The Mandalorian – Ação e surpresas são destaques no segundo episódio da série
No novo episódio, o Mandaloriano precisa enfrentar Jawas, uma besta implacável, e entender a importância da recompensa que carrega.
Atenção: este texto contém spoilers do segundo episódio de “The Mandalorian”. Siga por sua conta e risco.
Mais curto e sem rodeios, “The Child“, segundo capítulo de “The Mandalorian” chegou ao streaming Disney Plus na manhã de sexta-feira (15). Bem diferente do primeiro, ele continua o arco do protagonista sem nome e é um episódio essencial para entendermos o rumo que a série pretende tomar. Além, claro de manter a atmosfera de faroeste espacial e a estranheza de mundos fantásticos que só “Star Wars” pode proporcionar. Então vamos lá.
Todo ambientado no planeta desértico Arvala-7, o episódio começa com o Mandaloriano andando entre as rochas tortuosas que fazem o caminho de volta até a nave Razor Crest. Ao seu lado está o berço contendo a criança da espécie sem nome de mestre Yoda que encontrara no final do episódio anterior (como não há um nome para sua espécie, vamos chamar o bebê de “a Criança”, ok?). Logo surgem diversas sombras circundando a dupla e posicionando-se para o ataque: trandoshanos.
Conhecidos por serem uma espécie de lutadores por excelência, os trandoshanos caçam por esporte. Muitos acabam se enveredando pelos caminhos da caça por recompensas pelo simples prazer da coisa. Nos filmes da Trilogia Original, vimos um deles em “O Império Contra-Ataca“, Bossk. Aqui, eles estão em bando e logo revelam o porquê da emboscada contra o Mandaloriano quando um deles parte em direção do berço da Criança. Ele quase consegue… Até ser desintegrado por um tiro do rifle Amban do Mandaloriano.
Após derrotar a gangue de trandoshanos, nosso herói percebe que um deles deixou cair um dispositivo de rastreamento. Já são o terceiro grupo diferente procurando pela Criança, o que deve significar algo em relação ao valor da recompensa. O melhor a fazer é levar o ativo de volta à Razor Crest e entregá-lo logo ao cliente. É o que o Mandaloriano pretende fazer até encontrar sua nave sendo depenada por Jawas. Ele consegue desintegrar alguns deles e afugentar os demais, que fogem abordo de seu sandcrawler, mas o estrago está feito. As coisas simplesmente não podem ser fáceis para o Homem Sem Nome.
Ele parte então atrás do sandcrawler, em uma sequência de ação que parece saída de “Mad Max: Estrada da Fúria” e misturada com uma fase do clássico jogo de SNES “Super Star Wars“. Desviando de todos os tiros e tudo que os Jawas jogam, o Mandaloriano tenta escalar o veículo gigante para recuperar as peças roubadas de sua nave. Ele finalmente consegue, apenas para ser eletrocutado ao chegar ao topo e cair na areia dura de Arvala-7.
Derrotado e com sua armadura danificada, o jeito agora é recorrer ao único amigo que o Mandaloriano tem nesse planeta, o ugnaught Kuiil. No caminho até seu rancho, o Mando pára para consertar sua armadura e fazer curativos em seus machucados. A Criança, que aparentemente vê o Mandaloriano como um protetor, e não como captor, tenta ajudar diversas vezes, estendendo seus braços e fechando seus olhos, como quem está prestes a operar um milagre… Mas acaba sendo posto de volta em seu berço pelo Mandaloriano. Este não é um bebê comum, pelo jeito.
Chegando ao rancho de Kuiil, por sorte ele revela ter relações amigáveis e até um certo respeito pelos Jawas, e consegue fazer ambas as partes sentarem para negociar. Após uma animosidade inicial, fica determinado que o Mandaloriano terá que buscar um ovo para conseguir as partes de sua nave de volta. Sem entender direito o porquê de os Jawas insistirem tanto (a tribo canta “ovo, ovo, ovo” incessantemente), nosso herói vai até o lar da criatura que põe o tal ovo, levando a Criança consigo. O único problema é o tamanho e a ferocidade do ser que ele terá que derrotar – que tem o nome criativo de “Mud Horn” (“chifre de lama”, no original em inglês).
