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Notícias   sexta-feira, 08 de setembro de 2017

[EXCLUSIVO] It: A Coisa | Confira a entrevista de Stephen King sobre a adaptação do livro

"'It: A Coisa' não é apenas um filme de horror; ele tem várias camadas", afirmou o autor.

[EXCLUSIVO] It: A Coisa | Confira a entrevista de Stephen King sobre a adaptação do livro>

O livro “A Coisa” é uma das obras mais importantes de Stephen King. Dessa forma não é de se estranhar que tanto o autor quanto seus fãs tenham muito carinho pelo livro. E isso faz com que a nova adaptação “It: A Coisa” seja um dos filmes mais aguardados do ano para ambos. Sobre isso, King conversou com a Warner Bros. sobre alguns detalhes de livro e do filme. Confira:

Warner Bros: Quando você assiste um filme baseado em alguma de suas obras, como “A Coisa”, você fica se perguntando sobre as mudanças que os diretores fizeram, ou você simplesmente se senta e aproveita o filme como o restante do público?

Stephen King: As duas coisas. Eu reparo nas mudanças e fico vendo o que foi mantido e o que foi removido. Mas eu gosto de filmes, então eu costumo me sentar na terceira fileira com um pote de pipoca e aproveitar o máximo possível.

WB: Diversas gerações se divertiram e se assustaram lendo o livro “A Coisa”. Quando algum fã fala com você [sobre este livro], normalmente o que eles comentam sobre a história ou sobre os personagens?

SK: Normalmente eles dizem que ficaram totalmente envolvidos pelo livro e que isso causou uma grande impressão neles. Certa vez eu recebi uma carta de um jovem escritor, Gabriel Tallent, que estava publicando seu primeiro livro. Ele disse que leu o livro e conseguiu terminar rapidamente porque ele gostou da forma como o livro se expandia. Eu acredito que muitos leitores se identificam com isso. Eles se sentem como se estivessem perdidos em outro mundo e isso é algo que eles gostam. A primeira geração de leitores do livro [“A Coisa”] reagiu de forma muito corajosa porque a história trouxe de volta lembranças da infância. Existem várias coisas no livro que eu penso que muitas crianças tiveram que enfrentar. Esses leitores, que cresceram nos anos 50, reagiram fortemente a tudo o que acontece com as crianças e como era a vida naquela época.

Uma das coisas mais geniais sobre esta nova versão do filme – e é realmente genial – é que ele atualiza a história e coloca as crianças na década de 1980. E caso exista uma sequência, a versão adulta dos personagens estarão nos dias atuais. As pessoas que assistirem ao filme irão se identificar com elementos do livro que são eternas – o bullying, o primeiro amor, o quão bom é estar longe da escola e dos pais por um momento e ficar mais tempo com os amigos. Para essas pessoas, o fato do filme se passar nos anos 80 irá trazer muitas memórias da infância.

WB: Com o que você mais se conectou no filme?

SK: Este filme me parece ser realmente diferente e é algo que vale muito a pena em diversos níveis. “It: A Coisa” não é apenas um filme de horror; ele tem várias camadas.

[O diretor] Andy Muschietti conseguiu entender as crianças e a amizade entre elas. Ele conseguiu capturar como era ser uma criança na década de 80, e eu gostei disso porque eu criei meus filhos nessa época, então para mim teve uma outra importância também. As coisas pelas quais essas crianças passaram [no filme] são parecidas com as que eu relatei no livro. Quando eu escrevia o livro, eu decidi colocá-las nos anos 50 porque foi quando eu era uma criança.

WB: Você disse que gostou do filme anterior de Andy [Muschietti], “Mama”. O que mais te agradou no filme e como ele se conecta com o “It: A Coisa”?

SK: Andy conseguiu fazer a mesma coisa nos dois filmes – ambos possuem uma exuberância visual. Mas essa exuberância está sempre a serviço da narrativa. A narrativa é sempre primordial num filme. Ela nunca pode se perder, nem por um momento. E ele mantém a narrativa o tempo todo, então todo o resto fica emocionante. Você pode simplesmente aproveitar [o filme]. Eu gosto disso.

A primeira coisa que me agradou em “It: A Coisa” foi a sequência inicial onde Georgie corre atrás de seu barquinho de papel. Ali parece que realmente está chovendo muito, e não é como uma tempestade de “Hollywood”, onde você vê a chuva caindo, mas você também consegue ver os reflexos do sol na água. Há algo de sinistro nessa cena.

Outra cena formidável, e que não está no livro, é quando o personagem de Stanley Uris vê o retrato de uma mulher no escritória do rabino. Parece um quadro do Picasso, onde uma mulher tem a cabeça meio torcida. Quando ela aparece no filme, é aterrorizante. E quando aquilo sai do quadro, cara, é algo muito, muito assustador. E é um momento em que você percebe que Andy Muschietti se lembrou da sua própria infância para ver o que realmente poderia assustar uma criança.

WB: Existe um velho ditado em Hollywood que diz que o elenco é tudo. Você poderia falar um pouco sobre a qualidade que os sete jovens atores trazem para o Clube dos Perdedores, tanto individualmente como coletivamente?

SK:  É quase estranho como eles conseguiram um ótimo elenco infantil. Essas crianças são incríveis. Eu adorei todos eles, mas eu sempre tive um lugar especial no meu coração para o Richie Tozier. Ele é o sabichão que eu era quando criança. Finn Wolfhard ficou demais como o Richie. Andy deve ter uma incrível habilidade para lidar com crianças porque o filme é se foca o tempo todo nelas. Você quase nem nota os adultos.

Eu imagino que muitas pessoas ficaram assustadas quando criança pela minissérie “It: Uma Obra Prima do Medo” com Tim Curry como Pennywise. Mas Bill Skarsgård como Pennywise neste filme fez um trabalho incrível ao reinventar o personagem, que é um avatar dos maiores medos das crianças. Ele talvez seja um pouco mais estranho, um pouco mais sombrio que o Pennywise de Tim Curry, mas mesmo assim ele está incrível. A maquiagem também ficou um pouco diferente, mas funciona tão bem quanto, talvez até mais.

WB: Como você se sentiu ao descobrir que este filme iria adaptar metade do seu livro e se focar nas crianças?

SK: Eu pensei que isso seria perfeito. É a única maneira de fazer a adaptação funcionar. O livro é como uma pedra que se divide perfeitamente em duas partes.

A trama de “It: A Coisa” mostra um grupo de adolescentes, conhecidos como Clube dos Perdedores, que se vê obrigado a enfrentar um temido palhaço quando diversas crianças começam a sumir na vizinhança.

O elenco é formado por Jaeden Lieberher (“Destino Especial”), Finn Wolfhard (da série “Stranger Things”), Chosen Jacobs (da série “Hawaii Five-0”), Jeremy Ray Taylor (“Alvin e os Esquilos: Na Estrada”), Wyatt Oleff (“Guardiões da Galáxia”), Jack Dylan Grazer (“Scales”), Sophia Lillis (“37”) e Bill Skarsgård (da série “Hemlock Grove”). A direção é de Andrés Muschietti (“Mama”).

O longa estreou no dia 07 de setembro de 2017 nos cinemas nacionais.

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Robinson Samulak Alves
@rsamulakalves

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