Cinema com Rapadura

Colunas   quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

[COLUNA] Aranhaverso em expansão: Conheça as diferentes versões do Homem-Aranha

Saiba mais sobre os heróis e heroínas aracnídeos que fizeram sua estreia nas telonas na animação "Homem-Aranha no Aranhaverso".

Aviso: este texto contém leves spoilers de “Homem-Aranha no Aranhaverso”.

Na 15ª edição da revista “Amazing Fantasy“, datada de agosto de 1962, os leitores de Histórias em Quadrinhos foram apresentados ao jovem Peter Benjamin Parker, um brilhante e tímido adolescente que, após ser picado por uma aranha radioativa, é agraciado com poderes sobre-humanos e se torna o Espetacular Homem-Aranha. Após usar suas habilidades de modo egoísta, Peter acaba aprendendo do jeito mais difícil que grandes poderes trazem grandes responsabilidades, uma lição que faz com que ele decida usar suas habilidades para ajudar as pessoas.

Ao longo de mais de cinco décadas, o personagem idealizado por Stan Lee e Steve Ditko vem encantando gerações com suas façanhas não apenas no mundo dos quadrinhos, mas também em inúmeros desenhos, seriados de TV, videogames e filmes, tornando-se um dos super-heróis mais populares de todos os tempos.

Entretanto, o que nem todos sabem é que o bom e velho Peter Parker não é o único Homem-Aranha das HQs. Seja em um futuro distante ou em incontáveis realidades alternativas, diversas pessoas já assumiram o manto do Amigão da Vizinhança ao longo dos anos, honrando o legado estabelecido por Peter e vivendo sob o tradicional mantra de poder e responsabilidade que serve de alicerce para o herói desde a sua concepção.

Com a chegada da animação “Homem-Aranha no Aranhaverso” às telonas, o grande público terá a oportunidade de entrar em contato pela primeira vez com várias versões alternativas do Escalador de Paredes, e foi justamente pensando nisso que o Cinema com Rapadura preparou essa lista com as principais informações sobre os heróis e heroínas que estrelam o longa animado. Então, sem mais delongas, embarque nessa viagem pelo Aranhaverso.

Miles Morales – Homem-Aranha Ultimate

Criado pelo roteirista Brian Michael Bendis e pela desenhista Sara Pichelli, o protagonista de “Homem-Aranha no Aranhaverso” fez sua estreia no mundo dos quadrinhos na quarta edição da minissérie “Ultimate Fallout“, de agosto de 2011, que lidava com as repercussões da trágica morte do Peter Parker do universo Ultimate, uma das mais populares realidades alternativas da Marvel Comics. Em sua primeira aparição, Miles já surge em cena como o Homem-Aranha, utilizando um uniforme similar ao de Peter e entrando em ação para frustrar os planos do vilão Canguru.

No mês seguinte, os leitores enfim puderam conhecer a origem do jovem herói que decidiu assumir o manto deixado por Peter Parker. Nascido e criado no Brooklyn, Miles Morales era apenas um garoto de 13 anos como tantos outros, até o dia em que ele foi picado por uma aranha durante uma visita ao apartamento de seu tio Aaron. O que à primeira vista aparentava ser um mero incidente doméstico logo se revelaria muito mais, mudando a vida de Miles para sempre.

Ocorre que o tio de Miles era o criminoso conhecido como Gatuno, que recentemente havia invadido uma das instalações da Oscorp para efetuar um roubo, e por acidente acabara levando consigo uma aranha geneticamente modificada, como aquela responsável por conceder poderes ao Homem-Aranha original. Assim, não tardou para que o jovem Miles começasse a demonstrar habilidades semelhantes às do Amigão da Vizinhança.

