O fim da Saga Skywalker se aproxima – Como lidar com as expectativas para o Episódio IX?
"Star Wars: A Ascensão Skywalker" está a dias de distância, mas será mesmo que o filme será "satisfatório" para todos?
Estamos a meros dias de presenciar o fim da Saga Skywalker nos cinemas. Três trilogias, nove filmes, a conclusão da história episódica iniciada por George Lucas em 1977. J.J. Abrams, o diretor e co-roteirista de “Star Wars: A Ascensão Skywalker”, garante que o filme será “satisfatório”. Ele não só garante, como já reforçou esta palavra em todas as milhares de entrevistas que já deu. Mas a pergunta verdadeiramente importante neste contexto é: satisfatório para quem?
Toda geração tem sua lenda, e todo fã de “Star Wars” tem suas próprias preferências e crenças sobre o que é certo para franquia. Fãs da trilogia original esperam ter a criação-mor de George Lucas honrada, enquanto os fãs das prequels esperam um mínimo de atenção. Fãs de “O Despertar da Força” esperam ter suas perguntas respondidas, já os fãs de “Os Últimos Jedi” não só esperam, como a essa altura imploram, para que o filme de Rian Johnson não seja colocado de lado. Muitas expectativas foram alimentadas desde o retorno de “Star Wars” em 2015, mas se tem uma coisa que “Os Últimos Jedi” nos deu – além de mensagens atemporais, ótimos arcos, e um visual arrebatador – foi uma lição sobre o perigo de escolher nosso próprio rumo para uma história que não é nossa e esperar que isso se torne a verdade.
As chances de que o “satisfatório” de J.J. encaixe todos os lados do fandom são praticamente nulas, porém existe, sim, a possibilidade de uma história que conclua de forma competente a Saga Skywalker. E para que você, caro leitor, que não vê a hora de assistir ao Episódio IX, mas que ao mesmo tempo está temendo o que virá, não seja traído por suas próprias expectativas, listamos alguns dos tópicos que devem ser abordados no filme, colocando duas possibilidades diferentes para cada um deles. Assim, chegou a hora de abrir a mente e aceitar que talvez a sua versão da história não seja o que de fato irá acontecer.
AVISO: o texto a seguir não possui informações de comerciais de TV ou clipes recentes de “Star Wars: A Ascensão Skywalker”. Não abordamos spoilers, porque, obviamente, ainda não vimos o filme. O campo abaixo é apenas teórico, mas as chances de acertos existem.
O passado de Rey
“Quem é a garota?”
Rey Alguém
As pessoas ficam dizendo que a conhecem, mas ninguém conhece. Afinal, quem é Rey? Ela vem de Jakku, o sabre de luz dos Skywalker chama por ela, já derrotou Kylo Ren em um duelo e causa uma forte impressão em todos que a conhecem. Ela já tinha visto onde Luke Skywalker estava enquanto toda a galáxia procurava por ele e, quando o encontra, seus poderes são tamanhos que o deixam assustado.
A pergunta de Maz Kanata na imagem acima é talvez a mais debatida entre fãs, e para a própria personagem isso parece ser algo essencial. Toda sua jornada até agora e as respostas obtidas em “Os Últimos Jedi” parecem não ter satisfeito sua busca, e o sentimento de que há algo além do que se vê permanece. A própria Daisy Ridley sugere que o questionamento será retomado em “A Ascensão Skywalker”.
A Saga Skywalker ocorre ao longo de 67 anos e sempre teve nomes muito fortes por trás de sua história. Skywalker, Palpatine, Kenobi, Organa, etc. Em sua essência, “Star Wars” é sobre família e sua evolução através de gerações. Parece estranho que, justamente no final, esta ideia seja abandonada, e a protagonista, tão cheia de lembranças e potencial, realmente não tenha lugar nessa história.
Rey Ninguém
“Eu vejo seus olhos, você já sabe a verdade. O pertencimento que busca não está atrás, está adiante“. A frase de Maz Kanata em “O Despertar da Força” pode ser vista como o prelúdio de uma grande aventura… Ou trazer uma verdade inconveniente para a heroína Rey, em liga com a revelação sobre sua família em “Os Últimos Jedi”: eles não eram ninguém, e ela não teria lugar no embate entre Luz e Escuridão, sempre dominado pelos Skywalker.
