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Nesta quinta-feira (20), o MinC escolheu “O Palhaço”, de Selton Mello, como representante brasileiro para tentar uma vaga na categoria de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar 2013. Como relatado na coluna a seguir, considerei o longa pouco provável de ser indicado, por ser inferior ao que tem sido escolhido pela Academia nos últimos anos (“A Separação”, “Em um Mundo Melhor” e “O Segredo dos seus Olhos”, últimos três vencedores). Porém, os critérios do MinC sempre surpreendem. Agora é torcer para que no dia 10 de janeiro a lista dos finalistas carregue nosso verde e amarelo, e que fique menos visível a vontade de querer projetar o ator e cineasta no mercado internacional.

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Ah, o Oscar… A última aparição significativa do Brasil na maior premiação do cinema foi em 2003, quando “Cidade de Deus”, de Fernando Meirelles, disputou os troféus de Fotografia, Edição, Direção e Roteiro Adaptado. Em Filme Estrangeiro, “Central do Brasil” foi o último a disputar nesta categoria, em 1999, antecedido por “O Quatrilho”, em 1996, e “O Que É Isso, Companheiro?”, em 1998. O longa estrelado por Fernanda Montenegro acabou perdendo para o italiano “A Vida é Bela”.

Em 2011, um pouco de Brasil foi levado ao Oscar com o documentário “Lixo Extraordinário” e esse ano Carlinhos Brown e Sergio Mendes competiram na categoria de Canção Original pela animação “Rio”. O mais próximo da vitória que chegamos foi com a produção Brasil/Estados Unidos “O Beijo da Mulher Aranha”, de Hector Babenco, que premiou o americano William Hurt como Melhor Ator.

Os brasileiros querem o seu troféu exclusivo, na tentativa ainda de superar a injusta derrota de Fernanda Montenegro pela performance em “Central do Brasil”, mas parece que os critérios usados pelo MinC na escolha do representante nacional nem sempre ajudam a dar uma boa visibilidade ao que está sendo feito por aqui. “Tropa de Elite 2” foi o escolhido para a última edição do Oscar e, mesmo com sua óbvia qualidade, não chegou perto de garantir uma vaga.

Esse ano, 16 filmes se inscreveram para tentar ganhar o selo de representatividade na premiação. Os longas passarão por uma comissão julgadora formada este ano por Ana Paula Dourado Santana, Secretária do Audiovisual do Ministério da Cultura; pelos cineastas Ana Luiza Azevedo, André Sturm e Flávio Tambellini; pelo diretor de fotografia Lauro Escorel; pelo produtor Carlos Eduardo Rodrigues; por George Torquato Firmeza, Ministro do Departamento Cultural do Itamaraty, e pelo jornalista e crítico de cinema José Geraldo Couto.

“Xingu” e “2 Coelhos”

Com bons concorrentes, a lista ainda traz alguns filmes pouco competitivos e que certamente devem ser excluídos, como “Billi Pig”, “O Palhaço” e “Elvis & Madona”. A exigência durante a inscrição é que tais filmes já estivessem passado pelo menos uma semana em cartaz em alguma sala nacional. Alguns deles fizeram mais sucesso em festivais brasileiros e devem estrear oficialmente nos próximos meses. Não tem como apostar todas as fichas naquele que certamente será indicado. Os critérios de escolha são relativos e, muitas vezes, não implicam em selecionar realmente o melhor deles. O que podemos, então, é supor aquelas produções que podem, em algum momento, dividir a opinião dos jurados.

O drama “À Beira do Caminho”, de Breno Silveira, pode chamar atenção pela temática familiar a “2 Filhos de Francisco”, também assinado pelo cineasta, e que foi selecionado para nos representar na Academia. Os dramas históricos “Heleno” e “Corações Sujos” também podem ser interessantes para o júri, visto que o primeiro é estrelado por Rodrigo Santoro, bem visto lá fora, e o segundo faz uma mistura de culturas que pode simpatizar lá fora. O sucesso de “2 Coelhos”, que irá render até uma versão americana, pode ser atrativo, mas certamente os (ótimos) riscos da linguagem de Afonso Poyart criem dúvida se esse é o momento certo para investir nele. “Xingu” traz a maturidade do cineasta Cao Hamburger, que foi o último a chegar mais próximo do Oscar, em 2007, quando o maravilhoso “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias” ficou entre os nove finalistas, perdendo a vaga posteriormente.

“Colegas e “Histórias que Só Existem Quando Lembradas”

A maturidade das temáticas de “Meu País” e “Menos que Nada” é visível, porém é incerto se teriam chance. Restam como grandes concorrentes o feel good road movie “Colegas”, de Marcelo Galvão, vencedor do último Festival de Gramado, que traz uma premissa delicada ao ter como protagonistas um trio de atores downianos e ainda faz referências a próprio fazer cinematográfico (note a qualidade o longa no trailer abaixo e a aventura ao estilo “Thelma & Louise”), e “Histórias que só Existem Quando Lembradas”, de Júlia Murat, que também ousa na temática e mostra a vida em uma cidade onde o cemitério está fechado porque ninguém mais morre. O longa de Murat já participou de diversos festivais internacionais, como em uma mostra paralela em Veneza, no ano passado.

Mesmo visualmente impecável e com a óbvia qualidade, “Paraísos Artificiais“ talvez não tenha a melhor temática para concorrer na premiação. Completam os concorrentes “O Carteiro”, “Luz nas Trevas” e “Capitães da Areia”. Como dito, o selecionado pode ser uma surpresa. O que esperamos é que seja uma surpresa boa e que a longa jornada até chegar às cinco vagas finais favoreça o nosso cinema nacional e nos dê a chance de levar um pouco mais de uma boa safra aos estrangeiros.

E vocês, apostam em algum dos concorrentes? Assistam aos trailer abaixo e opinem!

“À Beira do Caminho”, de Breno Silveira

“Billi Pig”, de José Eduardo Belmonte

“Capitães da Areia”, de Cecilia Amado

 “Colegas”, de Marcelo Galvão

 “Corações Sujos”, de Vicente Amorim

“2 Coelhos”, de Afonso Poyart

“Heleno”, de José Henrique Fonseca

“Elvis & Madona”, de Marcelo Laffitte

“Histórias que Só Existem quando Lembradas”, de Júlia Murat

“Luz nas Trevas”, de Helena Ignez e Ícaro C. Martins

“Menos que Nada”, de Carlos Gerbase

“Meu País”, de André Ristum

“O Carteiro”, de Reginaldo Faria

“O Palhaço”, de Selton Mello

 “Paraísos Artificiais”, de Marcos Prado

“Xingu”, de Cao Hamburger

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Diego Benevides é editor-executivo, crítico e colunista do CCR. Jornalista graduado pela Universidade de Fortaleza (Unifor), é pós-graduando em Cinema e Linguagem Audiovisual, especialista em Assessoria de Comunicação, pesquisador em Audiovisual e educador na linha de Artes Visuais e Cinema. Desde 2006 integra a equipe do portal, onde aprendeu a gostar de tudo um pouco. A desgostar também.