Cinema com Rapadura

Colunas   domingo, 05 de janeiro de 2020

[LISTA] As 10 melhores produções em animação da década

No cinema e na televisão, animações de estilos variados comprovaram que o formato consegue encantar crianças e adultos, abordando tanto humor quanto questões sérias.

Os últimos 10 anos não poderiam ter sido melhores para os fãs de animação. Muito além da simples concepção de ser algo “voltado para crianças”, o formato de narrativa mostrou seu potencial em contar belas e poderosas histórias, com a possibilidade de explorar estilos diversificados, cada um destacando aspectos distintos. A peculiaridade dos formatos deixou ainda mais claro como as animações são capazes de contarem histórias que não conseguiriam causar o mesmo impacto e fascínio se fossem live-actions.

Boas histórias e belas animações foram encontradas tanto nos cinemas quanto na televisão. A ascensão dos streamings permitiu que uma variedade ainda maior de desenhos fossem feitas, com temáticas, traços e personagens diferentes, com uma maior inclusão de grupos minoritários. As animações voltadas para o público adulto atingiram um novo patamar de reconhecimento, com algumas delas apresentando dramas dignos de premiações e com narrativas que são sinônimo do que há de melhor no meio audiovisual.

Em um cenário tão rico, é uma tarefa difícil selecionar o que de melhor houve entre 2010 e 2019. Mas elaboramos uma lista com sugestões de produções em animação que, certamente, deverão ser lembradas futuramente.

10 – Com Amor, Van Gogh (2017)

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Em um esforço não menos do que hercúleo, “Com Amor, Van Gogh” tem a ousada proposta de fazer uma animação inteiramente pintada à mão, a primeira na história. Não bastasse o desafio, as pinturas dos quadros ainda deveriam simular a estética de um dos maiores artistas ocidentais da história: Vincent Van Gogh. Tarefa que foi realizada por mais de 100 artistas e que resultaram em uma das animações mais deslumbrantes e únicas não só dos últimos 10 anos, mas de todos os tempos.

Só o fator estético já seria o suficiente para tornar o longa-metragem obrigatório para todos os fãs de animação, mas a história do filme completa o visual com conteúdo. A envolvente trama mostra os esforços de Armand Roulin em entregar uma carta do pintor, já falecido, ao seu irmão. A tarefa faz com que Roulin chegue ao vilarejo no qual Van Gogh passou seus últimos dias pintando e que, posteriormente, foi o cenário de sua morte, resultado de uma tentativa de suicídio com um tiro na barriga. Desta forma, Armand acaba ouvindo relatos dos moradores do local, reconstruindo os últimos passos do pintor e montando sua complicada personalidade.

O mérito do roteiro reside na construção da complexidade envolvendo Van Gogh e, justamente por isso, tornando-o uma figura humana, possível de se relacionar e que se distancia de qualquer tentativa de criar um mito intocável. A trama adota ainda um tom de mistério, a medida que Armand vai se tornando obsessivo com o que aconteceu com Van Gogh, e isso também instiga o espectador, principalmente os que não estão familiarizados com a vida do artista. A profundidade dos quadros, a fluidez da animação e a alternância de estilos entre o presente e os flashbacks são outros fatores que tornam o filme ainda mais estonteante.

9 – Your Name (Kimi no nawa) (2016)

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Até o lançamento de “A Viagem de Chihiro” na China em meados de 2019, “Your Name” tinha conquistado o almejado posto de ser o anime de maior bilheteria mundial da história. A trama acompanha a vida de Mitsuha, uma garota do interior do Japão que sonha em sair do pequeno vilarejo em que vive, longe da simplicidade do lugar e do ingrato posto de filha do prefeito que ela ocupa. Sua vida muda radicalmente quando ela passa a trocar de corpo com Taki, um garoto que vive em Tóquio e de personalidade bem diferente da dela.

A história de romance entre Taki e Mitsuha conquistou o público no mundo todo pela ótima combinação entre humor, seriedade e emoção. As constantes alternâncias de corpos entre os protagonistas são uma inteligente estratégia do roteiro para desenvolver e aprofundar os personagens. Quando um está no corpo do outro, fica mais fácil perceber as personalidades e características de cada um deles (com as suas respectivas diferenças), e isso ajuda tanto a construir a relação entre os dois quanto deles com o público.

A seriedade e o twist da segunda metade conseguem dar à obra um peso emocional ainda maior, embalados por uma boa trilha e um visual espetacular. O filme é fruto da ótima direção Makoto Shinkai, que ao lado de sua equipe de artistas, consegue criar um estilo único, distinto de muitos dos demais animes e que conferem ao longa maior identidade. O anunciado live-action da produção terá a difícil tarefa de recapturar a beleza e a emoção do original.