Desde que a vimos pela primeira vez em “O Despertar da Força”, Rey não sabe quem é. Não sabe de onde veio, não se lembra de sua família e nem porque ela, de repente, é uma figura central no embate entre Luz e Escuridão. “Os Últimos Jedi” apresentou uma ideia interessante, de que não é preciso um legado de sangue para ser herói, qualquer um pode sê-lo.
Há milhares, talvez milhões de pessoas sensíveis à Força galáxia afora, e a noção de que a protagonista de “Star Wars” é uma delas é inspiradora. Em uma saga sempre tão ligada a nomes e destino, romper com este paradigma não seria uma forma digna de dar fim à saga dos Skywalker?
Ben Solo ou Kylo Ren
Bendemption
O outro protagonista da nova trilogia também faz parte de um debate fervoroso entre os fãs. Adam Driver interpreta Kylo Ren, antes conhecido como Ben Solo, filho de Han Solo e Leia Organa. Apresentado como o vilão em “O Despertar da Força”, ele foge da simples denominação de alguém mau, e em “Os Últimos Jedi” temos um acesso maior ao conflito que ainda cresce dentro de Kylo. Existem, no entanto, ideias bem diferentes sobre qual deve ser o destino do personagem.
A que parece ser a mais popular entre o fandom é a ideia do Bendemption, que propõe a redenção de Kylo Ren/Ben Solo, e vê o personagem voltar ao lado da Luz. Existem grandes chances de que de fato isso aconteça, mas dificilmente a mudança será tão simples assim. Embora pareça repetir o mesmo rumo narrativo da trilogia original, a ideia de redenção do vilão principal não é nada anormal, e na verdade se encaixa perfeitamente com o tema central de “Star Wars”: esperança. E não seria muito absurdo pensar que o neto de Anakin Skywalker, que idolatra o avô pelos motivos errados, encontra o mesmo destino que ele. Mas ao contrário de Vader, Kylo Ren desde o início se mostrou um personagem dividido entre dois lados, e se no final de sua jornada a escolha final for o lado da Luz, ela virá marcada por bastante drama, algo que a família Skywalker conhece muito bem.
Mesmo redimido, Ben pode vir a morrer, a opção mais provável visto que o filme marca o fim da Saga Skywalker. Se ele viver, o que vai acontecer, vão mandá-lo para uma fazenda e esperar que Adam Driver retorne no futuro? Sejamos realistas…
Deixe o passado morrer
Kylo Ren, Líder Supremo da Primeira Ordem. É assim que o personagem se encontra no fim de “Os Últimos Jedi”, depois de fazer sua escolha, rejeitar a Luz e permanecer nas Trevas. “Deixe o passado morrer…”, ele diz a Rey, e depois propõe que eles deixem tudo para trás, “Snoke, Luke, os Sith, os Jedi”, tudo. Kylo Ren não se vê como um agente do mal, e sim como alguém que quer sair da sombra de seus antepassados e se tornar sua própria pessoa, deixando para trás tudo o que lhe prende. Em “O Despertar da Força” ele matou o próprio pai, um ato que pode ser imperdoável para o público que tanto ama Han Solo, mas que foi um passo necessário para que o personagem crescesse. Já em “Os Últimos Jedi” foi Snoke, seu mestre, que o controlava, e cuja utilidade já não existia para Kylo, e portanto chegara o momento de se livrar dele também.
Nas palavras de Adam Driver durante a divulgação do Episódio IX, “de que ele tem que ser redimido?”. Para Kylo, não existe a necessidade de redenção, pois suas escolhas são justificadas por seus objetivos, e isso faz bastante sentido. Então existe a chance de que Kylo Ren permaneça Kylo Ren, permaneça nas Trevas, e Ben Solo fique apenas em seu passado. Mas é pouquíssimo provável que ele termine “A Ascensão Skywalker” como um vilão, afinal sabemos que Palpatine, o vilão-mor de “Star Wars” irá retornar e assumirá seu posto. As fichas caem, então, em um Kylo Ren que não deixará as Trevas, mas que honrará o legado de sua família e agirá pelo bem uma última vez.
