Cinema com Rapadura

Colunas   sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Rambo: da primeira à última gota de sangue

Uma retrospectiva da franquia e como os filmes de ação mudaram desde a estreia de “Rambo: Programado Para Matar”.

Os filmes de ação, em geral, são definidos como uma história na qual o protagonista enfrenta uma série de desafios que incluem luta, perseguição e violência e normalmente esse personagem principal é posto como um herói. Essa definição mais generalizada não mudou muito no decorrer do tempo. Mas a forma de se construir um filme de ação e a recepção do público mudaram e a franquia Rambo pode ilustrar isto.

Aproveitando o lançamento de “Rambo: Até o Fim” nos cinemas, e também celebrando que três primeiros filmes anteriores da franquia estão disponíveis no streaming do Telecine, vamos adentrar no mundo de John Rambo e suas “aventuras” sangrentas.

Apesar de sempre presente, os filmes de ação começaram a ser popularizados na década de 60 devido aos longas de James Bond que dominavam o mercado do gênero naquele momento. Na década de 70, os filmes de ação se tornaram ainda mais populares, especialmente os que envolviam violência e os de artes marciais, devido ao aperfeiçoamento dos dublês e efeitos especiais.

O primeiro longa da franquia, Rambo: Programado Para Matar estreou nos inícios dos anos 80, quando o gênero de ação se tornou o principal mercado de Hollywood.

Atores como Arnold Schwarzenegger (de “O Exterminador do Futuro”), Bruce Willis (de “Duro de Matar”) e o próprio Rambo, Sylvester Stallone, tiveram o auge das suas carreiras nesta década. O mercado do gênero de ação também fez grande sucesso nos filmes que vão direto para DVD, e não estreiam no cinema. O “The Chicago Tribune” chegou a definir os filmes desse mercado como…

“…fáceis de achar nas prateleiras porque normalmente contém as palavras ‘Morto’, ‘Morte’, ‘Futuro’ ou ‘Sangue’ no título. Já nas capas dos DVDs estão homens durões com algum tipo de arma semiautomática em seus braços no meio de um cenário de destruição de alta-tecnologia”.

Rambo: Programado Para Matar (1982)

O roteiro da primeira história do protagonista foi pensado como um drama, inspirado no livro “First Blood”, e só depois da edição final, teve um tom de ação adicionado a ele. Isto porque, quando Stallone viu o primeiro corte, ele não gostou de sua participação, e pediu pra mudar vários aspectos, que no fim, além de dar um novo tom, diminuiu pela metade a duração do longa.

John Rambo, veterano da Guerra do Vietnã, tenta e tem dificuldades para se adaptar à vida de civil. O protagonista resolve viajar para uma cidade no estado de Washington para procurar um amigo que serviu o exército junto com ele. Chegando lá, descobre que o colega tinha morrido de câncer.

Ele então sai caminhando pela cidade, pensando em talvez encontrar um restaurante no local. Mas seus planos são atrapalhados pelo xerife Will Teasle (Brian Dennehy) que julga Rambo pela aparência e ordena que ele saia da cidade. O protagonista desobedece as ordens do xerife e dá meia volta em direção à cidade.

Teasle não aceita tal desobediência de autoridade e leva Rambo para a cadeia. Lá, ele é humilhado, fichado e espancado. Mas na hora que os policiais iam o barbear, flashbacks das torturas que sofreu no Vietnã surgem e o protagonista bate em todos e foge da prisão. O xerife começa a perseguir Rambo, eventualmente montando uma força-tarefa para capturar o personagem.

A única morte que acontece no primeiro filme da franquia é de um policial que estava em um helicóptero atirando em Rambo. Para se defender, o personagem joga uma pedra no veículo e faz com que o policial caia e morra. A partir daí, a perseguição fica mais intensa com o protagonista enfrentando vários policiais, mas sem matar algum deles. A polícia estadual chega pra ajudar na situação, em conjunto com o ex-comandante de Rambo, Sam Trautman (Richard Crenna).

Depois, o personagem explode um posto de gasolina, atira para apagar as luzes da cidade e volta para a delegacia a fim de matar o xerife. Rambo chega a atirar em toda a delegacia, chegando até a atingir a perna de Teasle. No momento que o protagonista ia atirar para matar o xerife, seu ex-comandante surge e o convence a desistir. O filme acaba após um discurso de Rambo sobre a dor de ser um veterano de guerra, e com o protagonista se entregando para a polícia.