8 – O Segredo Além do Jardim (2014)

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Um dos principais méritos de “O Segredo Além do Jardim” é o fato da animação não seguir o tradicional caminho da absoluta maioria dos demais desenhos da televisão. Ao invés de contar com dezenas (ou centenas!) de episódios e várias temporadas, a minissérie, um especial de Halloween do Cartoon Network, opta por contar sua história em 10 episódios de 11 minutos.

A premissa é bem simples: os irmãos Wirt e Greg se perdem na floresta, e precisam encontrar um jeito de voltarem para casa. A jornada faz com que eles se deparem com criaturas fantásticas, da passarinho azul Beatrice, que atua como conselheira e amiga da dupla, até esqueletos que se fantasiam de abóboras e sapos humanoides que se vestem como gente. Eles também devem fugir da misteriosa Besta, uma criatura dedicada a aprisionar crianças como eles na floresta.

Mesmo com a curta duração, a obra não abre mão do caráter episódico, e isso acaba sendo uma vantagem. O roteiro acerta brilhantemente na mistura entre o tom de terror e uma abordagem mais leve, marcada pela presença de músicas em quase todos os episódios – o que resulta em uma ótima trilha sonora. O universo fantástico poderia ser descrito como uma boa combinação entre a estética de Tim Burton com influências de Hayao Miyazaki, o que torna o visual da produção distinto e encantador – o irmão mais jovem com a chaleira na cabeça é um visual instantaneamente icônico. Mas o coração da produção reside na relação entre o inseguro Wirt e o espirituoso Greg. Acompanhar como eles lidam com os problemas e, consequentemente, tornam-se mais próximos, é o ponto alto da narrativa, que conta com um desenvolvimento primoroso.

7 – Gravity Falls: Um Verão de Mistérios (2012-2016)

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Praticamente, a produção da Disney poderia ser um irmão perdido de “O Segredo Além do Jardim”, já que a temática das duas obras apresentam pontos em comum – principalmente em suas qualidades. Aqui, a história acompanha as férias de verão dos irmãos gêmeos Dipper e Mabel, mandados para a casa/loja de seu tio-avô, Stan, para passarem as férias de verão. O que prometia ser uma viagem entendiante se transforma em uma grande aventura quando a dupla encontra um misterioso diário, que os levará a uma sequência de desventuras paranormais na pacata cidade de Gravity Falls, no estado de Oregon.

Tal como a minissérie do Cartoon Network, um dos méritos de “Gravity Falls” está na ótima dinâmica dos irmãos protagonistas, de personalidades tão distintas, mas que se completam. É a partir dessas diferenças, por exemplo, que se alcança o humor da obra, ao mesmo tempo que elas servem para mostrar as peculiaridades dos arcos de cada um e como eles se desenvolvem ao longo da duas temporadas. Mais do que ser uma série divertida e recheada de (boa) fantasia, a produção se destaca por ser uma jornada de amadurecimento dos pré-adolescentes protagonistas.

A lista de qualidades é completada pelos divertidos personagens secundários, o ótimo vilão Bill e o fato do roteiro respeitar a inteligência da audiência, criando uma trama de mistério que não dá todas as pistas de forma mastigada. Os roteiristas confiam que a criançada é capaz de perceber os códigos secretos e segredos espalhados ao longo dos episódios, permitindo que eles montem o que está acontecendo na trama junto com os protagonistas. O resultado é um roteiro coeso e instigante, no qual as reviravoltas são merecidas e que carregam um grande peso emocional.

6 – Hora de Aventura (2010-2018)

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É possível dizer que um desenho protagonizado por um garoto e seu melhor amigo cão, que combatem um rei velho com poderes de gelo e que tem como objetivo sequestrar diversas princesas mais novas do que ele e feitas de doce, moldou o panorama das animações na televisão nesta década. Sim, lendo essa sinopse simples faz parecer que tal afirmação é uma loucura, mas a verdade é que “Hora de Aventura” é uma das produções mais importantes dos últimos 10 anos, com seu sucesso ajudando a ditar o tom de obras que vieram após seu lançamento.

