Bob Iger, CEO da Disney, fala sobre o serviço de streaming Disney Play e o caso James Gunn
Ele comentou ainda sobre possíveis demissões após a fusão da Disney com a Fox e também sobre o movimento #MeToo.
Em recente entrevista ao THR, Bob Iger, CEO da Disney, falou sobre os serviços de streaming, e disse que eles são uma ótima forma de fornecer experiências personalizadas para cada cliente, além de aproximá-los da marca.
“É um relacionamento direto com os clientes, e nos permite fornecer experiências personalizadas e uma proximidade direta do cliente com a marca, além de ser uma nova forma de negócio. Daqui a um tempo, provavelmente menos pacotes de canais serão assinados e assistidos, e haverá mais vendas de marcas e programas específicos”, afirmou Iger.
Ele ressaltou que admira o trabalho realizado tanto pela Netflix quanto pela Amazon, mas garantiu que nenhum deles é como a Disney, Marvel, Pixar, “Star Wars”, National Geographic ou “Avatar”. Para Bob, nenhuma das duas plataformas tem o peso dessas marcas e com isso, o Disney Play, que custará menos que a concorrente Netflix, chegará com uma vantagem na perspectiva do conteúdo, pois não focará na quantidade de títulos, mas sim na qualidade.
Em agosto deste ano foi noticiado que a Disney poderia fechar a 20th Century Fox após a fusão, gerando possíveis 2.300 demissões. Iger foi questionado em relação à integração de novos funcionários e comentou que a escolha de quem fica e quem sai será baseada no talento e que ficarão os melhores de cada empresa. Ele disse ainda que está em contato com toda a equipe sênior da Fox e ambos estão buscando o melhor para todos.
Iger se pronunciou também sobre a polêmica envolvendo a demissão do diretor James Gunn da franquia “Guardiões da Galáxia” e de Roseanne Barr, da ABC, e disse que a decisão de demitir Roseanne foi unânime.
“É uma mistura de escolhas que eu fiz e que eu apoiei. No caso de Roseanne, creio que foi uma decisão unânime dos executivos da Disney. Já quanto a Gunn, a decisão foi apresentada a mim e eu a apoiei. Não tive motivos para me arrepender”.
Ele complementou dizendo que não repensou a decisão mesmo com a recepção negativa de boa parte dos fãs dos Guardiões, e também do elenco. Sobre a demissão de John Lasseter, após ser acusado de assédio, Iger disse que preferia não falar sobre o assunto. Lasseter, criador de “Toy Story”, foi afastado e Jennifer Lee (“Frozen”) e Pete Docter (“Divertida Mente”), deverão substituí-lo como chefes criativos da Pixar Animation Studios e da Disney Animation.
O movimento #MeToo também foi pauta da entrevista, e Bob foi questionado sobre como isto afetou a Disney:
“Primeiramente é necessário resolver os problemas específicos, mas acima de tudo, é preciso se certificar de que está sendo aplicado um padrão para todos na empresa. Não pode haver distinção entre cargos, importância para a indústria, o que seja. Em segundo lugar é preciso deixar claro para as pessoas que se elas forem vítimas de qualquer tipo de abuso ou assédio, elas devem sim fazer a denúncia, porque ao não fazê-la, elas estão contribuindo para que o ambiente de trabalho seja inseguro, e isso não é bom”.
Ele reforçou que, embora não quisesse dar nomes, era fundamental que as pessoas que ocupam cargos como o dele na indústria criem ambientes seguros para que as vítimas de abuso e assédio possam se sentir seguras para denunciarem e testemunharem sobre tais atos, e que é fundamental que todos na indústria percebam que é muito importante proteger as pessoas que trabalham em suas equipes.
O #MeToo é um movimento anti-assédio que encoraja as mulheres a irem a púbico para denunciar casos de abuso e assédio sexual e expôs também a cultura de cumplicidade dentro da indústria do entretenimento, do esporte, da política e da mídia em geral. O movimento ganhou força em 2017, quando diversos escândalos envolvendo o produtor Harvey Weinstein veio à tona, após mais de 80 mulheres o acusaram de estupro e outros crimes sexuais.
Saiba Mais: #MeToo, Bob Iger, Disney Play, James Gunn