Miles também adquiriu alguns poderes nunca exibidos por Parker, como a habilidade de ficar invisível e uma perigosa rajada venenosa. Entretanto, com medo da reação de seu pai, um homem que não escondia seu ódio por mutantes e super-heróis em geral, Miles optou por manter seus poderes em segredo, contando a verdade apenas para seu melhor amigo e confidente, Ganke Lee. Além disso, Miles decidiu não utilizar seus novos dons para ajudar as pessoas, desejando apenas levar uma vida normal.

O jovem só mudaria de ideia após a morte de Peter Parker. Acreditando que, caso não tivesse renegado seus poderes, ele poderia ter auxiliado Peter e evitado que o mesmo morresse em combate, Miles se sente extremamente culpado. A partir de então, ele decide usar seus poderes para combater o crime, e, após ajudar a S.H.I.E.L.D. a capturar o vilão Electro, acaba sendo presenteado com um novo uniforme, tornando-se oficialmente o Homem-Aranha.

Desde então, Miles viveu diversas aventuras fantásticas, com um dos destaques ficando por conta da minissérie “Homens-Aranha“, na qual ele conheceu o Peter Parker da realidade principal dos quadrinhos da Marvel, a Terra-616. No final da história, Peter afirma se sentir honrado pelo empenho de Miles em fazer jus ao legado do Homem-Aranha, dando sua benção ao jovem herói.

Infelizmente, a trajetória de Miles como super-herói também foi marcada por uma série de tragédias pessoais, a começar por seu tio Aaron, o Gatuno. Sendo um homem inteligente, Aaron logo percebeu que o surgimento de um novo Homem-Aranha só podia estar relacionado ao incidente ocorrido em seu apartamento, quando Miles foi picado pela aranha roubada da Oscorp. Tendo deduzido a identidade secreta do herói, ele passa a chantagear o sobrinho para forçar Miles a ajudá-lo em seus crimes, mas os dois inevitavelmente entram em conflito, e no final das contas Aaron acaba perdendo a vida.

A morte do tio afetou Miles profundamente, mas sua vida dupla ainda estava para cobrar o seu maior preço. Durante uma batalha de Miles contra o vilão Venom em um hospital, Rio Morales, a mãe do jovem herói, acabou se ferindo gravemente, morrendo nos braços de seu filho. Completamente devastado pela perda de sua mãe, Miles decide deixar o manto do Homem-Aranha para trás, passando a viver apenas como um adolescente comum. Um ano depois, ele relutantemente volta a vestir seu uniforme, e no final das contas percebe de uma vez por todas que seu destino realmente é ser o Homem-Aranha e usar seus poderes para ajudar os outros.

A popularidade de Miles entre os leitores se tornou tão grande que ele sobreviveu ao fim do universo Ultimate, sendo transportado para a Terra-616 e passando a conviver com os principais heróis da Casa das Ideias. Nessa nova etapa de sua vida, ele participou de equipes como Vingadores e Campeões, firmando-se cada vez mais como um dos principais personagens da Marvel.

Por fim, é importante lembrar que a importância do personagem transcende o mundo dos quadrinhos. Sendo um jovem afrodescendente e de ascendência hispânica, Miles não apenas se tornou um verdadeiro símbolo de inclusão e representatividade, como também passa uma bela e importante mensagem aos fãs, demonstrando que qualquer pessoa pode estar por trás da máscara do Homem-Aranha.

Gwen Stacy – Mulher-Aranha

Ao longo de décadas, Gwen Stacy foi vista pelos fãs de HQs apenas como a namorada morta do Homem-Aranha, uma vítima do conflito entre o herói mascarado e seu arqui-inimigo, o Duende Verde. Até hoje, as lembranças dos trágicos eventos que levaram à morte da bela e doce Gwen atormentam Peter Parker, que carrega consigo a culpa de ter sido incapaz de salvar seu primeiro grande amor.