A influência da obra no cenário televisivo se deve pela capacidade da produção em manter-se relevante com o passar dos anos. E isso porque, ao longo de seus 289 episódios, a série sempre entendeu a importância de continuar desenvolvendo seus personagens, tornando-os mais complexos e profundos. Finn e Jake são uma das melhores duplas a aparecerem em algum desenho animado, mas eles alcançam outro patamar por sempre estarem evoluindo, principalmente emocionalmente. Isso impacta bastante na mentalidade deles, na forma como eles lidam com seus problemas – de términos de relacionamento até cuidar de uma família – e como eles se relacionam com os outros.

Esse desenvolvimento é perceptível, também, na maneira como a história foi contada aos longos dos anos. No início, os episódios eram mais episódicos, sem grandes ligações. À medida que o desenho fez sucesso com o público mais velho, os produtores rapidamente compreenderam a importância de criar uma narrativa que incluísse crianças e adultos, com a história se tornando mais coesa e o background dos personagens, sobretudo os secundários, sendo melhor explorado. Um show que consegue ser divertido, emocionante, reflexivo e incrivelmente imaginativo, com personagens carismáticos que para sempre estarão entre os favoritos de quem acompanhou esta história – e que voltará em especiais esporádicos no inédito streaming HBOMax a partir de 2020.

5 – Toy Story 3 (2010)

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Uma das melhores animações da década se encontra, justamente, em seu início. No que era, até então, o capítulo final de uma das franquias de desenho mais populares e renomadas do cinema, “Toy Story 3” chegava para contar um novo capítulo da história de Woody e Buzz. Na iminência de seu dono, Andy, ir para a faculdade, os brinquedos enfrentam um momento crucial em sua existência: é melhor para eles se tornarem brinquedos de outras crianças ou continuarem fiéis ao dono que os amou por tanto tempo, mas que agora tem outras prioridades na vida?

Antes de falar da história, é impossível não destacar, primeiramente, o visual da obra. Ela é um exemplo perfeito de como a Pixar evoluiu e muito deste o lançamento do primeiro “Toy Story“, bastando comparar a fluidez da movimentação e os detalhes dos visuais dos personagens. Claro que o lançamento de “Toy Story 4“, em 2019, mostrou que esta evolução é um processo constante, mas aliada a uma excelente fotografia, “Toy Story 3” é um ótimo exemplar do que o estúdio pode fazer.

A trama é outro ponto crucial da produção. Ela é inteligente ao propor um salto temporal também dentro do universo, fazendo com que Andy envelhecesse junto ao público. Desta forma, cria-se um reconhecimento imediato entre o espectador e o que acontece na história, uma vez que o espectador, de uma forma ou outra, enfrentou o mesmo dilema de Andy. O enredo se apoia um pouco na nostalgia existente ao resgatar personagens tão queridos mais de 10 anos após sua última aparição, mas ele vai além ao aprofundar seus protagonistas, colocando-os em novas situações e, por meio dos desafios que aparecem, desenvolvendo-os e tornando-os mais complexos. O antagonista, o urso de pelúcia Lotso, consegue trazer uma gravidade maior à produção, sendo um dos melhores elementos adicionados em relação aos dois primeiros filmes. A última meia hora do longa pode ser defendida como a mais emocionante de toda história da Pixar, com um desfecho de fazer chorar que ficará na mente dos fãs para sempre.

4 – Rick and Morty (2013-)

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Provavelmente após “Game of Thrones“, a série trata-se do maior fenômeno da televisão desta década, que ascendeu ao status de obra-prima ao longo de suas três temporadas e meia lançadas até ao momento – ao menos, essa é a opinião de sua fiel e barulhenta legião de fãs. As aventuras do gênio cientista bêbado Rick e de seu desajeitado neto Morty por todo o multiverso levaram a dupla a uma infinidade de situações mortais, preenchidas com muita ficção científica e doses cavalares de humor ácido.

Muitos pensam que o traço simplificado da animação torna a produção pouco atrativa, mas um visual mais encorpado não é o foco da obra. Um resultado do tempo em que ela foi criada, a riqueza de “Rick and Morty” é constituída pelo seu ritmo desenfreado e puramente frenético, com a mudança constante de cenários e situações, que sobrecarregam seu telespectador, mas sem deixá-lo perdido. Tudo isso acompanhado por um mar de referências à cultura pop e um humor ácido e inteligente, que atira para todos os lados, capaz até mesmo de fazer graça de si mesmo – e de uma parcela de seus próprios fãs, que se consideram mais inteligentes por acompanharem o seriado.

