Cinema com Rapadura

Colunas   segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Quadrinhos de Star Wars

Aumentando o leque de produtos da saga criada por George Lucas, os quadrinhos trazem histórias ampliadas com ótima qualidade.

Em fevereiro de 2009, apareceu nas bancas, sem nenhum alarde, assim como quem não quer nada, a revista em quadrinhos Star Wars #1, lançamento da On Line Editora (compre as edições aqui). Como fã da saga criada por George Lucas, comprei-a, li e gostei bastante. Mas, devido a algumas circunstâncias, não continuei acompanhando, o que só pude fazer recentemente, quando peguei pra ler todas as revistas lançadas, desde a primeira até a oitava. A revista contém quatro séries do universo expandido de Star Wars, publicadas nos EUA pela editora Dark Horse, são elas: Knights of the Old Republic, Dark Times, Rebellion e Legacy. Nesta análise, vou comentar especificamente a edição 8 (que tem 4 versões e tramas diferentes), mas contando também a história até aqui.

Esclarecendo a cronologia de Star Wars, pra quem não conhece, o tempo é contado em anos antes da batalha de Yavin (BBY) ou anos depois da batalha de Yavin (ABY). A batalha de Yavin foi onde Luke Skywalker destruiu a primeira Estrela da Morte, e foi mostrada no primeiro filme da série: “Star Wars Episódio IV – Uma Nova Esperança”.

Cavaleiros da Antiga República (Knights of the Old Republic)
Roteiro: John Jackson Miller
Arte: Dustin Weaver

Aproximadamente em 3.964 BBY, a galáxia foi unificada sob o poder do senado. Nesta antiga república, os Jedi são os guardiões da paz e da justiça. Porém, um grupo de Jedi precognitivos tem uma visão de que alguém irá traí-los e gerar o colapso da ordem Jedi. Pelo que eles interpretaram, o traidor seria um de seus próprios padawans (aprendizes). Eles então tomam a mais difícil das atitudes em uma tentativa de preservar a ordem: ocultando essa informação de todos, inclusive dos outros Jedi, eles matam quase todos os seus padawans! O único sobrevivente, Zayne Carrick, aparece a tempo de presenciar o final do massacre. Ele consegue fugir, mas seus mestres colocam a culpa nele, afirmando a todos que o massacre de padawans em Taris foi executado por Zayne. Agora, Zayne é um fugitivo procurado por toda a galáxia, mas ele se juntou a um grupo de fugitivos e renegados e jurou desmascarar e executar justiça contra seus antigos mestres.

Nesta edição, a segunda parte do arco Flashpoint, Zayne e sua equipe se encontram no meio de uma batalha das Guerras Mandalorianas. Sua colega Jarael foi capturada e, por ter sido confundida com uma Jedi, ela é levada para a Estação Flashpoint, onde os Jedi são estudados e dissecados por um cientista mandaloriano para descobrir a origem de suas habilidades especiais. Agora, Zayne e sua equipe, com a ajuda de um mandaloriano renegado, terão que ir até lá para salvá-la.

Na minha opinião, essa é a melhor série da revista. Ela possui um roteiro interessante, cheio de conspirações e reviravoltas, onde não existem mocinhos e bandidos. Os mestres Jedi são assassinos infiltrados, que mataram um bando de aprendizes a sangue frio, ou eles são heróis por tentar acabar com uma guerra antes dela começar? São essas questões que deixam a história interessante. Neste edição, especificamente, a história se afasta um pouco da trama principal pra se aprofundar nos personagens de apoio, principalmente em Jarael e em Rohlan Dyre (o mandaloriano renegado), e também pra mostrar a situação política da galáxia, no caso as Guerras Mandalorianas.

Tempos Sombrios (Dark Times)
Roteiro: Mick Harrison
Arte: Dave Ross e Lui Antonio

Aproximadamente em 19 BBY, no período entre as trilogias (depois de Episódio III e antes de Episódio IV), o Império comandado por Palpatine (Darth Sidious) tomou conta da galáxia e exterminou a grande maioria dos Jedi através da Ordem 66. Darth Vader é o braço direito do imperador, mas apesar de seguir todas as ordens de seu mestre, ele ainda não está completamente seguro de seu papel como Sith. Em New Plympto, um grupo de separatistas é exterminado pelas tropas do Império, enquanto suas esposas e filhas são vendidas como escravos pela galáxia. Os únicos sobreviventes, Bomo Greenbark e Dass Jennir, um antigo Jedi refugiado entre os separatistas, procuram pistas sobre a esposa e a filha de Bomo. Eles recebem ajuda de um bando de contrabandistas, mas chegam tarde demais. A esposa de Bomo foi morta tentando evitar que a filha fosse vendida e esta foi morta e devorada pelo seu comprador. Para evitar que Bomo entrasse no caminho sem volta da vingança, Dass Jennir executa o assassino da filha de Bomo, o que rompe de vez a relação dos dois.

