[Lista] 10 produções imperdíveis para assistir na HBO Max
A nova plataforma chegou ao Brasil em junho com diversos filmes e séries clássicos no catálogo. Mas, por trás das dicas de sempre, há também boas opções que nem todo mundo conhece.
Texto escrito por Jacqueline Elise, Júlio Bardini, Louise Alves, Luís Gustavo e Martinho Neto.
Depois de mais de um ano de quarentena, as opções de conteúdo de qualidade foram ficando um pouco escassas. Ainda que as plataformas de streaming estejam sempre adicionando novos filmes e séries a seus catálogos, em certos momentos a impressão de que já “zeramos” todos é inevitável. Pois um novo competidor entrou nessa arena, a HBO Max!
Para te ajudar a navegar nesta nova plataforma, a equipe do Cinema com Rapadura uniu forças para indicar 10 filmes e séries imperdíveis da HBO Max. Muitas das obras disponíveis você certamente já viu, como as recentes “Mare of Easttown” e “Watchmen“, ou as clássicas “Friends“, “The Wire” e “Família Soprano“, então tentamos fugir do convencional e dar dicas não tão comuns, abrangendo os diversos gêneros e formatos que o streaming disponibiliza. Vamos lá?
Barry (2018-)
“Eu sou mau?”
“Com certeza! Não te falo o suficiente?”
Entre abril e maio de 2019, os domingos à noite eram sagrados. Era quando a oitava temporada de “Game of Thrones” era exibida, e o mundo todo parava para assistir. Mas se Jon Snow e Daenerys Targaryen deixavam a desejar, “Barry“, que ia ao ar logo em seguida, nunca decepcionava. A série, criada e estrelada por Bill Hader, conta a história de Barry Berkman, um assassino de aluguel que decide abandonar o ofício para se tornar ator. Essa transição, no entanto, não é fácil, já que sua antiga vida permanece em seu encalço.
A série tem suas duas temporadas disponíveis na HBO Max e foi renovada para a terceira, que deve entrar em produção assim que Hollywood retomar seu ritmo normal com o fim da pandemia. Por mais não convencional que possa parecer o enredo, a jornada de autoconhecimento na qual Barry embarca é igual àquela pela qual muitos de nós passamos enquanto descobrimos quem somos e como ser nossa melhor versão. Com essa mudança brusca na vida do protagonista, “Barry” mistura ação, comédia e emoção na medida certa.
Chernobyl (2019)
“Por que se preocupar com algo que não vai acontecer?”
Se você está navegando pela HBO Max, então deve estar familiarizado também com o padrão de qualidade que o canal HBO costuma aplicar nas suas produções, sobretudo séries e minisséries. Assim, pode ser “chover no molhado” falar sobre a qualidade de “Chernobyl”, sobretudo porque ela foi o primeiro grande sucesso da emissora imediatamente após o fim de “Game of Thrones”. Mas pela temática histórica e toda a crueza ao mostrar fielmente os acontecimentos, trata-se de um retrato que merece ser visto.
A minissérie retrata, com detalhes e liberdades criativas, o maior desastre nuclear da história, ocorrido na Usina de Chernobyl, na Ucrânia, então sob domínio da União Soviética. Trata-se de um evento muito recente para nós — completou 35 anos em abril de 2021 — e, ao mesmo tempo, nunca foi tão difundido na cultura geral quanto outros grandes acontecimentos, como as Guerras Mundiais ou vários outros desdobramentos da Guerra Fria. Assim, ao acompanhar todos os pormenores que a série retrata, podemos criar um interesse em descobrir mais sobre esse episódio tão marcante para o mundo, e também prestar nosso respeito por tantos homens e mulheres que acabaram dando suas vidas para evitar que a catástrofe fosse ainda maior. A obra mostra bem o quanto o ser humano é capaz das maiores atrocidades para encobrir seus próprios erros, mas também nos dá um fio de esperança quanto a alguns da nossa espécie que ainda valem a pena.
Harley Quinn (2019-)
Outra boa indicação, agora em animação, é a série “Harley Quinn”, produzida pela DC. A trama acompanha uma das vilãs mais célebres da cultura pop, mostrando o fim do seu relacionamento abusivo com o Coringa. Livre dele, Arlequina tenta trilhar o seu próprio caminho para se tornar uma das criminosas mais respeitadas de Gotham City.
