Stephen King: o mestre do terror na literatura e nas telonas
Um dos autores mais conhecidos do mundo ganha um merecido perfil.
Quem nunca, na adolescência, após pegar o gosto pela literatura, muitas vezes ajudada por páginas de histórias de investigações como as de Agatha Christie ou Sir Conan Doyle, não procurou também os mistérios escritos e descritos nas páginas criadas por Stephen King? Quem nunca passou horas e horas se deliciando com as capas criadas para aqueles contos que, para a tenra idade, são considerados o mais puro e genuíno terror.
Essas sensações, há alguns anos perdidas, voltou a aflorar no dia 15 de novembro de 2009. Neste dia chegou às livrarias a mais nova obra do autor, “Under the Dome”. A história gira em torno do que acontece com as pessoas quando são desconectadas da sociedade onde vivem. Pela temática, provavelmente viraria um bom filme.
Mas o que faz de King um autor tão lido, com mais de 300 milhões de cópias de livros vendidas só nos Estados Unidos? O que o transformou em um fenômeno, inclusive de adaptações cinematográficas, algumas excelentes, outras completamente descartáveis?
Stephen King (sobrenome que anteveria o seu sucesso) nasceu na cidade de Portland, no estado do Maine (principal cenário para suas histórias). Desde pequeno sofreu com o abandono do pai, que saíra para comprar cigarros e nunca mais voltou, deixando esposa e dois filhos para criar em uma situação financeiramente apertada. Situação essa que serviria a inteligência de King no colégio. Quando pequeno, o autor se baseava em filmes que assistia para escrever suas histórias e vender a amigos de classe. Claro, façanha essa que não durou muito tempo. Assim que professores da escola descobriram, obrigaram-no a devolver o dinheiro aos colegas.
Mas as folhas copiadas de roteiros de filmes seriam os primeiros passos para que o pequeno King virasse um jovem escritor. Em 1967, ele conseguiu vender sua primeira história para uma publicação local. Nessa mesma época se formou na faculdade e foi dispensado do exército por motivos de saúde. Com a dispensa, veio o casamento com Tabitha, amiga da universidade e principal fonte de coragem do autor.
A prova disso está na primeira história que viria a se tornar o primeiro livro publicado de King: “Carrie, A Estranha”. Segundo o autor, a história que tratava de uma jovem com poderes psíquicos era um tanto quanto infantil demais para seus padrões e que o destino do manuscrito não seria outro senão a lata de lixo. Mas foi da sarjeta que Tabitha recuperou o texto e deu coragem a King para terminar o projeto, que se tornaria o mais conhecido do autor não só nas páginas, mas também, alguns anos depois, nos cinemas.
Foi o sucesso dirigido pelo então desconhecido Brian de Palma (“Missão Impossível”) que permitiu a King largar o ensino (ele era professor nessa época) para se dedicar à literatura. Os anos seguintes trouxeram livros que se tornaram também filmes. “O Iluminado” (com duas adaptações, a primeira de Stanley Kubrick, em 1980, e a segunda em formato de seriado, lançado em 1997, que no Brasil só ganhou uma versão em vídeo-cassete, ainda não há em DVD), “A Dança da Morte” (lançado em 1994 também em minissérie), “A Zona Morta” (de 1983, dirigido por David Cronenberg), entre outros.
O sucesso veio e teve seu auge, mas King também enfrentou momentos difíceis na vida tanto pessoal como profissional. Sobreviveu ao alcoolismo, que adquiriu no início do casamento e que durou décadas. Nos anos 90, King foi alvo da crítica em relação a suas adaptações. Para tentar reerguer a carreira, a sua editora fechou contrato com produtoras e emissoras de televisão para lançar minisséries filmadas, baseadas em livros escritos por King. A jogada perfeita, já que as adaptações poderiam ser trabalhadas melhor. Entre essas séries surgiram “O Iluminado” (1997), “Tempestade do Século” (1999), “Rose Red” (2002).
