A Era de Ouro dos Musicais de Hollywood
Veja lista com os grandes clássicos do gênero que marcaram a história do cinema.
O cinema, chamado de a sétima arte, destaca-se por apresentar em suas obras uma combinação entre os principais elementos que compõem as seis artes que o precedem: a pintura, a escultura, a literatura, o teatro, a dança e a música. Por sua vez, a dança e a música, quando reunidas e desfrutando de maior protagonismo nos filmes, tornaram-se, praticamente, sinônimo de um dos gêneros mais marcantes da indústria cinematográfica: o musical. Neste gênero, a narrativa é construída, predominantemente ou exclusivamente, por músicas e canções que podem ou não ser acompanhadas de coreografias. Na maior parte das vezes, o enredo gira em torno de um romance.
De acordo com a visão de muitos críticos e de diversos profissionais da área cinematográfica, o filme musical pode ser identificado como uma forma, ou estilo, não constituindo exatamente um gênero. Dessa maneira, um musical é caracterizado como tal simplesmente pelo fato de os personagens cantarem em cena, podendo o gênero da película ser qualquer um entre os já conhecidos.
Em termos históricos, os musicais de cinema têm sua origem no teatro. Desde a Grécia Antiga, os artistas (nesse caso, as atores) reuniam em suas performances tanto dramaticidade quanto musicalidade. No decorrer dos séculos, essa relação deu origem à ópera, um tipo de espetáculo cujas bases narrativas terminaram por estabelecer os parâmetros do que viriam a ser os grandes espetáculos musicais.
Em 1927, a mudança do cinema mudo para o cinema falado foi o pontapé inicial para um período em que o gênero musical reinou absoluto na preferência do grande público, a chamada Era de Ouro, que se estendeu até o final dos anos 60. Nesse período, surgiram obras como “Cantando na Chuva”, “Amor, Sublime Amor” e “A Noviça Rebelde”. Além destes, “Mary Poppins” também foi um grande sucesso que marcou época, e aproveitando a estreia de “O Retorno de Mary Poppins”, sequência do clássico, segue abaixo uma lista dos mais célebres musicais produzidos para o cinema em sua famosa Era de Ouro.
“O Cantor de Jazz” (1927), de Alan Crosland
Estrelado por Al Jolson, “O Cantor de Jazz”, da Warner Bros., refletia em seu enredo, pelo menos em parte, a vida real do próprio Jolson, um menino judeu que, contra a vontade de sua família, tinha o desejo de ser cantor, aspiração essa que se tornaria realidade.
A produção foi a primeira obra cinematográfica, em termos de longa-metragem, a apresentar diálogos falados e músicas diretamente na película, o que fascinou o público da época. Até então, os atores e atrizes cantavam escondidos atrás da tela, como em uma dublagem, enquanto, à frente, os pianistas improvisavam a trilha sonora.
O sucesso dos primeiros musicais que se seguiram a “O Cantor de Jazz” foi tanto que, em 1929, a Fox Films anunciou que se dedicaria exclusivamente a esse tipo de filme.
“Melodia da Broadway” (1929), de Harry Beaumont
“Melodia na Broadway” narra os romances das estrelas musicais da Broadway, o famoso bairro teatral de Nova York. Na trama, duas irmãs, Queenie (Anita Page) e Hank Mahoney (Bessie Love), apaixonam-se pelo mesmo homem, Eddie Kearns (Charles King).
Esse foi o primeiro musical da Metro-Goldwyn-Mayer (MGM), estúdio que nos anos seguintes faria história com diversos outros longas do tipo. Com a maior arrecadação do ano de 1929, a popularidade do filme estendeu-se por muitos anos, rendendo muitas outras produções que procuraram emular seu estilo.
Como muitas salas de cinema ainda não dispunham do equipamento de som requerido para a sua exibição, “Melodia na Broadway” acabou ganhando uma versão muda. A canção-tema do filme, “Give My Regards to Broadway”, de George M. Cohan, tornou-se um clássico. Em 1930, a obra ganhou o Oscar de Melhor Filme.
“O Picolino” (1935), de Mark Sandrich
Nessa comédia romântica, Jerry Travers (Fred Astaire) é um dançarino americano que vai a Londres para estrelar um show. Lá ele conhece e tenta impressionar Dale Tremont (Ginger Rogers). Mas tudo dá errado quando Dale o confunde com o marido de sua melhor amiga.