Não pense que se trata de uma obra voltada para o público infantil: a produção oferece uma ótima combinação entre humor e violência, explorando o submundo do crime de Gotham com piadas pesadas e bastante sangue.
No entanto, o principal trunfo da produção é a jornada de emancipação da protagonista, em um caminho semelhante ao do longa “Aves de Rapina”, mas ainda mais divertido. Seu relacionamento com a também vilã Hera Venenosa é uma ótima maneira de explorar ambas as personagens e conta com um desenvolvimento agradável e divertido.
A presença de outros vilões – e, claro, do Batman –, mas com uma abordagem diferente de muitas histórias contadas para o audiovisual, torna a produção ainda mais chamativa. Isso faz de “Harley Quinn” uma experiência nova e que se destaca de outras produções do gênero de super-heróis.
Legendary (2020-)
É inegável que “RuPaul’s Drag Race” abriu precedentes antes inimagináveis para que pessoas LGBTQIA+ pudessem se ver representadas na televisão não (exatamente) como personagens de ficção, mas como pessoas reais. O reality show de competição de drag queens fez um sucesso enorme não só pelo carisma das mais de 100 competidoras que já passaram pelo programa, mas também por resgatar fragmentos da cultura queer que poderiam ter se perdido na história. Um destes pedaços históricos é a cultura ballroom, do voguing: estilo de dança que nasceu da comunidade negra, latina e trans do subúrbio de Nova York, que consiste em fazer movimentos que lembram modelos posando para revistas de moda. Por reunir um grupo tão marginalizado pela sociedade, diz-se que, se você pertence a um grupo de vogue, você faz parte de uma house (casa). Cada house, inclusive, tem sua mother, uma espécie de figura materna que vai te “abrigar” no grupo e que vai te ensinar o que é preciso para competir numa batalha de vogue.
Leiomy Maldonado, ícone do vogue nos Estados Unidos atualmente (não à toa é conhecida como “a Mulher-Maravilha do Vogue”), diz que “Drag Race” faz quase uma paródia do vogue tradicional: você vê algumas das drag queens usando elementos da dança, mas que não refletem o que o voguing foi e ainda é para muitas pessoas: uma forma de expressão e um meio de encontrar a sua família no meio queer, mais do que qualquer competição entre dançarinos. É assim que surgiu “Legendary”, reality show original da HBO Max do qual Maldonado é jurada junto com a rapper Megan Thee Stallion, a atriz Jameela Jamil, o estilista Law Roach e o MC Dashaun Wesley com o DJ MikeQ. No programa, as houses selecionadas competem entre si em batalhas de vogue para decidir quem será a campeã lendária, que leva pra casa o prêmio de US$ 100 mil.
Com duas temporadas, “Legendary” não só é um entretenimento diferenciado para a televisão como também presta respeito à história quase sempre tão cheia de dores da comunidade LGBTQIA+, enchendo-a de cores e nuances.
Looney Tunes Cartoons (2019-)
“O que que há, velhinho?”. Por gerações, Pernalonga e sua turma são sinônimo de humor, garantindo risadas de todos os públicos Além de estrelarem uma sequência de “Space Jam”, que estreia nos cinemas este mês (e em breve, também chega à HBO Max), os personagens também protagonizam “Looney Tunes Cartoons“, uma nova série animada produzida pelo serviço.
Nos mesmos moldes dos cartoons clássicos, a obra apresenta aventuras curtas e hilárias envolvendo os personagens, que por mais que beiram ao clichê, ainda divertem. Os episódios são divididos em duas ou três narrativas, havendo espaço para que os diferentes personagens como Gaguinho, Eufrazino, Hortelino, Piu-Piu e Frajola tenham o seu momento de brilhar.
Também tenha certeza que todas as esquetes clássicas têm a sua vez: dinamite explodindo na cara, pinturas que viram passagens para o Papa-léguas mas não para o Coyote, Pernalonga se disfarçando de outra pessoa e Patolino dizendo “desprezível”.
Uma vantagem do lançamento no Brasil é que o desenho conta com a opção dublada – que está ótima, com um elenco de vozes que resgata o espírito e a entonação dos originais. Um prato cheio para novos e velhos fãs.
