Diversidade no cinema: 10 importantes filmes sobre o universo LGBT
Abordando temáticas e contextos diferentes, todas as obras da lista têm uma coisa em comum: o combate ao preconceito.
O mundo é hostil para a comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis e transgêneros). Todos os dias, milhares de pessoas são vítimas de ataques por terem uma orientação sexual ou uma identidade de gênero diferente da considerada tradicional. Só no Brasil, por exemplo, a realidade da violência homofóbica faz uma vítima fatal a cada 25 horas. Além de ser o país que mais mata travestis e transexuais em todo o mundo.
Dentro deste contexto de adversidade, é importante que se realize um trabalho de apoio à comunidade e conscientização da sociedade em geral. E, ao longo dos anos, o cinema vem se mostrando como um relevante apoiador da luta, ao contar histórias com a temática e levantar essa discussão.
Ao tratar do assunto de forma sensível, o novo longa do diretor francês Luca Guadagnino, “Me Chame Pelo Seu Nome”, ocupa o centro dos holofotes e está se tornado um dos nomes mais lembrados na disputa pelo Oscar deste ano. O filme, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (18/01), conta a história de amor entre um jovem estudante, vivido por Timothée Chalamet (“Interestelar”), e um amigo americano de seu pai, interpretado por Armie Hammer (“O Cavaleiro Solitário”).
A trama, que tem coprodução brasileira, é ambientada no verão de 1983, quando o americano se hospeda na casa da família em uma região bucólica da Itália. Elio (Chamalet) e Oliver (Hammer) iniciam um relacionamento que envolve uma jornada de descobertas e autoconhecimento, retratada de forma delicada e, de certa forma, erótica. Aplaudido de pé no Festival de Toronto de 2017, o longa é considerado um dos mais importantes do ano e motivou a criação desta lista com mais 10 obras cinematográficas relevantes que abordaram a temática LGBT.
“Priscilla, a Rainha do Deserto” (1994)
O primeiro filme da lista é um road movie estrelado por Terence Stamp (“O Lar das Crianças Peculiares”), Hugo Weaving (“Até o Último Homem”) e Guy Pearce (“Amnésia”). A trama acompanha as drag queens Anthony/Mitzi (Weaving) e Adam/Felicia (Pearce) e uma transexual (Stamp), que são contratadas para fazer um show em um resort no deserto australiano. A bordo do vistoso ônibus, batizado de Priscilla, eles descobrem que a pessoa que os contratou é a esposa de Anthony.
O longa, que ajudou a imortalizar a música I Will Survive, foi aclamado pela crítica especializada e pelo público geral. Apesar da premissa parecer simples, o impacto da obra e os relevantes temas abordados tornaram o filme um clássico, que foi coroado com o Oscar de Melhor Figurino em 1995, além das diversas indicações para o Bafta e Globo de Ouro. Até hoje, o filme configura um marco na luta pelos direitos iguais para a comunidade LGBT ao ser apresentado como uma resposta aos constantes ataques e preconceitos que eles sofriam naquela épocas e ainda foi potencializado pela epidemia da AIDS nos anos 80.
“Milk: A Voz da Igualdade” (2008)
Harvey Bernard Milk foi o primeiro homem abertamente gay a ser eleito para um cargo público nos Estados Unidos. Ativista da causa LGBT, ele estimulou a transformação social que acontecia naquele período e, apesar do curto mandato de 11 meses, se tornou um mártir da luta pelos direitos iguais.
A trajetória de Milk é retratada no elogiado longa, onde ele é vivido pelo ator Sean Penn (“Sobre Meninos e Lobos”). A obra aborda sua trajetória para se transformar num importante líder político. Dirigido por Gus Van Sant (“Gênio Indomável”) e com os atores Emile Hirsch (“Na Natureza Selvagem”), James Franco (“Segurando as Pontas”) e Josh Brolin (“Vingadores: Guerra Infinita”), o filme foi indicado a oito Óscares – incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Ator Coadjuvante. Acabou levando os prêmios na categoria de Melhor ator e Melhor Roteiro Original.
“Má Educação” (2003)
Polêmico, aterrador e comovente, o drama espanhol comandado por Pedro Almodóvar, diretor do também importante “Tudo Sobre Minha Mãe” (1998), é uma obra complexa. Ambientado em três períodos diferentes, o enredo acompanha a vida de dois meninos que se conhecem nos anos 60 e se apaixonam, enquanto estudam em um colégio religioso.
Considerada uma das mais importantes obras de Almodóvar, o longa conta o elogiado ator Gael Garcia Bernal (“Diários de Motocicleta”) vivendo um dos protagonistas em uma atuação magistral. Ao tratar de temas controversos, como pedofilia, o filme evidencia a intolerância que os gays sofrem e não poupa duras críticas à Igreja, aos colégios tradicionais e à sociedade.
“Azul É a Cor Mais Quente” (2013)
Inspirado em uma graphic novel, o filme gira em torno de Adèle (Adèle Exarchopoulos, de “A Última Fronteira”), uma adolescente francesa que se apaixona por uma artista de cabelos azuis, vivida por Léa Seydoux (“007 Contra Spectre”). A trama acompanha a relação das duas durante vários anos, desde a juventude, quando Adèle ainda está sofrendo com as dúvidas e inseguranças das novas experiências, até a idade adulta.
As longas cenas de sexo entre as duas protagonistas levantaram inúmeras discussões quando o filme foi lançado, porém ele logo passou a ser considerado um dos melhores daquele ano. A história de amadurecimento e auto aceitação ambientada na França agradou os críticos e foi consagrada com a Palma de Ouro no Festival de Cannes em 2013, além de diversos outros prêmios importantes.
