O cinéfilos costumam aguardar todos os anos os lançamentos e as novas apostas dos cineastas, dos experientes aos novatos, entre os amados e os odiados pelo público e ou crítica. Premiações ocorrem em quase todos os meses e passamos todos os anos pelos tapetes do Festival de Cannes, Festival de Berlim, Globo de Ouro e até do MTV Movie Awards e Scream Awards. Entre elas, o Oscar é a mais famosa e aguardada, o que necessariamente não significa que ela seja a melhor ou a mais justa de todas. A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas foi criada em 1927 e hoje é formada por mais de seis mil membros espalhados pelo mundo, com uma maioria de norte-americanos. Esses membros votam todos os anos nas categorias que já muito conhecemos.

A primeira cerimônia da Academia foi realizada em 1929 e só foi chamada de Oscar depois de 1939. Alguns atribuem o nome da premiação a uma executiva da Academia que disse, ao ver a estatueta careca (foto à direita): “Parece com o meu tio Oscar”! Outros até acreditam que a famosa atriz Bette Davis (“A Malvada”) atribuiu esse nome ao troféu por se parecer com o seu marido, Harmon Oscar Nelson.

Na primeira premiação realizada durante um luxuoso jantar no salão do Hotel Hollywood Roosevelt, em Los Angeles, o clássico mudo “Asas” (originalmente “Wings”) foi o primeiro grande vencedor do prêmio de melhor filme, que mostrou a história de dois aviadores americanos (Charles “Buddy” Rogers e Richard Arlen) que se apaixonam pela mesma mulher (Clara Bow) durante a Primeira Guerra Mundial. É bom lembrar que, depois de várias décadas  de revoluções tecnológicas e preocupações absurdas com o lucro vindo das bilheterias , em 2012, o filme mudo francês “O Artista” é um dos grandes favoritos à estatueta de melhor filme desse ano. Veja o primeiro cartaz da cerimônia e o cartaz de “Asas”.

Durante as quase nove décadas de existência da premiação, ela tentou manter a sua tradição e “seriedade” mesmo com as mudanças feitas, inclusive, com o objetivo de aumentar os índices de audiência da transmissão pela televisão e para atrair um público mais jovem, que a tornaram mais moderna. A primeira transmissão foi em 1953 apenas para os americanos e em 1966 para praticamente o mundo inteiro. Entre 1998 e 2001, os vencedores de melhor filme foram o fenômeno “Titanic” (vencedor de 11 Oscar), “Shakespeare Apaixonado” (vencedor de sete estatuetas), “Beleza Americana” e “Gladiador”. Veja os cartazes – que variam do mais simples ao mais criativo – das cerimônias realizadas nesses quatro anos (70ª a 73ª premiação):

Em 2002, o drama “Uma Mente Brilhante” foi escolhido como o melhor filme de 2001 e ainda ganhou como melhor diretor (Ron Howard), atriz coadjuvante (Jennifer Connelly) e roteiro adaptado. No Oscar de 2003, o musical “Chicago” foi o grande premiado como melhor filme de 2002. Nessa mesma cerimônia, Nicole Kidman (“Reféns”) ganhou a sua primeira estatueta pela arrebatadora interpretação da escritora britânica Virginia Woolf em “As Horas”. Em 2004 e 2005, os excelentes “O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei” e “Menina de Ouro” foram os respectivos vencedores. Veja os cartazes – dois deles muito coloridos (pop art!) –  das cerimônias realizadas nesses quatro anos (74ª a 77ª premiação):

No ano de 2006, quando “Crash – No Limite” ganhou como melhor filme de 2005, tivemos um dos melhores cartazes já criados para a cerimônia e talvez uma tentativa de homenagear a época de ouro do cinema hollywoodiano. Seriam Humphrey Bogart (do clássico “Casablanca”) e a inesquecível Marilyn Monroe (“O Pecado Mora ao Lado”) os homenageados dos cartazes abaixo?

