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Colunas   terça-feira, 04 de fevereiro de 2020

Sundance 2020: conheça os destaques do principal festival de cinema independente do mundo

Do terror ao drama, festival reforça ainda mais seu interesse pela diversidade e pela igualdade de gênero.

Todos os anos, o Festival Sundance de Cinema abre o circuito dos principais festivais de cinema do mundo, apresentando alguns filmes que costumam ser destaques ao longo do ano. Conhecido como o festival de cinema independente mais importante do mundo, Sundance já apresentou filmes como “Corra!”, “A Bruxa de Blair” e “Gosto de Sangue”, filme de estreia dos irmãos Coen.

Famoso por selecionar filmes que representem as minorias da indústria, nesta edição, o festival deu um passo ainda maior para a igualdade de gênero e racial no cinema. Isso porque, no mesmo ano em que nenhuma mulher foi indicada à categoria de melhor direção no Oscar, 46% dos filmes que disputaram nas categorias competitivas de Sundance foram dirigidos por mulheres. Além disso, entre todos os cineastas, 38% são não caucasianos enquanto 12% pertencem à comunidade LGBTQ+.

Por outro lado, o cinema brasileiro deu um passo para trás no festival, e não apresentou produções nacionais. Em 2019, Petra Costa participou com o documentário “Democracia em Vertigem”, que disputa uma estatueta no Oscar 2020. Já neste ano, a presença brasileira ficou resumida ao documentário Venezuelano “Once Upon A Time In Venezuela”, de Anabel Rodríguez Ríos, coproduzido pela brasileira Malu Carneiro Campos.

Além dela, o ator e diretor Wagner Moura foi outro brasileiro que esteve em Sundance, mas como membro do júri na categoria de ficção internacional. Ele também protagoniza o filme Sergio”, uma cinebiografia do diplomata brasileiro Sergio Vieira de Mello, que estreou no festival, mas não participou em nenhuma categoria competitiva.

Para ficar por dentro dos maiores destaque do festival, preparamos uma lista com os principais filmes que passaram por Sundance. Com uma programação que foi do terror ao documentário mundial, veja quais foram os grandes destaques do festival este ano.

Taylor Swift: Miss Americana 

Este ano, o documentário mais aguardado do festival acompanha os últimos anos da carreira de Taylor Swift. Com 16 anos de carreira e diversos prêmios, incluindo 10 Grammys, a cantora tem detalhes da sua vida profissional e pessoal reveladas em imagens privilegiadas que a diretora Lana Wilson (de série “A Cure for Fear”) conseguiu ter acesso. Passando por polêmicas recentes, como a suposto apoio de Swift à candidatura de Donald Trump, o documentário mostra como a cantora se tornou uma voz política forte, principalmente após o julgamento de um caso de assédio em 2017. 

“Taylor Swift: Miss Americana” chegou ao catálogo da Netflix no dia 31 de janeiro.

A Última Coisa que Ele Queria 

Com Anne Hathaway, Ben Affleck, Willem Dafoe e Rosie Perez liderando o elenco, esta adaptação do romance homônimo de Joan Didion foi um dos principais destaques de Sundance este ano. Dirigido e roteirizado por Dee Rees (“Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississippi”), o filme conta a história de uma jornalista que abandona a cobertura de uma campanha presidencial para ajudar o pai em um acordo de negócios que se releva cada vez mais perigoso conforme seu envolvimento cresce.

O filme chega em 21 de fevereiro na Netflix, assista ao trailer.

The Glorias 

A cinebiografia da jornalista Gloria Steinem, acompanha diversos momentos de sua carreira profissional, como quando ela se infiltrou no bar da Playboy, para poder escrever um artigo sobre a maneira humilhante que as garçonetes (“coelhinhas”) eram submetidas. Ela também teve uma atuação importante no movimento feminista dos Estados Unidos, tendo criado a revista Ms, ao lado da ativista afro-americana Dorothy Pitman Hughes. Dirigido por Julie Taymor (“Across the Universe”), o filme tem diversas atrizes no papel de Gloria, como Alicia Vikander, Julianne Moore, Lulu Wilson e Ryan Kiera Armstrong.

