Cinema com Rapadura

Colunas   domingo, 09 de outubro de 2011

Animadores da DreamWorks realizam workshop em festival do Ceará

Bill Tesser e Chris Kirshbaum participaram do 2º FestCine Maracanaú.

Parte da programação do 2º FestCine Maracanaú, evento dedicado ao cinema digital e novas mídias realizado de 04 a 09 de outubro na região metropolitana de Fortaleza (CE), o público teve a oportunidade de participar de um workshop sobre animação digital e efeitos especiais com animadores do conceituado estúdio DreamWorks – celeiro de longas como “Shrek” e “Madagascar”. Os profissionais Bill Tesser e Chris Kirshbaum, que possuem experiência em diversas obras da companhia como no recente “Kung Fu Panda 2” e em “Como Treinar Seu Dragão”, contaram um pouco sobre a rotina e a experiência adquirida na profissão, e deram conselhos aos interessados em seguir carreira no ramo da computação gráfica.

A apresentação de Tesser, intitulada “Um Dia na Vida de Um Animador”, deu detalhes de como ocorre a produção de um grande longa de animação 3D ou de sequências de efeitos especiais em filmes comuns. Tesser, que interessou-se pelo cinema ao cursar uma disciplina de storyboard – espécie de roteiro ilustrado que orienta a gravação de cenas de um filme – em um curso de artes,  iniciou a carreira realizando efeitos especiais para diversos filmes pela Sony Pictures. Ele explicou as diferenças entre trabalhar com uma produção que conta com atores reais e ser responsável por realizar a construção de cenas inteiramente digitais.

“A hierarquia de produção muda de um gênero para o outro. No filme real, o animador é subordinado a supervisores e diretores de efeitos especiais, que ordenam como deve ser a cena. O contato com o diretor do filme é bem reduzido. Já na animação, temos mais contato com os realizadores e temos participação mais ativa no processo”, disse.

Tesser exemplificou os passos tomados  pelo artista digital para produzir, em média, cerca de três segundos de animação finalizada por semana.

“O animador tem basicamente o trabalho de um ator. Usamos nossas habilidades para criar emoções, trejeitos e interpretações nos personagens que serão vistos na tela. Após uma primeira exibição rústica  para o diretor, na ‘primeira passagem’, corrigimos ou modificamos detalhes e posicionamentos dos personagens, e aprontamos uma versão mais fluida e próxima da versão final. Caso seja aprovada, partimos para a finalização. O processo leva em torno de uma semana”, explicou Tesser sobre a produção semanal de trechos de cenas divididos entre vários animadores.

O artista frisou que, antes de técnico, o trabalho com animação é sobretudo artístico, e citou uma lista de profissionais complementares ao trabalho, como cenografistas, pintores e escultores. “Existe espaço para qualquer um que queira expressar-se na animação, é apenas uma questão de perseverança e de abraçar seu artista interior”, lembrou.

Um pouco mais técnica foi a apresentação de Chris Kirshbaum, que falou sobre seu processo pessoal de trabalho na palestra “Uma Breve Análise”, onde mostrou o roteiro de elaboração e suas teorias de animação para uma pequena sequência de seu portfólio. O animador deu detalhes sobre os softwares utilizados pelos grandes estúdios e falou da importância da pesquisa de referências visuais e do aprimoramento do profissional como observador e artista.

“Sou um animador que não consegue desenhar nem atuar muito bem, mas treino minha capacidade de expressão e analiso todos os detalhes para tornar a animação o mais natural possível”, comentou.  Kirshbaum deu dicas técnicas aos interessados em seguir a carreira e falou sobre movimentação, conceitos físicos e humanização de personagens. “As pessoas têm que querer assistir sua obra, têm que se identificar. Esta é chave do processo, imaginar como eu mesmo reagiria às situações do personagem, para criar a identificação”, explicou.

Os profissionais incentivaram o público e deram mensagens motivacionais de persistência, lembrando e citando inclusive o recém falecido Steve Jobs, fundador de um dos mais conceituados estúdios de animação do mundo, a Pixar, e profundo entusiasta da animação 3D. “É bastante trabalhoso, mas ainda assim me divirto todos os dias”, disse Tesser, que completou: “Animação requer uma vida de aprendizado contínuo e dedicação”. A julgar pelo sucesso das últimas animações de Hollywood e pela expectativa de  produções vindouras, percebemos que a animação tende a aumentar cada vez mais seu lugar junto ao público fã de cinema.

O Cinema com Rapadura participou do 2º FestCine Maracanaú a convite da organização do evento.

Bruno Nogueira
@cenadocrime

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