Cinema com Rapadura

Colunas   segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Especial Oscar 2018: conheça mais sobre os concorrentes na categoria Melhor Filme

Veja o que esperar dos 9 indicados à principal categoria da maior premiação do cinema mundial.

Poucas experiências proporcionam um misto de emoções tão grande quanto assistir a um filme. Ano após ano, milhões de pessoas se deixam envolver pela contagiante magia do mundo espetacular do cinema, sendo levadas do riso ao choro em questão de segundos, e vice-versa. A sétima arte é realmente surpreendente, e merece ser celebrada da melhor forma possível.

É justamente para festejar o vasto universo cinematográfico que existem cerimônias como o Oscar, uma das maiores premiações do cinema mundial, que serve não apenas para premiar as obras e profissionais que se destacaram entre os demais, como também é uma grande forma de homenagear como um todo essa indústria que nunca perde a capacidade de se reinventar e encontrar novos meios de tocar os corações das pessoas e fazer sonhos aparentemente impossíveis virarem realidade.

E é nesse espírito de celebração que o Cinema com Rapadura vai fazer uma cobertura especial sobre os indicados ao Oscar 2018. Começamos pela categoria de Melhor Filme, a mais aguardada da cerimônia que ocorrerá no domingo, 4 de março, e que promete ser uma das mais disputadas de todos os tempos, com 9 longas de altíssima qualidade disputando a estatueta mais cobiçada da indústria cinematográfica.

“A Forma da Água”

Ambientado em 1963, no auge da Guerra Fria, este misto de fantasia e romance conta a história de Elisa (Sally Hawkins, de “As Aventuras de Paddington 2”), uma faxineira muda que trabalha em um laboratório secreto do governo norte-americano. Sua vida se altera para sempre quando ela se depara com um dos maiores segredos da história dos Estados Unidos: a existência de um misterioso “homem-aquático” (Doug Jones, de “Ouija – Origem do Mal”), que é mantido preso e constantemente maltratado no local.

>>[CRÍTICA] A Forma da Água (2017): uma admirável fábula cinematográfica

“A Forma da Água” é um grande filme, e só isso bastaria para justificar as 13 indicações que o longa teve ao Oscar, mas esta verdadeira obra-prima de Guillermo del Toro (“A Colina Escarlate“) é muito mais do que isso. Trata-se de uma verdadeira homenagem aos clássicos filmes de monstro que é ancorada por uma belíssima história de amor que ensina que não é a aparência, e sim a essência que efetivamente determina a diferença entre humanos e monstros, ao mesmo tempo em que aborda com um nítido carinho as minorias apresentadas durante a narrativa, com tudo isso tendo como fundo um riquíssimo contexto histórico e político.

“Corra!”

Chris (Daniel Kaluuya, de “Pantera Negra“) é um jovem afro-americano que irá passar um final de semana na propriedade da família de sua namorada, Rose (Allison Williams, da série “Girls”). Preocupado que o fato de ele ser negro possa causar alguma espécie de desconforto com os familiares de Rose, que são caucasianos, Chris enxerga na hospitalidade um tanto quanto exagerada da família da jovem uma maneira desajeitada de lidar com a relação inter-racial da filha. Entretanto, ele logo descobre segredos perturbadores que vão muito além do que ele poderia supor.

>>[CRÍTICA] Corra! (2017): thriller de alta qualidade

“Corra!” é um filme de terror que alterna de maneira exitosa momentos dramáticos e cômicos, alcançando um nível de equilíbrio que poucos longas conseguem atingir. O horror e a violência mostrados em tela servem de pano de fundo para que a obra aborde a cada vez mais relevante questão do racismo velado, resultando em uma poderosa crítica social que não se contenta em ficar no óbvio, e acertadamente trata do racismo de forma muito mais consistente do que muitos outros que adotam um discurso raso e acabam não discutindo essa temática com a profundidade necessária.

