Cinema com Rapadura

Colunas   sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

[Livros] Os Homens que Não Amavam as Mulheres, suspense de tirar o fôlego

Com uma narrativa intrigante e uma história bem estruturada, o livro de Stieg Larsson ganha o leitor da primeira até a última página.

Você sabia que na Suécia 18% das mulheres foram ameaçadas por um homem pelo menos uma vez na vida, 46% sofreram violência de um homem, 13% foram vítimas de violências sexuais cometidas fora de uma relação sexual e 92% das mulheres que sofreram violências sexuais após uma agressão não apresentaram queixa à polícia?

Esses são alguns fatos apresentados, antes de cada parte do livro, em “Os Homens que Não Amavam as Mulheres”. Primeiro volume da trilogia Millennium, o suspense, magistralmente arquitetado e escrito por Stieg Larsson, traz a tona uma discussão sem fim: a violência contra as mulheres. O livro não aborda o assunto de maneira direta, para isso usa como pano de fundo a história do desaparecimento da sobrinha, Harriet, do empresário do ramo industrial Henrik Vanger.

Para isso o empresário contrata Mikael Blomkvist, jornalista investigativo conhecido pela ousadia em suas reportagens publicadas na revista Millennium. Uma delas, por sinal, lhe rendeu um processo de difamação por parte de um famoso empresário. A desculpa inicial para o contato seria uma suposta biografia sobre a conturbada família Vanger. Assim, Mikael deixa tudo para trás e se muda para a ilha onde mora a família. Em troca das respostas que Henrik procura, o empresário promete a Mikael documentos que comprovem o caso relatado na Millennium e que causou a sua condenação no processo.

E é, enquanto engana a todos da família com a suposta biografia, que Henrik o coloca a par de sua real tarefa: desvendar o mistério que cerca o desaparecimento de sua sobrinha. O caso, ocorrido há quase quarenta anos, intriga o patriarca até hoje devido às suas circunstâncias: era um dia de festa na ilha, um acidente havia acontecido na ponte que ligava a ilha à cidade e qualquer pessoa que precisasse passar de carro ou a pé seria notada. Mas Harriet não foi. Ninguém a viu e mesmo depois de dias, semanas e meses de procura pela menina, a polícia desistiu do caso, pois nenhum corpo ou pista que desvendasse o paradeiro dela foramencontrados.

Feitos os arranjos é nesse ponto que somos apresentados a Lisbeth Salander. A intrigante pesquisadora, contratada por Mikael, para ajudar nas buscas por Harriet. Punk, hacker, com tatuagens e piercings por todo o corpo, a mulher, que mais parece uma menina de 14 anos, possui uma inteligência e memória fora do comum. O que à primeira vista pode assustar, depois de um tempo encanta e surpreende.

Além de uma personagem controversa, Lisbeth é outra das mulheres que Larsson se utiliza para abordar o tema central do livro. Destratada pelas leis do estado, por ser considerada incapaz de cuidar de si mesma, Lisbeth passa maus bocados nas mãos de seus tutores. E, ao contrário da imagem frágil, provocada pelo corpo raquítico e pouco desenvolvido, o leitor vai descobrindo à medida que avança na leitura que mexer com Lisbeth pode ser letal, já que além de reunir informações sobre seus inimigos, a pequena mulher se utiliza da violência, quando necessário, para cumprir com sua vingança.

Com um enredo de tirar o fôlego e personagens marcantes, “Os Homens que Não Amavam as Mulheres” ganhou seu espaço no mercado editorial de suspense no mundo. Com uma história envolvente e personagens enigmáticos e cativantes, a obra é capaz de envolver o leitor e tirar o seu fôlego com um final surpreendente. Considerado um dos melhores do seu gênero, a trilogia, que conta ainda com “A Menina Que Brincava com Fogo” e “A Rainha do Castelo De Ar”, ambos com previsão para chegar logo às telas do cinema mundial, ganhou seu lugar nas telas de cinema sueco pouco tempo depois da publicação do último volume da trilogia.

Pouco conhecido dentro do circuito comercial, os longas baseados nas histórias de Stieg Larsson foram lançados em 2009 e trouxeram em seu elenco Michael Nyqvist (“Missão Impossível 4: Protocolo Fantasma”), como Mikael Blomkvist, e Noomi Rapace (“Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras”), como Lisbeth Salander. Em 2010, a saga ganhou uma minissérie de seis episódios exibida pela TV sueca e contou com os atores que participaram dos filmes.

Agora, quase três anos depois, é a vez do público conhecer essa história fascinante sob o ponto de vista do diretor David Fincher (“O Curioso Caso de Benjamin Button”). O primeiro longa, baseado na trilogia de Stieg Larsson, chega às salas de cinema nesta sexta-feira (27) trazendo em seu elenco astros como Daniel Craig (“Cowboys & Aliens”), Rooney Mara (“A Hora do Pesadelo”), Christopher Plummer (“O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus”) e Robin Wright (“A Lenda de Beowulf”). Além disso, o longa foi indicado a cinco Oscar: Melhor Fotografia, Melhor Montagem, Melhor Edição de Som, Melhor Mixagem de Som e Melhor Atriz pela performance de Rooney Mara no papel da intrépida investigadora Lisbeth Salander.

Leilane Soares
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