O primeiro longa surpreendeu e teve bilheteria doméstica de $47,212 milhões, o que garantiu uma sequência para Stallone e firmou seu nome como destaque em Hollywood, também depois de sua participação na franquia “Rocky”. A primeira história é a que mais tem elementos de dramas no roteiro e é, também, a mais diferente entre os quatro longas lançados até o momento.

John Rambo, até então, era um soldado com traumas da guerra, mas que ainda sim manteve sua moral. O personagem era uma mistura da tentativa de usar a história para mostrar as consequências da Guerra do Vietnã com o que começava a ser uma criação hollywoodiana de morte e violência.

RAMBO II: A Missão (1985)

Depois de sua prisão no primeiro filme, Rambo foi condenado a oito anos de trabalho forçado. Trautman aparece no local em que o protagonista trabalha e oferece uma missão em troca de sua liberdade. A proposta é aceita e Rambo vai até a Tailândia. Chegando lá, o policial encarregado Marshall Murdock (Charles Napier) diz que o protagonista deve ir até a o local que foi preso e torturado no Vietnã para tirar fotos provando se ainda existiam prisioneiros de guerra lá.

Rambo chega e é recepcionado pela vietnamita que é espiã para os Estados Unidos, Co Bao (Julia Nickson). O protagonista encontra vários prisioneiros de guerra, tira as fotos, mas ao invés de voltar para a Tailândia, resolve resgatar um deles e é pego no processo. A partir daí, uma matança muito maior do que a do primeiro filme começa. Rambo foge com o prisioneiro e Bao, mas na própria fuga encontra mais vietnamitas, o que ocasiona mais matança por parte do protagonista.

Rambo deixa a personagem de Nickson no local e espera por resgate junto ao prisioneiro. Mas, quando Murdock descobre que há alguém junto com Rambo, ele cancela o resgate. Isto ocasiona a captura dos dois pelos vietnamitas. Murdock só queria fingir que estava fazendo uma missão, já que se os prisioneiros fossem de fato resgatados, a opinião pública poderia se voltar contra o Governo pela demora do resgate.

Russos que apoiam o Vietnã são quem torturam Rambo, até Bao entrar disfarçada no local e ajudá-lo a fugir. Após a fuga, os dois se beijam, mas poucos minutos depois, Bao é metralhada por um grupo de vietnamitas que estavam perto do local. A partir daí, mais furioso ainda, Rambo saí numa caçada aos vietnamitas e soviéticos que estavam lá. Ocasionando em uma das mais sangrentas e violentas série de mortes da franquia, seja de faca, tiro de bazuca ou até mesmo flechada explosiva.

O filme termina com ele forçando Murdock a resgatar os prisioneiros. Por sua missão, Rambo recebe um indulto, concedido pelo presidente e decide viver na Tailândia. Mesmo tentando ter uma história de fundo como o filme anterior, a sequência da franquia já se coloca como uma produção violenta, que quer entreter ao mostrar mortes.

Os críticos massacraram “Rambo II: A Missão”, afirmando ter montagem ruins e roteiros com soluções fáceis. O longa chegou até a ganhar o Framboesa de Ouro na categoria de Pior Filme em 1985. Em contrapartida, ele foi um sucesso de bilheterias, arrecadando $150,415 milhões na bilheteria doméstica, a maior da franquia até agora. A popularidade do primeiro filme, e a alta tanto do gênero de ação quanto do próprio Stallone são os grandes responsáveis pelos números tão altos.

RAMBO III (1988)

No terceiro filme da franquia, Rambo estava vivendo quase pacificamente na Tailândia – com exceção de participar de lutas clandestinas para ganhar um dinheiro a mais. Até que, de novo, seu antigo comandante Sam Trautman aparece para pedir ajuda em uma missão no Afeganistão.

Trautman é capturado e o protagonista chega no país se mostrando um soldado melhor que todos ali presentes. Helicópteros russos chegam atirando na região, até que o exército de um homem só encontra uma metralhadora. Depois do massacre, Rambo vai até a base militar inimiga, mas quando está prestes a resgatar Trautman, um garoto que está com ele buscando vingança faz um alarde e ele é visto pelos soviéticos.

Novamente, o protagonista derrota todos como se fosse um simples estalar de dedos e foge do local. Em outro dia, acompanhado de vários soldados, Rambo finalmente resgata o seu ex-comandante. Na hora de fugir, não uma, mas duas vezes, os soviéticos aparecem para acabar com os planos do protagonista. Isto ocasiona várias sequências com Rambo matando os inimigos, dessa vez usando até mesmo um tanque de guerra. Rambo e Trautman conseguem escapar e se despedem de seus amigos do país.