Os conceitos de ficção científica presentes nos episódios são um deleite, principalmente pela execução precisa do roteiro, que consegue encapsular propostas tão ousadas e inovadoras em um espaço de 22 minutos. Total Rickall é um dos melhores episódios da televisão desta década, com uma ideia que um filme live-action dificilmente conseguiria reproduzir com tamanho brilho e perfeição. A boa notícia é que as aventuras da dupla devem continuar ainda por muitos anos, já que a série foi renovada para a produção de mais 70 episódios.

3 – Divertida Mente (2015)

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Se houve uma produção da Pixar capaz de superar “Toy Story 3” foi “Divertida Mente”. A produção original do estúdio convida o espectador a conhecer a cabeça e os sentimentos da jovem Riley, que está se mudando para San Francisco e que, por isso, encontrará novos desafios em sua vida. Desta forma, o longa mostra como suas emoções – representadas pela Alegria, Tristeza, Nojo, Medo e Raiva – lidam com este novo cenário, oferecendo uma divertida e bela visão de como funciona a mente humana.

O filme tem méritos tanto no que tange ao visual quanto em sua narrativa. A obra merece aplausos como conceitos que, para o público comum, podem ser complicados, mas que são traduzidos de uma forma compreensível para o espectador, caso das ilhas de personalidade e do verdadeiro abismo em que o ser humano deposita informações que não lhe são mais úteis, e que ele acaba esquecendo. É uma forma acessível, mas ainda sim inteligente, de ter uma noção da dinâmica e funcionamento da psique humana.

O roteiro brinca com as emoções não só de sua protagonista, mas também do público, e é na relação entre elas que se encontra o grande acerto do roteiro. A mensagem sobre a importância de conciliar os sentimentos, com o destaque para a junção da Alegria e Tristeza, é muito bem-vinda, sobretudo por mostrar que existem situações em que está tudo bem se sentir triste – e que devemos aprender a lidar com ela nestas situações. A complexidade humana está justamente na combinação entre estes diferentes sentimentos, e não no fato de se sentir apenas raiva ou alegria ou medo.

2 – Bojack Horseman (2014-2020)

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Qualquer pessoa que dissesse que uma das melhores séries desta década seria protagonizada por um cavalo antropomórfico seria taxada de louca em 2014. Mas episódio após episódio, temporada após temporada, drama após drama, “Bojack Horseman” provou o seu valor. O seriado acompanha o personagem título, uma estrela de Hollywood que fez sucesso com um show nos moldes de “Três é Demais” na década de 90, mas que agora não apenas se esforça para se reencontrar profissionalmente, mas também para superar problemas como dependência das drogas, do álcool e a depressão.

Poucas produções nos últimos 10 anos conseguiram misturar, de maneira tão bem equilibrada, humor e drama em seu roteiro. Os diálogos de “Bojack Horseman” são marcados por um tom tragicômico, na qual a sátira, muitas vezes voltada para a indústria de entretenimento de Hollywood, aparece em cutucadas das conversas ou em situações absurdas envolvendo temas que fizeram parte do zeitgeist cultural dos últimos anos, como porte de armas, sexismo, aborto e predadores sexuais. Além das críticas, a parte cômica também ganha força pela edição dos episódios, que costura muito bem os diferentes plots, e o humor visual do seriado. Muitas das piadas acontecem no background dos cenários e envolvem as características dos animais antropomórficos que constituem este universo, sendo um deleite quando são percebidos.

Um dos fatores que fizeram transformaram o seriado em um sucesso, no entanto, está em sua parte dramática, e na capacidade que o roteiro tem de criar personagens complexos e relacionáveis. Os principais personagens têm arcos dramáticos bem construídos, e eles devem enfrentar problemas psicológicos como depressão, solidão e ansiedade, além de problemas comuns como conciliar família e trabalho. “Bojack Horseman” não é um seriado fácil de assistir, já que ele é capaz de atingir o público emocionalmente com facilidade. Mas ao tratar de temas tão delicados com seriedade e cuidado, torna-se uma obra incrível e obrigatória, com grande relevância para a atualidade e que, em questões de minutos, é capaz de transformar o choro em riso e vice-versa. Os episódios finais da produção estreiam na Netflix no dia 31 de janeiro.

Menções Honrosas

Claro que uma lista como essa não consegue englobar todas as produções de qualidade que foram feitas nesta década, ainda mais por se tratar de combinação entre o que apareceu na televisão e nos cinemas. Por isso, é obrigatório uma breve lista de menções honrosas, que sirvam como dicas para interessados em (re)conhecer melhor trabalhos que talvez tenham passado despercebidos.