“O Segredo de Brokeback Mountain” (2005)
Ambientado entre os anos 1963 e 1981, “O Segredo de Brokeback Mountain” é um filme sobre descobertas e paixão. O drama narra o relacionamento de Jack Twist, vivido por Jake Gyllenhaal (“Nocaute”) e Ennis del Mar, interpretado por Heath Ledger, o eterno Coringa de “Batman: O Cavaleiro das Trevas”. Os dois jovens caubóis se conhecem e se apaixonam em um trabalho que estão fazendo na montanha de Brokeback, em Wyoming, oeste dos Estados Unidos.
O emblemático longa dirigido por Ang Lee (“As Aventuras de Pi”) conta ainda com Anne Hathaway (“Colossal”), Michelle Williams (“Manchester à Beira‑Mar”) e Anna Faris (“Todo Mundo em Pânico”). Abraçado pela crítica e combustível de várias controvérsias, como o banimento completo ou parcial do filme em diversas regiões do mundo, a obra recebeu o Leão de Ouro no Festival de Veneza e o prêmio de melhor filme e direção no Globo de Ouro. Além das oito indicações ao Oscar em 2006, com os prêmios de Melhor direção, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Trilha Sonora.
“Hoje Eu Quero Voltar Sozinho” (2014)
Um dos filmes brasileiros mais importantes para a comunidade LGBT, “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho” mostra como a vida de Leonardo (Ghilherme Lobo), um estudante do ensino médio cego, muda quando um novo aluno entra na escola. De forma bem-humorada, o filme apresenta os sentimentos inesperados que a chegada de Gabriel (Fabio Audi) traz.
Inspirado em um elogiado curta-metragem escrito, produzido e dirigido por Daniel Ribeiro e com os mesmos atores do longa, o filme é sensível e demonstra a inquietação das descobertas emocionais. Elogiada pela crítica nacional e estrangeira, a obra foi escolhida pelo Ministério da Cultura para tentar representar o Brasil na disputa pelo Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, porém não conseguiu ficar entre os finalistas.
“Orgulho e Esperança” (2014)
Ambientado em Londres, no ano de 1984, durante o governo de Margaret Tatcher, “Orgulho e Esperança” acompanha um grupo de ativistas gays e lésbicas que decide arrecadar dinheiro para ajudar as famílias dos mineradores, que entraram em greve depois de algumas ações da governante. Apesar dos próprios mineiros se sentirem constrangidos com a doação, os ativistas não desistiram e enfrentam o preconceito de frente para ajudá-los.
Indicado a diversas premiações, como o Globo de Ouro e o BAFTA, o filme ganhou o Queer Palm, atribuído ao melhor filme LGBT do Festival de Cannes. De forma bem-humorada, o longa se apoia em personagens diversos e carismáticos para abordar intolerância, homofobia e compreensão.
“Direito de Amar” (2009)
O filme de estreia de Tom Ford (“Animais Noturnos”) como diretor segue um dia na vida de George Falconer (Colin Firth, de “Kingsman: O Círculo Dourado”), um professor universitário britânico abatido pela morte de seu companheiro, com quem viveu por 16 anos, em um trágico acidente. Ambientado em Los Angeles, um mês após a Crise dos Mísseis de Cuba, o longa é inspirado em um polêmico livro de Christopher Isherwood, lançado em 1964.
A atuação magistral de Colin Firth, que foi reconhecida em diversas premiações, foi acompanhada da sempre incrível Julianne Moore (“Para Sempre Alice”) e do adolescente Nicholas Hoult (“Mad Max: Estrada da Fúria”). Debatendo temas sensíveis e profundos, a obra se apoia na humanidade e na emoção para contar a angustiante história de como a perda pode afetar a vida de uma pessoa.
“Meninos Não Choram” (1999)
Inspirado na história real de Brandon Teena, “Meninos Não Choram” conta a trajetória de um homem transexual que, aos 21 anos, foi espancado, violado e assassinado numa cidade do interior dos Estados Unidos. O filme explora as relações que Brandon, nascido como mulher, teve com outros indivíduos e a constante violência que pessoas LGBT e transgêneros sofrem diariamente.
Os desempenhos de Hilary Swank (“Menina de Ouro”) no papel principal e de Chloë Sevigny (“Psicopata Americano”) como coadjuvante foram ovacionados pela crítica especializada e renderam duas indicações ao Oscar, com Swank conquistando o prêmio de Melhor Atriz. Sem ter medo de tratar de temas como estupro, assassinato e ódio, o filme coloca o espectador em uma posição de vítima, mostrando o pior lado do ser humano.
“Moonlight: Sob a Luz do Luar” (2016)
O primeiro filme composto apenas por negros a ganhar o Oscar de Melhor Filme já nasceu como um clássico e é obrigatório para todos os fãs de cinema. “Moonlight: Sob a Luz do Luar” conta a história de Chiron durante vários momentos da sua vida, acompanhando a jornada solitária repleta de dificuldades e obstáculos que ele enfrenta nesse processo de descobertas e aceitação. Escrito e dirigido por Barry Jenkins (“Remédio para a Melancolia”), o enredo faz, de forma humana e complexa, uma analogia de como o meio influencia em como as pessoas se sentem e demonstram suas emoções.
E aí? Quais outros filmes você acha que faltaram nesta lista? Deixe aqui nos comentários suas sugestões!