Marcas da Violência (2005)
O diretor David Cronenberg conseguiu a fama de “pai do body horror” com razão: criador de filmes que até hoje são responsáveis por dar calafrios na espinha por usar o corpo como meio para atingir o elemento de terror (tendo como exemplos mais notáveis “A Mosca”, “Videodrome: A Síndrome do Vídeo”, “Gêmeos – Mórbida Semelhança” e “Enraivecida na Fúria do Sexo”), o cineasta canadense, porém, decidiu mudar de rumo no início dos anos 2000. Fazendo cada vez menos horror grotesco, Cronenberg passou a se aprofundar na nebulosidade da condição humana, trabalhando aspectos mais psicológicos e menos corpóreos do desconhecido. Não significa que seus personagens deixaram de sofrer ou de passar por momentos medonhos, mas os mistérios e as sensações de estranheza saíram do universo do fantástico e da ficção científica para serem trabalhados em condições mais alinhadas à realidade.
O exemplo mais marcante desta nova fase de Cronenberg é “Marcas da Violência”, de 2005, que foi indicado a dois Oscars e é um dos primeiros filmes do cineasta a fazer parte desta nova jornada de sua filmografia – e que agora arrumou uma casa no catálogo da HBO Max. No longa, Viggo Mortensen interpreta um homem chamado Tom, que vive com sua esposa e seus dois filhos numa cidade pacata, apreciando as coisas simples e a calmaria de sua rotina. Mas toda sua estrutura é abalada quando ele se utiliza de violência extrema para se defender de um agressivo assalto em uma loja de conveniência local. O episódio faz com que ele seja visto como um herói pelos moradores da cidade, mas Tom se vê constantemente perturbado pela marca que seu ato de violência gerou – e tudo fica mais intenso quando um homem acaba sabendo da existência de Tom pelo noticiário e decide cobrá-lo por algo que ele, supostamente, fez no passado. Mas será que o homem se confundiu, ou Tom esconde um segredo de todos?
Mortal Kombat Legends: A Vingança de Scorpion (2020)
Um dos games de luta mais populares de toda a história, “Mortal Kombat” é mais um dentre os inúmeros casos de adaptações para os cinemas incapazes de manter a qualidade dos jogos originais. Certamente isso não aconteceu por falta de tentativas, afinal, a franquia virou live-action em 1995 (com direito a continuação), e de novo mais recentemente, em 2021, com ambas as empreitadas apresentando defeitos notáveis. Felizmente, a maldição das adaptações de games não atinge (muito) as animações, fazendo com que “Mortal Kombat Legends: A Vingança de Scorpion” seja não só uma bela maneira de conhecer a mitologia da franquia, como também uma possibilidade de construir um ambiente sólido para continuações – a primeira, inclusive, já está confirmada e prevista para este ano.
Como o título já entrega, acompanhamos a jornada de vingança de Scorpion, antes conhecido como Hanzo Hasashi, após ser emboscado junto com seu filho Satoshi pelo clã rival de Lin Kuei. E no meio de tudo isso, vemos Raiden mais uma vez reunindo os campeões da Terra para enfrentar os oponentes no torneio Mortal Kombat e evitarem a invasão do planeta. Além de adotar uma estética semelhante aos animes orientais, o que acaba agradando aos fãs desse formato, é gratificante ver o filme abraçando o humor ácido e a sanguinolência exacerbada, características tão marcantes dos games bem-sucedidos da franquia, além da presença de vários dubladores originais, sendo quase impossível não sentir um misto de nostalgia e realização.
The Newsroom (2012-2014)
“Não fazemos boa televisão, nós fazemos o jornal.”
Antes de se aventurar como diretor, Aaron Sorkin produziu e escreveu alguns de seus melhores trabalhos para televisão. De suas três séries sobre o meio televisivo (que incluem “Sports Night” e “Studio 60“), “The Newsroom” é certamente a melhor – e também a única disponível na HBO Max, infelizmente. Nela, Jeff Daniels é o apresentador Will McAvoy, que lidera a aguerrida equipe que produz o telejornal NewsNight, da emissora fictícia ACN.
