Cinema com Rapadura

Colunas   quarta-feira, 19 de maio de 2021

5 especiais de bastidores no Disney Plus que melhoram a experiência do material principal

Com um amplo catálogo de especiais e documentários de bastidores, o Disney Plus é o lugar ideal para conhecermos as histórias por trás das histórias que amamos.

Já diriam os rapadurianos, “assistir é apenas o começo”, certo? Pois bem. Como sabemos, para cada um dos nossos filmes e séries favoritos, há um grupo de artistas por trás daquilo que se vê nas telinhas e telonas. Cada uma traz consigo histórias por trás das histórias épicas que amamos. Histórias cotidianas, de desafios, criatividade, superação, inovação, aceitação… Como as nossas próprias.

Quando pensamos em bastidores, logo de cara nos vêm à cabeça as produções making of – documentários detalhados que mostram como a concepção de uma determinada obra se deu. Uns são mais extensos; outros, nem tanto. Mas a indústria do cinema vem evoluindo a passos largos ao longo dos últimos anos, e as invenções e inovações que constroem a magia do cinema têm ficado cada vez mais elaboradas.

Para nossa sorte, as produções making of também. Se antes eles eram apenas “filmes por trás dos filmes”, hoje eles evoluíram junto com suas obras primordiais, contando suas próprias histórias enquanto destrincham a magia por trás, por exemplo, das paisagens alienígenas de “The Mandalorian“, da feitiçaria de Wanda Maximoff em “WandaVision“, ou mesmo do visual engraçado dos Jerrys em “Soul“, dentre muitos outros.

Para a sorte dos amantes do cinema, todos esses especiais de bastidores e muitos outros estão disponíveis no Disney Plus. Você quer mudar a forma como assiste seus filmes e séries favoritos? Então essa lista é para você.

Disney Gallery: The Mandalorian

A essa altura, já é difícil encontrar alguém que não tenha acompanhado as andanças do Mandaloriano e da criança Grogu – o popular Baby Yoda – pela galáxia de “Star Wars” em “The Mandalorian“. Além de aquecer nossos corações com os contos dessa dupla, a série produzida por Jon Favreau e Dave Filoni tem em sua essência dois aspectos fundamentais do que George Lucas queria ao idealizar “Star Wars” nos anos 1970: a conciliação de inovações tecnológicas e utilização de mitos.

Em “Disney Gallery: The Mandalorian“, Favreau e Filoni abrem os bastidores das duas temporadas de “The Mandalorian” e revelam o que há por trás de cada detalhe, em uma mesa redonda da qual participam os diretores, atores e artistas gráficos que trabalharam na produção. Um traço importante ao contar uma história nesse universo é saber combinar elementos práticos aos gráficos, como um boneco físico e uma criatura gerada digitalmente, por exemplo. No caso, a maior inovação visual é certamente a ferramenta conhecida como “o Volume”, uma imensa sala de paredes e teto recobertos por painéis de LED de alta definição, capaz de dar vida a qualquer tipo de paisagem, dos dois sóis do planeta desértico Tatooine ao hipnotizante túnel azul do hiperespaço.

A história do Mandaloriano e Grogu, no entanto, não é tão nova assim. Ela faz parte de um conjunto de modelos narrativos usados desde sempre para envolver as pessoas e transmitir valores humanos adiante. A utilização desses arquétipos, que chamamos de mitos, também esteve presente desde o começo de “Star Wars“. Luke Skywalker, por exemplo, é o “monomito”, o herói clássico que enfrenta altos e baixos em sua jornada, imortalizado pela teoria de Joseph Campbell. Mando e Grogu, além de encarnarem o mito do “lobo solitário e seu filhote”, também são os forasteiros em terras sem lei, tão comuns nos faroestes de Sergio Leone e nos filmes de samurai de Akira Kurosawa.

Todas as histórias que você conhece existem há séculos (talvez até milênios), mas um bom contador ajuda. “Star Wars” consolidou-se como a mitologia do nosso tempo não por acaso, mas pelo trabalho de gente ousada e talentos. É impossível não se apaixonar por elas ao assistir “Disney Gallery: The Mandalorian”.

Marvel Studios Avante

Depois de um ano sem novos lançamentos por conta da pandemia, a Marvel retomou sua agenda de estreias através do Disney Plus. “WandaVision” e “Falcão e o Soldado Invernal” chegaram para satisfazer a fome dos fãs, retomando as histórias dos heróis mais poderosos do mundo após o clímax do universo cinematográfico em “Vingadores: Ultimato“, e deram conta do recado, tornando o streaming o complemento ideal para os filmes. Mas se construir uma saga ao longo de dez anos e mais de 20 filmes é árduo, manter o engajamento do público depois disso também não é fácil.