“Trama Fantasma”

Reynolds Woodcock (Daniel Day-Lewis, de “Lincoln”) é um renomado estilista que dá vida aos vestidos mais bonitos da glamorosa Londres da década de 1950. O excêntrico criador conta com o auxílio de sua igualmente singular irmã Cyril (Lesley Manville, de “Malévola“) tanto profissionalmente como em sua vida pessoal, já que a mesma é a única que consegue lidar com sua personalidade e seu jeito excessivamente individualista. Mulheres vêm e vão na vida de Woodcock, enchendo o solteiro convicto de inspiração, até tudo mudar quando ele conhece Alma (Vicky Krieps, de “Amor e Revolução”), uma jovem garçonete que se torna sua musa e amante.

>>[CRÍTICA] Trama Fantasma (2017): a fábula do grande artista que não quer crescer

“Trama Fantasma” é mais uma obra de arte na vasta coleção do diretor Paul Thomas Anderson (“Vício Inerente”), que entrega um longa que foge do convencional ao retratar a relação abusiva que se forma entre seu trio de protagonistas. Além disso, o filme mergulha na psiquê de um homem preso aos fantasmas do passado, um narcisista que deixa em suas obras pequenos pedaços de si mesmo, resultando em um primoroso estudo de personagem que subverte as expectativas do público.

“Dunkirk”

“Dunkirk” retrata um episódio real da Segunda Guerra Mundial, a chamada Operação Dínamo (ou Milagre de Dunquerque), evacuação militar britânica da cidade francesa de Dunquerque em 1940 que culminou no resgate de mais de 300 mil soldados em 800 navios aliados encurralados pelo exército nazista.

>>[CRÍTICA] Dunkirk (2017): Christopher Nolan sobra na técnica, mas perde na emoção

Com sua história sendo contada a partir de 3 perspectivas distintas, o longa se mostra um dos melhores trabalhos do diretor Christopher Nolan (“Interestelar“), que, contando com o apoio de um elenco de peso, conseguiu confeccionar e transmitir ao público um verdadeiro ambiente de guerra. Valendo-se de uma premissa real para montar uma experiência única e repleta de momentos de ação que são de tirar o fôlego, a obra também é dotada de um realismo que faz com que assisti-la seja uma experiência realmente imersiva, ainda que a emoção acabe sendo deixada um pouco de lado no final das contas.

“O Destino de Uma Nação”

“O Destino de Uma Nação” aborda o início do governo de Winston Churchill (Gary Oldman, de “Dupla Explosiva”) durante um dos períodos mais delicados da história da humanidade: a Segunda Guerra Mundial. O Primeiro-Ministro do Reino Unido se vê em uma verdadeira encruzilhada, precisando escolher entre assinar um acordo de paz com a Alemanha Nazista ou se manter firme, defendendo seu país e seus ideais.

>>[CRÍTICA] O Destino de uma Nação (2017): quando a personagem está acima do filme

O filme se consolida como mais uma obra importante do cinema que retrata a Segunda Guerra Mundial não sob o prisma das grandes batalhas, mas sim por seus aspectos políticos, focando em uma das figuras mais marcantes da história: Winston Churchill, que é praticamente trazido de volta a vida pelo trabalho conjunto da equipe de maquiagem e da atuação de Oldman. O foco que o diretor Joe Wright (“Anna Karenina“) confere ao personagem no filme é fundamental para que o público tenha uma maior compreensão acerca de toda a pressão que o político sofreu durante esse período caótico, mas é uma pena que esse protagonismo de Churchill acabe ofuscando os demais personagens, que poderiam ter sido beneficiados com um pouco mais de tempo e desenvolvimento em tela.

“Lady Bird – A Hora de Voar”

Christine McPherson (Saoirse Ronan, de “Brooklin”) é uma adolescente de personalidade forte que, cansada de viver na pacata Sacramento, planeja se mudar para Nova York após concluir seu último ano na escola. Entretanto, a autointitulada “Lady Bird” precisará encarar sua rígida mãe (Laurie Metcalf, da série “The Big Bang Theory”), ao mesmo tempo em que o precisa lidar com as expectativas e frustrações típicas da adolescência, a pressão de entrar para uma faculdade e decidir o seu futuro.

