Cinema com Rapadura

Colunas   segunda-feira, 05 de novembro de 2018

Por que Cary Fukunaga é uma boa opção para dirigir Bond 25?

Saiba como a desconstrução do agente secreto apresentada na fase de Daniel Craig se relaciona com a carreira do diretor em ascensão recém contratado.

Se tem um cineasta que vem conquistando espaço nos últimos tempos, este é Cary Fukunaga. Isto é, após seu mais recente projeto, a série “Maniac”- o qual ele não apenas dirigiu como também produziu-, ter estreado na Netflix, um anúncio deslocou os holofotes da indústria cinematográfica diretamente para ele. Através de um comunicado, os produtores Barbara Broccoli e Michael G. Wilson, os quais tomam as decisões de peso a cerca de franquia James Bond, decidiram pelo nome de Fukunaga como a melhor opção para assumir a direção “Bond 25”.

Na declaração dos chefões do estúdio britânico Eon Productions, ambos afirmaram-se animados por terem assinado com Fukunaga, tendo ainda ressaltado o quão versátil e inovador é o americano. Levando ainda em considerando que era o expressivo diretor Danny Boyle (“T2 Trainspotting”) o responsável pelo projeto, até sua saída da produção por diferenças criativas, a responsabilidade do recém contratado só aumenta. Desta forma, as cartas postas à mesa são: afinal, o que Cary Fukunaga pode trazer de novo a uma franquia já sólida e estabelecida no mundo do cinema?

Um currículo simples, porém marcante

Em 2009, o cineasta de origem japonesa por parte de pai fazia sua estreia no cinema com “Sem Identidade”, cujo conceito foi apresentado inicialmente no curta “Victoria para Chino”, quando o então jovem aspirante a diretor, ainda estava na faculdade e tomou nota de uma matéria do The New York Times sobre imigrantes mexicanos. Durante entrevista concedida a Indiewire, ele contou que sua intenção com aquele curta era que as pessoas sentissem o que ele próprio sentiu ao ler a reportagem, que evidenciava o perigo pelo qual estrangeiros passam na busca pelo sonho americano. Daí então, o trabalho de um universitário recebeu não só elogios, como também mais de vinte prêmios internacionais. E foi em cima deste projeto inicial que Fukunaga dirigiu e roteirizou seu primeiro longa, um thriller sobre uma hondurenha que se junta a um criminoso mexicano na tentativa de entrar nos Estados Unidos e melhorar de vida. O filme recebeu prêmios em festivais de cinema independente, incluindo o Festival Sundance de Cinema. Estava aberta, com louvor, o caminho de sucesso que o diretor viria a trilhar.

Dois anos depois, ele tomou as rédeas de seu trabalho seguinte, “Jane Eyre”, adaptação de um clássico livro britânico bastante cultuado pelos europeus. Radicalmente diferente de seu feito anterior, o diretor tinha em mãos um roteiro baseado em romance homônimo de Charlotte Brontë, e na aposta em uma visão mais sóbria e obscura, usando uma cadência lenta na câmera e diálogos profundos, transformou o que seria uma história de amor trágico em filme intimista e reflexivo. O material, escrito em 1847, já contava com diversas adaptações cinematográficas, além de ter recebido produções televisivas e peças de teatro. E pelo fato de ter conseguido dar um novo fôlego à obra, a nova adaptação conseguiu uma boa recepção por parte dos críticos, que pelo peso do título depositavam no longa certa expectativa. O curioso aqui, é que pela primeira vez o futuro diretor da franquia James Bond lidava com a pressão de se trabalhar com um material que não é apenas conhecido, como também faz parte da cultura de certo público.

