Live-action ou animação: como as novas versões dos clássicos da Disney se comparam com os originais
Antecipando o lançamento de “Cruella”, o Cinema com Rapadura relembra as adaptações mais recentes de animações do estúdio.
Provavelmente todo mundo tem um clássico da Disney que marcou a infância, uma princesa preferida ou uma história vinda de terras distantes diretamente para sua televisão através das animações da casa do Mickey Mouse. Mas o tempo passa, e novas gerações encontram formas diferentes de levar personagens tão marcantes adiante, uma delas sendo os remakes e adaptações em live-action.
As últimas adaptações da Disney não pretendem ser “melhores do que o material original”, mas sim manter e expandir o legado que tantas animações deixaram no século XX, usando um olhar tão moderno que até os animais parecem reais. A próxima personagem a ganhar este tratamento é a icônica vilã com cabelo bicolor de “101 Dálmatas”, que contará sua própria história de origem no longa “Cruella”, programado para estrear em 27 de maio nos cinemas, e um dia depois no Premier Access do Disney Plus no Brasil.
Mas antes de Cruella, que também já foi vivida em carne e osso por Glenn Close em “101 Dálmatas” (1996) e “102 Dálmatas” (2000), o plano de refilmar algumas animações usando tecnologia fotorrealista e atores reais já estava em curso. Pensando nisso, vamos viajar por alguns destes filmes e entender melhor como eles se comparam aos seus materiais originais.
Alice no País das Maravilhas – Tecnologia a favor do surrealismo
Caindo no buraco do coelho – ou, melhor dizendo, para começar – temos o live-action de “Alice no País das Maravilhas”, lançado em 2010. O longa chamou muita atenção na época, principalmente pelos nomes envolvidos: Tim Burton na direção e Johnny Depp, Anne Hathaway, Mia Wasikowska e Helena Bonham Carter no elenco, além de contar com Alan Rickman, Stephen Fry, Michael Sheen e Timothy Spall na dublagem de alguns personagens.
“Alice no País das Maravilhas” se beneficiou da clássica história surreal de Lewis Carrol e dos personagens já conhecidos e amados da animação para apostar com tudo na computação gráfica e criar este universo tão singular e muitos de seus personagens, como o Gato de Cheshire e o Coelho Branco. Os efeitos, tão maximalistas, cumprem bem a função de passar a ideia de ser tudo um grande sonho (muitas vezes febril).
A visão de Tim Burton fez tanto sucesso que o filme ganhou uma sequência anos mais tarde, “Alice Através do Espelho”, só que com James Bobin na direção, e Burton apenas como produtor.
Mas há quem diga que, no caso de “Alice”, é fácil fazer isso, por se tratar de uma história muito mais fantasiosa, ou que pelo menos estamos mais acostumados a ver esse tipo de animação sem compromisso com a realidade. Então a Disney decidiu fazer outros remakes, mas de animações que, mesmo no mundo da fantasia, eram mais “pé no chão”.
As princesas mais reais do que nunca
Dado o sucesso de “Alice no País das Maravilhas”, era hora de apostar em algumas princesas que crescemos amando. A primeira a ganhar o tratamento live-action foi “Cinderela”, em 2015. Nas mãos de Kenneth Branagh, a clássica história da garota que conquista seu príncipe encantado ao perder o sapatinho de cristal manteve a magia que conquistou tanta gente do original, ao mesmo tempo em que engrandeceu o tema de manter a força e a esperança diante das adversidades que o conto trazia. Com a ajuda de um elenco estelar, o filme foi uma das maiores bilheterias do ano de seu lançamento, além de ser um sucesso de crítica.
Com a confiança estabelecida, era hora de levar outra princesa para a tela grande mais uma vez: a Bela encontrou sua intérprete no mundo real em Emma Watson, na versão de “A Bela e a Fera” de 2016. A emoção já tomou conta do público logo na primeira imagem divulgada da atriz usando o icônico vestido amarelo da personagem durante sua valsa com a Fera.
Mais uma vez, este live-action se beneficiou da tecnologia para criar uma Fera realista, mas foi além ao reforçar a temática da força feminina e da masculinidade tóxica inerente ao clássico, fazendo com que “A Bela e a Fera” mantivesse uma fidelidade à animação, mas adaptada para discussões mais recentes.
Eis que, enfim, chegou a hora de contar histórias de lugares mais distantes. “Aladdin” já era um desenho que transbordava carisma, com músicas cativantes e personagens emblemáticos como o Gênio, que sempre será lembrado por ter sido dublado pelo saudoso Robin Williams. Como superar algo tão marcante? Trazendo atores tão marcantes quanto e mantendo a essência de aventura que conquistou a todos anos atrás.
Nada nem ninguém pode substituir Williams, mas o Gênio de Will Smith na versão de 2019 de “Aladdin” também trouxe o que fez o original tão divertido, e sem necessariamente copiar o material-base. Os intérpretes de Aladdin (Mena Massoud), da princesa Jasmine (Naomi Scott) e do grão-vizir Jafar (Marwan Kenzari) se somam à mistura com boas atuações e ajudam a trazer a ação e magia adaptadas para o olhar mais realista. O filme ganhará uma sequência em breve.