Seria ainda mais improvável que Kylo Ren permaneça vivo ao fim de um filme no qual ele não foi redimido, então a morte para o personagem parece inevitável.
O retorno de Palpatine
“Tudo está prosseguindo conforme eu previ.”
Seria tudo parte de seu plano?
Sheev Palpatine não larga o osso. Ele governou a galáxia por mais de três décadas, é um grande estrategista político e o maior Sith que a galáxia já viu. Alguém tão poderoso não poderia ser eliminado de forma definitiva tão facilmente como vimos em “O Retorno de Jedi”. E se há algo que os Sith prezam é o poder na vida material.
Mas a ideia de um retorno (ou melhor, vingança) do Sith não é algo que surgiu agora. Desde 2015, o cânone de “Star Wars” vem dando dicas de que Palpatine havia planejado cada passo e etapa para o triunfo dos Sith no longo prazo. Até para o caso de seu Império sucumbir havia um Plano de Contingência, que deu origem posteriormente à Primeira Ordem. Ele sequer deixou herdeiros, pois nem concebia a ideia de morrer. O Império até poderia acabar se fosse para dar lugar a algo mais forte, mas Palpatine, não.
É pouco provável que ele tenha planejado cada acontecimento desde “O Despertar da Força” – um stormtrooper desertar ou uma sucateira solitária se tornar uma Jedi, por exemplo. Mas manipular um jovem poderoso, mas confuso pela Força, aí já fica mais fácil. No mais, a estrutura da Primeira Ordem e a própria relação de Kylo Ren e Snoke são reflexos quase idênticos do Império e dos Sith. A própria linguagem de Snoke e a forma com que se referia a seu aprendiz remete à do Imperador. Talvez não pudéssemos ver, mas seriam todos apenas marionetes?
Ou seria apenas um momento apropriado?
É uma galáxia grande. Mas muito grande. Como entender tudo que pode acontecer em um lugar tão inconcebivelmente grande, seja no plano místico ou no material? A ideia de Palpatine ter sobrevivido aos acontecimentos de “O Retorno de Jedi” pode até não ser tão absurda assim, mas depois disso há uma imensidão de variáveis para alguém planejar. Tenha ele a habilidade e capacidade de estratégia que for: não dá para prever tudo.
O Império foi o regime dominante na galáxia por 19 anos. Antes, durante as Guerras Clônicas, muitos já estavam cansados da burocracia e corrupção da Velha República. Depois, a Nova República chegou cheia de promessas, mas substituiu a militarização e elitismo do Império por apenas mais burocracia e corrupção. Não é algo tão estranho assim que uma organização como a Primeira Ordem surja. Afinal, a estrutura já havia sido deixada pronta pelo Plano de Contingência. Mesmo sem Palpatine, o legado do Império sobreviveria, e foi levado adiante por Snoke e Kylo Ren.
No plano místico da Força, muitas pessoas passaram a admirar os Sith. Após a queda do Império, um grupo de fanáticos chamado Acólitos do Além passou a colecionar relíquias do lado negro da Força. Mesmo no lado da luz, jovens com sensibilidade à Força buscaram conhecimento sobre suas capacidades através de artefatos perdidos, dado que não haviam Jedi ou Sith para guiá-los. Além disso, para evitar a morte, Sith já recorreram antes à prática de atrelar sua alma a objetos (sim, como horcruxes). Quem sabe Kylo, em sua jornada para fortalecer-se no lado negro, não tenha encontrado algo muito mais perigoso…
Os Cavaleiros de Ren
Eles são capangas do Kylo
Kylo é o herdeiro de uma linha muito forte na Força. Tanto na Luz, quanto na Escuridão. Ainda não há confirmação, mas tudo indica que a Primeira Ordem já existia quando Ben Solo se rendeu ao Lado Negro e se tornou Kylo Ren. Sendo assim, uma pessoa tão poderosa agir por conta própria o tempo todo deixa uma margem muito grande para erros e traições, ainda mais dentro de um regime político tão pautado pela busca por poder.