Mais tarde, Fukunaga viria a encarar o projeto que alçou seu nome de vez ao sucesso, a bem sucedida primeira temporada de “True Detective”, da HBO. E ao dirigir astros como Matthew McConaughey (“White Boy Rick“) e Woody Harrelson (“Venom“), o americano mostrou outra grande faceta de seu cinema: a ação. Foi no episódio “Who Goes There” – celebrado até hoje por muitos como um dos melhores trabalhos voltados para a televisão – que o diretor realizou um plano-sequência de seis minutos onde sua câmera atravessa diversos cenários, entre salas, quartos e ambientes externos. Uma direção visceral que lhe rendeu um Emmy pelo trabalho. Acabou que, embora consagrado, Fukunaga não retornou para um segundo ano do seriado, que, pela ausência do realizador, não teve uma calorosa recepção por parte dos fãs e críticos. Aqui, Cary Joji Fukunaga estava consolidado como um dos grandes nomes da nova geração de diretores de cinema.

Já em 2015, a Netflix lançou aquela que ficaria marcada como a primeira produção em longa-metragem do streaming, “Beasts of no Nation”, que contou com a mão de Fukunaga na direção. Como realizador, o norte-americano flertou com seu primeiro filme, tornando este, seu trabalho mais humano e perturbador. Neste conto de fadas reverso, o espectador é levado a acompanhar uma guerra civil de um país africano não identificado, e tudo de degradante que ela propicia pelos olhos de Abu (Abraham Attah, de “Homem-Aranha: De Volta ao Lar“), uma criança de apenas nove anos de idade que nas mãos do Comandante (Idris Elba, de “Vingadores: Guerra Infinita”, que curiosamente vinha sendo cotado para ser o próximo 007 em “Bond 25”) torna-se um soldado selvagem e feroz. Com a liberdade criativa da gigante do streaming, o diretor adotou uma abordagem em primeira pessoa e conseguiu apresentar elementos contrastantes da forma mais crua possível: a violência e a inocência infantil – ou a falta dela.

De volta à locadora vermelha e em seu mais recente trabalho, o seriado “Maniac”, sendo este estrelado por Jonah Hill (“A Pé Ele Não Vai Longe”) e Emma Stone (“A Favorita”), Fukunaga desenvolveu um roteiro surrealista que permeava diversos estilos dentro de uma mesma obra. Dividido em 10 episódios, a obra apresenta um mundo de sonhos e possibilidades a partir de um computador com defeito que controla um teste farmacêutico e que coloca a vida de seus usuários em perigo. E em cima disso, são entregues mini filmes completamente diferentes, que passam por gêneros de assaltos dos anos 40, fantasias e até mesmo uma comédia clássica dos anos 80. Embora curioso, um roteiro desses também é frágil. O que nas mãos de qualquer outro diretor, poderia acarretar em um verdadeiro desastre. Mas com o estilo visual do cineasta, valendo aqui uma menção a uma sequência de ação no penúltimo episódio, o resultado acaba por ser divertido. O que pode ser notado neste ambicioso trabalho de Fukunaga é uma característica já notada por Broccoli e Wilson: a versatilidade do diretor.

A franquia James Bond e seus diretores

Criado pelo autor inglês Ian Fleming na década de 50, a primeira aparição do personagem James Bond foi no livro “Cassino Royale”, e desde seu surgimento nas telonas em 1962, o agente 007 se tornou um dos grande ícones do cinema. Afinal, em “Contra O Satânico Dr. No” são apresentados elementos que viriam a ser considerados clássicos na franquia, como o charme e estilo dos créditos iniciais, os locais exóticos onde parte das cenas se passam, o conhecido tema, uma estrutura narrativa que acabaria sendo usada em filmes futuros, e claro, a tradicional frase usada pelo agente quanto questionado por qual seu nome: “Bond, James Bond”.

Ao longo de mais de 50 anos, a franquia soma 7 bilhões de dólares com seus vinte quatro filmes oficiais – valendo ressaltar que ainda existem três longas não oficiais, incluindo uma adaptação satírica da primeira aventura do personagem escrita por Fleming, contando com o ator de comédia Peter Sellers (“O Diabólico Dr. Fu Manchu“) na pele do agente com licença para matar. E enquanto algumas destas produções podem ser apreciadas como verdadeiros clássicos, outras já não são vistas com tanto esmero, levando em conta que até para o espaço os roteiristas da franquia enviaram o agente do MI6.