Baseado em uma peça teatral, “O Picolino” é lembrado, principalmente, pelo clássico número de dança “Cheek to Cheek”, que também rendeu o apelido dado por Astaire a Ginger, “Feathers” (“Penas”), devido ao vestido usado por ela no número musical. Quem já teve a oportunidade de assistir a “À Espera de Um Milagre” (1999) certamente se recordará da importância dessa belíssima cena para aquele filme.
“O Mágico de Oz” (1939), de Victor Fleming
Baseado no livro infantil homônimo de L. Frank Baum, “O Mágico de Oz” conta a história da jovem Dorothy (Judy Garland), que é capturada por um tornado no Kansas e levada a uma terra fantástica de fadas, bruxas, anões, leões covardes, espantalhos falantes e homens de lata. No período de seu lançamento, a produção da MGM não foi tão bem-sucedida, mas, com o passar dos anos, a obra tornou-se um clássico absoluto.
Além de se destacar pelo uso notável, na época, da técnica do Technicolor, “O Mágico de Oz” ganhou fama por suas divertidas e belas canções. Dentre elas se destacam a singela “Over the Rainbow” – vencedora do Oscar de Melhor Canção Original em 1940 -, cantada pela protagonista Dorothy e apontada pelo American Film Institute (AFI) como a melhor canção de filmes estadunidenses da história, e a entusiasmante “We’re off to See The Wizard”, com seu refrão repetido por diversas vezes durante toda a projeção da película.
“Agora Seremos Felizes” (1944), de Vincente Minnelli
Mais uma produção da MGM, “Agora Seremos Felizes” traz novamente Judy Garland como protagonista de um musical. A trama conta a história de quatro irmãs que vivem em St. Louis, no Missouri, durante o período da Exposição Universal de 1904. O filme é uma adaptação a partir de uma série de contos escritos pela americana Sally Benson e publicados originalmente na revista The New Yorker.
Garland e o diretor Vincent Minnelli, que logo se casariam – e, como fruto dessa união, gerariam a atriz e cantora Liza Minnelli -, conheceram-se nos sets de filmagens deste longa. Os destaques musicais de “Agora Seremos Felizes” ficaram por conta das canções “The Trolley Song” e “Have Yourself a Merry Little Christmas”.
“Sinfonia de Paris” (1951), de Vincente Minnelli
“Sinfonia de Paris” é um romance em que um veterano da Segunda Guerra Mundial, Jerry (Gene Kelly), vive em Paris tentando se firmar como pintor. Ele conhece uma milionária que o apoia e tenta ajudá-lo a subir na carreira, mesmo estando mais interessada nele do que na sua arte. Mas ele acaba se apaixonando por Lise (Leslie Caron), que está noiva de outro homem, por quem ela tem uma dívida de gratidão por tê-la salvado e à sua família durante a guerra.
O maior momento de “Sinfonia de Paris” é a dança do casal de protagonistas, acompanhado de um número considerável de figurantes, durante a canção “The American in Paris”.
“Cantando na Chuva” (1952), de Gene Kelly e Stanley Donen
O clássico dos clássicos! Tratando-se de musicais, essa é a sentença que melhor define a obra-prima “Cantando na Chuva”, mais um produto da MGM. Protagonizada por um já experiente Gene Kelly, junto a Donald O’Connor e Debbie Reynolds – mãe da atriz Carrie Fisher -, a comédia aborda o processo de transição, no final dos anos 20, entre o cinema mudo e o cinema falado. Quase todas as músicas da película não foram exatamente compostas para esse filme, pois tais canções foram selecionadas de produções que as haviam descartado anteriormente, e o roteiro foi escrito a partir delas.
Na trama, Don Lockwood (Kelly) é uma popular estrela do cinema mudo, sendo também cantor, dançarino e dublê. Ele trabalha para a Pictures Monumental, estúdio que, após ver a rival Warner Bros. lançar e obter grande sucesso com “O Cantor de Jazz”, decide transformar o próximo trabalho de Lockwood em uma produção sonora. A obra, então, passa a explorar de maneira cômica as dificuldades dos atores ao tentarem se adaptar à nova realidade.
“Cantando na Chuva”, que obteve uma recepção apenas modesta na época de seu lançamento, ganhou o status elevado que ostenta nos dias de hoje graças às opiniões de muitos dos críticos contemporâneos – e também de alguns de seus predecessores -, que, felizmente, reconheceram na obra seu incomensurável valor. Na lista dos 25 maiores musicais americanos de todos os tempos da AFI o filme é o primeiro colocado.
