Steven Spielberg e Ted Sarandos, chefe de conteúdos da Netflix, reúnem-se após polêmica envolvendo Oscar
Os dois foram vistos jantando juntos em clube privado de Hollywood.
O aclamado diretor e produtor hollywoodiano Steven Spielberg (“Jogador Nº1“) e o chefe de conteúdos da Netflix, Ted Sarandos, reuniram-se esta semana para discutir sobre a polêmica que envolveu o cineasta e a gigante dos streamings sobre a legitimidade de filmes originais da Netflix participarem ou não do Oscar, segundo informações do The Hollywood Reporter.
Os dois foram vistos, no início desta semana, jantando juntos no San Vincente Bungalows, um clube privado nas cercanias de Hollywood. Spielberg, membro do conselho de diretores da Motion Picture Academy, tem sido uma voz de destaque ao argumentar que o Oscar deveria ser reservado apenas para filmes que tenham sua primeira grande exposição nos cinemas.
O cineasta deixou bastante clara sua posição em relação à concorrência de filmes de streaming no Oscar em entrevista à ITV News há um ano:
“Quando você se compromete com um formato de televisão, você é um filme de TV. Você certamente, se for um bom programa, merece um Emmy, mas não um Oscar. Eu não acredito filmes que acabam de receber qualificações simbólicas em alguns teatros por menos de uma semana devem se qualificar para a indicação ao Oscar.“
No Cinema Audio Society Awards, em fevereiro, ele comentou ainda sobre a ligação indissociável entre o trabalho de um cineasta e o formato cinematográfico:
“A maior contribuição que podemos dar aos cineastas é dar ao público a experiência teatral cinematográfica. Acredito firmemente que os cinemas precisam estar por perto para sempre.“
Reportagens até começaram a circular dizendo que o cineasta planejava pedir ao conselho de diretores, em sua reunião de abril, que votasse em uma nova regra para exigir um tempo mínimo de quatro semanas de exibição para um longa ter direito à indicação aos principais prêmios do Oscar – atualmente, basta o longa ser reproduzido em um cinema em Los Angeles por uma semana. No entanto, falando na sexta-feira passada no SXSW, o amigo de Spielberg, Jeffrey Katzenberg, disse que Spielberg “não opinou” sobre o assunto de uma mudança de regra e não tinha planos de defendê-lo dentro do conselho.
A polêmica envolvendo diretamente a Netflix começou logo após a cerimônia do Oscar 2019, em 24 de fevereiro. Rumores começaram a surgir sobre possíveis medidas da Academia para dificultar a participação de filmes produzidos e lançados por serviços de streaming na premiação. Spielberg estaria entre os que as estariam promovendo – o que faria sentido, dado seu histórico de declarações contrárias à presença do streaming nas cerimônias do gênero. A Netflix também se posicionou sobre a polêmica afirmando, via Twitter, que amor por cinema e acesso a filmes não são mutuamente excludentes.
Tendo brilhado no Oscar 2019, a empresa de conteúdo independente conquistou três prêmios para “Roma” e seu diretor Alfonso Cuáron (Melhor Fotografia, Filme Estrangeiro e Diretor), além de vencer na categoria de Melhor Documentário de Curta-Metragem com “Absorvendo o Tabu“. A Netflix, no entanto, almeja conquistar prêmios ainda maiores.
O serviço de streaming sempre admitiu, publicamente, que tem como objetivo vencer o prêmio máximo: o Oscar de Melhor Filme. Para isso, a Netflix já negociou sua integração com a Motion Picture Association of America e planeja investir em sua próxima grande produção, “O Irlandês”, que será lançado em 2019, também nos cinemas. Dirigido por Martin Scorsese (“Silêncio“), o longa teve seu primeiro teaser divulgado durante a exibição do Oscar e conta com um elenco estrelado, com os nomes de Robert De Niro (“O Comediante”), Al Pacino (“Não Olhe Para Trás”) e Joe Pesci (“Rancho do Amor”).
Segundo fontes ouvidas pelo THR, a derrota de “Roma” no prêmio de Melhor Filme no Oscar 2019 foi uma forma encontrada pelos membros da Academia para punir o modelo de negócio da Netflix. Desta forma, o serviço está enfrentando uma enorme pressão para se adaptar as regras tradicionais de Hollywood. Além de “O Irlandês”, a Netflix também planeja investir em outras cinco obras, como “The Laundromat”, do diretor Steven Sodenbergh, e “The Pope”, do brasileiro Fernando Meirelles. Essas obras também devem ganhar um lançamento nos cinemas.
No último ano, o Cinema com Rapadura discutiu o novo modelo de negócios da Netflix e como essa mudança pode impactar a participação de seus filmes em premiações e como o serviço de streaming pode se tornar cada vez mais presente nos cinemas tradicionais. Você pode ler a coluna clicando aqui. O sucesso dos filmes de 2018 da Netflix também foi pauta do RapaduraCast 560 – ouça aqui.
Saiba Mais: Netflix, Steven Spielberg, Ted Sarandos