O jogo The Warriors eterniza o clássico cult dos anos 70 de forma incrível
Baseado em um filme que tem um contexto focado em personagens que pouco conhecemos, o jogo é uma coqueluche para quem quer conhecer além daquilo que foi mostrado nos cinemas.
A definição para clássico cult é quando um filme teve influência em uma geração, mas acabou sendo renegado a pequenos públicos com o passar do tempo. “Os Selvagens da Noite” (The Warriors) foi lançado nos cinemas em 1979 e mudou o conceito jovem de uma época. Inspirado em obra original escrita pelo norte-americano Sol Yurick em 1965, trazia o conceito de gangues em Nova York. Inclusive, Yurick se inspirou em Anábase, a obra mais conhecida do historiador grego Xenofonte (discípulo de Sócrates). O termo grego Anábase refere-se a uma expedição desde a costa para o interior de um território.
A história se passa em Nova York, em um indeterminado futuro. As gangues de delinquentes juvenis se reúnem numa convenção. O líder do principal grupo (Cyrus, da gangue Riffs) prega a união entre eles, pois juntos poderão controlar a cidade – o contingente deles é maior que a força policial. O líder acaba sendo assassinado, com a culpa recaindo sobre um bando da periferia (Warriors), que nada teve a ver com o atentado. Assim eles se vêem obrigados a atravessar a cidade, enquanto são caçados pelos membros das outras gangues
Vinte e cinco anos depois, a Rockstar Games, conhecida pelos polêmicos jogos da série “Grand Theft Auto” (GTA) e o nada educativo “Bully”, decide adaptar o filme para PlayStation 2, Xbox e PSP. Aliás, não só adapta, como recria e revive uma história abordada no filme. A Rockstar criou subtramas que envolvem toda a história original. No longa, pouco se sabia sobre os personagens. Desta vez, ficamos sabendo como a gangue The Warriors se formou, tomando controle da história de cada integrante principal, e até mostrando como o líder Cleon se sentiu motivado a criar sua própria turma (sim, ele fazia parte dos Destroyers, a maior rival dos Warriors). Ao passar as fases do jogo, vão surgindo histórias paralelas, onde é possível conhecer mais sobre as peculiaridades de cada personagem. Cleon, por exemplo, é o protagonista do jogo. No filme ele é o líder da gangue e aparece só no começo sendo espancado.
Os gráficos foram recriados de forma perfeita para o objetivo do jogo. Todos os detalhes de uma geração, como o hip-hop, grafite (pichação) e roupas características estão presentes. A jogabilidade tem um pouco dos grandes clássicos do gênero beat ‘em up (porradaria), como “Final Fight”, “Streets of Rage” (briga de rua) e “Double Dragon”. Cada personagem tem um estilo de luta diferente. Alguns são bons na luta com as mãos e outros com os pés. Por exemplo, o Rembrandt, que é o pichador oficial, tem pouca habilidade nas lutas, mas picha como ninguém. Inclusive, muitas das missões você tem que rasurar as pichações dos rivais.
O que deixa o jogo diferente dos outros games da Rockstar é o foco na história. Mesmo você tendo liberdade, suas ações fora das missões se resumem a base da sua gangue. Depois que entrar nas fases, os personagens se aventuram em outros lugares da cidade. Ao final de cada missão, estamos na base, em Coney Island, e lá temos acesso a extras, como entrar nas próximas missões, melhorar o desempenho em lutas (fazendo exercícios e praticando em aparelhos), fazer missões bônus na redondeza da base (como roubar sons de carros – de maneira bem engenhosa, por sinal – e conseguir tirar dinheiro de pessoas que andam na rua, torturando). Esse dinheiro é usado para comprar latas de spray para pichar e drogas para recuperar energia. Nos cenários tudo pode servir como arma: paus, pedras, garrafas, facas e caixas. É o verdadeiro “briga de rua”. Vale tudo!
Um dos vários minigames disponíveis no jogo está no Arcade dentro de sua base. Uma homenagem aos clássicos jogos onde você tem que salvar sua namorada. Tem um pouco de tudo, até do game para Master System, Hero. Sucesso é tanto que estão fazendo uma versão do jogo focada nesse minigame. Deu certo, funciona e diverte por muito tempo. Falando em replay, por ser em mundo focado na história, em menos de 20 horas é possível terminar o jogo. Com uma larga variedade de opções para destravar, o jogo consegue prender, mesmo que as vezes possa parecer repetitivo.
Baseado em um filme que tem um contexto focado em personagens que pouco conhecemos, o jogo é uma coqueluche para quem quer conhecer as histórias paralelas de cada personagem e de tudo que envolveu antes de acontecer o assassinato do líder da Riffis. Com pitadas de vários jogos de porrada, The Warriors é uma bela refeição para quem tem fome por esse gênero.
PRÓS
– Histórias paralelas bem boladas
– Variedade de estilos nas lutas
– Focado na história, sem perder tempo
– Muitos minigames divertidos
– Politicamente incorreto
– Violento na medida certa
CONTRAS
– Missões as vezes repetitivas
– Pequenos bugs de cenários
– Câmera inconstante
– Muito fácil