Especial Oscar 2019: conheça mais sobre os concorrentes na categoria Melhor Filme
O que você sabe sobre os indicados na categoria principal do Oscar 2019? Conheça um pouco mais sobre cada uma das obras que concorrem ao Oscar de Melhor Filme.
A relação de uma rainha com sua conselheira. Os bastidores da vida de um dos maiores vocalistas da história do rock. A amizade de pianista negro com seu motorista branco. Um policial negro que se infiltra na Ku Klux Klan. O relacionamento de um músico veterano com uma artista desconhecida. O herói que assume o trono uma nação escondida do mundo. O dia-a-dia de uma trabalhadora doméstica no México. E a ascensão de um homem até se tornar uma das pessoas mais importantes do mundo. Se há uma beleza muito própria na categoria de Melhor Filme no Oscar, é essa variedade de histórias, que poderiam passar despercebidas, mas acabam por se encontrar na disputa mais cobiçada do cinema.
Naturalmente não se trata de um prêmio técnico. A categoria de Melhor Filme acaba sendo mais pautada pelo momento do que por méritos do próprio filme. Isso faz com que surjam os famosos “injustiçados”. Filmes que tinha tudo para vencer a categoria principal, seja por méritos técnicos, narrativos ou pelo conjunto total da obra, porém o contexto (ou o peso dos produtores) possibilita que os mais improváveis filmes se tornem os vencedores – como não se lembrar da fatídica cerimônia de 1999, que encerrou dando o principal prêmio da noite para “Shakespeare Apaixonado”, que concorria simplesmente com “O Resgate do Soldado Ryan”.
O Cinema com Rapadura finaliza seu conteúdo especial sobre o Oscar 2019 apresentando os concorrentes à estatueta de Melhor Filme. Independente do resultado, este ano já se torna paradigmático para o cinema. Quer entender melhor os motivos disso? Então nos acompanhe junto com esses filmes.
“A Favorita”
No longa, Olivia Colman interpreta a rainha Anne, com Rachel Weisz sendo sua fiel conselheira e amiga, Sra. Sarah. A Inglaterra do século XVIII está em guerra com a França, mas a rainha está mais preocupada em caçar patos ou comer abacaxis. No entanto, a situação complica para a Sra. Sarah quando uma nova servente (Emma Stone) chega ao castelo com planos de se tornar a mais nova conselheira da rainha.
>>[CRÍTICA] A Favorita (2018): as formas de poder por Yorgos Lanthimos
O diretor grego, Yorgos Lanthimos (“O Sacrifício do Servo Sagrado”), realiza aqui o que provavelmente é o seu filme mais comercial. Porém isso não soa nem de longe como algo negativo. “A Favorita” é um filme de época que foge dos convencionais elitismos que a temática costuma utilizar e o resultado é uma obra intrigante. A forma como o roteiro contempla à relação amorosa entre duas mulheres da mais alta sociedade apenas reforça a maneira mais à vontade que o diretor trabalhou aqui.
“Bohemian Rhapsody”
O filme mostra o sucesso meteórico da banda por meio de suas músicas icônicas e som revolucionário. O longa retrata ainda o estilo de vida excêntrico do vocalista Freddie Mercury (Rami Malek). Alguns trechos importantes vida do vocalista são retratados na obra, como sua batalha contra o HIV e o comando da banda no show Live Aid, uma das maiores apresentações da história do rock.
>>[CRÍTICA] Bohemian Rhapsody (2018): um presente para os fãs da majestade do rock
Em um meio termo entre se propor a contar a história da banda e as intimidades do seu vocalista, o filme acerta pensando nos fãs, que aqui tem a oportunidade de ver alguns dos momentos mais marcantes de uma das mais importantes bandas de rock da história. O grande mérito do filme está na energia usada para narrar os melhores (e alguns dos piores) momentos do Queen. Mesmo não se destacando como uma grande história, é um filme que emociona qualquer um que cresceu ouvindo os clássicos da banda.
“Green Book – O Guia”
O drama baseado na história real da amizade entre um pianista negro (interpretado por Mahershala Ali) e seu motorista branco (Viggo Mortensen) durante uma turnê pelo sul dos Estados Unidos – região conhecida pelo seu histórico de preconceito.
>>[CRÍTICA] Green Book – O Guia (2018): humor e drama em ótimo equilíbrio
A sutileza adotada para evidenciar as múltiplas facetas do racismo é um dos pontos altos de “Green Book – O Guia”. Muito além de se limitar ao óbvio entre a dupla principal, o filme se utiliza de pequenos momentos, muitas vezes intensificados pela inteligente montagem, para escancarar que a realidade para um negro nos Estados Unidos é historicamente difícil. Ao mesmo tempo a personagem de Viggo Mortensen carrega mais que a ignorância de um homem com pouco estudo. E a relação dele com seu patrão mostra que o racismo cria as mais infelizes barreiras.
