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Colunas   quarta-feira, 24 de março de 2021

Amigo ou inimigo – Quem são os vilões de Falcão e o Soldado Invernal?

Apátridas, John Walker e Zemo são forças antagonistas, mas quem será o verdadeiro vilão?

O primeiro episódio de “Falcão e o Soldado Invernal” foi lançado na última sexta-feira (19), e tornou-se a maior estreia do streaming em seu primeiro fim de semana, seguindo o mesmo caminho de “WandaVision” e “The Mandalorian”. O capítulo, intitulado Nova Ordem Mundial, teve como maior foco o estado de Sam (Anthony Mackie) e Bucky (Sebastian Stan) depois do “blip”, mas já começou a colocar suas peças no lugar para a trama que seguirá por mais cinco episódios. Agora com os protagonistas estabelecidos, quem serão os vilões?

Atenção! Spoilers sobre o primeiro episódio à frente

A maior força antagonista do episódio são os Apátridas (Flag Smashers no original), grupo formado a partir da crença de que a vida era melhor durante o blip – os cinco anos em que metade da população mundial estava desaparecida depois do estalar de dedos de Thanos. Eles defendem um mundo unificado, sem fronteiras, e em sua primeira aparição em tela, são vistos causando caos e roubando um banco na Suíça. Como característica identificável, eles usam máscaras marcadas por uma mão vermelha.

Quando Sam vê a filmagem feita por Torres (Danny Ramirez) durante a confusão na Suíça, ele identifica o personagem de Desmond Chiam – nos créditos nomeado de Dovich – como o líder da organização. Porém, outro nome presente nos créditos identifica a atriz Erin Kellyman, a personagem que distribui as máscaras na cena em questão, como Karli Morgenthau. Leitores dos quadrinhos devem reconhecer o nome, com uma pequena diferença.

Nas HQs, Karl Morgenthau é conhecido como o Apátrida, alguém que assume o objetivo de lutar contra o ideal de nação, buscando um mundo unificado através da violência. Na série, a ideia parece ser a mesma, expandindo o conceito para um grupo, em vez de uma só pessoa, e usando a justificativa do blip. Outro ponto notável é que Dovich demonstra uma super força ao atacar um policial e Torres, podendo indicar que os Apátridas, ou ao menos os líderes deles, são “aprimorados”.

Agora, por que pessoas acreditariam na ideia de que o mundo era melhor durante o blip? Uma frase que Rhodes (Don Cheadle) diz a Sam durante o episódio pode ser uma dica.

“O mundo é um lugar louco agora. Aliados agora são inimigos. Alianças foram desfeitas. O mundo está quebrado. Todos procuram uma pessoa para consertá-lo”.

Depois do estalo de Thanos, com metade da população desaparecida, pode-se assumir que o mundo teve de se reorganizar da melhor forma possível, com uma colaboração entre países sem precedentes. Talvez, a sociedade tenha atingido algum nível de igualdade, e algumas pessoas começaram a viver melhor. Com todos de volta depois do blip, as coisas têm a tendência a retornar ao que eram antes, com nações em conflito e desigualdade social. Morghentau pode ter sofrido uma grande perda por conta deste evento, e assim criou os Apátridas. Resta saber de onde vem a super força…

Outra figura presente no primeiro episódio é o novo Capitão América, escolhido pelo governo. A cena final, difícil de digerir, traz uma nova pessoa por trás deste manto, usando o escudo que Steve Rogers (Chris Evans) havia passado para Sam. Ele é John Walker (Wyatt Russell), figura já conhecida pelos leitores de quadrinhos, e que deve ter uma trajetória similar no MCU, como uma espécie de anti-herói.

O personagem é um conservador ultrapatriota que assumiu o nome de Capitão América quando Steve se aposentou, mas que depois do veterano retornar, ficou conhecido como o Agente Americano, continuamente trabalhando para o governo. No MCU, pouco se sabe sobre Walker, mas fica claro que Sam, além de se sentir inadequado para suceder seu amigo, também foi pressionado para devolver o escudo.

O oficial do governo diz: “Foi a decisão certa”. A verdade é que eles provavelmente já trabalhavam em um substituto por debaixo dos panos, e não queriam Sam, fiel amigo de Steve, e que junto a ele quebrou o Tratado de Sokovia, como a pessoa para representar o país. Afinal, este novo Capitão América deve servir como um empregado. Nos créditos ilustrados do episódio, um pôster com os dizeres “Cap está de volta”, tem escrito por cima “herói manufaturado”, e é isso que Walker parece ser. Além disso, seus métodos devem ser diferentes dos de Steve, com a violência como primeira opção – seu uniforme tem até uma arma disponível.

Na cena final, vemos o efeito que o anúncio tem em Sam. Um misto de emoções mostra essencialmente a decepção em reconhecer algo que talvez ele esperasse que não acontecesse, mas que no fundo sabia ser possível. Não só seu governo o rejeitou como sucessor do manto, mas ao desistir do escudo que o próprio Steve havia lhe passado, Sam decepciona também seu amigo. E qual será a reação de Bucky?

Antes de entrarem em conflito com o novo Capitão América, Falcão e Soldado Invernal devem primeiro observar seus métodos, possivelmente constatando que ele não condiz com o que Steve representava. Assim, a inusitada dupla deve tomar para si o dever de corrigir este erro do governo.

