uma sequência de eventos específicos mudando totalmente a forma como conhecemos o início da Iniciativa Vingadores. Ainda que a solução final seja um pouquinho previsível, tudo mais mostrado é inesperado e admirável. O episódio rapidamente se transforma em uma trama de mistério/investigação muito bem desenvolvida para o tempo que tem, encerrando com um plot twist bastante eficiente.

Conclusão

Pensando na série como um produto para fãs da franquia, o resultado visto nestes primeiros capítulos é bastante positivo. Claro que a própria premissa trata-se de algo totalmente original, mas, de certa forma, é revigorante ver esse universo que já nos deu tantas produções engessadas pela “fórmula Marvel” inserido em um espaço novo. Resta a nós aguardar o restante dos episódios desta que tanto tem potencial para se tornar a melhor obra do estúdio desde “Ultimato”, quanto pode estar condenada a se tornar uma constante repetição refém do próprio modelo disruptivo que criou.

P.S.: Comparando episódios e trailers, elaboramos a teoria de que alguns episódios específicos podem se passar na mesma linha do tempo alternativa, abrindo a possibilidade de uma história maior ser contada dentro da própria série. Vamos aguardar!

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“What If…?” estreia nesta quarta-feira, 11, no Disney Plus.

Martinho Neto
@omeninomartinho

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