Cinema com Rapadura

Colunas   quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Nós, Creed II e O Ódio que Você Semeia: três filmes para o Dia da Consciência Negra

Os dois ótimos dramas e o excelente terror de Jordan Peele trazem importantes reflexões para a data de hoje.

No Brasil, celebra-se, em 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra. O propósito da celebração, além de enfatizar a relevância da inserção do negro na sociedade brasileira, é propor a essa mesma sociedade uma reflexão mais abrangente a respeito do tema. A necessidade da discussão, que não deve se restringir somente à ocasião específica, também não se limita apenas ao território nacional, já que encontra ecos em outras partes do mundo, incluindo nos Estados Unidos da América, cuja conflitante realidade clama por um amplo debate.

Por aqui, o Cinema com Rapadura convida seus seguidores em todo o país a tomarem parte nessa importante celebração por meio da apreciação de grandes obras cinematográficas que oferecem, cada uma à sua maneira, algumas perspectivas interessantes sobre o assunto. Nesse sentido, três filmes que acabam de chegar ao catálogo do Telecine servem como um excelente ponto de partida: “O Ódio Que Você Semeia”, “Creed II” e “Nós”. Abaixo, destacamos as referidas produções.

“O Ódio Que Você Semeia”

De George Tillman Jr., o longa “O Ódio Que Você Semeia” (2018) é uma adaptação do livro homônimo escrito pela autora norte-americana Angie Thomas. A trama apresenta a história de Starr (Amandla Stenberg), uma inteligente e carismática adolescente que se vê numa dramática situação após ser testemunha da morte de um jovem negro pelas mãos de um policial branco. Quando ela passa a considerar a possibilidade de se apresentar ao grande júri, sua vida e sua amada família passam a correr perigo.

No elenco, ainda estão nomes como Regina Hall, Russell Hornsby, KJ Apa, Common e Anthony Mackie.

Leia aqui a crítica do Rapadura.

“Creed II”

De Steven Caple Jr., “Creed II” (2018) é a continuação de “Creed: Nascido Para Lutar” (2015). Na trama, Adonis Creed (Michael B. Jordan) vive um dilema: focar nas obrigações da vida pessoal, que se divide entre sua relação com Bianca (Tessa Thompson) e um bebê a caminho, e a preparação física e mental para uma grande luta contra Viktor Drago (Florian Munteanu), o filho de Ivan Drago (Dolph Lundgren), responsável pela morte de seu pai nos ringues há 30 anos. A seu lado, procurando manter um legado em comum, nada menos que a lenda Rocky Balboa (Sylvester Stallone).

Leia aqui a crítica do Rapadura.

“Nós”

Depois do sucesso de “Corra” (2017), o diretor Jordan Peele voltou a lançar mão do terror como elemento narrativo em mais uma mordaz crítica social. Em “Nós” (2019), Adelaide (Lupita Nyong’o) e Gabe (Winston Duke) levam o casal de filhos crianças para passar um fim de semana na praia. Tudo vira um enorme pesadelo quando a casa de veraneio é invadida por um grupo violento e misterioso. O pior de tudo é que os invasores têm aparências iguais às dos próprios reféns.

A produção também conta com a participação de Elizabeth Moss.

Leia aqui a crítica do Rapadura.

A verdadeira consciência negra

Quebrar o ciclo de ódio e preconceito que retroalimenta a sociedade é uma importante lição ensinada por Starr em “O Ódio Que Você Semeia”. Já em “Creed II”, isso é colocado em prática por Adonis quando este decide lutar somente por aquilo que efetivamente vale a pena, e não pelo desejo puro e simples de vingança. Reduzir o outro a uma posição inferior à sua para só então se sentir vencedor não faz parte dos planos de nenhum dos dois protagonistas.

Mas há uma outra lição tão importante quanto e não menos desafiadora. Em certo momento de “O Ódio Que Você Semeia”, é declarado que alguém só conseguirá enxergar a essência de uma pessoa negra quando primeiro enxergar a negritude que a acompanha – e essa é uma percepção a ser desenvolvida não só pelos brancos, mas também pelos próprios negros. Isso é muito interessante, pois fala de empatia, colocar-se no lugar do outro. Dessa forma, enxergar a negritude de alguém é compreender a carga intrínseca de desafios e privilégios que a condição lhe proporciona, e que não pode, de forma alguma, estar dissociada de sua identidade, visto que a molda. E aqui vai uma sutil provocação que o longa, nas entrelinhas, lança: a tão propalada busca por igualdade – quando não aplicadas às áreas social e econômica, e focada apenas na questão humana – pode ser um erro, pois ninguém é igual a ninguém; afinal, somos todos diferentes.

Na verdade, o que nos faz parecidos uns com os outros são as semelhanças. Quando buscamos essas semelhanças no próximo, percebemos que em nós mesmos há pontos a serem melhorados. É então que muitas pessoas, mais evoluídas como indivíduos em determinados aspectos, passam a servir de exemplo para outras, o que gera também reciprocidade, pois são as diferenças que equilibram a balança. Em “Nós”, ao procurarmos igualdade, apenas fazemos do outro um reflexo nosso distorcido, um espelho que apresenta uma imagem irreal e que nos transforma em nossos próprios inimigos e perseguidores.

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Fernando Gomes
@rapadura

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