Cinema com Rapadura

Colunas   sábado, 07 de maio de 2011

Especial Dia das Mães: relembre as melhores e as piores mães do cinema

Como é a sua mãe? Boazinha? Malvada? Madrasta? Carinhosa? Fofoqueira?

São muitos os adjetivos que acompanharam a figura materna neste século de cinema em dramas familiares que ensoparam nossos lenços de lágrimas. Em celebração ao Dia das Mães, em parceria com a Rapadura Camila Fernandes, elaboramos uma lista com as melhores mães da história da Sétima Arte. São figuras que colocaram o amor aos filhos acima do amor próprio, romperam tabus e abandonaram sonhos para construir uma família.

Se sua mãe não se parece com elas, temos um alento: apresentamos quatro mães (se é que podemos considerá-las como tal) que fariam qualquer filho desejar nunca ter nascido. Perto delas, as explosões de histeria das nossas parecem um passeio no parque. Acompanhe e faça seu julgamento, mas esteja certo de que qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.

Mamãe Querida

Leigh Anne Tuohy (Sandra Bullock) já tinha marido e dois filhos para encher de mimos e uma conta corrente pomposa para comprar todas as futilidades do mundo. O que uma perua desocupada viu em um jovem negro, desabrigado e com uma mãe viciada? O fato é que alguma coisa aconteceu quando a socialite enxergou aquele rapaz com o dobro de seu tamanho caminhando na chuva com cara de cachorro pidão. É o velho instinto materno dando as caras em “Um Sonho Possível” e trazendo para Bullock a consagração máxima em forma de Oscar. Afinal, quem diria que debaixo de uma cabeleira platinada nos salões mais caros da cidade haveria um coração derretido?

Com uma poupança vazia e muito trabalho, Queenie (Taraji P. Henson) também emocionou muita gente ao adotar uma criaturinha enrugada que foi abandonada na portaria de uma casa para idosos. E é difícil não ficar com nó na garganta quando vemos Benjamin Button já crescido, sedento por aventuras em lugares distantes, deixando pra trás os cuidados maternos de alguém que só vivia em função dele. Por seu altruísmo, honestidade e energia, a Queenie de “O Curioso Caso de Benjamin Button” merece ocupar lugar de destaque no imaginário das melhores mães do cinema.

A veterana Meryl Streep também teve seus dias de boa mãe nas telonas. Em “As Pontes de Madison”, a atriz representou a mãe que abdicou de seus sonhos para erguer uma família e educar os filhos. Francesca Johnson largou os pais na Itália para viver sua fantasia precoce de amor ao lado do marido em um vilarejo perdido entre as estradas empoeiradas do interior de Iowa. Após anos de uma vida regrada e sem emoções, ela recebe a visita de um fotógrafo da National Geographic (Clint Eastwood) e, sem grandes pretensões, inicia um romance com data marcada para terminar. No momento da despedida, Francesca tem em mãos a possibilidade de reconstruir sua felicidade e resgatar o tempo perdido em uma cidade em que nada acontece. Por amor aos filhos e ao marido, abre mão de seus impulsos e retorna ao lar com força e dignidade invejáveis.

E por que não finalizar nossa lista de boas mães com a mesma Meryl Streep, agora em “A Escolha de Sofia”? Embora o foco do filme não seja o fatídico momento em que sua personagem precisou optar pela vida de um dos filhos, é perceptível que toda a sua existência foi marcada por aquele ato desesperado. Pela força de sua atuação na cena em que a escolha é realizada e pelas lágrimas de desespero que soube derramar de maneira com poucos precedentes na história do cinema, vai para Meryl outra posição de destaque entre nossas eleitas.

Vade Retro!

Assim como existe o lado bom, também há o lado negro da maternidade. Como qualquer ser humano, as mães também têm seus defeitos e listamos abaixo alguns nomes que são o exemplo disso. De forma alguma vamos generalizar e chamá-las de “más”, pois também se deve observar a história e o drama por trás de cada uma.

Até 1978, um ano e meio após sua morte, Joan Crawford era conhecida por ser uma grande estrela do cinema. Quando sua filha adotiva mais velha publicou o livro “Mamãezinha Querida”, que em seguida foi transformado em filme, o mundo testemunhou um lado sombrio da atriz que nunca imaginou conhecer. Através da interpretação de Faye Dunaway, Crawford foi retratada como uma pessoa abusiva e doentia, que não tinha qualquer afeto pelos filhos e que os teria adotado apenas para chamar a atenção da mídia. A performance de Dunaway foi massacrada pela crítica, mas até hoje a figura de Crawford é considerada assustadora graças ao filme.

Você se lembra de “Preciosa”? O que pode ser pior para uma adolescente do que ter um pai estuprador? Somar também uma mãe que a trata como lixo. Mary é a própria personificação de tudo o que uma mãe não deveria ser: abusiva, tirana, egoísta e extremamente agressiva. Ressentida pelo fato de seu marido se sentir mais atraído pela filha do que por ela mesma, Mary passa a tratar Preciosa como escrava, além de usar os netos como desculpa para não trabalhar e arrancar dinheiro do governo. Ao final do filme, quando ambas estão diante da assistente social, conhecemos a raiz de toda a sua amargura e podemos até compreendê-la, mas não perdoá-la. A comediante Mo’Nique surpreendeu a todos com sua interpretação brilhante, que lhe rendeu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante.

Outra adolescente atordoada pela mãe foi Carrie, de “Carrie – A Estranha”. Imagine ser uma jovem que é constante vítima de bullying na escola, volta para casa e tem uma fanática religiosa como mãe para te receber? A ensandecida Margaret White chega ao ponto de considerar a menstruação da filha como o resultado de “pensamentos impuros”. Convencida de que Carrie está possuída por Satã, ela acredita que o único modo de salvar a alma da filha é matando-a. Não é a toa que a moça se descontrola e a história termina em tragédia. A atriz Piper Laurie recebeu uma indicação ao Oscar pelo papel de Margaret.

Finalizamos nossa matéria com um clássico. Norman Bates é sem dúvida o responsável pela morte mais famosa do cinema: a famosa cena do chuveiro de “Psicose”. Mas o que o levou a se tornar um assassino? Apesar de praticamente não aparecer no filme, a misteriosa Sra. Bates se junta ao time de mães “assustadoras” pela estranha criação que deu ao seu filho Norman. A princípio, quando conhecemos o pacato Norman Bates, acreditamos que ele é apenas um rapaz tímido, que vive para atender aos desejos da mãe, e que ela era a verdadeira assassina.

Mas a verdade é que a Sra. Bates sufocou tanto a personalidade do filho que se tornou parte de sua psique. Descobrimos que ela já estava morta e que Norman havia embalsamado seu corpo, conservando-o e se fazendo acreditar que ela ainda estava viva, chegando a ter conversas com ela e a se travestir na hora de cometer os assassinatos. É quase como se ela tomasse conta do corpo do filho para matar mulheres, que considerava serem todas prostitutas. Tenebroso, não?

Com perfis distintos e peculiares, as mães são inesquecíveis não só na ficção cinematográfica, mas principalmente na vida real. Nesse domingo, leve a mãezona ao cinema e divida com ela bons momentos desse dia especial.

Essa matéria foi realizada por Jáder Santana e Camila Fernandes.

Jader Santana
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