Temos então um vilão que retorna: Helmut Zemo (Daniel Brühl). O soldado das Forças Especiais de Sokovia foi o grande responsável pelo rompimento dos Vingadores em “Guerra Civil”, com seu plano de vingança pela tragédia que veio a seu país em “Era de Ultron”. Cansado de ver os heróis agirem inconsequentemente, Zemo tomou para si o dever de destruí-los, algo que só será intensificado na série.

“Super-heróis não podem continuar existindo”.

Zemo veio ao MCU já bem diferente de sua origem nos quadrinhos, mas seu caminho à frente deve puxar inspirações do material original, com a própria icônica máscara de seu personagem já sendo parte de sua nova caracterização. Nas HQs, Zemo forma sua equipe de super-humanos para conseguir fazer frente aos Vingadores. Mas quando os heróis são dados como mortos, e o mundo se torna desprotegido, o vilão vê a oportunidade para transformar sua equipe em falsos heróis.

Essa premissa se aplica perfeitamente para o MCU. Já até vimos isso acontecer em “Homem-Aranha: Longe de Casa”, com Quentin Beck (Jake Gyllenhaal) se passando como um herói, quando na verdade ele era o próprio causador dos problemas, e estava aproveitando a ausência dos Vingadores para se colocar nessa posição de poder.

Na última vez que vimos Zemo, ele estava na prisão da CIA, ao fim de “Guerra Civil”, sendo questionado por Everett Ross (Martin Freeman) sobre como se sentia depois que seu plano falhou. A questão é: ele não falhou. Zemo talvez tenha sido o vilão mais bem-sucedido deste universo. Não sabemos o que aconteceu com ele durante o blip, mas de uma forma ou outra, ele saiu da prisão, e continuará sua missão de acabar com os heróis.

Ainda sumido durante o primeiro episódio, não sabemos quais exatamente serão seus métodos para cumprir seu objetivo. Em primeiro momento, Zemo não parece estar alinhado com os Apátridas, mas pode encontrá-los e usá-los para esta ideia de vilões que se tornam heróis. O grupo e o sokoviano podem ter algo em comum: sofrimento causado por aqueles que supostamente deveriam protegê-los. E isso pode ser o ponto de manipulação usado por Zemo.

Uma frase interessante nos créditos ilustrados do primeiro episódio diz: “Os aprimorados não irão nos salvar”. Esta é a denominação no MCU para pessoas com superpoderes, e Zemo tem um desdém especial por eles. Assim, caso os Apátridas de fato sejam aprimorados, o vilão poderia usá-los para seu objetivo de desequilibrar as figuras de heroísmo – agora representada por John Walker – ao mostrar que o Capitão América não é capaz de combater o movimento. Mesmo que não esteja claro se Walker é um aprimorado, o maior ponto do Tratado de Sokovia é o controle de seres com superpoderes, e a incapacidade do governo de colocar isso em prática é o suficiente para gerar revolta.

>> [VÍDEO] Tratado de Sokovia ainda é válido?

Mas caso a parceria com os Apátridas seja confirmada, é possível assumir que Zemo não pretende mantê-la, usando o grupo para seu objetivo e depois se voltando contra eles. Nos trailers, vemos o momento em que Bucky confronta o homem responsável pela caçada ao Soldado Invernal em “Guerra Civil”, e em outro, Zemo parece guiar Sam e Bucky pelas ruas de Madripoor. Inquestionavelmente rivais, a dupla protagonista e o vilão podem juntar forças para justamente ir contra os Apátridas.

Novamente, Zemo deve se mostrar como um excelente manipulador de todas as partes, e deve ser o verdadeiro vilão da série. No entanto, há áreas cinzentas suficientes para promover diversas discussões sobre certo e errado no meio disso.

Por fim, há de ser mencionado Georges Batroc (Georges St-Pierre), o primeiro antagonista a aparecer na série, também retornando depois de sua participação em “Capitão América: Soldado Invernal”. No filme, ele foi um mercenário contratado por Nick Fury para sequestrar o navio Lemurian Star a fim do diretor da então SHIELD descobrir informações sigilosas sobre a organização. Batroc é capturado pelo Capitão América, e interrogado, mas quando a agência é dissolvida, ele volta ao mundo do crime. Agora, o antagonista faz parte da LAF, aproveitando-se da fragilidade mundial depois do blip para cometer roubos. Batroc ainda deve retornar na série, mas dificilmente terá uma participação tão relevante em meio às outras forças vilanescas.

Os caminhos de todos os antagonistas parecem se cruzar de uma forma ou outra, e isso tem um porquê. Segundo Malcolm Spellman, roteirista-chefe de “Falcão e o Soldado Invernal”, todos os vilões tem motivações vindas diretamente das consequências do blip, e todos eles se sentem justificados no que fazem. Isso costuma ser verdade, afinal vilões não se veem como tal. Mas na série, os conflitos de fato parecem vir de problemas reais de um mundo traumatizado, prometendo discussões bem atuais.

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O segundo episódio de “Falcão e o Soldado Invernal” estreia nesta sexta, 26, no Disney Plus.

Louise Alves
@louisemtm

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