Nesta edição, a terceira parte do arco Paralelos, o grupo de contrabandistas do qual Bomo agora faz parte enfrenta a traição de um suposto comprador, enquanto o Jedi K’Kruhk tenta esconder um grupo de padawans das tropas do Império. Um desses padawans, por sinal, é o filho de uma integrante da equipe de contrabandistas de Bomo.

Essa é outra história impressionante e que foge dos clichês. Durante as cinco primeiras edições acompanhamos a busca de Jennir e Bomo pelas suas esposa e filha, só pra descobrir no final que as duas já estão mortas! E no segundo arco um novo núcleo de personagens é integrado à história, a princípio sem nenhuma relação com o núcleo original, mas nesta edição vemos a ligação entre os dois plots.

Rebelião (Rebellion)
História: Brandon Badeaux e Rob Williams
Roteiro: Rob Williams
Arte: Michel Lacombe

No ano 3 ABY (entre os episódios IV e V), a rebelião se espalha em protesto à tirania do Império. Luke Skywalker, o herói da rebelião que destruiu a Estrela da Morte, tenta resgatar seu amigo de infância Janek “Tank” Sunber, que agora é um soldado imperial. Mas Tank está convicto de seu papel no Império, então ele arma uma cilada para Luke, que consegue escapar e salvar a princesa Leia por pouco, em um momento de hesitação de Tank. Este, porém, acaba morto em sua própria armadilha. Depois disso, um novo arco mostra mostra Wyl Tarson, um tenente do senhor do crime Raze que na verdade era um espião da Aliança Rebelde. Ao levar uma mensagem de Tank para Luke, Wyl arrisca seu segredo e é descoberto por Raze. Agora, ele tem uma bomba implantada no seu cérebro por Raze e precisa cumprir uma missão para ele.

Nesta edição, a terceira parte do arco A Jogada Ahakista, Wyl Tarson e sua equipe têm que tomar o Hub, uma engenhoca com os recursos para monitorar e controlar toda a frota aérea do Império. Mas Darth Vader e suas tropas chegam para assegurar de que isso não aconteça.

Pra mim essa é a série mais fraca da revista. Apesar de possuir todos os personagens clássicos de Star Wars, as histórias são fracas e não conseguem cativar. Nessa edição, pelo menos pudemos ver Darth Vader em ação, o que é sempre divertido.

Legado (Legacy)
Roteiro: John Ostrander
Arte: Adam Dekraker

A história se passa aproximadamente 130 ABY (muito depois do Episódio VI). Após a morte do imperador Palpatine, as derrotadas forças imperiais recuaram ao planeta Bastion e cessaram fogo. Por décadas, a paz floresceu, até que a invasão dos seres extragalácticos Yuuzhan Vong. Uma união galáctica dos sistemas remanescentes, os Jedi e os imperiais finalmente reprimiram os invasores. Mas o imperador Roan Fel se aliou aos novos Sith, que acabaram por traí-lo. Fel conseguiu fugir, mas Darth Krayt tomou o poder, tornando-se o novo imperador. Um massacre de Jedis foi realizado, e nele morreu Kol Skywalker. Seu filho, Cade Skywalker, um padawan na época de sua morte, é muito poderoso na Força. Ele conseguiu fugir durante o massacre e trouxe seu mestre Wolf Sazen de volta das portas da morte, um poder raro entre os Jedi, mas que fez com que Cade tocasse o Lado Negro. Abalado com a morte de seu pai, Cade abandonou a ordem Jedi, renegou a Força e tornou-se um caçador de recompensas (bounty hunter). Agora, ele acabou envolvido no resgate da filha do imperador deposto e reencontrou novamente seu antigo mestre Wolf Sazen. Lutando contra os Sith, ele se vê obrigado a utilizar os poderes que havia renegado, inclusive para curar a princesa, tocando mais uma vez o Lado Negro.

Nesta edição, a história retorna para o ponto onde os Sith tomam o controle do Império para contar o que realmente ocorreu naquele dia, e como o imperador Roan Fel soube da traição e conseguiu se salvar.

Essa série, pra mim, compete seriamente com Knights of the Old Republic como a melhor da revista. É difícil dizer qual das duas é realmente a melhor. Situada em um ponto da história que nenhuma série tinha explorado antes, possui um roteiro muito bem amarrado e incrivelmente rico. Cade Skywalker dá um banho em seu tataravô Luke em termos de personalidade. E toda a trama do imperador foragido também é bastante interessante.

Vladimir ‘Vlad’ Marques
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