Entre os grandes estúdios, a Disney viveu um renascimento em suas produções animadas, sobretudo por uma nova abordagem com suas princesas, mais emponderadas e distantes do papel de “donzelas em perigo” – caso de “Enrolados“, “Frozen” e “Moana“. A DreamWorks criou a trilogia mais consistente da década ao lado de “Planeta dos Macacos“, uma vez que qualquer um dos filmes da franquia “Como Treinar Seu Dragão” poderiam entrar nesta lista. A Pixar investiu pesado em continuações, tendo êxito em sequências como “Os Incríveis 2“, mas também mostrou seu poder de emocionar o público com “Viva: A Vida é Uma Festa“. Por fim, a Warner Bros. conseguiu emplacar uma ótima combinação entre animação 3D e os brinquedos LEGO, com destaque para “LEGO Batman: O Filme“, uma das abordagens mais divertidas e interessantes que já aconteceu com o Homem-Morcego.

Os amantes da animação 2D podem testemunhar a beleza do estilo nas produções do estúdio Cartoon Saloon, que produziu duas das mais bonitas animações desta década, tanto de história como de visual: “A Canção do Oceano” e “A Ganha-Pão“. Hayao Miyazaki se despediu dos cinemas com o bonito “Vidas ao Vento“, sendo que o Studio Ghibli ainda merece reconhecimento por “O Conto da Princesa Kaguya“. Os fãs de anime tiveram uma década cheia de boas produções, caso de “One Punch Man“, “Attack on Titan“, “Psycho-Pass” e “Puella Magi Madoka Magica“, para citar só alguns exemplos.

Na televisão, foi uma década marcada por mais produções que abordam mais abertamente questões de grupos minoritários, como as pautas LGBTQI+, dando mais espaço para personagens destes grupos. Caso de ótimas produções como “Steven Universo“, “She-ra e as Princesas do Poder” e “O Príncipe Dragão“. O público adulto também se fartou em animações voltadas para este nicho, como a série antológica “Love, Death & Robots” e boa parte das 10 temporadas de “Archer“, além das temporadas finais de “Futurama” e “Samurai Jack“.

1 – Homem-Aranha no Aranhaverso (2019)

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O mais popular herói da Marvel vive uma era de ouro no meio audiovisual na segunda metade desta década. O seu novo reboot, protagonizado por Tom Holland, é um tremendo sucesso do MCU, no qual interage com os demais heróis da Casa das Ideias. Enquanto isso, o seu mais recente jogo foi indicado ao prêmio de Melhor Jogo do Ano em 2018, sendo um dos mais elogiados games deste década. O ápice do universo do herói, no entanto, foi alcançado em “Homem-Aranha no Aranhaverso”, produção vencedora do Oscar de Melhor Animação em 2019.

Ao focar não em Peter Parker, mas sim em Miles Morales, o Homem-Aranha do universo Ultimate dos quadrinhos, “Aranhaverso” é uma verdadeira carta de amor à tudo que o personagem representa. Tal como Peter na década de 60, o roteiro faz com que Miles seja um personagem relacionável, que enfrenta problemas comuns e palpáveis. A inclusão de outras versões do personagem, a maioria que o grande público desconhece, caso da Gwen-Aranha, é uma forma de aumentar a representatividade do herói, mostrando diferentes abordagens sobre ele, mas todas apresentando pontos chaves que constituem quem é o Homem-Aranha. Aspectos do texto que reforçam a excelente mensagem principal do filme: “Qualquer um pode vestir a máscara“.

O enredo ainda é incrivelmente divertido e dinâmico, sem perder o fôlego ao longo de suas duas horas. Além de seus carismáticos personagens e da ótima trilha sonora, outro ponto de louvor da produção é o seu visual. “Aranhaverso” é uma declaração de amor, também, para a mídia dos quadrinhos como um todo. A inovadora animação, que mescla técnicas 3D e 2D, faz uma homenagem ao traço das HQs antigas, mostrando aqueles pontinhos característicos das revistinhas, assim como da divisão da tela em quadros e da inclusão de balões de pensamentos, falas e dos sons ambientes. O resultado é algo fluido, com a apresentação de sequências que tiram o fôlego e que proporcionam uma sensação de que o espectador está vendo algo novo, fora do padrão estabelecido pela indústria. No fim, “Homem-Aranha no Aranhaverso” consegue ser não apenas a principal animação dos últimos 10 anos, como também é um dos melhores – se não o melhor – filme de super-heróis desta década.

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E você? O que achou da lista? Qual seria o seu top 10 de produções em animação? Deixa um comentário aqui embaixo!

Luís Gustavo
@louisgustavo_

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