Entretanto, em setembro de 2014 os leitores tiveram a oportunidade de entrar em contato com uma nova e inesperada versão de Gwen. Criada por Jason Latour e Robbi Rodriguez, a Gwen Stacy da Terra-65 deu as caras pela primeira vez nas páginas de “Edge of Spider-Verse” número dois, uma edição especial que fazia parte do evento “Aranhaverso“, em que diversas versões alternativas do Homem-Aranha se juntaram para combater a ameaça dos Herdeiros, uma raça de imortais que estava caçando os heróis aracnídeos.

Na história, é revelado que, na Terra-65, quem acabou sendo picado por uma aranha radioativa não foi Peter Parker, e sim a jovem Gwen, que decide se tornar uma super-heroína e adota o nome de Mulher-Aranha. Entretanto, inicialmente a jovem se mostrava mais interessada na atenção que recebia por seus feitos heroicos do que em realmente ajudar os outros.

Ainda em seus primeiros dias como combatente do crime, ela é forçada a enfrentar o Peter Parker da Terra-65, o qual, na tentativa de se vingar dos valentões que o atormentavam no colégio, realizou experimentos científicos que o transformaram no Lagarto daquele universo.

Gwen conseguiu derrotar Peter, mas os experimentos que fizeram com que ele se tornasse o Lagarto acabaram matando o jovem. A Mulher-Aranha foi considerada culpada pela morte de Peter, de modo que Gwen passou a ser perseguida pela polícia de Nova Iorque, com a caçada sendo liderada por seu próprio pai, o chefe de polícia George Stacy.

Assombrada pela morte de Peter, Gwen passa a se dedicar de verdade a combater o crime, dobrando seus esforços para proteger sua cidade e tentando mudar a opinião das pessoas sobre a Mulher-Aranha. Como se isso não fosse o bastante, ela ainda precisa lidar com os problemas típicos da adolescência e com seus compromissos como a baterista da banda Mary Janes.

Após participar da luta contra os Herdeiros, Gwen retornou para sua dimensão, mas isso não a impediu de manter contato com alguns heróis e heroínas que conheceu durante a saga “Aranhaverso“, com a jovem inclusive vivendo um breve romance com o já mencionado Miles Morales, o Homem-Aranha do universo Ultimate.

É curioso destacar que, apesar de a personagem utilizar o nome Mulher-Aranha em suas histórias, ela é mais conhecida pelos fãs simplesmente como Spider-Gwen, que é o título de sua revista mensal, o que acabou se mostrando um meio simples e eficaz de diferenciá-la das outras heroínas da Marvel que utilizam a identidade de Mulher-Aranha. Em histórias recentes, que ainda não foram publicadas no Brasil, ela alterou seu codinome para Ghost-Spider (Aranha-Fantasma, em tradução literal).

Além de ser uma verdadeira queridinha dos fãs, a Spider-Gwen tem como um de seus grandes méritos o fato de ter apresentado Gwen Stacy a uma nova geração de leitores. Desse modo, ela deixou de ser apenas a namorada morta de Peter Parker, e passou a ser vista por todos como uma heroína.

Peter Parker – Homem-Aranha Noir

Concebido pela dupla de escritores David Hine e Fabrice Sapolsky, em colaboração com o artista Carmine Di Giandomenico, o Homem-Aranha da Terra-90214 surgiu em sua própria minissérie, publicada em 2009. Ambientada no ano de 1933, a minissérie tinha como pano de fundo o conturbado momento político e social da Grande Depressão que assolou os EUA ao longo da década de 1930, valendo-se desse contexto histórico para apresentar um Peter Parker muito diferente daquele com o qual os leitores da Marvel estavam acostumados.

Nesse universo, o tio de Peter foi assassinado como retaliação por ter sido um dos líderes do movimento grevista nas indústrias nova-iorquinas da época, um acontecimento que deixou o jovem Peter sedento por vingança contra o homem responsável pela morte de seu tio: o mafioso Norman Osborn, mais conhecido como o Duende.