Os dois especiais de “Marvel Studios Avante” contemplam justamente as duas séries disponíveis até agora, e a tendência é que isso se torne tradição com os próximos lançamentos. “WandaVision” e “Falcão e o Soldado Invernal” são duas obras completamente diferentes entre si em termos de gênero, mas trazem no centro os esforços de seus protagonistas em lidar com o mundo pós-“Ultimato“, e não há como contar histórias tão discrepantes do mesmo jeito.

Esse sempre foi o grande trunfo da Marvel: a criatividade e habilidade ao empregar diversos gêneros narrativos para compor um mesmo universo. Enquanto Wanda Maximoff luta contra seu próprio luto em uma narrativa que homenageia a história da televisão, Sam Wilson e Bucky Barnes tentam manter vivo o legado de Steve Rogers, o Capitão América, e proteger o mundo em um thriller político carregado de ação.

Em “Avante”, a complexa “engenharia narrativa” do produtor Kevin Feige é deixada um pouco de lado para olharmos essas produções mais a fundo. As diferenças de gênero de cada uma também requerem abordagens, métodos e processos únicos. A utilização do formato das sitcoms clássicas americanas de cada década, por exemplo, requisitou que cenas fossem gravadas com plateia em “WandaVision“. “Falcão e o Soldado Invernal“, por outro lado, têm um escopo maior, dado o teor político das histórias do Capitão América nos cinemas – além de ser talvez a produção da Marvel mais afetada pelo início da pandemia, tendo de paralisar suas gravações e retomá-las apenas quando as restrições atingiram um nível mais brando.

Ambas tratam de questões familiares a cada um de nós, apresentando novos personagens aos fãs e utilizando os quadrinhos de forma inovadora como fonte. Mas cada uma precisou superar seus próprios desafios para chegar às telinhas. “Avante” é o complemento ideal para quem quer ir além da superfície e entender o porquê dessas histórias serem tão relevantes no mundo atual. Após assistir, o desafio passa a ser aguentar a espera pelos próximos lançamentos.

Por Dentro da Pixar

Rápido, quem são seus favoritos: Woody ou Buzz? Sully ou Mike Wazowski? Você é mais Alegria, Medo, Nojinho, Raiva ou Tristeza? Responder assim, espontaneamente, é quase uma escolha de Sofia, beira o impossível. O que realmente impressiona nessa pergunta não é tanto a dificuldade em si de optar por esse ou aquele, mas que pessoas de todas as idades sentem o mesmo. A Pixar parece fazer parte das nossas vidas desde sempre – e se você já for adulto, ela te faz sentir como uma criança de novo.

Fazer parte de tantas realidades diferentes é um privilégio, certamente. Agora vamos fazer outro esforço: como você imagina ser o cotidiano de um lugar acostumado a produzir sonhos assim, tão corriqueiramente, como a Pixar? É a essa pergunta que “Por Dentro da Pixar” busca responder. Enquanto certos aspectos realmente mostram a fábrica de sonhos que imaginamos desde pequenos, outros não são tão distantes assim da nossa realidade.

A série de bastidores acompanha o cotidiano de um número de funcionários do estúdio nas mais variadas funções. Kemp Powers, codiretor de “Soul“, fala sobre como uma ida ao barbeiro o ajudou a escrever uma cena chave do filme. Steven Hunter mostra como seu dia a dia serviu de base para seu curta “Out“, da série SparkShorts. Dan Scanlon explica que seu filme “Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica” tem muito de sua própria história por trás. Todos pessoas comuns, mas que realizam feitos extraordinários ao expor suas verdades para o mundo.

Mas não se engane, pois fazer isso tudo acontecer não é fácil. As batalhas diárias ocorrem lá também. Deanna Marsigliese, por exemplo, detalha seu processo de criação de personagens e sua busca constante por inspiração, usando como referência desde seu guarda-roupas até pessoas tomando café. Quando a centelha aparece, é melhor aproveitar, pois até na Pixar os prazos de entrega são curtos. Já Jessica Heidt, supervisora de roteiros, usou sua inspiração para criar uma ferramenta que promove equidade de gênero entre os personagens dos filmes.

Ao terminar “Por Dentro da Pixar”, a vontade de querer trabalhar em um lugar como o estúdio é grande, claro. A grande moral dessa história, no entanto, é que o que capacita esse lugar a produzir tantos filmes queridos não são insights únicos ou habilidades fora do normal, mas o esforço de pessoas comuns. Algo que podemos muito bem levar para nossas próprias vidas.