Nas décadas iniciais, os produtores buscavam estabelecer uma consistência estilística nos filmes, o que fazia com que a marca pessoal de um diretor tivesse pouca ou quase nenhuma influência neles. Tal afirmação pode vir a soar inconsistente, se levado em conta todo o escopo da franquia, especialmente também por ter seis diferentes atores no decorrer dos vinte e quatro longas escalados para o papel principal. Assim, qualquer fã tem suas motivações pessoais para declarar sua preferência por determinado intérprete, o que mostra que cada um deles teve, de fato, sua personalidade cravada nos filmes da Eon Productions. Contudo, a falta de liberdade criativa de parte dos diretores levou determinador longas a caírem no esquecimento.

Terence Young (“Contra O Satânico Dr. No”, de 1962, “Moscou Contra 007”, de 1963, e “Contra a Chantagem Atômica”, de 1965) encontrou um tom entre o charme de Sean Connery (“Os Intocáveis”) e a ação, o que teve muito significado nos anos subsequentes a sua contribuição à frente da direção. Sua influência porém, vai além, pois antes de se envolver com cinema, ele era um oficial de inteligência britânica durante a Segunda Guerra Mundial. Em entrevistas, ele contou como tinha a reputação de ser um cavalheiro sofisticado, com gosto por vinhos finos, roupas caras e mulheres bonitas. Uma perfeita descrição de um James Bond, certo? Pois, foi o diretor quem serviu de inspiração para Connery interpretar o personagem. Dando-lhe dicas de como comer, vestir-se e andar como um verdadeiro lord servente apenas à Rainha e a seu país. Sem Young, o espião dos cinemas seria bem diferente.

O francês Guy Hamilton (“Contra Goldfinger “, de 1964, “Os Diamantes São Eternos”, de 1971, ” Viva e Deixe Morrer “, de 1973, “Contra o Homem com a Pistola de Ouro”, de 1974) por outro lado, trabalhou com dois dos intérpretes do agente 007, Connery e Roger Moore (“O Santo“), e embora mereça os créditos por ter ficado a frente de filmes bem considerados por parte dos fãs, também foi responsável pelo afastamento de características da série de filmes, adotando um lado mais divertido de Bond, principalmente ao guiar Moore pelas câmeras.

Outro cineasta que mostrou o quão bem entendia a franquia foi o inglês Lewis Gilbert (“Só Se Vive Duas Vezes”, de 1967, “Espião que me Amava”, de 1977 e “Contra o Foguete da Morte”, de 1979) e embora tenha sido o responsável pela já citada façanha espacial do espião do MI6, também soube explorar os atributos individuais das interpretações de Connery e Moore. Como resultado, ambos os atores entregaram sua atuação mais notável.

Nessas primeiras duas décadas, ocorria um vai e volta de diretores entre projetos. Para exemplificar, Gilbert que ficou à frente do quinto longa, voltou anos depois para o décimo e seguiu na direção do que viria na sequência. O mesmo também ocorreu com Young e Hamilton, contudo com um intervalo menor entre as obras. E no meio disso, eis que surge Peter R. Hunter (“A Serviço Secreto de Sua Majestade” de 1969), também inglês, e editor do primeiríssimo filme. Ele soube fazer seu lobby entre a produção, chegando a integrar a equipe nos demais longas, de modo que, com a chegada do estreante George Lazenby (“Death Game“) no papel principal, pode realizar seu próprio filme James Bond. Este, embora receba bastante reclamação dos fãs devido ao inexperiente ator australiano, é elogiado por ter um dos roteiros mais interessantes, no qual houve um estudo de personagem e uma busca de fidelidade ao material original de Fleming; neste, por exemplo, é a única vez em que James Bond se casa!