Durante um comício no Central Park, Peter e sua tia acabam atraindo a atenção dos Executores, um grupo de capangas que trabalhava para Osborn, os quais não ficaram nem um pouco contentes com o viés socialista das palavras proferidas por May Parker. Felizmente, os Executores não puderem causar nenhum mal aos Parker graças à intervenção providencial de Ben Urich, um experiente e respeitável repórter do Clarim Diário que, ao longo dos anos, construiu uma extensa rede de informantes utilizando o codinome Aranha.

Após esses acontecimentos, Peter se torna uma espécie de protegido de Urich, ajudando o repórter a investigar e expor a terrível situação vivida pelos habitantes de Nova Iorque, especialmente a daqueles que se encontravam sob a ameaça do Duende. Um dia, Peter acaba recebendo por engano uma dica direcionada à Urich, o que acaba o levando até um armazém em que os homens do Duende estavam descarregando uma remessa de antiguidades roubadas.

Quis o destino que uma antiguidade em particular, uma estátua de aranha, acabasse quebrando e liberando uma horda de aranhas. Uma dessas aranhas picou Peter, que desmaiou e teve um estranho sonho com uma espécie de deus-aranha. Ao acordar, o jovem descobriu que havia adquirido espetaculares poderes aracnídeos, o que o leva a colocar uma máscara e ir até a casa de Osborn para confrontar o chefe do crime. Entretanto, ele acaba descobrindo que Ben Urich, seu mentor e amigo, possuía informações que poderiam expor Osborn e colocá-lo atrás das grades, mas optou por chantagear o mafioso em troca de dinheiro para sustentar seu vício secreto em drogas.

Tomado por uma intensa raiva, Peter abandona seu mentor e volta para sua casa, onde confecciona um traje inspirado no uniforme de aviador utilizado por seu tio durante a Primeira Guerra Mundial. Assim, ele se torna o vigilante mascarado conhecido como Homem-Aranha, decidido a por um fim no reinado sombrio do Duende de uma vez por todas.

Apesar de estar decepcionado com Urich, Peter retorna ao apartamento do repórter para forçar o mesmo a ajudá-lo em sua luta para acabar com o Duende. Todavia, quando o jovem chega ao apartamento, Urich já está morto, tendo sido mais uma vítima das ações de Norman Osborn. O assassinato de seu antigo mentor acaba motivando Peter ainda mais, e assim ele dá início a sua guerra contra o crime.

O sucesso da minissérie fez com que uma continuação fosse desenvolvida pela mesma equipe criativa responsável pela história original, e em 2014 o herói foi um dos muitos Homens-Aranha que participaram da saga “Aranhaverso“, o que levou novos leitores a conhecerem o personagem. Para a tristeza dos fãs, o Homem-Aranha Noir foi morto durante os eventos da história “Spider-Geddon“, a continuação de “Aranhaverso” que foi publicada nos EUA no final de 2018.

Peter Porker – Porco-Aranha

Nascida na Terra-8311, uma realidade habitada por animais antropomórficos, essa versão alternativa do Homem-Aranha é dona de uma das origens mais bizarras do mundo dos quadrinhos. Tudo começa quando a cientista May Porker, uma porca antropomórfica, cria um secador de cabelos movido a energia atômica, acreditando que a introdução de fissão nuclear nos salões de beleza norte-americanos acabaria revolucionando a indústria de cuidado de cabelos.

Porém, May acidentalmente se irradia com sua invenção, e em um momento de completo delírio acaba mordendo Peter, a aranha que vivia em seu laboratório. A mordida da porca radioativa faz com que a simples aranha se transforme em um suíno antropomórfico, que de algum modo reteve suas habilidades aracnídeas. Após essa sequência surreal de acontecimentos, May Porker passa a acreditar que é a tia de Peter, o qual passa a adotar o sobrenome Porker e decide usar suas habilidades para lutar por justiça como o Espetacular Porco-Aranha, dando início a uma das mais inusitadas carreiras heroicas de todos os tempos.