Para entender o porquê de Kylo precisar de um grupo de apoio como os Cavaleiros de Ren, é preciso olhar para quem veio antes. Para seu avô, mais especificamente. Darth Vader. Assim que a Ordem Jedi sucumbiu em “A Vingança dos Sith”, os que restaram se espalharam pela galáxia para tentar sobreviver. Foi nesse contexto que o Imperador Palpatine criou a Ordem dos Inquisidores, um grupo de usuários do Lado Negro treinados como assassinos e muito bem versados na Força, que deveriam caçar os Jedi sobreviventes e eliminá-los. Não eram Sith, mas eram tão mortíferos quanto. E serviam apenas uma pessoa: Vader.
Mais de trinta anos depois, o contexto galático é outro. O único Jedi vivo, Luke Skywalker, sumiu. Enquanto ele viver, há esperança na galáxia, e milhares de seres sensíveis a Força terão nele um exemplo, alguém em quem se espelhar. Se o Império já não existe, Vader está morto e Palpatine também, cabe a Kylo dar um fim definitivo aos Jedi. Só que fazer isso com um grupo de guerreiros que têm esse único propósito é muito mais fácil. Se Vader tinha os Inquisidores, Ren tem seus Cavaleiros.
Eles têm organização própria
Antes de mais nada, é importante deixar algo claro: é perfeitamente possível que os Cavaleiros de Ren tenham organização e hierarquia próprias E atuem como capangas de Kylo Ren. É até o mais provável, na verdade, dada a importância de Kylo no embate entre Luz e Escuridão e seu temperamento explosivo – quem iria querer contrariar um chefe desses, não é mesmo?
Até o momento, o cânone de “Star Wars” que vem sendo desenvolvido paralelamente à saga nos cinemas aponta que os Cavaleiros seriam um grupo oriundo das Regiões Desconhecidas, o que por si só já dá indícios de uma possível origem dessa organização. Com o fim do Império, os já mencionados Acólitos do Além levaram a idolatria pelo Lado Negro da Força ao extremo, e passaram a juntar artefatos Sith e ligados à história de Darth Vader e Darth Sidious. Coronet City, capital do planeta Corellia, chegou a ter “VADER VIVE” pichado em seus muros (um paralelo excelente com o nosso mundo atual) por eles.
Após a batalha de Jakku, as forças remanescentes do Império que sabiam do Plano de Contingência fugiram para as Regiões Desconhecidas. Não se sabe qual foi o fim dos Acólitos do Além até o momento, mas dada a narrativa que vem sendo construída, faria sentido que eles fossem um estágio inicial, um casulo que deu origem aos Cavaleiros de Ren.
Outro indício que sustenta essa tese é o fato de Kylo ter refeito seu capacete. Por mais significativo que tenha sido destruí-lo em “Os Últimos Jedi”, uma ordem de cavaleiros mascarados ter seu líder de cara limpa não impõe tanto respeito, o que tornaria todo o traje um requisito para ser um integrante.
Morte de Leia
Que a Força esteja com você.
Leia morre e se torna uma com a Força
Carrie Fisher nos deixou em dezembro de 2017, e desde então sabemos que a despedida da eterna Princesa Leia nas telonas não seria nada fácil. E mais ainda, como seria essa despedida? Como finalizar a história de uma personagem tão icônica, sendo que a ainda mais memorável Carrie Fisher não estaria presente para tal? Esse deve ter sido o maior desafio de J.J. Abrams, que afirma que conseguiu o feito por obra do destino. As cenas de Leia em “A Ascensão Skywalker” foram montadas com cenas deletadas de “O Despertar da Força” e os “Os Últimos Jedi”, e com reutilizações de material já usado nos próprios filmes. Assim, é certo dizer que a presença da personagem foi limitada por conta disso.
Vimos pouquíssimo de Leia no material promocional, e podemos supor que a personagem deve ter uma conclusão de arco emocionante no filme, afinal nada mais justo para uma heroína que tanto inspirou várias gerações de fãs ao redor do mundo. E o que poderia ser mais emocionante do que Leia encontrando seu fim no mundo material e se juntando à Força? A Princesa/General pode não ter protagonizado nenhuma luta de sabre de luz, mas ela possui, sim, o domínio e o entendimento da Força. Muitos especulam que a exposição de Leia ao Espaço em “Os Últimos Jedi” tenha a deixado debilitada, e ela pode vir a morrer no Episódio IX. Se juntar à Força seria não só lógico, como emocionante, visto que ela pode encontrar seu irmão novamente.