E o remake mais recente – e talvez o que mais tomou liberdades quanto à animação – é “Mulan”. Com uma história forte e memorável sobre família, pertencimento, identidade e resiliência, o live-action tinha um conteúdo riquíssimo para se basear. E desta vez, a Disney decidiu se arriscar ao adaptar a história da garota que se disfarça de homem para lutar por seu país e honrar seus pais e ancestrais mudando alguns elementos presentes no original.
Para a tristeza de muitos, não foi desta vez que o dragão Mushu ganhou vida por meio de computação gráfica. Mas os elementos mais mágicos foram adaptados de outra maneira, de forma que Mulan tinha um poder chamado qi para ajudá-la a batalhar. Outra mudança drástica foi a extinção de Li Shang, o líder do Exército Imperial, que se “desmembrou” em dois novos personagens: o Comandante Tung e Chen Honghui. Há também a adição da bruxa Xianniang e do personagem Böri Khan, inspirado em Shan Yu do original, na história.
A grandiosidade dos animais de Mogli, Dumbo e Simba e a delicadeza do Ursinho Pooh
Ao mesmo tempo em que pensava em adaptar o mundo das princesas, a Disney também estava interessada em dar o tratamento live-action a outras histórias que pediam um olhar mais ambicioso. Já vimos diversos filmes feitos com animais reais que “falavam”, mas ainda não tinham arriscado usar a tecnologia atual para criar bichos fotorrealistas. Eis que Jon Favreau lança “Mogli – O Menino Lobo”.
Com a ajuda da computação gráfica, Favreau recriou os animais tão conhecidos da animação de forma inovadora, ficando até difícil acreditar que não foi usada uma pantera de verdade no set. A dublagem e as atuações ajudaram a expandir o universo de Mogli, e criaram uma experiência ao mesmo tempo impressionante e apaixonante.
Com o sucesso desta primeira tentativa, veio a vontade de trazer mais histórias para o mundo real. O primeiro foi o conto do adorável “Dumbo”, o elefante de circo com orelhas grandes demais que descobre sua maior força em algo que antes era considerado um defeito. Tim Burton retornou aos estúdios Disney, mas desta vez os visuais de encher os olhos não foram o suficiente para equilibrar as inconsistências dessa nova versão.
Outro longa que também foi muito antecipado, ainda mais considerando a produção e os atores, foi o live-action de “O Rei Leão”. Dirigido por Favreau e com um elenco estelar composto por Beyoncé, Donald Glover, Seth Rogen e Chiwetel Ejiofor, o live-action foi feito com a mesma tecnologia usada em “Mogli”, mas apesar da grandiosidade de seus personagens, a adaptação não conseguiu expandir a trama original, se tornando somente uma cópia muito bonita da animação.
Neste ponto, nem sempre é preciso uma tecnologia superavançada para fazer um live-action marcante. Um exemplo disso é “Christopher Robin”, que mostra uma versão crescida do garoto que costumava brincar com o famoso Ursinho Pooh e seus amigos no Bosque dos 100 Acres. Recriar os personagens animalescos como bichinhos de pelúcia traz uma dose de ternura que sempre permeou o desenho. E apesar de não ser um remake direto da animação da Disney, “Christopher Robin” acertou em cheio ao contar a emocionante história do protagonista já adulto que se lembra, com a ajuda do ursinho e seus companheiros, a não esquecer a doçura da infância e a importância de levar uma vida mais leve.
Vilãs em ascensão
Mas como nem só de CGI e mocinhos vive um live-action, o estúdio também passou a apostar em contar as histórias de alguns de seus vilões – especialmente as bruxas, loucas e más que antagonizam tantas das animações mais famosas da Disney. A primeira delas é o conto da Bela Adormecida visto pelo olhar da vilã, “Malévola”, de 2014.
Em termos de produção e tecnologia usados, o filme já era um território conhecido da Disney quando falamos em live-action de fantasia – o que mudou foi a abordagem. Ao invés de investir em uma adaptação direta de “A Bela Adormecida”, o estúdio pensou em fazer seu primeiro live-action de uma vilã que até hoje é tema de coleções de maquiagem e roupas infantis, tamanha a força da imagem desta antagonista em especial.
O diferencial da Malévola é de ser uma personagem “do mal” que tinha um background com potencial para ser expandido, considerando que, na animação, temos mais detalhes do que levou a bruxa a amaldiçoar a pequena Aurora, para além da clássica madrasta invejosa. E o longa de 2014 fez tanto sucesso que ganhou uma continuação em 2019.
O êxito que “Malévola” obteve ajudou a dar continuidade à ideia de fazer live-actions de grandes vilãs das Princesas Disney. É aí que surge “Cruella”, para mostrar como uma pobre coitada se tornou a perua rica e obcecada por casacos de pele de “101 Dálmatas”, no melhor estilo “personagens que amamos odiar”. E esta pode ser a grande vantagem da Disney: pegar uma vilã sem poderes que é “apenas” louca e endinheirada e tentar entender de onde veio tamanha obsessão.
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Divirta-se, e não se esqueça: “Cruella” estreia no Brasil em 27 de maio nos cinemas e um dia depois no Premier Access do Disney Plus.