“Scarface: The World is Yours” é um jogo mais do que recomendado
O game é uma ótima continuação do filme e a todo instante você vai ter uma sensação de jogar um filme pelas ótimas cenas e momentos exclusivos.
Scarface, na minha humilde opinião, é o melhor que Al Pacino já fez na sua carreira, e com Scarface: The World is Yours você tem a honra de jogar um game direto desse clássico dos cinemas. Não sabe nada do filme? Assista a sessão da noite da Band ou compre aqui (uma super lata com dois DVDs) que vale muito a pena.
Mas e aí? O jogo é tão bom quanto filme? É o melhor clone de GTA que você pode jogar e, diferente da maioria de jogos baseados em filmes, ele é um final alternativo para a versão das telonas, ou seja, ter assistido ao filme é essencial para ter um bom proveito e entender a história do jogo.
O game já começa com o clássico tiroteio do final do filme, e de cara, você já vai se sentir o ser mais machão e carrancudo do mundo, dando muitos tiros e xingando suas vítimas. Logo de início, você já sente controles firmes e precisos com uma opção de mira automática que realmente funciona, botão de xingar para aumentar suas ‘balls’ (culhões saca?) e ainda a possibilidade de executar suas vítimas de perto com tiros certeiros que estouram cabeças, contando até com o ‘modo fúria’, onde o jogo fica em primeira pessoa e você temporariamente invencível.
Depois do tiroteio inicial na casa de Tony, ele dá um tempo para a poeira baixar e retorna ao seu Cadillac 69 com bancos de oncinha para buscar vingança e reerguer seu império do zero, começando como um traficante de meia-tigela, vendendo graminhas a viciados e, aos poucos, aumentando as quantidades e dominando a cidade até ter o mundo aos seus pés novamente.
As armas são mais do mesmo, com pistolas, espingardas, metralhadoras, e lança foguetes a lá Resident Evil, tendo destaque para a motosserra, que com certeza esse jogo tem o melhor controle e efeito ao usá-la. Outro detalhe são seus capangas, que realmente prestam para alguma coisa, podendo ser usados para defender algo ou partir pra cima.
O jogo também tem elementos de RPG. Você terá que conversar e negociar tudo, como compra de drogas, subornar a polícia, depositar a verba no banco e dar cantadas nas minas, seguindo um sistema meio The Warriors, apertando, segurando e soltando botões na hora certa.
Ao contrário do que parece na teoria, o ‘dialogar’ é legal, pois tem uma perfeita atuação de vozes, embora não seja Al Pacino em pessoa o verdadeiro responsável pela voz de Tony Montana, mas o dublador fez um ótimo trabalho que ficou incrivelmente idêntico à voz e sotaque do próprio na época, sem contar o resto do cast, que é enorme e de ótima qualidade, contando até com Rodrigo Santoro.
Os gráficos são excelentes para o gênero e as plataformas, com interiores bem feitos e detalhados, assim como os exteriores que não perdem em nada, os carros também são muitos bem desenhados, assim como as ruas, e os efeitos das armas são animais, tal como as explosões
As músicas são ótimas, não só pela seleção, que vai de Iggy Pop e Motörhead a Johnny Cash e Rick James, tudo isso por seleção de gênero com a possibilidade de se montar suas próprias coletâneas e, o melhor de tudo, não precisa sentar no carro para ouvir a trilha sonora, ela rola solta quando você quiser, podendo temperar seus tiroteios com pérolas como ‘Cocaine Blues’, “Rush Rush” e outras.
Mas nem tudo são mil maravilhas, o game pecou em alguns aspectos. O quesito zoação, que impera nos GTAs e nunca foi superado, não é diferente aqui. Por mais que Scarface seja o jogo mais sangrento e boca suja do gênero, ele é muito politicamente correto, a começar que você não pode matar inocentes, e se você demorar para despistar a polícia você está “fucked” (é isso mesmo que aparece na tela), não tem jeito, você morrerá de tanto tiro que vai levar.
As missões são muito legais e empolgantes no começo, mas aos poucos vão ficando repetitivas, hora ou outra com algumas compensações, já que você evolui ganhando armas e territórios, que vão de cidades a ilhas paradisíacas, e também com opções de controlar outros personagens, como o motorista ou uma assassina contratada.
A evolução do game é um ótimo símbolo de capitalismo, pois além de você ralar e fazer o de tudo para ter reputação, você tem que ficar comprando coisas para poder evoluir, e isso vai de carros, barcos até souvenirs para emperiquitar sua mansão, como jukebox, televisões, animais empalhados, entre outras patifarias.
E a dificuldade é meio elevada, já que de repente, num tiroteio, você pode ter a cabeça estourada, não importando a sua energia. O nível de procurado da polícia e das guangues (é, são dois) realmente importa, já que se eles estiverem à sua procura, nem andar na rua você consegue.
Moto e avião pra quê? Motos simplesmente não existem no jogo, e o único avião presente não é pilotável, você só entra nele, seleciona a localização e pronto! Mas isso acaba até não fazendo falta pela grande variedade de carros, com réplicas de Lamborghinis e até um Delorean (aquele do De Volta Para o Futuro), já que, no caso, você não é nenhum ladrãozinho capenga, como em GTA, aqui você pode até roubar, mas se precisar do carro é só ligar pra o seu empregado que ele o traz até você, e, diga-se de passagem, a direção é ótima, com direito a drifts e tudo o mais.
No final, Scarface é uma ótima continuação do filme, já que a todo momento você vai ter uma sensação de jogar um filme pelas ótimas cenas e momentos exclusivos e mesmo com alguns deslizes, o game compensa por alguns recursos e ótimos gráficos, que com certeza vão te fazer delirar com várias horinhas e muito Tony Montana.
PRÓS
– Melhor gráfico num jogo do gênero no PS2, Xbox e Wii
– Dublagem excelente
– História alternativa de primeira
– Você é Tony Montana!
CONTRAS
– Dificuldade muito elevada
– Missões repetitivas
– Tem que ter muito balls pra chegar nos 100%