Criado pelo roteirista Tom DeFalco e pelo desenhista Mark Armstrong, o Porco-Aranha é fruto de uma piada que se iniciou nos bastidores da Marvel Comics. Durante o início dos anos 1980, começou a se formar um rumor dentro do mercado de HQs acerca de uma suposta intenção da Marvel de montar sua própria rede de lojas para competir diretamente com as lojas de quadrinhos da época. Internamente, esse boato era motivo de deboche pelos profissionais que trabalhavam para a Marvel, como o próprio DeFalco afirmou em uma entrevista concedida ao Vulture, em que ele relembra uma de suas muitas conversas com o então editor Larry Hama:

“Larry e eu estávamos rindo de todo esse conceito da Marvel abrindo sua própria rede de lojas. Nós pensávamos, ‘Esses caras nunca entraram em uma loja da Disney ou da Warner Bros? O que essas lojas vendem são roupas e brinquedos de pelúcia’. Havia algumas camisetas da Marvel naqueles dias, mas isso era tudo que tínhamos em termos de vestuário. E Larry e eu dizíamos, ‘Não tem como termos um brinquedo de pelúcia. A pelúcia é onde está o verdadeiro dinheiro em termos de licenciamento, mas não temos a capacidade para pelúcia’. Larry disse, ‘A única maneira de fazermos pelúcia é se tivéssemos versões animais engraçadas de nossos personagens’. E eu disse, ‘Como o quê? Peter Porker, o Porco-Aranha?'”

A simples menção do Porco-Aranha levou os dois homens a gargalharem, mas logo eles se deram conta de que talvez essa não fosse uma ideia tão ruim. E assim, Peter Porker fez sua grande estreia na edição especial “Marvel Tails Starring Peter Porker, the Spectacular Spider-Ham“, de novembro de 1983. Em 1985, o personagem ganhou sua própria revista, intitulada “Peter Porker, The Spectacular Spider-Ham“, que acabou sendo cancelada após apenas 17 edições.

O cancelamento prematuro de sua revista levou o herói a cair no ostracismo, sendo lembrado apenas por uma pequena parcela de fãs. Todavia, quis o destino que um desses fãs fosse justamente o roteirista Dan Slott, autor da saga “Aranhaverso“, que aproveitou a história para colocar o Porco-Aranha ao lado dos demais heróis aracnídeos na grande batalha contra os malignos Herdeiros. Mais do que isso, Slott assegurou que Peter Porker desempenhasse um papel importante no conflito, fazendo com que o corajoso porquinho conquistasse toda uma nova geração de leitores, mas até o momento isso não se mostrou o bastante para que ele ganhasse uma nova série mensal própria.

Peni Parker – AR//nh

Peni Parker era apenas uma garota de nove anos quando seu pai faleceu vítima de uma explosão, com a menina passando a morar com seu tio Ben e com sua tia May após essa tragédia. Depois de ser picada por uma aranha, Peni se tornou uma heroína, tendo que conciliar sua carreira heroica com sua vida como uma simples estudante. À primeira vista a jovem Peni pode aparentar ser apenas uma versão feminina e de ascendência asiática de Peter Parker, mas as semelhanças com o Amigão da Vizinhança original param por aqui.

Apesar de ter sido picada por uma aranha radioativa, Peni não adquiriu nenhuma habilidade especial como os outros heróis aracnídeos. Ao invés disso, ela combate o crime pilotando uma armadura gigante, chamada de AR//nh, a qual ela divide com a aranha que a picou. Originalmente, o super traje pertencia ao pai de Peni, e era parcialmente energizado pela aranha radioativa.

Por alguma razão que nunca foi devidamente explicada, a armadura somente podia ser usada por alguém que compartilhasse um vínculo genético com o pai de Peni, o que fez dela essencialmente a única substituta possível para o herói falecido. Entretanto, para poder pilotar o traje, a garota precisou se conectar com a outra metade do AR//nh, um processo bastante desagradável e que aparentou ser bastante doloroso para Peni, que teve de permitir que a aranha a picasse para estabelecer a referida conexão.

