Especial Oscar 2019: conheça mais sobre os indicados à Melhor Direção, Melhor Roteiro e Melhor Roteiro Adaptado
Cineastas como Adam McKay, Spike Lee e Alfonso Cuarón competem tanto em Direção quanto em Roteiro.
Continuando a nossa cobertura dos indicados ao Oscar 2019, chegou a vez de falar sobre dois elementos fundamentais para qualquer produção audiovisual: Direção e Roteiro. Para você ficar por dentro dos concorrentes deste ano, o Cinema com Rapadura preparou este texto detalhando os indicados a Melhor Diretor, Melhor Roteiro Original e Melhor Roteiro Adaptado. Veja abaixo:
Melhor Diretor
Adam McKay – “Vice”
O diretor Adam McKay começou sua carreira com a comédia, dirigindo filmes como “O Âncora: A Lenda de Ron Burgundy”, “Ricky Bobby, a Toda Velocidade“ e algumas sketches no “Saturday Night Live”. Em seus filmes mais recentes, o cineasta utiliza sua bagagem cômica para abordar temas mais sérios, que satirizam a história contemporânea dos EUA. Através do humor e uma montagem dinâmica, que se comunica facilmente com o público geral, McKay vem ganhando bastante reconhecimento da indústria, principalmente depois que “A Grande Aposta” recebeu indicações para Melhor Filme, Melhor Diretor e venceu o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado em 2016.
Em “Vice”, o diretor replica diversas coisas da fórmula de “A Grande Aposta” em uma cinebiografia que apresenta a trajetória política do americano Dick Cheney, mostrando seu início como assessor, até por fim chegar ao posto de vice-presidente dos Estados Unidos.
Alfonso Cuarón – “Roma”
O mexicano Alfonso Cuarón é um cineasta extremamente versátil e talentoso, e com certeza um dos favoritos a levar a estatueta este ano. Cuarón já comandou filmes como “Filhos da Esperança”, “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban” e o aclamado “Gravidade”, que lhe rendeu o Oscar de Melhor Diretor em 2014. Agora, o cineasta marca seu retorno de forma triunfante com mais um filme aclamado, lançado pela Netflix.
Em “Roma”, Cuarón entrega um trabalho extremamente autoral e atua como roteirista, diretor, diretor de fotografia e montador. Uma obra inspirada na sua infância, que entrega uma história muito simples, mas poderosa e cativante.
Pawel Pawlikowski – “Guerra Fria”
Pawel Pawlikowski é um dos principais nomes do cinema polonês na atualidade. Diretor do aclamado “Ida”, primeiro filme polonês a receber o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. O cineasta se destaca bastante pela composição de seus filmes, que são bastante artísticos e autorais.
Em “Guerra Fria”, Pawel aposta em uma clássica história de amor, com uma dinâmica muito interessante entre o casal. A trama bem estruturada e sustentada por uma estética e fotografia sem igual, mostra que o diretor ainda tem muito a oferecer tanto ao cinema polonês quanto ao cinema mundial.
Spike Lee – “Infiltrado na Klan”
O veterano Spike Lee está há 39 anos na indústria do cinema dando voz e abordando questões raciais de diferentes maneiras, seja em filmes, séries ou documentários. Apesar de contar com algumas obras bastante conhecidas e aclamadas como “Faça a Coisa Certa” e “Malcolm X”, surpreendentemente, o cineasta nunca havia sido indicado ao Oscar de Melhor Diretor. Suas indicações se limitaram em Melhor Roteiro Original por “Faça a Coisa Certa” e Melhor Documentário por “Quatro Meninas”. Para prestigiar sua carreira, a Academia concedeu um Oscar honorário ao diretor durante a premiação de 2016.
Em “Infiltrado na Klan”, Lee acerta em cheio ao tocar num tema tão atual, mesmo se passando décadas atrás. O filme mescla elementos cômicos e dramáticos de forma genial, e o diretor consegue extrair uma atuação bem cativante dos astros John David Washington e Adam Driver.
Yorgos Lanthimos – “A Favorita”
O grego Yorgos Lanthimos é um diretor conhecido por possuir um estilo bem particular em suas obras. O cineasta gosta de apostar em temas niilistas e melancólicos, trazendo um certo humor negro para suas obras, como em “O Lagosta”, que foi indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original em 2017.
Em “A Favorita”, Yorgos cria uma sátira sobre a realeza inglesa do século XVIII. Baseado em uma história real, o filme não se prende tanto aos fatos e toma algumas liberdades criativas em prol da visão do diretor, sempre muito autoral. Além disso, o trabalho excelente na direção do trio principal, na fotografia, no design de produção e no roteiro, é algo que vale a pena ser aclamado.
Melhor Roteiro Original
“A Favorita”
Escrito pela estreante no cargo Deborah Davis e Tony McNamara (“A Grande Virada”), “A Favorita” é uma história de época que narra a disputa entre duas mulheres, interpretadas por Rachel Weisz e Emma Stone, pelo afeto de sua rainha, vivida por Olivia Colman, e consequentemente sua influência e poder. O roteiro tem sido um dos mais elogiados dessa temporada de premiações, em grande parte por seus diálogos afiados e humor sarcástico.