Em 1999, um trágico acidente afetou o autor. Enquanto caminhava pela estrada, ele foi atropelado por um carro e jogado para fora da pista, caindo em um barranco de quase 5 metros de altura. Um detalhe curioso é que o autor escrevia, naquela época, a história de um rapaz que morria atropelado por um carro. Mas o destino do criador foi melhor do que o da criatura. King foi levado para o hospital e, mesmo com perfuração no pulmão direito, várias fraturas na perna direita, dilaceração no escalpo e quadril quebrado, sobreviveu. Foram dez operações em 5 dias, fora o tratamento de fisioterapia.
Em decorrência das operações, ele não conseguia passar mais do que quarenta minutos sentado sem que as dores em seu quadril começassem a incomodar. Com o passar dos anos, o tempo de resposta da dor foi diminuindo até que esta se tornasse insuportável. Debilitado, recuperando-se de diversas pneumonias que o atacaram, ainda como sequela do pulmão direito perfurado e sem conseguir sentar sem sentir dor, King optou por anunciar a aposentadoria em 2002.
Ainda assim, a vontade de escrever ainda falava mais alto e o apoio de sua mulher, que também já havia se tornado escritora, o fizera repensar sua decisão de parar com a literatura. O autor voltou à ativa em ainda em 2005 com “Colorado Kid” (sem publicação no Brasil). Ainda escreveria “Celular” (2005), “Love: a História de Lisey” (2006) e “Duma Key” (2008).
Além da literatura, King também é mestre nas adaptações para outro meio de comunicação que atinge basicamente seu público, os adolescentes: os quadrinhos. Em 2005, a Marvel Comics assinou contrato com o autor para adaptar as histórias de “Torre Negra”. Este lançamento já se encontra também aqui no Brasil. Agora, o próprio site do autor divulgou que foi a vez da DC Comics fechar contrato para uma adaptação sobre vampiros, com o nome de “American Vampire”, que deve ser lançado em março de 2010.
E se o mundo dos livros e dos quadrinhos não deu trégua para King, o cinema também não poderia ficar de fora. Mesmo com adaptações fracas como “O Apanhador de Sonhos” (2003), a Sétima Arte ainda honra a história do aclamado mestre do terror. “O Nevoeiro” foi o seu trabalho mais recente, adaptado para o cinema com Thomas Jane no elenco (que já havia participado de “O Apanhador de Sonhos”). “Saco de Ossos” e “Buick 8” estão sendo adaptados. Além disso, uma refilmagem de “Cemitério Maldito” está sendo desenvolvida, assim como “Cujo”. “Torre Negra” também deve chegar aos cinemas, assim como “A Casa Negra” e “Celular”. Então podem aguardar porque ainda vem por aí uma avalanche de Stephen King.
Filmografia de King no cinema:
– Carrie, a Estranha (1976)
– O Iluminado (1980)
– Creepshow (1982)
– Cujo, o Cão Assassino (1983)
– A Hora da Zona Morta (1983)
– Colheita Maldita (1984)
– Chamas da Vingança (1984)
– Olhos de Gato (1984 – apenas um dos 3 episódios do filme é de King)
– A Hora do Lobisomem (1985)
– Comboio do Terror (1985)
– Conta Comigo (1986)
– Show de Horrores (1987 – O episódio “A Balsa” é baseado em texto de Stephen King)
– Cemitério Maldito (1989)
– A Criatura do Cemitério (1990)
– Contos da Escuridão (1990)
– Louca Obsessão (1990)
– O passageiro do Futuro (1992)
– Sonâmbulos (1992)
– A Metade Negra (1993)
– Trocas Macabras (1993)
– Mangler – O Grito de Terror (1994)
– Um Sonho de Liberdade (1994)
– Eclipse Total (1995)
– A Maldição do Cigano (1996)
– Vôo Noturno (1998)
– O Aprendiz (1998)
– A Espera de Um Milagre (1999)
– Lembranças de Um Verão (2001)
– Apanhador de Sonhos (2003)
– A Janela Secreta (2004)
– Montado na Bala (2005)
– 1408 (2007)
– O Nevoeiro (2007)
– Dolan’s Cadillac (2009)
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