Mais à frente, veio John Glen (“Somente para Seus Olhos“, de 1981, “Contra Octopussy“, de 1983, “Na Mira dos Assassinos“, de 1985, “Marcado Para a Morte”, de 1987, “Permissão Para Matar“, de 1989), inglês – pra variar – que detém o título de diretor com mais créditos em filmes da franquia. Durante os anos 80, foi dele o comando de cada um dos títulos, o que acabou por resultar em alguns dos fiascos capazes de aterrorizar a memória do fãs mais apaixonados. O próprio Moore viria a dizer mais tarde que aquele não era Bond. E chegada a hora deste dar adeus ao personagem, foi contratado um novo intérprete, o ator shakespeareano Timothy Dalton (da série “Penny Dreadful“). Para contextualizar a época, era nesse momento em que a audiência vibrava com “Máquina Mortífera” e “Duro de Matar”, o que por consequência, fez Glen e os produtores buscarem pela tendência do momento em Hollywood: mais ação.

Embora tenha dado ao público o que era o esperado, o segundo filme com Dalton na pele do agente com licença para matar teve uma resposta aquém do esperado. Era necessária uma nova visão para a aclamada franquia dBarbara Broccoli e Michael G. Wilson, que já passava com folga da marca de 2 bilhões de dólares. Entra a década de 90, e o nome escolhido para a direção é o neozelandês Martin Campbell (“Contra GoldenEye“, de 1995, e “Cassino Royale“, de 2006), o qual, na verdade reviveu a franquia por duas vezes. Mas atendo-se à primeira, o filme é protagonizado por Pierce Brosnan (“Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo“), cuja interpretação buscou juntar diferentes aspectos dos antigos astros, como o charme, o bom humor e a frieza. O novo projeto também tinha um detalhe que o diferenciava de todos os seus antecessores, um roteiro original, isto é, não baseado em nenhuma das obras de Fleming.

A primeira empreitada de Brosnan teve um feito impressionante de ter arrecadado a maior bilheteria ao redor do mundo até então. Tal sucesso o fez seguir no papel por mais três longas. Campbell, por outro lado, voltaria apenas 11 anos depois. Nesta fase, quatro diretores diferentes apresentaram sua visão, sendo eles o canadense Roger Spottiswoode (“O Amanhã Nunca Morre“, de 1997), que conseguiu entregar uma competente continuação, contando com uma trama plausível e um dos mais apreciados vilões da série, o magnata da mídia Elliot Carver (Jonathan Pryce, ‘The Man Who Killed Don Quixote“).

Na sequência, foi contratado o inglês Michael Apted (“O Mundo Não é o Bastante“, de 1999), o qual havia feito aclamados documentários para a televisão, porém, a bagagem ia de encontro com a pouca experiência com um gênero mais frenético. Isso resultou em um longa exagerado que deu um freio no que vinha sendo feito até então no ciclo Brosnan. Por fim, o neozelandês Lee Tamahori (“Um Novo Dia Para Morrer“, 2002) foi o responsável pelo filme comemorativo de 40 anos da série, de forma que foi feito uma grande homenagem a tudo o que havia sido trabalhado ao longo de todas aquelas décadas, abraçando absurdos e fazendo o uso excessivo de CGI. Como consequência, foi entregue uma experiência divertida e nostálgica para alguns, ou um pífio título anos depois consagrado como um dos piores de toda a franquia para outros.

Daniel Craig e a desconstrução de 007

O agente secreto James Bond já estava no consciente coletivo de uma nova geração. Campbell havia dado um novo fôlego a esse ícone com “GoldenEye“, contudo, era o momento de voltar algumas casas e apresentar a trajetória do personagem até este chegar verdadeiramente a ser o 007 que todos conhecem, afinal o cinema vivia uma fase de contar origens de seus mais célebres heróis. A escalação de Daniel Craig (“Logan Lucky”), um homem loiro, baixo, bruto e… orelhudo, isto é, completamente fora dos padrões britânicos para viver Bond fez um parcela significativa do público reclamar. Mas com um diretor que entendeu a proposta deste reboot foi adotado um tom mais sombrio, cru e sensível, transformando “Cassino Royale” na reinvenção do personagem, cimentando assim o caminho até “Bond 25”.