Assim, Peni passou a proteger a Terra-14512 sob o codinome AR//nh, honrando a memória e o legado de seu pai. Cinco anos depois de ter se tornado uma heroína, a jovem foi recrutada por ninguém menos do que Peter Porker, o Porco-Aranha, para participar da batalha contra os Herdeiros na saga “Aranhaverso“, retornando para sua dimensão após o término do conflito.

Peni Parker estreou nos quadrinhos em “Edge of Spider-Verse” número cinco, de dezembro de 2014, tendo sido criada pelo roteirista Gerard Way em conjunto com o artista Jake Wyatt justamente para ser uma das versões alternativas do Homem-Aranha que participariam da saga “Aranhaverso“, assim como ocorreu com a Spider-Gwen. Todavia, ao contrário da Spider-Gwen, Peni nunca chegou a ter sua própria revista, permanecendo até hoje como uma mera coadjuvante em grandes eventos que envolvem os diversos personagens aracnídeos.

Miguel O’Hara – Homem-Aranha 2099

No longínquo futuro de 2099, a megacorporação Alchemax encarrega à Miguel O’Hara, um prodígio no ramo de pesquisas genéticas, a missão de criar verdadeiros super-soldados, com Miguel tendo como grande inspiração para o seu projeto o vigilante mascarado Homem-Aranha, que em um passado distante protegeu a cidade de Nova Iorque durante a chamada Era Heroica. Entretanto, quando uma pessoa acaba perdendo a vida durante testes iniciais do projeto, Miguel decide descontinuar sua pesquisa e deixar a Alchemax, uma decisão que não foi vista com bons olhos por Tyler Stone, o grande líder da corporação.

Ao invés de deixar Miguel simplesmente ir embora, Tyler contaminou o mesmo com uma droga denominada Êxtase, um alucinógeno psicotrópico altamente viciante que se funde geneticamente ao usuário, tornando-o tão dependente da droga quanto do simples ato de respirar. Como apenas a Alchemax tem permissão para distribuir legalmente o Êxtase, Tyler passa a utilizar a dependência de Miguel para chantageá-lo.

Sem nenhuma intenção de permanecer como um viciado, e muito menos de passar o resto de sua vida sendo chantageado, Miguel decide testar em si mesmo seu projeto genético na tentativa de reescrever seu DNA e se livrar do vício em Êxtase, aproveitando-se do fato de que havia utilizado seus genes como base para o experimento. O que Miguel não podia prever era que Aaron Delgato, seu supervisor imediato na Alchemax, o qual nutria uma grande inveja de Miguel, iria sabotar seu equipamento em uma tentativa de matá-lo.

Assim, quando Miguel efetua o procedimento para reescrever seus genes, seu código genético passa a conter 50% de DNA de aranha. Todavia, ele acabou sobrevivendo à experiência, adquirindo impressionantes habilidades aracnídeas no processo, mas com algumas diferenças em relação ao Homem-Aranha original. Se por um lado Peter Parker precisou valer-se de toda a sua genialidade para criar um disparador de teias, Miguel não teve essa necessidade, já que seu próprio corpo passou a produzir uma teia orgânica. Miguel também passa a contar com garras retráteis nas pontas de seus dedos, as quais utiliza não apenas para escalar paredes como uma aranha, mas também para atacar seus adversários. Além disso, Miguel passou a ter verdadeiras presas em sua boca, com as mesmas secretando uma espécie de veneno paralisante.

Percebendo que Miguel sobrevivera a sua tentativa de matá-lo, e assustado com a transformação do jovem cientista, Aaron Delgato desfere uma série de tiros na direção de Miguel, mas acaba causando uma explosão no laboratório. Aaron acaba morrendo, e Miguel passa a ser perseguido por alguns integrantes do Olho Público, o departamento de polícia privado da Alchemax, de modo que ele precisa utilizar uma máscara improvisada para esconder sua identidade e retornar para seu apartamento após despistar seus perseguidores.