Prop Culture

Poucas coisas são tão legais na vida do que ouvir alguém falar do que ama. É exatamente esse o caso em “Prop Culture“, série criada e produzida pelo colecionador Dan Lanigan que mostra alguns dos artefatos mais emblemáticos da história do cinema. Ao longo de oito episódios, ele percorre os EUA atrás dessas relíquias, e conversa com as pessoas responsáveis por sua criação e utilização em cena.

Mas, apesar de utilizar objetos físicos como mote, “Prop Culture” é, na verdade, uma série sobre memória. A jornada de Lanigan revela um lado interessante do processo de produção de um filme, que costuma passar despercebido por olhos menos atentos: cada objeto, por menor ou mais irrelevante que possa parecer, carrega consigo uma história, desde sua idealização até sua utilização em cena. Essas histórias, por sua vez, costumam dizer muito sobre uma das características principais do cinema até os anos 2000: o improviso.

Atualmente, efeitos digitais são predominantes, recheando sets com telas verdes e obrigando o elenco a usar sua imaginação constantemente. Mas houve uma época em que tudo era real, daí a importância da utilização de adereços práticos nas gravações, o que ia desde objetos que compõem o figurino, como a bolsa de Mary Poppins no filme original ou os capacetes de “Tron“, até máquinas elaboradas, como a formiga gigante utilizada em “Querida, Encolhi as Crianças“. Para que todos esses funcionassem na frente da câmera, nos bastidores eram meses de trabalho que ocorriam antes.

A emoção de um fã segurando em suas mãos um pedaço da história do cinema é palpável ao longo de “Prop Culture”, dado que o próprio Lanigan é um colecionador. Ele idealizou a série pensando justamente nisso, mas apostou em um elemento a mais, reunindo os próprios artistas que criaram e trabalharam com cada objeto, entrevistando ícones como Rick Moranis, Christopher Lloyd, Joe Johnston, Phil Tippett, Danny Elfman, o elenco de “As Crônicas de Nárnia” e mais.

Howard – Sons de Um Gênio

Branca de Neve e os Sete Anões“, “Cinderela“, “Peter Pan“, “A Bela Adormecida“… As animações clássicas da Disney marcaram época no cinema a na vida das pessoas. Não há como imaginar o que seria do estúdio – e das nossas infâncias – sem elas. Por alguns anos, depois da era de ouro das animações, era difícil imaginar que o raio cairia duas vezes no mesmo lugar. Mas caiu, quando, em 1989, “A Pequena Sereia” estreou. Era o começo do chamado Renascimento da Disney.

Isso foi possível porque, na segunda metade dos anos 1980, era na Disney onde se encontravam algumas das mentes mais promissoras e inovadoras da indústria – principalmente, claro, a dupla Alan Menken e Howard Ashman. Em “Howard – Sons de Um Gênio“, temos a chance de acompanhar a construção da carreira do letrista e roteirista, o início de sua colaboração com Menken e ter um olhar único sobre os motores do Renascimento da Disney, responsáveis ainda pela trilha sonora de “Aladdin” e “A Bela e a Fera“.

Apesar dos resultados incríveis, a carreira de Ashman sempre foi marcada pela mistura única de talento e esforço, a fórmula clássica do sucesso. Oriundo dos teatros de Nova York, ele nunca teve tanto êxito quando levava seus musicais à Broadway. Havia algo de especial em sua música que precisava de um toque íntimo e pessoal, que grandes salões simplesmente não transmitiam. Foi o que o atraiu ao cinema e, mais especificamente, às animações. “Pessoas cantando de repente em filmes, é meio bobo“, dizia, mas as possibilidades da animação eram infinitas para uma cabeça criativa como a dele.

À época, o departamento de animação da Disney não tinha mais o prestígio de antes, chegando a trabalhar até em trailers. O vigor injetado pela chegada de Ashman e Menken a Los Angeles fez com que o setor desse uma guinada definitiva, firmando os alicerces da potência que é hoje. A dupla conquistou dois Oscars e foi indicada a mais quatro, e não há como imaginar o sucesso que os esperava caso Howard não tivesse tido sua trajetória interrompida pela AIDS em 1991.

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Estes são apenas cinco dos especiais e documentários disponíveis no catálogo do Disney Plus. Para quem se aventura entre os extras de cada filme e série, sempre há uma ampla gama de conteúdo para tornar sua experiência ainda mais completa.

Se você também ama se aprofundar ao máximo nas produções que tanto ama, mas ainda não assina o Disney Plus, não perde mais tempo! É só acessar esse link e aproveitar » https://bit.ly/3uBLyRL.

Julio Bardini
@juliob09

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