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Colunas   segunda-feira, 20 de março de 2017

Seria Luke Skywalker um Jedi Cinza?

Teoria indica que Luke pode atravessar os limites entre luz e trevas, independente da Ordem Jedi.

O anúncio do título oficial de “Star Wars: The Last Jedi” decolou a expectativa para o vindouro filme rumo ao hiperspaço e despertou todo tipo de teoria a respeito da trama. Quem será o último Jedi? Escondido por trás dos indefinidos grau e gênero da palavra pode estar Luke Skywalker, Rey, Kylo Ren ou até mesmo Snoke. A resposta definitiva só vai chegar no dia 15 de dezembro, mas já podemos ter certeza que sendo ou não o último Jedi, Luke será uma das peças chave do filme.

O filho de Anakin foi chamado de “the last Jedi” três vezes em diferentes filmes da franquia: no discurso final de Yoda em “O Retorno de Jedi”, no letreiro de abertura de “O Despertar da Força” e pelo Supremo Líder Snoke, também durante o “Episódio VII”.

Mas o que podemos concluir a respeito do passado inexplorado e futuro incerto do Jedi a partir do título? Uma teoria recente indica que sendo o último, Luke pode encerrar o ciclo dos Jedi como os conhecemos até então. O herói transporia os limites entre luz e trevas da Força, tornando-se um Jedi Cinza e agindo independente das diretrizes da Ordem Jedi.

O que é um Jedi Cinza?

O termo Jedi Cinza foi introduzido em “Star Wars: Knights of the Old Republic”, um RPG de 2003 feito originalmente para o Xbox e posteriormente lançado para PC, iOS e Android. No game, o personagem Jolee Bindo era descrito como um Jedi Cinza, um alinhamento da Força balanceado entre o lado da luz e o lado negro. Na sequência do jogo, “Star Wars: Knights of the Old Republic II: The Sith Lords”, um artefato chamado Manto do Jedi Cinza passou a definir a categoria como Jedi que não seguiam as diretrizes da Ordem, sem abraçar o lado negro da Força mesmo que parcialmente. Por assim sendo, temos dois significados para o termo, que podem ser utilizados tanto isoladamente quanto de forma conjunta.

A hipótese em questão considera que a falha de Luke em treinar uma nova geração de Jedi, como Han Solo diz em “Episódio VII”, faria Skywalker revogar as diretrizes da Ordem Jedi para buscar um novo caminho, e quem sabe entender os passos do lado negro e dominar seus ensinamentos.

A Hipótese Favorável

Para inicialmente defender a teoria, voltemos nossas atenções para a trilogia clássica, onde foram instauradas as fundações da batalha entre os Jedi e os Sith. Os filmes acompanham uma perfeita jornada do herói, com início, meio e fim. Luke Skywalker era um pacato fazendeiro, até encontrar R2-D2 e receber o chamado para a aventura. O herói então confronta o vilão Sith, posteriormente torna-se um Jedi, vence o mal e por fim encerra a guerra galáctica, trazendo ao lado do redimido Anakin o equilíbrio da Força. Sendo assim, já tem-se um desfecho pleno para a luta entre Jedi e Sith, com uma conclusão estabelecida com clareza e sem pontas soltas.

Porém, “Episódio VII” traz um novo embate entre luz e trevas à tona, mas dessa vez com novos personagens honrando os mantos dos dois lados da Força. A Primeira Ordem não é o Império Galáctico e Kylo Ren e Snoke não são Sith, como explicou J.J. Abrams, diretor de “O Despertar da Força”, em entrevista a Empire:

Kylo Ren não é um Sith. Ele age sob o Supremo Líder Snoke, que é uma poderosa figura do lado Negro da Força

Logo, se na atual trilogia temos novos herdeiros do lado negro, distintos dos Sith, também é plausível que o Rey e Luke, o lado da luz, adotem um caminho diferente do trilhado pelos Jedi anteriormente.

Luke Skywalker não teve um treinamento ortodoxo, diferente da formação pautada pela Ordem Jedi que formou seus mestres Obi-Wan e Yoda. O herói foi treinado de forma intensiva e até mesmo improvisada, por conta do urgente conflito da guerra galáctica. Como diz Yoda, Skywalker só se torna um Jedi ao fim de “O Retorno de Jedi”, após confrontar Vader.