No final do trailer oficial de “A Ascensão Skywalker”, ouvimos a voz de Luke dizendo “A Força estará com você”, e a voz de Leia dizendo “Sempre”. Claro que o contexto pode ser outro, mas se Luke deve se comunicar pela Força, as chances de Leia fazer o mesmo são reais, e seria muito emocionante ver os gêmeos Skywalker juntos guiando a futura geração.
Leia vive e nunca mais aparece
A ideia de matar a Princesa Leia pode ser forte demais, e pode também ser vista como um desrespeito à personagem. Então existe a possibilidade de que ela permaneça viva, guiando a Resistência de longe, quase uma lenda, assim como seu irmão. A problemática nesse caminho é, no entanto, a própria morte de Carrie Fisher, que impede que a personagem apareça novamente no futuro da franquia. Se a equipe da Lucasfilm, junto à família de Carrie, lutou tanto para que ninguém além de Carrie interpretasse Leia no Episódio IX, não teria porque isso mudar no futuro.
Assim, colocar outra atriz para interpretá-la ou usar CGI para tal estão fora de questão, o que limitaria a aparição de Leia sempre para apenas o material existente da nova trilogia. E a ideia da personagem nunca aparecer novamente, mesmo que viva, parece ser mais melancólica do que se a personagem morrer. Leia estaria limitada a meras referências e desculpas para sua ausência.
Talvez, dar a Leia a honra de se juntar à Força seja a melhor forma de encerrar o arco da personagem. Mas se não for o caso, como a última sobrevivente do trio original, Leia provará que sempre foi o maior símbolo da Rebelião.
GhostCon
Será que vai ter?
“GhostCon” é o termo adotado pela internet para a teoria de que os fantasmas da Força de diversos Jedi apareceriam em “A Ascensão Skywalker”. O retorno de Mark Hamill ao elenco dá quase certeza de que Luke Skywalker aparecerá dessa forma. Mas e os outros Jedi? Obi-Wan, Yoda, Anakin Skywalker, Qui-Gon Jinn e os milhares de outros membros dessa ordem milenar?
A entrevista publicada pela Entertainment Weekly em novembro com o diretor J.J. Abrams jogou uma nova luz sobre o tema, que até então era tratado de forma mais séria apenas nos fóruns da internet. Quando indagado sobre o que esses fantasmas conseguem de fato fazer no mundo – dado que Kenobi disse que não poderia ajudar Luke em “O Império Contra-Ataca”, mas Yoda conjurou um raio em “Os Últimos Jedi” – Abrams se esquivou dizendo que o melhor jeito de responder essa pergunta seria não respondê-la.
O fato é que, se ele realmente se propõe a encerrar o “jogo de xadrez” entre Jedi e Sith, esse recurso seria de grande ajuda. O próprio George Lucas já havia pensado em algo parecido para “O Retorno de Jedi“, com Kenobi e Yoda ajudando Luke na luta contra o imperador Palpatine. Quer ideia melhor do que uma do próprio criador?
Mas e se não tiver?
Apesar de ser empolgante demais a ideia de ver vários Jedi juntos pela primeira vez desde as prequels, acomodar tudo isso de forma orgânica dentro da narrativa do filme não é nada fácil. Tão numerosas quanto os Jedi são as perguntas que surgem quando pensamos nisso, e nenhuma delas tem respostas tão fáceis assim.
Onde isso se encaixaria? Em um provável confronto entre Rey (Jedi) e Palpatine (Sith)? Os fantasmas lutariam contra quem exatamente? Ou ajudariam de uma forma mais espiritual, dando forças a Rey? E onde entrariam Kylo Ren/Ben Solo, que já foi Jedi mas não é Sith, e Maz Kanata, que é sensível à Força? Haveria esperança para personagens de fora dos filmes mas amados pelos fãs, como Ezra Bridger e Ahsoka Tano, da série “Star Wars Rebels“?
