Cinema com Rapadura

Colunas   quarta-feira, 08 de setembro de 2010

Classificação é importante. Cinderela Baiana é um grande exemplo disso!

Que tal uma prateleira especialmente para filmes toscos nas locadoras?

Embora eu tenha estudado isso em uma disciplina sobre cinema na faculdade, sinceramente não consigo lembrar quem começou a classificar os filmes como “suspense, aventura, comédia etc”. Mas isso não importa para o momento, foi apenas adendo.

Hoje, o que eu quero dividir com você são as minhas impressões sobre um filme brasileiro de 1998. Ele foi pouco divulgado, poucos são os que conheceram, tiveram notícias ou assistiram, mas é sucesso no YouTube. Eu só soube da existência dele outro dia, numa mesa de bar de uma sexta-feira qualquer, rodeada de aperitivos, boas companhias, conversas leves e agradáveis até quase o sol raiar.

Foram me narrando alguns trechos do filme e eu fui me envolvendo na história, tentando imaginar como seria o cenário, o figurino, a interpretação, a trilha sonora e, é claro, o elenco. (E olhe que eu não sou o tipo que de pessoa que racionaliza esses aspectos de um filme).

Curiosidade aguçada, finalmente recebo um convite para assistir ao “tal” filme, que envolve música, dança, luta, romance, sem falar que ainda aborda algumas problemáticas do nosso País, a exemplo da pobreza, da fome e do trabalho infantil no sertão nordestino.

Eis que me entrego aos encantos de “Cinderela Baiana”, que tem como protagonista, ninguém mais, ninguém menos do que Carla Perez, no auge do “É o Tchan”. O filme conta ainda com a participação de Alexandre Pires e Lázaro Ramos.

Antes que eu possa comentar qualquer coisa, gostaria de dividir com você a emoção de alguns trechos que achei na internet:

Confesso que sempre fico comovida com filmes que retratam a desigualdade social existente no Brasil. Como nordestina e cearense nata, essa realidade é bem mais próxima e visível, seja nas ruas, no bairro ao lado ou no noticiário local. Mas esse filme… pelo amor de Deus!!! Se eu fosse responsável pela escolha da classificação dele eu diria: tosca.

Por essas cenas que mostrei acima já dá para perceber o clima da história. Ele começa com imagens de uma família sofrida, em pleno sertão baiano. Enquanto o pai sai para estudar, a mãe leva a filha Carlinha (Carla Perez) para arranjar algum dinheiro para comer. A pobre criança desde cedo mostra suas habilidades artísticas, ao sair de casa, com fome, no calor escaldante, mas toda dançante e saltitante.

Como boa otimista e esperançosa que sou, assisti até o final para ver se melhorava, no entanto, a cada cena, eu sentia mais vergonha alheia. Após a morte de sua mãe, Carlinha se muda para Salvador com o pai, que conseguiu uma bolsa de estudo. Com seu talento congênito, a menina começa da dançar pelas ruas da capital baiana (inclusive quando não tem música por perto) e por algumas escolas de dança. Quando, enfim, é descoberta um por um “olheiro”, que muda sua vida.

O filme é  incrivelmente trash, mas me arrancou muitas gargalhadas. Além das mil cenas sem propósito, das sonoplastias estilo “Turma do Didi” e das interpretações dos diálogos que mais pareciam de criança apresentando feira de ciências na escola, um dos momentos mais marcantes é o da Cinderela Baiana dando um selinho na boca do seu príncipe, Alexandre Pires.

O romance começa com a ingênua Carlinha, já famosa, pedindo um autógrafo e uma foto com o pagodeiro. Acredite: ela desmaia com um selinho. Outros trechos muito engraçados são esses que mostrei acima. O filme inteiro só mostrou a Cinderela dançando e de repente, ela fala em demagogia. Como assim, onde ela aprendeu essa palavra? Cenas anteriores mostram a garota sem saber o que significava “protagonizar”.

Aliás, quem deveria ser o grande exemplo do filme era o seu pai, que estudou, se formou e virou sócio de um escritório de contabilidade. Outro destaque é Lázaro Ramos. Em meio a tanta falta de talento dos atores do filme, é incrível como a rapaz se sobressai, com exceção daquela cena em que, durante a briga, ele puxa o vilão por trás pelas orelhas.

Você que ainda não assistiu “Cinderela Baiana”, ficou na curiosidade? Eu recomendo. Filme é filme. Sempre vale a pena.

Karol Ximenes
@karolximenes

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