Shirley

Levemente baseado na vida de Shirley Jackson, o filme é uma homenagem a uma das escritoras de suspense e terror mais importantes do século 20. Protagonizado por Elisabeth Moss, a trama conta a história de quando Shirley e seu marido, Stanley Hyman (Michael Stuhlbarg), um renomado professor da Bennington College, decidem abrigar em sua casa um casal de jovens estudantes por um período. A escritora encontra nessa rotina peculiar a inspiração que precisava para sua mais nova obra. O filme tem direção de Josephine Decker (“A Madeline de Madeline”) e é baseado em um livro homônimo de Susan Scarf Merrell, que mistura ficção com realidade.

Ironbark

O diretor Dominic Cooke (“On Chesil Beach”) conta a história real de Greville Wynne (Benedict Cumberbatch), um engenheiro elétrico britânico que atuou como espião para impedir o avanço soviético no mundo durante a Guerra Fria. Ele foi recrutado pelo Serviço de Inteligência Militar Britânico, o MI5 e, através de informações cruciais obtidas por uma de suas fontes, Wynne conseguiu determinar o fim da Crise dos Mísseis de Cuba, em 1962.

Zola

Outro filme baseado em um caso real que chamou a atenção este ano, “Zola” é uma adaptação de um artigo publicado na Rolling Stone, a partir de uma denúncia feita por uma stripper no Twitter. A’Ziah King divulgou uma série de acusações contra um clube de striptease, alegando que o proprietário estava envolvido em uma rede de prostituição, sequestro e tráfico de mulheres. O jornal The Washington Post investigou o caso e descobriu se tratar de uma história real, comandada por um homem chamado Rudy, que foi preso em 2015. O longa é dirigido por Janicza Bravo (da série “Dear White People”) e tem Taylour Paige no papel principal.

Sylvie

Um filme que estreou com muitos elogios em Sundance, o longa acompanha Sylvie (Tessa Thompson), uma mulher que trabalha em uma loja de discos de seu pai, em Nova York. Sua vida muda quando ela conhece Robert (Nnamdi Asomugha), um aspirante a saxofonista que consegue emprego na loja de seu pai. Com direção de Eugene Ashe (“Homecoming”), o filme é ambientado na década de 1950 e foi descrito como uma viagem aos saudosos tempos do jazz americano.

Kajillionaire

Evan Rachel Wood interpreta Old Dolio, uma jovem mulher que pertence a uma família de criminosos. Ela vê seus pais se envolverem com um estranho no maior assalto que eles já planejaram, e agora vê sua vida virar de cabeça para baixo. Dirigido por Miranda July (“O Futuro”), o filme é uma sátira bem-humorada sobre uma família de golpistas.

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O Festival Sundance de Cinema 2020 ainda contou com outros filmes que devem ganhar algum destaque ao longo do ano como o drama “The Last Shift”, com Michael B. Jordan e o terror “The Night House”. Além disso, vale a pena ficar de olho no documentário “The Dissident”, sobre o jornalista do The Washington Post Jamal Khashoggi, que foi assassinado no consulado da Arábia Saudita em Istambul, a mando do príncipe saudita Mohammad bin Salman. Além destes, “Minari” deve ganhar força e conseguir uma distribuição maior, por ter sido o grande vencedor do festival, embora ainda não seja possível saber se o longa irá estrear no Brasil comercialmente. Produzido pela Plan B Entertainment, produtora de Brad Pitt, o filme narra a história de uma família de coreanos que se mudam para os Estados Unidos, para tentar a sorte na América.

O que achou dos filmes que participaram do Festival Sundance de Cinema 2020? Quais você mais está aguardando para assistir? Deixe sua lista nos comentários!

Robinson Samulak Alves
@rsamulakalves

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