Do ponto de vista técnico, juntar todos esses atores em um mesmo lugar e depois transformá-los em espíritos no filme não pode até não ser um desafio tão grande para a equipe do filme, mas rumores estariam circulando sobre artistas avistados no set, por exemplo. Claro que fomos surpreendidos com Yoda em “Os Últimos Jedi”, mas será que seu raio (com o perdão da piada pronta) poderia cair duas vezes no mesmo lugar?
FinnPoe/Stormpilot
Amizade é maior que o amor
O primeiro “ship” que abordaremos aqui tem sido alvo de muita discussão recentemente por conta de declarações das partes envolvidas. Oscar Isaac, intérprete de Poe Dameron, sempre foi o maior apoiador da relação romântica entre Finn e Poe, e ele interpreta o personagem dessa forma desde “O Despertar da Força”. John Boyega, o Finn, só recentemente começou a dar mais apoio para a ideia, mas ainda assim, coloca a amizade dos dois como o verdadeiro foco da história. O problema maior veio quando J.J. Abrams resolveu afirmar que não teremos uma relação romântica entre Finn e Poe no Episódio IX, e que “a amizade é algo mais forte que o amor”. A internet veio abaixo, e os apoiadores de FinnPoe ficaram muito abalados com a declaração. O cineasta tentou acalmar a situação ao dizer também que a comunidade LGBT+ será, sim representada no filme, então resta saber de que forma.
Decepções à parte, a mensagem de que a amizade é maior que o amor pode se encaixar perfeitamente com a relação entre os personagens. A história dos dois começa quando o então FN-2187 decide deixar a Primeira Ordem e liberta o piloto da Resistência Poe Dameron para que eles pudessem fugir daquele lugar. Poe dá o nome de Finn para o ex-stormtrooper, e eles têm uma conexão imediata. Eles se preocupam um com o outro, apoiam um ao outro, e estão preparados para lutar um pelo outro.
A ideia de que dois homens podem ter uma amizade tão forte, sem evitar demonstrar o afeto que sentem um pelo outro, é muito importante em uma sociedade que ainda prega que homens não podem ser sentimentais, principalmente com outros homens. Manter a relação entre Finn e Poe apenas na amizade reforça que não há lugar para masculinidade tóxica entre os dois, e se eles se amam, não tem porque não demonstrar o sentimento. É uma ótima mensagem para jovens garotos que podem cultivar amizades lindas ao longo de suas vidas.
É cânon!
É cânon, não tem o que falar além disso! Ok ok, brincadeiras à parte, é uma realidade de que não se precisa muito para que o fandom comece um “ship” – ou seja, torçam para que duas pessoas fiquem juntas romanticamente -, mas FinnPoe/StormPilot já veio com um reforço maior quando o próprio ator que dá vida a um dos lados do ship não só apoia, como afirma que é essa forma que ele interpreta o personagem. Oscar Isaac tem sido vocal sobre seu apoio, e mais ainda com a divulgação de “A Ascensão Skywalker”, ao dizer diversas vezes que essa teria sido a forma “corajosa” de seguir com a relação de Finn e Poe.
É certo que a forma que não só Oscar, mas todas as partes envolvidas, estão abordando a relação indicam que o romance não vai acontecer. Mas nem por isso ele deixa de ser real. “A Resistência Renasce”, livro cânonico lançado recentemente abordando eventos entre “Os Últimos Jedi” e “A Ascensão Skywalker”, mostram que Finn e Poe estão cada vez mais próximos, de forma que alguns membros da Resistência até apontam como algo a se notar, e existem certos momentos que parecem terem sido escritos de forma a indicar um romance. Outro fator inegável é a química entre os dois atores, e como parece fazer sentido que a relação dos personagens evoluísse da amizade para algo a mais.
Claro que existem fatores externos a serem considerados, como o fato de a Disney ainda ser bastante conservadora, e colocar um casal assumidamente homossexual em uma franquia como “Star Wars” pode ser demais para a empresa. Mas por fazer tanto sentido, e pelo quanto os últimos filmes tem sido um símbolo de representatividade, talvez seja ideal que o maior romance da nova trilogia seja entre Finn e Poe.