Portanto, tendo em vista que Luke foi treinado de uma forma até então nunca antes feita e ao mesmo tempo tornou-se o único responsável pelo legado dos Jedi, tem-se uma margem para acreditarmos que o personagem pode desenvolver um caminho próprio dentro da Força.

Além disso, o fato de ter enfrentado as quedas para o lado negro de Anakin Skywalker e Ben Solo, respectivamente pai e aprendiz de Luke, pode ter levado o herói a desacreditar da filosofia Jedi. Como consequência, Luke pode ter embarcado numa busca por uma nova ideologia, mais resistente aos impulsos do dark side. Foi exatamente o que aconteceu com Ahsoka Tano, a Padawan aprendiz de Anakin Skywalker. Quando confrontou Vader em “Star Wars Rebels” (material canônico), a Togruta declarou com todas as letras: “Eu não sou Jedi”.

A Hipótese Contrária

Por outro lado, “Episódio VIII” pode ser mais conservador e trará em Luke o Jedi clássico já estabelecido pelos outros filmes de “Star Wars”. Um dos elementos que reforça essa ideia é a própria origem dos Jedi Cinza, em “Star Wars: Knights of the Old Republic”. O jogo não é mais canônico e portanto não faz parte do atual universo dos filmes de “Star Wars”. Essa linha de material é chamada de “Legends”, e conta com livros, jogos, HQs e animações feitos antes da compra da Lucasfilm pela Disney.

É verdade que alguns elementos do selo “Legends” já foram trazidos para obras canônicas, sendo dessa forma oficializados no universo de “Star Wars”. O Grão Almirante Thrawn é um exemplo, dado que foi criado para o livro Herdeiro do Império de 1991 e hoje faz parte da animação “Star Wars Rebels”. Mas pelo visto os Jedi Cinza ainda não tiveram a mesma sorte. Isso porque Pablo Hidalgo, um dos cabeças do Story Group, a divisão responsável pela coesão do universo de “Star Wars”, parece não simpatizar muito com os renegados:

O maior problema da ideia de Jedi Cinza. O lado negro tem um custo. Esse custo precisa ser mais do que só ‘Isso me faz ser um bonzão’. É possível contar essa história de uma forma boa? É claro. Isso acontece? É raro.”

Eu não gosto da ideia de ‘Jedi Cinza’. Você é um Jedi ou não é. É como ser um ‘vegetariano cinza’ que come carne.”

Somado a isso, Luke já teve a oportunidade de abrir mão do caminho Jedi, mas ficar no meio termo entre luz e trevas da Força parece não fazer o feitio do personagem. Em “O Retorno de Jedi” Skywalker passa pela sua grande provação frente o lado negro. O protagonista apresenta uma mudança de postura, mais agressiva e incisiva, e até abandona suas vestes antigas para vestir um traje totalmente negro, metáforas do seu conflito interno entre luz e escuridão. Mas esse dilema é encerrado no clímax do filme, quando Luke se livra de seu lightsaber e se recusa a finalizar Darth Vader, aceitando assim por completo a luz e ideologia Jedi.

Fazer Luke tomar uma direção oposta ao que talvez seja a característica mais marcante do personagem, essa personificação do lado da luz e filosofia Jedi, poderia acabar desvalorizando a construção desses pilares que tornam Skywalker tão icônico como herói.

Conclusão

Pouco foi revelado sobre “The Last Jedi”, mas mesmo após o lançamento dos primeiros teasers as respostas para nossas perguntas continuarão no passado. O que “O Despertar da Força” estabeleceu? O que motivou Luke após “Episódio VI”? Tomando como base o que já foi fundamentado dentro da própria franquia, a teoria sobre um Jedi Cinza pode ser uma resposta. A renovação dos Jedi, nem que utilizando somente o conceito dos renegados sem alterar qualquer nomenclatura, seria uma boa forma de tornar a dualidade entre luz e trevas da franquia mais dinâmica.

Em entrevista a Entertainment Weekly, J.J. Abrams disse que uma simples pergunta foi a grande responsável por despertar a sua vontade de dirigir “Episódio VII”. Kathleen Kennedy, presidente da Lucasfilm, questionou J.J.:

Quem é Luke Skywalker?”

E é essa mesma pergunta que ainda procuramos responder, teorizando e especulando sobre tudo o que pode ter acontecido há muito tempo, numa galáxia muito, muito distante….

Caique Izoton
@caiqueizoton

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