The Mandalorian – Sexto episódio traz intriga, ação e velhos conhecidos dos fãs
Rick Famuyiwa retorna à série em um episódio com muita ação e elenco conhecido.
Atenção: este texto contém spoilers do sexto episódio de “The Mandalorian”. Siga por sua conta e risco.
Depois de dois episódios mornos, “The Mandalorian” voltou a ser grande. “The Prisoner” acertou a mão em diversos pontos que vinham decepcionando desde o terceiro capítulo e entregou o que se espera ver em uma série sobre um caçador de recompensas, que é um pouco do submundo do crime na galáxia de “Star Wars“. Um campo de atuação em que é impossível confiar em alguém, não importa o laço que se tenha.
Rick Famuyiwa já havia dirigido o segundo episódio da série, “The Child“, e agora retorna com outro capítulo cheio de ação, suspense e fan service – e tudo na medida certa. Se o episódio anterior pecou por se apoiar quase que exclusivamente na nostalgia que Tatooine evoca nos fãs, “The Prisoner” opta por outro enfoque em relação a isso, um muito mais sutil e, cá entre nós, muito mais satisfatório.
O episódio começa com a Razor Crest pousando em uma estação espacial onde o Mandaloriano espera conseguir algum serviço. Ele havia contatado seu antigo parceiro de operações, Ranzar Malk (Mark Boone Junior), que lhe passou uma missão junto a um grupo de foras-da-lei. Mas apesar de recorrer ao passado de parceria, Malk abre o jogo logo de cara, e explica que contratara o Mandaloriano não por sua expertise, mas porque a Razor Crest tem propriedades que a tornam invisíveis a certos tipos de radares.
Relutante, o protagonista aceita o serviço mesmo assim, e é apresentado ao restante da equipe: o líder Mayfeld (Bill Burr), o brutamontes devaroniano Burg (Clancy Brown), o droide petulante Zero (Richard Ayoade) e a assassina twi’lek Xi’an (Natalia Tena) – com quem o Mando, aparentemente, já teve um passado afetivo que não deu muito certo. Ninguém da equipe parece muito receptivo com o protagonista, e a atmosfera de “vamos fazer isso logo” é palpável. Só que o “isso”, no caso, é invadir uma nave da Nova República que transporta prisioneiros e libertar um deles. Todos percebem que o Mandaloriano não gostou da missão, mas ele aceita após ouvir que a nave tem apenas droides em sua tripulação, e ele odeia droides.
O fato de o Mandaloriano não gostar de atacar uma nave da Nova República, no entanto, chama atenção. Um caçador de recompensas comum normalmente não veria problema em um ataque direto ao regime vigente. Mas os mandalorianos sofreram bastante nas mãos do Império, o que faz com que a Nova República/Aliança Rebelde tenha pelo menos um pouco de sua simpatia. Basta lembrar da confusão entre o protagonista e seus irmãos mandalorianos no terceiro episódio por ele ter conseguido seu pagamento em beskar trabalhando para um imperial. Esse traço de sua personalidade certamente será trabalhado nos próximos episódios, e vale manter em mente.
De volta ao episódio, a viagem do grupo até as coordenadas da nave que devem atacar não é muito agradável. A pilotagem de Zero não é das mais suaves, e o resto da equipe não é das mais amistosas, fuçando em todo o compartimento de carga e chegando até a descobrir, escondida, a Criança – o que deixa o Mandaloriano particularmente irritado, por motivos óbvios. O clima de animosidade entre a equipe e o Mando aumenta, e ele começa a perceber que não deveria ter aceito esse serviço.
Zero atraca a Razor Crest à nave de prisioneiros da Nova República e passa a coordenar a operação toda junto com Mayfeld. A equipe passa a procurar o centro de operações da nave, de onde poderão abrir qualquer porta sem precisar da cobertura de Zero. Até encontrá-lo, diversos robôs sentinelas aparecem e são rapidamente derrotados pelo Mandaloriano, que impressiona a todos com suas habilidades de combate. Mas quando a equipe finalmente encontra o centro de operações, eis que há uma surpresa. Um piloto. Um humano.