Gene Kelly acabou imortalizado na imaginação dos cinéfilos de todas as gerações, graças àquele que talvez seja o momento mais icônico da história do cinema: a dança na chuva ao som de “Singin’ in the Rain”, que Kelly protagonizou com talento ímpar, mesmo estando acometido de febre alta durante toda a gravação da cena. Vale, e muito, a conferida!
“A Roda da Fortuna” (1953), de Vincente Minnelli
A comédia “A Roda da Fortuna” é baseada em uma peça antiga da Broadway, e é estrelada por Fred Astaire, que protagoniza essa produção da MGM ao lado de sua irmã Adele Astaire. Na sinopse, a estrela de teatro e cinema, Tony Hunter (Astaire), veterano de comédias musicais, está preocupado que sua carreira possa estar em declínio. Seus amigos escrevem uma peça que eles acreditam ser perfeita para o seu retorno. Mas, durante a montagem da peça, ocorrem problemas com o diretor e sua companheira de palco.
“Carmen Jones” (1954), de Otto Preminger
Pelo drama musical romântico “Carmen Jones”, Dorothy Dandridge, intérprete da personagem-título, foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz em 1955, tornando-se a primeira mulher negra a receber tal honra. O cantor Harry Belafonte também protagonizou a produção, que foi baseada na ópera de Bizet. Tanto Dandridge quanto Belafonte foram dublados durante as cenas musicais, ela pela mezzosoprano Marilyn Horne, e ele pelo cantor LeVern Hutcherson.
Na trama, Carmen Jones (Dandridge) é um furacão sedutor que vira a cabeça do soldado Joe (Belafonte). Mesmo comprometido, Joe se envolve com Carmen, acaba desertando do regimento após uma briga e fugindo com ela para Chicago.
“Nasce Uma Estrela” (1954), de George Cukor
Um astro de cinema em decadência decide ajudar uma atriz a se tornar uma estrela. Depois de trabalharem juntos em um musical, os dois se casam. O sucesso crescente da esposa e o declínio de sua própria carreira levam o decadente astro a recorrer ao alcoolismo.
O título do filme e a sinopse apresentada podem soar familiares ao público, pelo menos em parte. Isso se deve ao fato de “Nasce Uma Estrela” ter recebido, em 2018, um remake dirigido por Bradley Cooper (estreante na direção) e protagonizado pelo próprio Cooper ao lado de Lady Gaga. Enquanto na versão original, protagonizada por Judy Garland e James Mason, tínhamos um casal de atores, na recente adaptação tivemos uma dupla de cantores.
“Garotos e Garotas” (1955), de Joseph L. Mankiewicz
Marilyn Monroe, Gene Kelly e até Grace Kelly foram cotados para participarem dessa produção. No entanto, “apenas” Marlon Brando (“O Poderoso Chefão”) e Frank Sinatra (“A Um Passo da Eternidade”) foram confirmados. Mas Brando e Sinatra juntos no mesmo filme já é por si só um motivo mais do que justo para assistir a “Garotos e Garotas”. Bom, para o público essa até pode ser uma ótima pedida, mas para Sinatra a coisa foi bem diferente. O cantor, que também era ator, ficou indignado pelo fato de Brando – a quem ele detestava – ter obtido o papel principal, que, obviamente, era almejado por Sinatra.
Na trama, o jogador Sky Masterson (Brando) é desafiado a levar uma missionária do Exército da Salvação para Havana. A aposta funciona até que eles se apaixonam.
“Oklahoma!” (1955), de Fred Zinnemann
Oklahoma, virada do século XX. Curly (Gordon MacRae) é um cowboy que tem problemas em admitir seus sentimentos por Laurey (Shirley Jones), assim como ela por ele. Judd (Rod Steiger), um assalariado contratado para ajudar na fazenda do pai de Laurey, apaixona-se pela garota e tenta ficar entre os dois. Porém, além deles, Laurey apaixonou-se por um vendedor mulherengo, e Will (Gene Nelson), o namorado dela, está de volta à cidade após uma viagem.
“Oklahoma!” é baseado em uma peça musical homônima de 1943. O filme foi pioneiro ao ousar misturar musical e faroeste em uma comédia de ação.
“O Rei e Eu” (1956), de Walter Lang
“O Rei e Eu” conta a história verídica de Anna Leonowens (Deborah Kerr), que viaja a Sião (atual Tailândia) contratada como preceptora e professora dos filhos do rei local (Yul Brynner). Apesar de, no princípio, haver um certo choque de culturas e hábitos, eles acabam por se aceitar na sua diversidade.
O filme, baseado em uma peça homônima da Broadway dos anos 50, é um clássico repleto de humor, de belíssimas músicas e de empolgantes coreografias. A obra recebeu o prêmio WGA (Writers Guild of America Award) de Musical Estadunidense Melhor Escrito.