“Green Book: O Guia”
Escrito por Nick Vallelonga (“Escala do Poder”), Brian Currie (“Two Tickets to Paradise”) e Peter Farrelly (“Debi & Lóide 2”), “Green Book: O Guia” conta a história de uma road trip pelo Estados Unidos, onde um motorista ítalo-americano (Viggo Mortensen), carrancudo e cheio de preconceitos, aceita levar um famoso pianista negro (Mahershala Ali) em uma turnê ao Sul do país. Com personagens muito carismáticos, o roteiro do filme aborda de forma bem clara o preconceito e o racismo, transmitindo a mensagem de forma inteligente ao mesmo tempo que conta uma história bastante sensível.
“No Coração da Escuridão”
O roteiro escrito por Paul Schrader (“Taxi Driver”) conta a história de um pastor representante de uma pequena igreja do interior dos EUA. Um homem atormentado pelo seu passado e em constante conflito espiritual. O roteiro do longa é bastante denso, reflexivo e pessimista na medida certa, fazendo com que o espectador continue refletindo sobre sua mensagem além do que é mostrado nas telonas.
“Roma”
Escrito pelo próprio diretor, Alfonso Cuarón, o roteiro de “Roma” é inspirado na infância do cineasta e conta a história de uma babá (Yalitza Aparicio) que trabalha para uma família mexicana de classe média, ao mesmo tempo que resgata acontecimentos históricos do México. O roteiro, simples e intimista, acerta bastante na hora de construir as relações dos personagens, e de mostrar no cotidiano a realidade e o contexto social da época.
“Vice”
Escrito pelo diretor Adam McKay, o roteiro de “Vice” se inspira na real trajetória política de Dick Cheney (Christian Bale), mostrando desde seu início como assessor e sua transição para outros cargos, como deputado federal, chefe de gabinete presidencial e, por fim, vice-presidente de George W. Bush. O texto retrata toda essa jornada como uma sátira ao poder político, a trama engraçada e provocativa mostra como algumas decisões tomadas por um seleto grupo pode afetar milhares de pessoas ao redor do mundo.
Melhor Roteiro Adaptado
“A Balada de Buster Scruggs”
Escrito por Ethan e Joel Coen (“Ave, César!“), “A Balada de Buster Scruggs” é uma antologia com seis histórias distintas e ambientadas no faroeste, mostrando toda a hostilidade e brincando com a romantização desse período histórico. O roteiro tem, em sua maioria, histórias bastante lúdicas, qual como contos, e personagens bastante carismáticos com diálogos incríveis. Um fato curioso da indicação é que apenas duas histórias foram adaptadas de outras obras, sendo que as outras são originais.
“Infiltrado na Klan”
Escrito por Charlie Wachtel, David Rabinowitz (ambos de “Madness”), Kevin Willmott (“The Profit”) e Spike Lee (“Chi-Raq”), o roteiro do filme é baseado na história real do ex-policial Ron Stallworth, relatado pelo próprio no livro “Black Klansman: Race, Hate and the Undercover Investigation of a Lifetime”, em que ele conta como trabalhou para se infiltrar no grupo extremista branco Ku Klux Klan, no final da década de 70. O roteiro entrega um humor em diversas situações que beiram o absurdo, mostrando o preconceito de maneira bastante caricata, mas que faz o espectador refletir sobre o assunto.
“Nasce Uma Estrela”
Escrito por Eric Roth (“O Curioso Caso de Benjamin Button”), o estreante no cargo Bradley Cooper e Will Fetters (“O Melhor de Mim”), o roteiro é a quarta versão de uma história de amor entre uma jovem estrela em ascensão e um astro veterano com a carreira em decadência. O texto usa como base a estrutura de seus antecessores e acerta bastante ao trazer mais profundidade ao relacionamento dos protagonistas. Os números musicais também são um show à parte, as letras foram muito bem acertadas e entram muito bem na trama para pontuar momentos do filme.
“Poderia me Perdoar?”
O roteiro escrito por Nicole Holofcener (“Um Passado Sombrio”) e o estreante no cargo Jeff Whitty, adapta a autobiografia da autora Lee Israel, cuja fama não veio por conta das grandes obras que escreveu, mas sim pelos atos imorais que praticou. O roteiro, bastante ousado, não tenta glorificar as ações tomadas pela protagonista, tampouco tenta retratá-la como uma justiceira lutando contra o sistema que a criou. Ao mesmo tempo ele consegue despertar o interesse do espectador nessa jornada e, em certos momentos, compaixão.
“Se a Rua Beale Falasse”
O roteiro de Barry Jenkins (“Moonlight: Sob a Luz do Luar”), é uma adaptação do romance de mesmo nome do escritor James Baldwin, que retrata uma história de amor que transita entre a infância do casal e o presente da narrativa. Ao mesmo tempo que explora esse relacionamento de forma muito bonita, o roteiro também possui um peso político-social muito forte, expondo e trazendo reflexões sobre algumas facetas do racismo.
Agora é a vez sua opinião, qual diretor você acha que merece vencer o Oscar? Qual dos roteiros indicados é o seu favorito?