O Doador de Memórias entra para o filão das adaptações young adults
Baseado no best-seller de Lois Lowry, longa estreia essa semana no Brasil.
Já está ultrapassado questionar se Hollywood passa por uma crise criativa ao investir tanto em adaptações das mais variadas mídias, sem citar as incansáveis sequências e franquias. É um fato na indústria que as adaptações antes mesmo de serem rodadas já garantem uma parcela de público nas salas de cinema, curiosa para ver as histórias foram levadas ao cinema. No geral, essa prática não é de todo um mal, já que o cinema pode imortalizar obras como “Harry Potter” e “O Senhor dos Anéis”, para citar algumas.
Essa percepção de que o desgaste criativo existe vem principalmente pelo motivo de que grandes best-sellers, como “O Doador de Memórias”, que estreia essa semana no Brasil, têm orçamento garantido dos grandes estúdios. Por outro lado, filmes alternativos ou indies que circulam festivais de cinema pelo mundo nem sempre têm a mesma sorte, mesmo que eles tragam, assim, as tão histórias originais que o público acha não existir. Elas existem, mas o orçamento curto prejudica até mesmo as questões de marketing e lançamento pelo mundo.
Para “O Doador de Memórias”, foram destinados US$ 25 milhões, verba até modesta para os dias de hoje. Com o feito, a Weinstein Company conseguiu reunir os oscarizados Meryl Streep e Jeff Bridges, também produtor do filme, ao lado de Taylor Swift e do jovem Brenton Thwaites, que atraem boa parcela de público. Até a publicação dessa coluna, o longa, lançado nos Estados Unidos em agosto, arrecadou US$ 43,4 milhões mundialmente, número que certamente se ampliará nos próximos meses.
O longa entra para o filão já consolidado de adaptações young adults, direcionadas a um público ávido por aventuras, fantasias, ficção científica e mundos distópicos. A partir da obra de sucesso escrita por Lois Lowry, que virou obrigatória em várias escolas americanas, o longa começou com o pé direito com o elenco envolvido e uma arrecadação positiva, naturalmente gerando mídia espontânea e expectativa no grande público.
Entretanto, os críticos especializados não foram muito receptivos ao considerar que o longa, dirigido por Phillip Noice, não alcança o teor correto do material original. É de se esperar, visto que o trailer já anuncia mudanças significativas em alguns arcos dramáticos. Vale lembrar que, independente da fidelidade ao material original, uma adaptação cinematográfica deve se sustentar sozinha e, para isso, muitas vezes alterações são necessárias, por mais que incomodem.
“O Doador de Memórias” é um livro riquíssimo e bem mais rigoroso do que outras tramas afins, como “Jogos Vorazes” e “Divergente”. O universo criado em 1993 por Lowry é difícil de adaptar, então esperar para ver o resultado final a partir de 11 de setembro nas telonas.
+ Oficina em Fortaleza
Estão abertas as matrículas para a quarta turma da Oficina Básica de Roteiro para Cinema, que será ministrada por mim nos dias 27 de setembro e 04 e 11 de outubro, em Fortaleza (CE). O curso faz parte do Extensão Cinema e acontece no auditório da Cecomil MegaStore, localizado no bairro Aldeota. Os interessados em aprender sobre elaboração e formatação de roteiros de ficção e documentário podem se inscrever até o dia 25 desse mês. Mais informações neste link.
+ RioMarket
Também estão abertas as inscrições para o RioMarket 2014, área do Festival do Rio voltada para o mercado audiovisual. O RioMarket oferece workshops, master classes e seminários que reúnem grandes profissionais do setor, diretores, produtores, roteiristas, técnicos e autoridades para discutir com o público os temas mais atuais do mundo do cinema e da televisão. Inscrições e informações no site oficial.
+ BIFF
O longa norueguês “Eu Sou Sua” (“I am Yours”) venceu os prêmios de Melhor Filme e Melhor Atriz na terceira edição do Brasília International Film Festival (BIFF). O filme cubano “Conducta” também levou para casa dois prêmios: Melhor Roteiro e Melhor Ator para Aramando Valdés. Joana Kos-Krause e Krzyzstof Krause conquistaram o prêmio de Melhor Direção por “A História de Papusza”.
+ Glauber Rocha
No dia 16 de setembro, a cópia restaurada do clássico do cinema nacional “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, de Glauber Rocha, abrirá a 47ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. A sessão homenageia os 50 anos de lançamento do filme e acontece no Cine Brasília, que será palco das mostras competitivas do Festival até 23 de setembro. Concorrem aos Candangos seis longas-metragens, entre eles “Branco Sai, Preto Fica”, de Adirley Queirós (DF), e 12 curtas, entre eles “Estátua!”, da premiada Gabriela Amaral Almeida (SP).
+ Marlene Dietrich
A diva do cinema Marlene Dietrich ganhará uma mostra retrospectiva no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo, de 17 de setembro a 20 de outubro, e de Brasília, de 1º a 20 de outubro. Serão exibidas 25 obras da estrela alemã mais importante do cinema, entre eles os sete filmes da parceria dela com Josef von Sternberg, apresentados em película. Simplesmente imperdível!
+ Curtas-metragens
O Canal Brasil exibirá os curtas-metragens concorrentes à nona edição do Grande Prêmio Canal Brasil de Curtas, dias 10 e 11 de setembro, às 22h. O prêmio reúne os concorrentes que saíram das edições do Prêmio Canal Brasil, realizado em 2013 nos principais festivais do país. O vencedor será divulgado no dia 21 de setembro, às 23h30. Entre os curtas, estão “A Navalha do Avô”, vencedor do Festival de Cinema de Gramado; “Sanã”, premiado no Cine Ceará; e “Pátio”, que ganhou no Festival É Tudo Verdade.
+ Farol
A primeira edição do Farol – Festival Internacional de Cinema de Fortaleza chega ao fim nesta quarta-feira (10), com a exibição do longa argentino “La Princesa de Francia”, de Matías Piñeiro. O público marcou presença na ampla programação do evento, principalmente durante as sessões retrospectivas de “O Poderoso Chefão” e “O Exorcista”. Entre os filmes inéditos destacaram-se a excelente comédia/musical “Sinfonia da Necrópole”, de Juliana Rojas, e o híbrido “Castanha”, de Davi Pretto.
+ Dica da Semana
“Um Amor em Paris” (2013, França), de Marc Fitoussi
Em cartaz nos cinemas nacionais, o francês “Um Amor em Paris” traz Isabelle Huppert vivendo a crise no casamento. Cansada da rotina no interior ao lado do marido, a personagem Brigitte decide passar alguns dias em Paris, Lá, ela conhece um homem sedutor e vai viver uma aventura inesperada.
Refletindo de forma madura sobre questões importantes que envolvem os relacionamentos contemporâneos, o longa mescla o bom humor das situações vividas pela protagonista com o drama da busca pelo autoconhecimento.
Huppert não brilha sozinha no longa. O elenco também traz os competentes Jean-Pierre Darroussin e Michael Nyqvist. Juntos, eles são responsáveis por tratar a história com naturalidade e sem grandes rodeios. Dirigido por Marc Fitoussi (“Copacabana”), o longa foi exibido na programação do Festival Varilux desse ano e chegou aos cinemas em circuito limitado nas principais capitais.
https://www.youtube.com/watch?v=5JxgegfwBoI