Ao acordar horas depois do ocorrido, Miguel pensa que tudo não passou de um terrível pesadelo, mas ao ver as garras em suas mãos ele logo se dá conta de que os eventos da noite anterior realmente ocorreram. Ao perceber que a Alchemax enviou o caçador de recompensas chamado Risco a sua procura, ou melhor dizendo, à procura do mascarado misterioso que conseguiu escapar do Olho Público, Miguel rapidamente cria um uniforme a partir de uma antiga fantasia que havia utilizado uma vez durante a celebração mexicana do Dia dos Mortos, decidindo usar seus poderes para enfrentar Risco. E assim surgiu um novo Homem-Aranha, mas, no que dependesse de Miguel, sua carreira heroica não iria muito longe.

Ao contrário de outros heróis aracnídeos, Miguel, ao menos no início, não é necessariamente uma boa pessoa, sendo mostrado como um homem arrogante e que só se importa consigo mesmo, com seu comportamento inclusive gerando uma série de complicações familiares. Logo, não chega a ser nenhuma surpresa que Miguel não tivesse qualquer intenção de dedicar sua vida a ajudar os outros com suas habilidades, desejando apenas encontrar uma cura para sua condição peculiar.

Todavia, suas aventuras levam Miguel a perceber o quanto ele ignorava a real condição do mundo ao seu redor, com o herói relutante enfim se dando conta de toda a opressão gerada pelas megacorporações que controlam o mundo, como é o caso da Alchemax. Ademais, com o tempo ele passa a notar o impacto positivo de suas ações como Homem-Aranha, com a figura do herói tendo se tornado um símbolo de justiça e esperança para muitos. A partir de então, Miguel abraça de vez sua nova identidade e passa a se dedicar de corpo e alma a ajudar todos aqueles que precisam, tornando-se realmente o Homem-Aranha.

Criado pelo roteirista Peter David e pelo desenhista Rick Leonardi, Miguel O’Hara apareceu pela primeira vez nas HQs em uma prévia de cinco páginas publicada em “The Amazing Spider-Man” número 365, de 1992, ganhando sua própria revista pouco tempo depois. O esperado encontro entre Miguel O’Hara e Peter Parker ocorreu na edição especial “Spider-Man 2099 Meets Spider-Man“, publicada em novembro de 1995, com a história colocando os dois heróis lado a lado em uma aventura repleta de viagens temporais e de ameaças inesperadas, contando ainda com uma participação do vilão/anti-herói Venom.

Mesmo com o encerramento de sua revista mensal após 46 edições, o Homem-Aranha 2099 continuou sendo um personagem querido por uma parcela considerável de fãs. Além disso, embora muitos acreditem que Miles Morales foi o primeiro Homem-Aranha criado para ser um símbolo de representatividade, essa honra na realidade pertence à Miguel O’Hara, que possui ascendência mexicana. Nos últimos anos, sua revista foi retomada mais de uma vez, mas o volume mais recente da série mensal do personagem foi descontinuado em 2017.

A participação de Miguel O’Hara na animação “Homem-Aranha no Aranhaverso” ocorre apenas na cena pós-créditos do filme, mas o personagem deve ser mais explorado em uma possível continuação, algo que certamente aumentará ainda mais a sua popularidade e, consequentemente, pode acabar convencendo a Marvel a investir em novas aventuras do herói nas HQs.

Agora que você já se familiarizou com as estrelas da animação vencedora do Globo de Ouro 2019, não deixe de comentar qual dessas versões alternativas do Homem-Aranha é a sua favorita, bem como qual delas você acredita que merece ganhar mais destaque em uma eventual sequência do longa animado.

“Homem-Aranha no Aranhaverso” já está em cartaz nos cinemas brasileiros.

João Antônio
@rapadura

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