“Infiltrado na Klan”
A trama foca na história baseada na vida real de Ron Stallworth, o primeiro policial afro-americano de Colorado Springs, que se disfarçou para se infiltrar na Ku Klux Klan. O detetive Stallworth (John David Washington) e seu parceiro Flip Zimmerman (Adam Driver) se infiltram nos níveis mais altos da KKK para frustrar sua tentativa de tomar a cidade.
>>[CRÍTICA] Infiltrado na Klan (2018): todo o poder para todo o povo
Spike Lee (“Faça a Coisa Certa“) não perde tempo quando decide atacar o racismo. “Infiltrado na Klan” se destaca por ser um tapa na cara de quem não reconhece o racismo como um dos mais infelizes e cruéis legados que insistem em não morrer. Mas Lee também sabe contar uma boa história o que, junto com a excelente dupla que guia o filme com muito carisma, faz deste um de seus melhores filmes.
“Nasce uma Estrela”
Na trama do filme, Bradley Cooper interpreta o experiente músico Jackson Maine, que descobre a artista desconhecida Ally (Lady Gaga), por quem se apaixona. Ela está prestes a desistir de seu sonho de se tornar uma cantora de sucesso, até que Jack a convence a mudar de ideia. Porém, apesar de a carreira de Ally decolar, o relacionamento pessoal entre os dois começa a desandar, à medida que Jack luta contra seus próprios demônios.
>>[CRÍTICA] Nasce Uma Estrela (2018): sobre estrelas cadentes e decadentes
Um dos mais célebres musicais de Hollywood ganha uma nova versão e tem chamado a atenção pela força narrativa e a intensidade musical. A boa direção é um fator decisivo, mas o destaque está na dedicação de Bradley Cooper e Lady Gaga, que compõe uma dupla cujos conflitos de sentimentos esboçados no filme não apenas convencem, mas cativam de maneira honesta.
“Pantera Negra”
O filme segue os eventos de “Capitão América: Guerra Civil”, mostrando o retorno de T’Challa (Chadwick Boseman) para a nação africana de Wakanda, a fim de assumir sua posição de rei. Porém, um velho inimigo ressurge, fazendo com que T’Challa entre em um grande conflito pelo destino de Wakanda e de todo o mundo.
>>[CRÍTICA] Pantera Negra (2018): o herói que o mundo precisa
“Pantera Negra” é um filme que enfrenta o preconceito racial e faz isso em uma temática em que arriscar pode significar um grande prejuízo. Felizmente não foi o caso aqui. Além de ter sido um sucesso de bilheteria, o filme ainda se tornou o primeiro longa-metragem de herói a ser indicado na categoria principal do Oscar. Se isso significa uma mudança na forma como a Academia enxerga a temática ainda é cedo para dizer, mas não há como negar a relevância desta indicação.
“Roma”
O longa narra um ano turbulento na vida de uma família de classe média na Cidade do México, na década de 70. A trama segue a jovem trabalhadora doméstica Cleo (Yalitza Aparicio) e sua colega de trabalho, Adela (Nancy García García), que trabalham para uma pequena família em Roma. Ao tentar construir um novo sentido de amor e solidariedade em um contexto de hierarquia social, Cleo e sua patroa, Sofia (Marina de Tavira), lutam silenciosamente contra as mudanças na casa da família em um país que enfrenta uma milícia apoiada pelo governo.
>>[CRÍTICA] Roma (Netflix, 2018): com amor, Alfonso Cuarón
“Roma” é um caso curioso. Embora represente uma abertura para as plataformas de streaming, a Academia é resistente quando o assunto é inovação. Mas é animador ver um filme tão singelo (e que só foi possível graças à Netflix) ganhar tanto destaque. Além de reforçar a importância em investir em obras mais autorais, a indicação mostra que não há limites para o cinema, que mesmo quando abraçado por novas formas de distribuição, ainda tem muito a oferecer.
“Vice”
A trama acompanha a ascensão de Dick Cheney (Christian Bale), do informante burocrático de Washington ao homem mais poderoso do mundo como vice-presidente de George W. Bush, reformulando o país e o mundo de maneiras que reverberam ainda hoje.
>[CRÍTICA] Vice (2018): a comédia do patético
Não há beleza na política. E, sabendo disso, Adam McKay (“A Grande Aposta“) vai fundo no que há de mais estúpido ao contar a trajetória de Dick Cheney, até chegar a um dos cargos mais importantes da política mundial. Os trejeitos anti-carismáticos de Cheney não cativam, mas a atuação de Bale é tão intensa que o filme se torna mais interessante a cada cena. Essa dualidade, que parece estar se tornando uma característica na escolha de papéis e, consequentemente, na atuação de Christian Bale, fazem deste um improvável interessante candidato ao Oscar de Melhor Filme.
E você, está torcendo para qual dos filmes? Escreva nos comentários e continue acompanhando o Cinema com Rapadura na cobertura do Oscar 2019.