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Colunas   quinta-feira, 18 de março de 2021

Falcão e o Soldado Invernal – sensível primeiro episódio é uma boa introdução à nova série da Marvel

Episódio de estreia começa a série com calma, indo a fundo na vida dos protagonistas e no estado do mundo depois do "blip".

Nesta sexta-feira (19), chega ao Disney Plus o primeiro episódio de “Falcão e o Soldado Invernal”, a nova série da Marvel Studios. Tivemos a chance de assistir a este capítulo de estreia, e abaixo seguem nossas impressões. O texto não contém grandes spoilers, mas comenta pontos gerais sobre o episódio.

Apesar de já ser perceptível por todo o material promocional, é válido começar dizendo que a série é bem diferente de “WandaVision”, e mais se assemelha ao que o público está acostumado a assistir nos filmes mais sérios do estúdio. As sementes para uma produção como essa foram plantadas em “Capitão América: Soldado Invernal”, e a maior inspiração parece vir justamente deste que ainda é considerado um dos melhores filmes do Universo Marvel.

A série se passa seis meses depois do “blip”, quando todas as vítimas do estalo do Thanos retornam após cinco anos desaparecidos, e depois que Steve Rogers (Chris Evans) passa seu escudo de Capitão América para Sam Wilson, o Falcão (Anthony Mackie). Na marcante cena de “Vingadores: Ultimato”, vemos um relutante Sam aceitar aquele que é um símbolo de algo (e alguém) tão grandioso, que não lhe parece certo estar com ele. Steve vê o valor de seu parceiro, mas Sam não se acha digno. Ainda assim, promete: “farei meu melhor”.

E este é Sam. Depois de cinco anos desaparecido, um retorno caótico meio a uma batalha pelo universo, e uma readaptação a um mundo traumatizado, Sam retoma o serviço junto à Força Aérea, continua tentando impedir pessoas ruins de fazerem coisas ruins, e faz o que pode para ajudar sua família. Conhecemos sua irmã Sarah, e seus dois sobrinhos, e começamos a ver cicatrizes mais profundas do “blip”. Em “WandaVision”, menos de um mês havia se passado desde o evento, mas agora, depois de seis meses, o mundo começa a tentar voltar ao normal, em novos cenários políticos e econômicos. A questão financeira é trazida à tona e um bom ponto de reflexão é colocado: como o planeta, depois de cinco anos, se adapta a ter metade de sua população de volta repentinamente?

Bucky Barnes (Sebastian Stan), por outro lado, tem de enfrentar um conflito bem mais pessoal: seu passado como o Soldado Invernal. Antes um sargento do Exército dos Estados Unidos, depois uma arma nas mãos da HYDRA, o que Bucky é agora? Isso é algo que o personagem tem de descobrir, e para isso tenta a ajuda de uma terapeuta. Não que isso fosse sua primeira opção, mas é uma condição para seu perdão pelo governo, e para garantir que ele não represente mais ameaça a ninguém. Os fantasmas de seu passado como Soldado Invernal o assombram, e ele está sozinho. É de partir o coração.

Este primeiro episódio – com duração de 40 minutos fora os créditos de 7 – sofre com um leve problema de ritmo, justamente pela divisão de núcleos e o vai e vem entre eles. Não ter Sam e Bucky juntos logo de cara causa um certo estranhamento, pelo fato de que os dois sempre orbitaram a grande estrela que era Steve, e, mesmo quando ainda estavam em lados opostos, suas histórias dependiam do antigo Capitão América. Mas agora o foco são eles mesmos e suas próprias vidas, e é satisfatório ver que a série irá explorar isso a fundo. O melhor de tudo é saber o quanto Stan e Mackie estão equipados para afundar em seus personagens – depois de anos como sidekicks, eles estão mais do que prontos para serem protagonistas.

O episódio começa com uma empolgante cena de ação com o Falcão, que não se diferencia em nada de uma sequência de cinema, deixando claro o empenho da Marvel com suas séries. Somos também brevemente apresentados aos Flag Smashers, uma das forças antagonistas da série – nos trailers, eles aparecem com as máscaras marcadas por uma mão vermelha -, e ao personagem do carismático Danny Ramirez. O episódio também conta com um cameo e a aparição de um personagem que pode ser recorrente, embora não necessariamente tão relevante.

Henry Jackman, compositor de “Soldado Invernal” e “Guerra Civil”, retorna aqui, e não havia nome melhor para este trabalho. Ele traz temas do segundo “Capitão América”, expande-os, adapta-os, e traz também um novo tema, representando bem a atmosfera de buddy comedy.

Mesmo que o episódio de estreia não seja explosivo, ou excelente, ele termina forte, conseguindo passar uma enxurrada de emoções em menos de um minuto. É também jogada no ar a promessa de que os protagonistas serão muito bem explorados, e fica subentendida a necessidade da eventual parceria entre os dois. Que isso aconteça logo, pois depois de sete anos de press tours juntos, Anthony Mackie e Sebastian Stan também têm muito a oferecer através de seus personagens.

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“Falcão e o Soldado Invernal” estreia nesta sexta, 19, no Disney Plus – assista ao trailer final.

Louise Alves
@louisemtm

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