Conforme fatos reais acontecem, o processo de torná-los notícia faz com que os jornalistas da redação da precisem constantemente confrontar suas crenças pessoais e trabalhar em conjunto, deixando egos de lado em prol da verdadeira missão do jornalismo: informar as pessoas. Como é de se esperar com qualquer obra de Sorkin, “The Newsroom” é carregada de diálogos rápidos e irônicos e emoção, envolvendo o espectador como se ele próprio fosse parte da equipe.
A série é também uma boa pedida para os tempos atuais, em que o papel da mídia vem sendo questionado constantemente e o jornalismo de qualidade exerce um papel cada vez mais importante. Para quem gosta de séries e filmes sobre jornalismo, aliás, essa é uma das melhores produções que há.
Succession (2018-)
Para fazer uma associação com aquilo que é mais conhecido na HBO, imagine se “Game of Thrones” fosse transportada para os dias atuais e focada somente nos Lannister. Eis que surge “Succession”.
A obra segue a família Roy, poderosa e rica dona de uma das maiores empresas do mundo. A saúde do patriarca Logan está se deteriorando, e por isso chegou a hora de decidir quem será o herdeiro na função de levar a companhia à frente. Começa então a disputa entre os mimados e egocêntricos filhos, enquanto o próprio pai controla o jogo de poder. Não há ninguém de bom caráter na série, e ao deixar isso claro de imediato se estabelece o precedente de que todo mundo vai tentar ferrar um ao outro e nós somos os felizes espectadores da confusão.
Com duas temporadas lançadas, e a terceira por vir ainda em 2021, “Succession” é uma série de alta qualidade em todos os aspectos. Adam McKay é produtor executivo e dirigiu o piloto, e o estilo do cineasta tão já bem reconhecido por obras como “A Grande Aposta” e “Vice” tem influência aqui, nos diálogos frenéticos e humor rápido. A trilha sonora de Nicholas Britell faz o excelente trabalho de colocar os Roy como uma família real do século XXI, com um trabalho orquestral digno de uma sinfonia. A atuação fenomenal de Brian Cox é um dos destaques, assim como o trio de filhos formado por Jeremy Strong (Kendall), Sarah Snook (Siobhan) e Kieran Culkin (Roman), e o genro Tom (Matthew Macfadyen).
Então, ao sentir falta das intrigas da família mais canalha de Westeros, nada melhor do que se voltar a “Succession” e se deleitar na desgraça dos ricos.
Um Maluco no Pedaço – A Reunião (2020)
Com a chegada da HBO Max no Brasil tendo acontecido um mês depois do lançamento da reunião de “Friends”, foi esse especial que acabou ganhando maior atenção na estreia do streaming. Mas em novembro de 2020 foi lançado nos Estados Unidos a reunião de uma série que certamente tem maior relevância para muitos brasileiros, “Um Maluco no Pedaço”.
O especial reúne Will Smith com a família Banks, com o objetivo de relembrar os melhores momentos da sitcom que foi ao ar entre 1990 e 1996, trazendo também memórias de bastidores e muita emoção. O destaque fica para a reunião entre Smith e Janet Hubert-Whitten, a tia Vivian original, depois da rixa que durou 27 anos entre os dois. A conversa é sincera e oferece a resolução que os fãs nunca acharam que teriam.
“Um Maluco no Pedaço” faz parte da tríade das populares sitcoms entre os brasileiros, junto a “Eu, a Patroa e as Crianças” e “Todo Mundo Odeia o Chris”, e é por isso que reencontrá-los neste especial tão simples ainda assim é emocionante. É só uma conversa, mas uma conversa com pessoas com quem crescemos e que ainda fazem e farão parte da infância de muitos.
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Para quem gosta de bom conteúdo, a HBO Max é um prato cheio, sendo o lugar em que podemos assistir filmes clássicos de “Cidadão Kane” à “O Senhor dos Anéis“, ou séries icônicas como “Friends“, “Game of Thrones” e mais. Ao todo, o catálogo do serviço oferece conteúdo de grandes da indústria como a Warner Bros. Pictures, HBO, e DC, além de produções originais do próprio streaming. Também fazem parte da plataforma produções de New Line Cinema, Warner Channel, Cartoon Network, Looney Tunes Cartoons, CNN, TNT, TBS, truTV e Adult Swim.