Philip K. Dick, o filósofo ficcional que invadiu os cinemas
Ele foi o responsável por reeinventar o gênero da ficção cientifica.
“Matrix“, “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças“, “O Show de Truman“, “Clube da Luta”, “Donnie Darko“, “A Origem“. Filmes famosos que levaram milhões de curiosos às salas de cinema. Mas além da óbvia popularidade, o que esses filmes têm em comum? Todos, segundo seus autores, foram inspirados no trabalho de Philip K. Dick, autor de ficção científica que reinventou o gênero ainda na década de 50 e cujas obras abordavam questionamentos sobre a realidade e o ser humano. Você não sabe de quem eu estou falando? Então se ajeita nessa cadeira e espia só que eu vou te contar quem foi esse gênio da ficção científica.
Nascido em 1928, em Chicago, o autor teve uma vida conturbada digna de suas obras. A começar pela perda da irmã gêmea, seis semanas após o nascimento de ambos, fato que afetaria profundamente sua escrita, relacionamentos e todos os outros aspectos de sua vida, estando presente em vários de seus livros por meio do tema recorrente do “gêmeo fantasma”. Ainda por causa disso, ele desenvolveu um relacionamento difícil com os pais que se agravou com a separação dos mesmos quando ele tinha cinco anos de idade. Mudou-se com a mãe para a Califórnia onde moraria para o resto da vida.
Ao concluir o ensino médio em 1949, Dick ingressou na Universidade da California, mas devido a problemas de ansiedade logo abandonou os estudos. Somente então, após conseguir um emprego em uma loja de discos, teve mais tempo para se dedicar à literatura.
Em 1951, o autor finalmente publicou seu primeiro conto de forma independente. A partir de 1955, buscou seu lugar no mercado literário americano ao publicar seu primeiro livro, “Solar Lottery”, o ponto inicial para as várias histórias de ficção cientifica que escreveu entre as décadas de 50 e 60. Porém, o que poucas pessoas sabem é que Dick alimentava o sonho de estar entre os mais populares escritores americanos, naquela época composto por grandes romancistas, o que nunca chegou a acontecer uma vez que não houve interesse na publicação de seus romances fora do gênero da ficção científica.
No início da década de 60, veio o primeiro reconhecimento de suas obras na forma do Prêmio Hugo, por “O Homem no Castelo Alto”. A conquista, no entanto, não prestigiou seu estilo junto aos grandes nomes do mercado e o autor continuaria obrigado a publicar seus livros por pequenas editoras.
Entre fevereiro e março de 1974, Dick afirmou ter visões e experiências extra-sensoriais e acreditou firmemente viver entre dois mundos paralelos, o que serviu de inspiração para a criação da trilogia VALIS: “Valis” (1981), “The Divine Invasion” (1981) e “The Own in Daylight” (1982), livros da última fase de sua carreira.
As visões, no entanto, são atribuídas ao uso de anfetaminas, LSD e psicotrópicos, os quais o autor experimentou por quase toda a vida, além de seu conhecido histórico de doença mental. Em 1982, ele morreu vítima de um AVC (Acidente Vascular Cerebral), deixando cinco ex-esposas e três filhos, além de um legado que incluem 44 livros e 121 contos, entre eles “O Homem do Castelo Alto“, “Minority Report“, “Os Três Estigmas de Palmer Eldritch“, a trilogia “Valis“, “Vozes da Rua” e “O Pagamento“. Suas cinzas foram levadas para o Colorado e depositadas no túmulo de sua irmã.
Foi somente após sua morte, naquele mesmo ano, que seus livros ganharam notoriedade junto ao grande público, tendo seguidas adaptações de suas tramas para o cinema, começando pelo clássico “Blade Runner – O Caçador de Andróides” (1982), seguido por “O Vingador do Futuro” (1990), “Confissões de Um Louco” (1992), “Screamers – Assassinos Cibernéticos” (1995), “O Impostor” (2001), “Minority Report – A Nova Lei” (2002), “O Pagamento” (2003), “O Homem Duplo” (2006) e “O Vidente” (2007), responsáveis por tal feito.
Em 2011, o autor volta às telas com “Os Agentes do Destino“, filme baseado em seu conto “Adjusment Team“. O longa conta a história de David Norris (Matt Damon, de “O Vencedor”), um carismático congressista que parece destinado ao estrelato político nacional. Ele conhece Elise Sellas (Emily Blunt, de “O Diabo Veste Prada”), uma linda bailarina, mas começa a perceber circunstâncias estranhas e esforços ocultos atrapalhando o romance.
Mas quem ficou com vontade de ver mais, a Walt Disney promete para 2012 a adaptação em animação de “King of The Elvis”; além dessa, duas outras adaptações estão a caminho: “Radio Free Albemuth“, baseado no livro homônimo, finalizada e esperando distribuição; e “Ubik“, roteiro criado em 1974 pelo própio Dick, que ainda está em negociação. Quanta novidade aguarda os fãs de Philip K. Dick, não? Agora é só curtir esse novo filme e esperar.