Livros: A difícil adaptação da aventura futurista Ender’s Game
Complexo desenvolvimento do protagonista e cenários que exigem técnicas avançadas para reprodução fazem com que adaptação do livro aconteça somente 28 anos após seu lançamento.
O pequeno Andrew Wiggin tem apenas seis anos quando é recrutado para treinar e aprender técnicas de batalha em uma escola para soldados. Ele deixa sua irmã e irmão mais velhos para assumir uma responsabilidade que alguns outros jovens da cultura popular já tiveram de assumir: a de salvar o mundo.
Essa é a premissa de “Ender’s Game: O Jogo do Exterminador”, livro escrito escrito por Orson Scott Card em 1985 que, apesar de bastante cultuado, só agora ganha uma versão para o cinema. Ender, como Andrew é conhecido pelos amigos e professores, precisa aprender tudo o que uma escola de soldados pode ensinar para liderar a humanidade em uma última batalha contra uma raça de alienígenas, denominada Formics, que já atacou a Terra duas vezes. A terceira guerra, explicam a Ender, deve ser a final.
Apesar de ser um livro bastante antigo, a ideia de crianças colocadas em histórias de batalhas tem ganhado bastante espaço na cultura popular moderna. Distopias juvenis como “Jogos Vorazes” e “Divergente” também ganharam suas versões para a tela grande e nada mais natural que Ender recebesse o mesmo tratamento.
A trajetória de Ender começou com um conto publicado em uma revista de ficção científica americana. A história foi ampliada para um livro e logo Ender se tornou o protagonista de uma série de 10 obras. O primeiro deles, agora adaptado por Gavin Hood (“Infância Roubada”), estabelece quem é Ender, quais são seus medos, suas inseguranças, suas motivações e seus talentos. Ao longo do leitura conseguimos perceber o desenvolvimento de um menino de seis anos em um possível líder do exército humano.
Não é de se espantar, portanto, que a história tenha demorado quase 30 anos para migrar para a tela grande. Além de narrar um longo processo de evolução de personagem, “Ender’s Game: O Jogo do Exterminador” se passa praticamente todo no espaço, onde Ender deve aprende a usar a gravidade zero como uma vantagem em batalha e pilotar naves espaciais feitas para enfrentar uma raça alienígena que se comporta como insetos.
Card não apenas descreve espaços e movimentos que exigem uma grande qualidade técnica para serem adaptados, ele também imaginou meios de comunicação muito semelhantes com o que temos hoje. As crianças da escola de batalha, por exemplo, usam uma “mesa” que é descrita como um tablet, um computador pessoal usado para os estudos e comunicação entre alunos e professores.
Os jogos previstos no título são jogos de guerra bastante elaborados. Em uma sala sem gravidade, as crianças são divididas em batalhões e atiram uma nas outras com armas paralisantes enquanto tentam se proteger atrás de rochas flutuantes.
Em nossa imaginação, as peripécias e estratégias de Ender funcionam com maestria, mas podem ser bastante complicadas de traduzir para a tela grande, algo que é possível avaliar com o longa em cartaz nos cinemas.