Fernando Ventura criou a letra de “Miss Me” há cerca de dois anos, quando cursava Arte e Mídia na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), mas foi apenas em 2012 que decidiu tirar da gaveta o projeto que recebeu o nome de Grandphone Vancouver. Após acordar com a inquietação de homenagear Bob Dylan, Ventura decidiu fazer um videoclipe como projeto de conclusão de curso, utilizando-se do plano sequência e uma elaborada concepção multimídia. Além de Dylan, surgem outras dezenas de referências durante os 4min18s de vídeo, que instigam o espectador a brincar de identificar uma por uma, como Michael Jackson, Blur, Nirvana, Beatles, Pink Floyd, Beyoncé, entre outros.

Inspirado por “Sweetest Thing”, do U2, pelos deliciosos vídeos da banda OK Go e pela trilha sonora que escuta em seu dia a dia, as transições entre as referências à cultura pop e à geração MTV foram surgindo no processo de concepção do vídeo. Dessa forma, Ventura criou praticamente um curta viral, disponibilizado desde o dia 03 de julho no Youtube, com maturidade audiovisual proveniente de várias experiências que viveu durante a faculdade, onde realizou propagandas e documentário. Além da escolha acertada e difícil de filmar em um único plano, sem nenhum corte de câmera, a produção é impecável por revelar o talento do músico-cineasta.

Em entrevista ao Cinema com Rapadura, Ventura disse que foram rodados cerca de 25 takes, em apenas um dia que tinha na locação onde se passa a história, na Rua Maciel Pinheiro, em Campina Grande.

“A maior dificuldade foi perder boa parte da manhã para marcar onde cada personagem estaria. Só tivemos um dia na rua, para marcar, ensaiar e filmar. Dirigir por volta de 70 pessoas e ainda por cima ser protagonista da coisa não foi fácil”, lembrou.

A falta de verba para a realização do vídeo não desanimou o artista. Como era um produto acadêmico, Ventura contou com a colaboração de pessoas que acreditaram no projeto.

“Levando em consideração que a o produto necessitou a gravação da música e do vídeo, foram R$ 500 para a música (gravação) e cerca de R$ 800 para o vídeo, parte bancada pelo apoio do meu pai e uma bolsa de monitoria minha. A universidade serviu como suporte para recrutar material humano”, contou.

Logo mais, o vídeo ultrapassará 150 mil visualizações. Os comentários dos internautas e da imprensa reforçam o talento do artista e acreditam em um novo gás ao audiovisual nacional.

“Tínhamos algumas metas que estamos alcançando aos poucos, mas lógico que essa repercussão é incrível, tanto pela boa receptividade do clipe, quanto da música. Me sinto mais seguro para dar seguimento ao trabalho”, disse.

Após a repercussão grandiosa, ele deve dar continuidade ao Grandphone Vancouver.

“A intenção era lançar três videoclipes até dezembro, já que o EP que lanço em breve possui três músicas. Assim como fizeram os Beatles em 1966 (se não me engano), queria me dar ao luxo de gravar e lançar videos somente, não era prioridade fazer shows, entretanto, os planos mudaram. Em breve, pretendo montar um grupo e rodar por onde conseguir. Bons ventos ainda virão”, finalizou.

Assista ao vídeo:

Em 2011, Ventura realizou o documentário “O Quinto Beatle”, em parceria com o Italo Brito, que também está disponível na web. Veja:

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Diego Benevides é editor-executivo, crítico e colunista do CCR. Jornalista graduado pela Universidade de Fortaleza (Unifor), é especialista em Assessoria de Comunicação, pesquisador em Audiovisual e educador na linha de Artes Visuais e Cinema. Desde 2006 integra a equipe do portal, onde aprendeu a gostar de tudo um pouco. A desgostar também.