>>[CRÍTICA] Lady Bird – A Hora de Voar (2017): um aprazível conto feminino de passagem à vida adulta

“Lady Bird – A Hora de Voar” é uma belíssima e tocante realização da roteirista e diretora Greta Gerwig (“Frances Ha”), sendo digno de elogios por tratar com tamanho carinho e delicadeza um dos períodos mais difíceis da vida de qualquer pessoa: o final da adolescência e o início da vida adulta. O momento de ouro é, sem dúvidas, a complexa relação entre uma mãe e uma filha que, apesar de se amarem, possuem uma grande dificuldade em entenderem uma à outra.

“Me Chame pelo Seu Nome”

Elio (Timothée Chalamet, de “O Natal dos Coopers”) é um jovem americano de apenas 17 anos, que passa mais um verão com seus pais no norte da Itália. Sua pacata rotina de leituras e músicas se altera drasticamente com a chegada de Oliver (Armie Hammer, de “Animais Noturnos”), acadêmico que veio para auxiliar a pesquisa do pai de Elio e que acaba despertando novos tipos de sentimentos no jovem.

>>[CRÍTICA] Me Chame Pelo Seu Nome (2017): presente sensacional ao espectador romântico

Dizer que “Me Chame Pelo Seu Nome” é um simples romance homossexual seria desmerecer o grande trabalho do diretor Luca Guadagnino (“Um Sonho de Amor“) e de toda a sua equipe. A adaptação do livro de André Aciman é uma história de autodescoberta de um jovem que enfim passa pela experiência de viver seu 1º amor verdadeiro, resultando em um romance envolvente com que todos podem facilmente se identificar, independente de orientação sexual.

“The Post – A Guerra Secreta”

Em plena década de 1970, o jornal norte-americano The Washington Post passou por momentos delicados ao publicar documentos sigilosos sobre a história do planejamento interno e da política do governo estadunidense acerca da malfadada Guerra do Vietnã. A publicação de tais documentos, conhecidos como Pentagon Papers, coloca em risco a carreira da dona do jornal, Kay Graham (Meryl Streep, de “Florence: Quem é Essa Mulher?”), e de seu editor-chefe, Ben Bradlee (Tom Hanks, de “O Círculo”), com o Presidente Richard Nixon invocando a Lei de Espionagem para proteger a si mesmo, seu governo e o de seus antecessores a qualquer custo.

>>[CRÍTICA] The Post – A Guerra Secreta (2017): reunião de três gigantes

“The Post – A Guerra Secreta” é mais um grande exemplar da categoria de filmes focados em retratar a realidade e as consequências do sempre fascinante jornalismo investigativo, com o mestre Steven Spielberg (“O Bom Gigante Amigo”) valendo-se de um episódio marcante da história dos EUA para abordar temas universais e atemporais, resultando em uma grande crítica à censura imposta à imprensa.

“Três Anúncios Para um Crime”

Mildred Hayes (Frances McDormand, de “Ave, César”) é uma simples trabalhadora que vive em uma pacata cidade interiorana dos Estados Unidos, mas sua vida simplória muda abruptamente com o chocante assassinato da filha em um crime hediondo. Com poucas chances de o criminoso ser encontrado e apreendido em virtude da ausência de pistas significativas, Mildred toma a ousada e corajosa atitude de buscar fazer justiça pelo único meio que se encontra ao seu alcance: provocando a polícia local ao colocar três outdoors em uma estrada esquecida. Os anúncios, que a princípio apenas clamam por uma agilidade maior da polícia em obter justiça pelo crime, acabam se mostrando o estopim para algo muito maior.

>>[CRÍTICA] Três Anúncios Para um Crime (2017): a ambivalência do ser humano

Vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme de Drama, “Três Anúncios Para um Crime” é um verdadeiro estudo da humanidade, com seu grande trunfo sendo o cuidado adotado pelo diretor e roteirista Martin McDonagh (“Sete Psicopatas e um Shih Tzu“) em retratar, com uma visão ímpar, a ambiguidade inerente aos seres humanos.

Depois de conhecer cada um, agora é com você. Qual dos filmes indicados é o seu favorito? Qual deles você acha que merece levar a estatueta e por quê? O seu preferido será o grande vencedor da principal categoria do Oscar 2018? Deixe seu comentário!

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Aproveite para escutar o RapaduraCast 532, onde analisamos todos os 9 indicados à categoria de Melhor Filme no Oscar 2018!

João Antônio
@rapadura

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