Em um poço cheio de lama, a movimentação se torna um problema. Encarando um ser que certamente pesa mais de uma tonelada e tem um chifre gigante, a coisa tende a ficar ainda mais complicada. Apesar de hábil e rápido, o Mandaloriano tem todas as suas vantagens praticamente anuladas nas circunstâncias em que se encontra, e acaba perdendo seu blaster e o rifle Amban. Seu lança-chamas não surte efeito, e sua corda o faz apenas ser arrastado pela lama. Franco e machucado, ele pega sua vibroblade, a única arma que lhe resta, e espera o ataque final do Mud Horn. É seu fim, ele sabe. Até que algo extraordinário acontece.
A Criança, observando seu captor levar uma surra da criatura, decide intervir. Como fez algumas cenas antes, ele estende sua mão, fecha seus olhos, se concentra… E o Mud Horn passa a levitar, sem conseguir atingir o Mandaloriano. Ele próprio sem entender o que está acontecendo, nosso herói rapidamente aproveita a brecha e crava sua vibroblade no animal gigante, salvando sua pele e obtendo o ovo para levar aos Jawas. A Criança, esgotada pelo esforço, cai em sono profundo.
De volta ao sandcrawler, o Mandaloriano entrega o ovo aos Jawas, que na mesma hora o abrem e comem com um apetite voraz. Agora com as peças que precisa para deixar o planeta, ele começa a trabalhar imediatamente nos reparos da Razor Crest, que, com a ajuda de Kuiil, logo fica pronta. O Mandaloriano e o ugnaught, espécies tão diferentes, ao trabalharem juntos conseguem finalizar o serviço em menos de um dia. Nosso herói agradece Kuiil pela ajuda, que por sua vez agradece pela paz que voltou ao vale onde vive. Ainda sem entender direito o que aconteceu na luta contra o Mud Horn, o Mandaloriano deixa Arvala-7 claramente indeciso sobre o que fazer com a criança extraordinária que carrega abordo.
Apesar de parecer um episódio supérfluo à primeira vista, “The Child” tem o propósito claro de colocar uma pergunta na cabeça do Mandaloriano: a recompensa que ele receberia vale a vida de um ser tão extraordinário quanto a Criança? O protagonista já parecia pensar se a vida de um bebê valeria um carregamento de beskar, mas e agora?
Ainda nesse âmbito, chama a atenção o fato de que nem o Mandaloriano nem Kuiil usaram o termo “Força” para descrever o que a Criança fez na luta contra o Mud Horn. Crianças continuam surgindo galáxia afora com esse dom, mas sem ter quem as treinasse e sendo implacavelmente exterminadas pelo Império, esse tipo de habilidade se tornou algo raríssimo. Ninguém entende o que ocorreu porque nunca nenhum dos dois viu isso antes, e os contos do cavaleiro Jedi Luke Skywalker, que até agora todos no cânone novo pareciam conhecer, provavelmente ainda não chegaram aos confins da galáxia. E, falando em Jedi, a Criança é o terceiro membro dessa espécie que tem o dom da Força depois de Yoda e Yaddle; seria algo característico?
Com roteiro de Jon Favreau e direção de Rick Famuyiwa, o segundo episódio tem a ação como foco. A sequência do Mandaloriano com o sandcrawler e a luta com o Mud Horn são eletrizantes, e deixam o espectador torcendo pelo protagonista mesmo após sua derrota estar praticamente declarada. Sua capacidade de se levantar e seguir em frente, mesmo sem saber direito o que está acontecendo, o aproxima mais de um Indiana Jones do que de Boba Fett. O grande destaque, no entanto, continua sendo a trilha sonora de Ludwig Göransson, que embala a jornada pelo planeta inóspito com ares épicos, mas sei deixar de lado os toques de sintetizador.
Após dois episódios na mesma semana, “The Mandalorian” agora assume um ritmo semanal, com o próximo episódio indo ao ar apenas na próxima sexta-feira, dia 22, no streaming Disney Plus.