Reylo
O romance é real
Quando o assunto é romance, não se pode negar esta que se tornou uma parcela gigantesca do fandom de “Star Wars”. Reylo – nome dado para o ship entre Rey e Kylo – se tornou foco de diversas discussões desde “O Despertar da Força”, ganhando ainda mais combustível depois de “Os Últimos Jedi”. O ship é tema de diversos artigos na internet, é reconhecido por vários grandes nomes, e é visto como parte central de “A Ascensão Skywalker”. Afinal, Rey e Kylo – ou Ben – ficarão juntos romanticamente?
O debate é complicado e impossível de ser abordado em sua totalidade neste texto. Mas aqueles que apoiam o ship acham a conexão dos dois personagens inegável, e veem o romance como algo inevitável. Sim, os dois começaram como antagonistas, e o primeiro encontro dos dois mostra Kylo usando da Força para paralisar e sequestrar a garota, que depois revida usando da própria Força para mostrar que Kylo não é quem pensa que é. O argumento de duas pessoas que se odeiam e depois virão a se amar pode ser usado aqui, e é justo afirmar que os apoiadores de Reylo são inevitavelmente apoiadores de Bendemption. Assim, os dois não podem ficar juntos a não ser que Kylo volte para o lado da Luz.
Em “Os Últimos Jedi”, Rey e Ben foram conectados pela Força, e descobriram muito um do outro. Ambos são solitários, sem ninguém para compartilhar seus verdadeiros sentimentos, e que viram um no outro a chance de ter finalmente alguém que entende pelo o que estão passando. Kylo chama Rey para reinar a seu lado, e apesar de intenções um tanto corrompidas, o sentimento é real. Mas Rey também é convicta de seus princípios e teve que negá-lo em prol do lado da Luz. Se Kylo voltar a ser Ben, os dois podem ficar juntos. A química entre Adam Driver e Daisy Ridley também é inegável, e não seria nada improvável que os dois formassem o casal da nova trilogia. Mas o que é que J.J. Abrams disse mesmo? Ah é, “a amizade é mais forte que o amor”…
São só duas pessoas solitárias buscando companhia, cara…
Se a frase é válida para Finn e Poe, porque não valeria para Rey e Kylo? A conexão entre os personagens vai além de uma relação romântica, e se aproxima da complexidade da própria Força, que parece querer juntar dois lados de seu espectro para enfim atingir o tão discutido Equilíbrio. Kylo nasceu de heróis da Rebelião, sobrinho do Jedi Luke Skywalker, e neto do redimido Anakin Skywalker. Ele veio da Luz e foi para a Escuridão. Rey ainda possui um passado misterioso, mas se provado que suas origens se escondem nas Trevas, ela é alguém que superou todos os obstáculos que a vida lhe propôs, e escolheu o lado da Luz, escolheu lutar pelo lado do bem, mesmo quando todas as circunstâncias sugerem o contrário.
Rey e Kylo parecem ser a chave para que a paz reine novamente na galáxia. Mas isso não quer dizer que eles ficarão juntos. Mesmo que Kylo seja redimido, e em uma chance ainda mais improvável, permaneça vivo ao final do filme, ele deve pagar por seus erros. Ficar ao lado de Rey, e levar uma nova ordem de Jedi com muitos sugerem, parece não só pouco provável, como não condiz com o personagem. Ainda que Rey e Kylo de fato se amem, e venham até a protagonizar um beijo – algo que esta trilogia ainda não nos deu -, os dois não devem começar uma família como Han e Leia o fizeram.
Mesmo assim, a mensagem da jornada dos dois ainda pode ser de esperança. Em como apesar das ações de Kylo, Rey ainda acredita que existe algum bem dentro dele, como Luke acreditou que ainda existia Luz em Vader. Os dois podem vir a lutar juntos, com o mesmo objetivo. Diferente da luta contra os pretorianos de Snoke, em que cada um achava que o outro tinha mudado de lado, Rey e Kylo podem se juntar contra o verdadeiro mal que assola a galáxia. E depois seguir caminhos separados.
A Ascensão Skywalker
Ben Skywalker
A pergunta mais importante depois que o título do Episódio IX foi finalmente divulgado ressoou por toda internet: Quem é o Skywalker que vai ascender? Seria Luke, que mesmo depois de morto salvará a galáxia novamente? Seria Rey, que terá alguma relação com a linhagem Skywalker revelada? Seria Leia, a líder da Resistência, que finalmente se provaria mais forte na Força do que imaginamos? Ou seria seu filho? O chamado Ben Solo, que, por mais que algumas pessoas decidam ignorar como funciona a genética, é um Skywalker.