Em 2007, foi o veterano Martin Scorsese que se tornou – pela primeira vez – o grande vencedor da noite por “Os Infiltrados”, prêmio que pareceu muito mais um consolo da Academia ao cineasta, uma vez que ele perdeu injustamente a estatueta por filmes impecáveis como “Taxi Driver” e “Touro Indomável”, que rendeu a Robert De Niro (“Machete”) o segundo Oscar de sua carreira. No ano seguinte, “Onde Os Fracos Não Têm Vez”, dos irmãos Cohen, derrubou filmes como “Desejo e Reparação” e o tão elogiado “Sangue Negro”, de Paul Thomas Anderson. Em 2009, Kate Winslet ganhou pela primeira vez o Oscar de melhor atriz pela sua interpretação no denso “O Leitor”.

No mesmo ano, o fenômeno “Avatar” (de James Cameron) se tornou a maior bilheteria de todos os tempos e conseguiu nove indicações. Na ocasião, a ex-esposa do diretor do filme sobre os smurfs azuis gigantes, Kathryn Bigelow, marcou seu nome na história como a primeira mulher a ganhar o Oscar de melhor direção e fez o seu drama “Guerra ao Terror” deixar “Avatar” apenas com as categorias técnicas. Será que James Cameron ficou muito irritado naquela noite? Os cartazes desses quatro anos de premiação deram um grande destaque ao dourado da estatueta e homenagearam, em 2007, frases marcantes na história do cinema. Rosebud!

O elogiado “O Discurso do Rei” venceu em 2011, mas o primeiro Oscar de melhor atriz ganho por Natalie Portman parece ter sido o grande destaque da noite. Portman interpretou uma bailarina conturbada no espetacular e soturno “Cisne Negro”, longa dirigido por Darren Aronofsky (“O Lutador”). O premiado drama custou quase US$ 13 milhões e arrecadou mundialmente US$ 300 milhões, o que deve ter deixado o diretor muito surpreso. No último Rapadura do Ano, “Cisne Negro” venceu como melhor diretor e melhor atriz na opinião do público e da equipe do Cinema com Rapadura. Veja os quatro (convites) cartazes minimalistas da cerimônia, que reuniram os símbolos mais famosos da premiação e a frase “ele deixará alguém discursar nesta noite”:

OSCAR 2012

Chegamos a mais um ano de premiação, que nessa edição indicou nove filmes na categoria de melhor filme. Você acompanhou aqui no CCR os vários prêmios que o excelente “O Artista” conquistou, mas será que o filme mudo francês realmente será o grande vencedor da noite? Perto do longa, “Os Descendentes” (com cinco indicações) e “Histórias Cruzadas” (com quatro indicações) parecem ser os maiores concorrentes, se levarmos em consideração os últimos prêmios importantes ganhos pelos filmes (Globo de Ouro de melhor filme drama e melhor elenco no Screen Actors Guild Awards, respectivamente).

Apesar do favoritismo de “O Artista”, é “A Invenção de Hugo Cabret” (primeiro filme em 3D de Martin Scorsese) que possui o maior número de indicações concorrendo em 11 categorias, o que não pode significar garantia de prêmios se lembrarmos de outros filmes bem indicados e pouco premiados como “Avatar” e o musical “Dreamgirls”. Cabe ainda destacar as indicações de “A Árvore da Vida” e Terrence Malick, que ficaram de fora do último Globo de Ouro.

O cartaz da cerimônia desse ano (à esquerda) nos convidou a celebrar os filmes e fez uma homenagem a grandes produções vencedoras nas outras edições da premiação como os clássicos “… E o Vento Levou” e “Casablanca”, e os recentes “Gladiador” e “Forrest Gump”. A frase “Luz, câmera, ação!”, que os cineastas costumam usar antes de iniciar a gravação de uma cena, foi modificada para “Vida, câmera, ação”! Afinal, vida é realmente aquilo que vemos todos os anos no cinema, mesmo que ela venha da história tão real de uma família viajando em uma kombi amarela até a tragédia de um tripulação lutando contra aliens no espaço. Cinema é a vida vista pelos olhos de quem tem muita imaginação.

Uma premiação pode ser tão imprevisível até quando achamos que já sabemos de todos os resultados que saem daqueles envelopes. Veja aqui a lista completa dos indicados a 84ª edição do Oscar, que terá sua cerimônia realizada no próximo dia 26 de fevereiro, e faça a sua aposta! Quem você acha que será o grande vencedor da noite?