“Amor, Sublime Amor” (1961), de Jerome Robbins e Robert Wise
Mais uma adaptação oriunda de um espetáculo da Broadway, “Amor, Sublime Amor” é um dos maiores clássicos da história do cinema, tendo vencido o Oscar de Melhor Filme em 1962, e obtido sucesso de crítica e público. Tanto o musical teatral quanto o filme são adaptações livres, ambientadas na década de 1950, de “Romeu e Julieta”, de William Shakespeare. Produzido pela United Artists, é, até hoje, o musical mais premiado da história, com 10 Oscars, 3 Globos de Ouro e 2 Grammys.
A trama mistura musical, drama e suspense policial. No lado oeste de Nova York, à sombra dos arranha-céus, ficam os guetos de imigrantes e classes menos favorecidas. Duas gangues, os Sharks, de porto-riquenhos, e os Jets, de brancos de origem anglo-saxônica, disputam a área, seguindo um código próprio de guerra e honra. Tony (Richard Beymer), antigo líder dos Jets, apaixona-se por Maria (Natalie Wood), irmã do líder dos Sharks, e tem seu amor correspondido. A paixão dos dois fere princípios em ambos os lados, acirrando ainda mais a disputa.
Entre os números musicais de “Amor, Sublime Amor”, destacam-se “Prologue” e “America”. Um remake sob a batuta de Steven Spielberg está a caminho.
“A Hard Day’s Night – Os Reis do Iê Iê Iê” (1964), de Richard Lester
O ano é 1964, e a Beatlemania está no seu auge. Enfrentando produtores nervosos, fãs histéricos e parentes problemáticos, John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Star – interpretados pelo próprio quarteto de Liverpool – buscam de todas as maneiras se divertir e, ao mesmo tempo, cumprir os compromissos firmados. Isso é tudo o que se precisa saber a respeito de “A Hard Day’s Night – Os Reis do Iê Iê Iê” (1964), primeiro filme dos Beatles e uma divertida comédia musical em preto e branco.
“Mary Poppins” (1964), de Robert Stevenson
Na Londres de 1910, um banqueiro rígido e severo com os filhos escreve um anúncio no jornal em busca de uma governanta. Trazida pelo vento em um guarda-chuva voador, uma babá com poderes mágicos aparece para transformar a triste rotina da família.
“Mary Poppins” traz a ótima Julie Andrews na pele da personagem-título, uma adorável babá mágica, nesse que é um grande clássico da fantasia e do gênero musical. Baseado na série homônima de livros da escritora australiana P. L. Travers, o filme também é um dos primeiros musicais live-action da Disney.
Sucesso de público, “Mary Poppins” foi o longa de maior bilheteria de 1964, e, seguindo o fluxo inverso das produções cinematográficas musicais, inspirou a criação de uma peça baseada no filme. A obra conquistou nada menos que cinco Oscars, incluindo o de Melhor Atriz para Andrews e o de Melhor Canção Original para “Chim Chim Cher-ee”.
“Minha Bela Dama” (1964), de George Cukor
“Minha Bela Dama”, da Warner, é uma comédia musical baseada na peça teatral “Pigmalião”, de George Bernard Shaw. A obra, que venceu, entre outras categorias, o Oscar de Melhor Filme, traz ninguém menos que Audrey Hepburn como protagonista.
“My Fair Lady” – título original em inglês, que é bastante difundido no Brasil – conta a história de Eliza Doolittle (Hepburn), uma mendiga que vende flores pelas ruas escuras de Londres em busca de uns trocados. Em uma noite, Eliza conhece Henry Higgins (Rex Harrison), um culto professor de fonética, e sua habilidade em descobrir muito sobre as pessoas apenas através de seus sotaques. Quando ouve o horrível sotaque de Eliza, Higgins aposta com um amigo que é capaz de transformar essa simples vendedora de flores em uma dama da alta sociedade num espaço de seis meses.
“Os Guarda-Chuvas do Amor” (1964), de Jacques Demy
“Os Guarda-Chuvas do Amor” é uma comédia romântica musical que, além de entreter, mostrou ao mundo que nem só de Hollywood procedem os bons filmes musicais. O longa é uma produção francesa estrelada pela musa Catherine Deneuve.
Na trama, Geneviève (Deneuve), uma jovem de dezessete anos, vive com sua mãe e trabalha na loja de guarda-chuvas desta. Ela se apaixona por Guy (Nino Castelnuovo), e ele por ela. Porém, o amor deles é interrompido quando Guy precisa partir para a guerra da Argélia por dois anos. Geneviève tem que se decidir entre esperar por Guy ou se render às novas e inusitadas propostas.