No debate entre Bendemption ou Kylo Ren full vilão, uma possibilidade é por vezes deixada de lado. Kylo pode se voltar para Luz e voltar a ser Ben Solo, assim como pode permanecer nas Trevas como Kylo Ren. Mas o que o filho de Han e Leia também pode fazer é assumir um novo lado. Ele pode lutar pelo bem, enquanto ainda conflituoso sobre que espectro da Força seguir. E ao honrar o legado de sua família, lutando contra Palpatine, aquele que sempre tentou ou seduzir ou destruir os Skywalker, Kylo pode se assumir como Ben Skywalker, sendo o último da linhagem, e morrendo como um herói.
Há diversos fatores a serem considerados caso isso venha a se tornar verdade. Para que Ben seja o último Skywalker, Leia terá que morrer também. Ele também tem que estar lutando contra Palpatine, e não a seu lado. Mas é completamente provável que, se Kylo estiver de início trabalhando com o Imperador, ele pode virar contra ele. Já vimos acontecer na franquia, e não seria difícil acontecer novamente. No entanto, estruturas narrativas repetidas de lado, o importante é a mensagem de que Kylo finalmente pode conhecer quem seu avô, Anakin Skywalker, era antes de virar Vader, e o que ele se tornou ao salvar Luke do Imperador. Em vez de idolatrá-lo por ter sido a figura central do Império, Ben Skywalker pode finalmente ser inspirado por quem Anakin era de verdade, um herói.
A Nova Ordem Jedi
Outra possibilidade bastante discutida é a de que o nome Skywalker se tornará a nova denominação dos Jedi, honrando os últimos ensinamentos de Luke a Rey. Há chances de que a nova Jedi monte sua própria Academia, e passe os ensinamentos para outros usuários da Força. Como Luke bem disse em “Os Últimos Jedi”, os Jedi se tornaram cheios de si, achando que sabiam tudo que precisavam para manter a ordem, e assim o mal crescia, indetectável por eles. Ao decidir deixar de lado o nome “Jedi”, Rey pode começar uma nova ordem, inspirada por seu mestre, e por todos aqueles que vieram antes dele. Os Skywalker podem ser os novos usuários da Força, abertos a novos conceitos, dispostos a se manterem humildes e cientes de que há dois lados da Força, o bem e o mal. E ignorar um dos lados não o faz sumir, e sim apenas crescer.
Pode parecer uma mudança desnecessária, principalmente porque o nome Jedi já está impregnado na cultura pop, e seria até um tanto brega. Mas é “Star Wars”, uma franquia em que brega não é nada improvável. Pode ser o jeito de apresentar uma nova geração que honrará o legado de quem veio primeiro. Ao manter o nome Skywalker para sempre existente nessa galáxia muito distante, a franquia garante que o passado nunca será esquecido.
Os Skywalker ascendem contra o mal, contra a tirania de Palpatine, contra o domínio do Lado Negro, e mantêm a mensagem mais forte de “Star Wars”: a esperança.
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Leu tudo? Concorda com algo? Então agora vamos repetir juntos, mais uma vez: não há como agradar todo mundo. “Star Wars” é grande demais para propor um final que seja satisfatório para todos os fãs. As possibilidades acima são apenas algumas entre diversos outros acontecimentos que podemos ver no cinema.
Dito isso, lidar com essa ideia é muito simples. Quando for para essa que, independente das suas expectativas, promete ser uma ocasião épica, vá de coração aberto. Esteja pronto para se divertir e se emocionar, seja o que for que aconteça. Menos de uma década atrás, a simples ideia de ter um novo “Star Wars” nos cinemas era algo em que quase ninguém acreditava, e aqui estamos hoje nesse momento. Sempre em movimento, o futuro está. Vai saber o que ainda veremos dessa galáxia muito, muito distante…
A Saga Skywalker chega ao seu fim em 18 de dezembro, quando “Star Wars: A Ascensão Skywalker” chega aos cinemas. Mas sua história viverá para sempre.
Texto escrito por Júlio Bardini e Louise Alves