Os guerrilheiros mostrados no filmes são os chamados Mujahideen, e hoje em dia eles são atrelados a fundamentalistas islâmicos. Depois do 11 de setembro, muitos ironizaram “Rambo III” como “o filme em que ele faz alianças com terroristas”. Os créditos finais que antes agradeciam aos Mujahideen, hoje agradecem aos guerrilheiros do Afeganistão.

Mas, na época de lançamento, não foi esse o problema do filme. “Rambo III” é praticamente “Rambo II: A Missão”. O roteiro é genérico e repetitivo, além do vilão ser muito caricato. A única coisa em que o filme inova em relação ao anterior é na quantidade de mortes (desta vez maior), e pensa jeitos mais sanguinários de mostrar essa violência.

O longa foi massacrado pela crítica, e também não foi um sucesso de público. Apesar de ter feito $53,715 milhões na bilheteria doméstica, o público diminui quase dois terços em relação ao filme anterior. Além disto, ele foi lançado já no final dos anos 80, quando o gênero de ação começou a decair. Ou pelo menos, filmes de ação do tipo de “Rambo“.

Já nos anos 90, o que chamava a atenção em um filme de ação eram as técnicas de CGI se inovando. Longas como “Jurrasic Park: O Parque dos Dinossauros” tomavam o pódio de queridinho de Hollywood na época, especialmente quando tinham tecnologias criadas apenas com a finalidade de melhorar o filme.

A carreira de Sylvester Stallone também começou a decair nessa década. O ator seria encontrado apenas em filmes de baixo orçamento, muito diferente dos anos 90. Foi só com “Rocky Balboa” (2006) que ele voltou aos holofotes. Assim sendo, apenas depois de 20 anos de “Rambo III” que sua sequência seria lançada.

RAMBO IV (2008)

Vinte anos depois do último filme, Rambo ainda vive na Tailândia, caçando cobras para venda. Dois missionários, Michael Burnett (Paul Schulze) e Sarah Miller (Julie Benz) pedem para que Rambo os leve para a fronteira da Birmânia (atualmente, Mianmar). Eventualmente o protagonista aceita, mas no caminho de barco são parados por piratas que pedem que Miller fique com eles para que deixem os outros dois continuarem.

Apesar disto, eles terminam a viagem e Rambo retorna para a Tailândia. Os dois missionários acabam capturados e dez dias depois, o pastor Artur Marsh (Ken Howard) procura o protagonista pedindo que Rambo o ajude a contratar mercenários para o resgate. O personagem de Stallone aceita o pedido, mas decide ir junto na missão.

O restante do filme não é diferente dos últimos três da franquia: Rambo matando todos que vê pela frente, se firmando no apelido de exército de um homem só, sempre sendo encurralado no momento que vai fugir. Porém, “Rambo IV” eleva o nível de violência comparado aos filmes anteriores, com o protagonista chegando a arrancar a traqueia de um dos vilões. O longa termina com o personagem de Stallone finalmente voltando aos Estados Unidos.

“Rambo IV” teve crítica mista, muitos gostaram de ver o retorno do personagem, enquanto outros acreditam que o ritmo irregular do filme estraga a experiência. A violência excessiva também foi uma grande questão, com muitos adorando o longa por conta disto, e outros o odiando pelo mesmo motivo. O filme teve sua pior bilheteria doméstica da franquia, com $42,754 milhões arrecadados.

RAMBO: Até o Fim (2019)

Em sua quinta – e última – aventura, John Rambo, que agora trabalha em um rancho, atravessa a fronteira dos Estados Unidos com o México para salvar a filha de um de seus amigos que foi sequestrada, e rapidamente se depara com o poderio de um dos mais violentos cartéis de droga mexicanos.

Na última década, a maioria dos filmes de ação que estiveram em alta em Hollywood se baseiam em grandiosos efeitos visuais, como as produções de super-heróis, ou filmes de catástrofes. “Rambo” não se enquadra nesse quesito, por se resumir em violência como forma de entretenimento. No entanto, a franquia “John Wick”, estrelada por Keanu Reeves, mostrou que o estilo de ação cujo principal propósito é mostrar o protagonista lutando contra vários homens ao mesmo tempo, e por vezes, matando seus inimigos, ainda pode ser lucrativa.

O apelo de “Rambo: Até o Fim” é trazer Sylvester Stallone pela última vez neste papel. É a nostalgia que tem foco, mesmo em um estilo do gênero de ação que pode ser considerado ultrapassado, o personagem é um ícone dos anos 80, e merece uma despedida grandiosa nos cinemas.

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Rambo: Até o Fim” estreia em 19 de setembro nos cinemas brasileiros.

Amanda Gongra
@a_gongra

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