“A Noviça Rebelde” (1965), de Robert Wise
No fim dos anos 30, pouco antes da Segunda Guerra Mundial, uma noviça (Julie Andrews) que vive num convento, mas que não consegue se adaptar às regras religiosas do local, vai trabalhar como governanta na casa de um capitão viúvo (Christopher Plummer) com sete filhos e leva alegria de novo a esse novo lar.
Em 1965, Julie Andrews, que no ano anterior havia encantado o mundo com “Mary Poppins”, tornou-se praticamente a grande dama da Era de Ouro dos musicais ao dar vida à personagem Maria von Trapp. “A Noviça Rebelde” foi baseado no livro de memórias “The Story of the Trapp Family Singers”, de Maria von Trapp, e na peça homônima.
Drama, comédia, romance e musical foi a combinação perfeita para a criação de um clássico incontestável, que substituiu “E O Vento Levou” (1939) como o filme com maior bilheteria na época de seu lançamento. A película, uma produção da Fox, saiu-se vencedora de cinco Oscars em 1966, entre eles o de Melhor Filme.
“Funny Girl – A Garota Genial” (1968), de William Wyler
Fanny Brice (Barbra Streisand), uma comediante e cantora talentosa, sai da obscuridade para se tornar uma das artistas mais amadas dos palcos da Broadway, em Nova York. Em busca de felicidade, ela se aproxima do charmoso Nicky Arnstein (Omar Sharif).
“Funny Girl – A Garota Genial” rendeu à cantora Barbra Streisand, então estreando nos cinemas, o Oscar de Melhor Atriz em 1969.
“Oliver” (1968), de Carol Reed
“Oliver” é praticamente um Davi que derrotou muitos Golias. Isso porque no ano de seu lançamento, 1968, o cinema concebeu alguns de seus maiores clássicos – entre eles estão “Planeta dos Macacos”, “2001 – Uma Odisseia no Espaço”, “Era Uma Vez no Oeste” e “O Bebê de Rosemary” -, mas foi a esse drama musical britânico que foram destinadas as maiores honrarias das grandes premiações. Entre os muitos Oscars conquistados na cerimônia de 1969 está o de Melhor Filme.
Na trama, adaptada do clássico romance “Oliver Twist”, de Charles Dickens, ao fugir de um orfanato, o pequeno Oliver acaba caindo nas mãos de um velho ladrão, que treina diversas crianças órfãs para cometer furtos pelas ruas de Londres no século XIX.
“Alô, Dolly!” (1969), de Gene Kelly
Encerrando a Era de Ouro dos grandes musicais está “Alô, Dolly!”. A produção apresenta uma dobradinha que não poderia falhar: a estrela Barbra Streisand como protagonista, e o astro Gene Kelly como diretor.
A trama é ambientada na Nova York de 1890. A ousada e encantadora viúva Dolly Levi (Streisand) é uma socialite que virou casamenteira. Com seus esquemas, Dolly tenta encobrir seus próprios projetos românticos secretos.
Duas canções de “Alô, Dolly!” foram referenciadas na animação “Wall-e” (2008): “Put On Your Sunday Clothes” e “It Only Takes a Moment”.
Nas décadas seguintes, outros musicais de relativo sucesso chegaram às telonas, mas sem o mesmo impacto das obras clássicas da Era de Ouro. Recentemente, algumas produções como “La La Land – Cantando Estações” (2016) e “O Rei do Show” (2017) surgiram na tentativa de resgatar o prestígio que o gênero havia perdido, e é possível dizer que, gradativamente, o público tem demonstrado maior interesse por esse tipo de filme. Não à toa, “Amor, Sublime Amor” ganhará um remake nos próximos anos, e a Disney traz novamente ao cinema a icônica Mary Poppins, dessa vez interpretada pela ótima Emily Blunt (“Um Lugar Silencioso”).
Apostar em releituras dos grandes clássicos talvez seja mesmo o grande trunfo, a sacada de gênio, a carta na manga de Hollywood para ressuscitar no imaginário dos espectadores de hoje o vívido interesse pelos grandes musicais. Sendo assim, que Mary Poppins, ao descer novamente do céu com o seu mágico e icônico guarda-chuva, traga mais uma vez a magia, a fantasia e a inocência perdida que os musicais de outrora foram capazes de proporcionar às plateias de uma Era de Ouro nem tão distante assim.