Apesar de odiar droides, o Mandaloriano não se sente confortável em matar um ser vivo, não era parte de seu combinado com Ranzar Malk. O resto da equipe, no entanto, não tem o menor problema com isso, e logo surge um impasse armado entre o Mando e os demais. Desesperado, o piloto da Nova República (Matt Lanter) aciona um sinal de socorro, o que reduz o tempo da operação drasticamente, já que agora há um destacamento de X-Wings a caminho. Para agilizar a empreitada, Xi’an resolve o impasse matando o pobre piloto de surpresa. A equipe então descobre a cela onde está o criminoso que buscam libertar e todos partem para a cela em questão.
“Não achei que chegaríamos a esse ponto!”
Zero, nesse ínterim, acaba descobrindo mensagens de Greef Carga (Carl Weathers) para o Mandaloriano que falavam da entrega de um “pacote” e um “ativo”. É quando a Criança aparece para o droide, que logo entende o que está acontecendo e passa a procurá-la pela nave.
Enquanto isso, a equipe encontra seu prisioneiro, o twi’lek Qin (Ismael Cruz Cordova), irmão de Xi’an. Ele fora preso em um serviço junto ao próprio Mandaloriano, que o deixou para trás. E aí fica claro que era tudo uma grande cilada. Qin é liberto, reencontra sua irmã e empurra o Mando para dentro de sua cela, deixando-o preso.
A equipe parte então para a Razor Crest, mas o Mandaloriano rapidamente se liberta de sua prisão. Ele retorna à central de operações e assume o controle da nave, separando cada membro da equipe que o traiu para pegar um por um. Burg é preso entre não uma, mas DUAS portas; Xi’an é imobilizada em um duelo de facas; e Mayfeld mostra não ser nem de longe páreo para o protagonista, sendo capturado rapidamente. Todos são devidamente aprisionados, menos Qin. Ele vale uma recompensa, afinal, e é levado pelo Mandaloriano para a Razor Crest. Zero, que estava procurando a Criança abordo da nave, é destruído pelo Mando assim que a encontra (em um momento de fofura extrema por parte da Criança, diga-se de passagem).
De volta à estação de Ranzar Malk, o Mandaloriano entrega Qin, recebe sua recompensa e vai embora. Malk, totalmente despreocupado por ter perdido três membros de sua equipe, ri junto com o twi’lek e ativa um caça para abater a Razor Crest. Só que aquele sinal de socorro para a Nova República, que o piloto morto ativou, continua ativo, e agora está no bolso de Qin (cortesia do Mandaloriano). Ou seja, há um esquadrão de X-Wings que chega à estação bem a tempo e frustra os planos da dupla de vigaristas.
“The Prisoner” pode facilmente ser considerado o melhor episódio da série desde o terceiro, “The Sin“. Pela primeira vez uma dupla nova assume o roteiro, com o próprio diretor Rick Famuyiwa e Christopher Yost, que entregam uma trama fechada e cheia daquilo que se espera de uma história sobre criminosos: ação, intriga, traição. Desde antes do novo cânone de ser estabelecido, esse segmento do universo de “Star Wars” é um dos favoritos entre os fãs e era algo que todos queriam ver mais a fundo na série. Os últimos episódios, no entanto, preferiram focar em jornadas mais curtas e pessoais para o Mandaloriano, deixando um pouco de lado a escória e vilania ou mostrando-as muito superficialmente.
Um ponto que chama a atenção dos fãs neste episódio é a quantidade de atores experientes em “Star Wars” que retorna à franquia, e outros atores queridos que fazem sua estreia. Como parte do elenco do episódio temos o comediante Bill Burr (da série “F Is For Family“), a atriz Natalia Tena (de “Harry Potter” e “Game of Thrones“) e Richard Ayoade (da série “The I.T. Crowd“), além de Clancy Brown e Matt Lanter, conhecidos por integrar o elenco de voz da animação “Star Wars: The Clone Wars“. O primeiro interpretava o zabrak Savage Opress, irmão de Darth Maul, enquanto o segundo dava voz a ninguém menos que Anakin Skywalker. Já bem no final do episódio, os pilotos do esquadrão de X-Wings da Nova República também são conhecidos: são os diretores Dave Filoni, Deborah Chow e o próprio Famuyiwa.
O próximo capítulo de “The Mandalorian” irá ao ar já na quarta-feira, dia 18 de dezembro, via Disney Plus e trará a volta de Deborah Chow à direção. No dia seguinte, “Star Wars: A Ascensão Skywalker” chega aos cinemas.