Cinema com Rapadura

Colunas   segunda-feira, 25 de abril de 2011

Livro baseado no roteiro da animação Rio poderia ser muito melhor

Cadê as figuras? Se é para criança, tem que ser ilustrado.

A animação “Rio”, dirigida pelo brasileiro Carlos Saldanha, estreou nos cinemas em 08 de abril em larga escala. Foi o maior lançamento da história do Brasil com exatas 1.024 salas, presença dos dubladores originais na cidade maravilhosa (Anne Hathaway, Jesse Eisenberg, Jamie Foxx e Will.i.am) e a cifra de R$ 13 milhões nas bilheterias apenas no fim de semana de estreia. Um MEGA blockbuster.

Com isso, a editora Agir decidiu lançar o livro baseado no roteiro da animação. Porém, um dos maiores erros das editoras brasileiras é não terem o “tato” para pensar no entretenimento como um todo. “Rio” é um filme que se apoia totalmente no seu visual e nas suas músicas. A história é básica, típica da Blue Sky Studios/Fox (que também fez a trilogia “A Era do Gelo”), mas o seu visual é deslumbrante. Dito isso, a editora lança um livro de 94 páginas só de texto.

Esse não é o maior dos problemas. A história do livro não possui nenhuma diferença em relação ao filme. Lexa Hillyer, que adaptou a trama, não teve muito trabalho. Praticamente se aproveitou do roteiro escrito por Don Rhymer (em cima da história criada pelo próprio Saldanha) e colou em cada página do livro. Não que isso esteja errado, mas sempre se espera algo mais em um livro baseado de um filme.

Pensando no publico alvo, tanto do filme, como do livro, a editora poderia ter sido mais inteligente e lançado uma obra com mais visual. Se a ideia é ensinar a ler ou incentivar a leitura das crianças, perfeito. Mas comercialmente pensando, foi uma decisão equivocada adaptar apenas o roteiro. Para não dizer que não tem imagens, das 95 páginas, apenas oito trazem fotos com pequenos perfis dos personagens.

Publicado nos EUA pela HarperCollins Childrens, o livro possui em sua versão gringa 144 páginas (possivelmente com mais fotos) e não se restringe a isso. A editora lançou outras cinco publicações: Rio: Birds of a Feather, Rio: The Movie Storybook, Rio: Greetings from Rio!, Rio: Learning to Fly e Rio: Blu and Friends. Diferente da Agir, a HarperCollins pensou nas crianças (publico alvo do filme) e lançou obras totalmente ilustradas, com poucas frases e muito chamativas. Crianças de três a sete anos devem ler todos os dias antes de dormir.

Todos os produtos que possuírem alguma referência à animação “Rio” vão vender horrores, mas a editora Agir poderia ter ido além e buscado trazer para os jovens leitores algo que representasse as imagens deslumbrantes vistas no filme.

Ainda assim, será que vale a pena comprar? Se você tiver um filho ou quiser dar de presente para uma criança, talvez sim. Primeiro você leva para assistir ao filme e logo em seguida dá o livro para ele ficar lembrando das cenas. Dessa forma, além de incentivar a leitura, você vai permitir que a criança lembre de cenas bacanas ao ler passagens do livro. Porém, enquanto o filme pode ser visto por crianças de três anos para frente, para entender o livro só as crianças a partir de sete ou oito anos.

Jurandir Filho
@jurandirfilho

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