A polêmica acerca de “Liga da Justiça” continua. Em entrevista à New York Magazine, o cineasta Joss Whedon rebateu as acusações sobre seu comportamento nos bastidores após a saída de Zack Snyder em 2016. Em 2020, Ray Fisher, que interpreta o herói Ciborgue no filme, denunciou a postura desrespeitosa e abusiva do diretor no set e o racismo que sofreu no processo de pós-produção.

Segundo Whedon, sua chegada ao filme da Warner foi um pedido de ajuda: “me pediram para consertá-lo, eu achei que podia ajudar“. Inicialmente, a intenção do estúdio teria sido apenas reescrever partes do roteiro e aconselhar, mas logo ficou evidente que os executivos teriam ficado descontentes com a visão de Snyder (vale lembrar que este deixou a produção por conta própria em virtude da trágica morte de sua filha). Ao assumir, Whedon implementou formas totalmente diferentes de gestão em um elenco que já havia trabalhado naquele projeto havia meses. Como resultado, a tensão entre diretor e atores era evidente, com o primeiro chegando a afirmar em pleno set que “nunca havia trabalhado com pessoas tão mal-educadas”, segundo um membro da equipe.

A diferença no trato com o elenco ficou ainda mais acentuada com Ray Fisher. Quando Snyder estava no comando da produção, Fisher o ajudava com opiniões e sugestões sobre como retratar o Ciborgue enquanto super-herói negro. Whedon, por sua vez, reduziu a participação do personagem no filme e, ao responder Fisher durante as gravações, chegou a afirmar: “Parece que estou tendo que fazer anotações. Não gosto de fazer anotações, nem mesmo quando elas vêm de Robert Downey Jr.“.

Em 2020, Fisher tornou pública a postura de Joss Whedon no set de filmagens e teve apoio de seus colegas de elenco, entre eles Jason Momoa (Aquaman) e Gal Gadot (Mulher-Maravilha). Entre as acusações estavam as de que seu tom de pele teria sido alterado na pós-produção, e que sua participação no filme teria sido reduzida deliberadamente. Agora, Whedon confirmou que realmente diminuiu a importância do Ciborgue em sua versão final, mas porque “a história não fazia nenhum sentido lógico”. Ele ainda afirmou que discutiu amigavelmente as mudanças com o ator e que, ao falar de Fisher, fala “de uma força malevolente. Estamos falando de um mau ator em ambos os sentidos.”

Whedon aproveitou o espaço para rebater também Gal Gadot, que se posicionou em defesa de Fisher e com suas próprias denúncias, afirmando que teria sido ameaçada pelo cineasta e que nunca encontraria emprego novamente. “Não ameaço pessoas. Quem faz esse tipo de coisa? Inglês não é a primeira língua dela, e eu costumo ser muito gráfico nas minhas falas,” disse Whedon, referindo-se ao fato de Gadot ser israelense. Em resposta à New York Magazine, Gadot, que já estrelou diversos filmes em língua inglesa e é vista como uma das atrizes mais carismáticas da Hollywood atual, confirmou que “entendeu perfeitamente” as palavras de Whedon. “Nunca trabalharei com ele e nunca iria sugerir a nenhum colega meu trabalhar com ele no futuro“, completou a atriz.

As acusações de Fisher não se limitaram a Whedon e incluíram também os produtores Geoff Johns e Jon Berg, além do novo chefe da DC nos cinemas, Walter Hamada. As denúncias foram aceitas pela WarnerMedia, que conduziu uma investigação independente para apurá-las, resultando em “ações remediais”. Até o momento, não há previsão do retorno de Fisher aos filmes da DC, inclusive com o Ciborgue tendo sido cortado de “The Flash“, no qual teria uma participação importante. “Liga da Justiça” foi seu primeiro papel nos cinemas, além de estar presente também no Snyder Cut, lançado pela HBO Max, na temporada recente de “True Detective” e na série “Women of the Movement“.

Saiba Mais: Gal Gadot, Joss Whedon, Liga da Justiça, Ray Fisher