Após um início avassalador, foi chamado o alemão Marc Forster (“Quantum of Solace“, de 2008), que já tinha um nome conhecido na indústria, pois ele havia sido o diretor do premiado “A Última Ceia“. Neste segunda parte da fase Craig, o cineasta entregou um longa ainda mais frenético e cheio de ação que seu anterior, estabelecendo ainda o personagem em formação, para apenas ao final apresentá-lo definitivamente como o agente 007.

Quatro anos depois, a Eon Productions contratou Sam Mendes (“Operação Skyfall“, de 2012, e “Contra Spectre“, de 2015), também consagrado e vencedor do Oscar de Melhor Diretor por “Beleza Americana”, e único deste ciclo, até então, a dirigir dois longas. O sucesso destes filmes não dependeu tão somente de Mendes, como também de seus diretores de fotografia, sendo no primeiro, Roger Deakins (“Blade Runner 2049”), seguido de Hoyte van Hoytema (“Dunkirk”). Os filmes foram tratados como verdadeiros blockbusters, com “Skyfall” trazendo Javier Bardem (“Mãe!“) como o memorável vilão Raoul Silva e com Judi Dench (“Assassinato no Expresso do Oriente“) vivendo a enigmática M pela sétima, e mais dramática vez. Mendes acertou um ponto entre a extravagância e o realismo e fez a obra alcançar um sucesso estrondoso, passando a barreira de 1 bilhão de dólares. Já em “Spectre“, tentou-se conectar tudo o que aconteceu nos três longas anteriores, além da investida em referências à outras fases. Ele também foi escrito quando já estava planejada uma sequência, de forma que o roteirista John Logan (“Alien: Covenant”) desenvolveu o rascunho estabelecendo ligações com “Bond 25”, o que acarretou em um final propositalmente com pontas soltas. De todo modo, esta última produção acabou por ficar abaixo das expectativas, principalmente após seu apoteótico antecessor.

Embora de fato Terence Young, Peter Hint, como editor, e Martin Campbell tenham moldado, ou no caso deste último reformulado para uma nova geração a cinematografia da franquia James Bond, também é notado que a continuidade de certos nomes e a mão pesada dos produtores tenham enfraquecido em determinadas épocas o folclore do agente secreto 007. Tal fato veio a mudar nesta última fase, havendo uma busca por diferentes diretores, cada qual com um diferente aspecto e tendo eles uma maior liberdade criativa, representando uma ruptura com o passado.

O que esperar de Cary Fukunaga na franquia?

Antes de criar qualquer boa expectativa, é bom lembrar que Fukunaga tem certa reputação de abandonar projetos pela metade. Logo após finalizar “Beasts of No Nation“, ele assinou para a adaptação de “It: A Coisa“, que acabou sendo dirigida por Andy Muschietti (“Mama”). Mais tarde, o agora responsável por “Bond 25” afirmou que o estúdio decidiu por cortar relações por achá-lo difícil demais. Depois, veio a oferta de dirigir a minissérie da TNT, “The Alienist“, que após a desistência do cineasta, este acabou por ser creditado como produtor executivo. De todo modo, é cabível citar tal histórico justamente pelo afastamento de Danny Boyle. Porém, para ser justo, também vale dizer que Fukunaga tem se mostrado bem aberto a opiniões divergentes, pois durante a escrita de um roteiro de “Maniac” a Netflix o aconselhou a descartá-lo devido ao resultado dos algoritmos que sugeriram uma reação negativa do público. O criador da série não apenas reescreveu o episódio como afirmou que não tinha dúvidas da profunda pesquisa do serviço de streaming.

A escolha de Fukunaga é interessante em vários aspectos, primeiro por ele ter uma ampla gama de projetos nas mais diversas frentes de gênero. Já seus trabalhos para a televisão mostraram sua habilidade em moldar arcos narrativos, sobretudo finalizá-los. Outro ponto, é o fato de que o cineasta ser o primeiro americano à frente de um filme James Bond, o que levando em conta o número de diretores europeus nos últimos 50 anos, mostra como os produtores tiveram uma corajosa escolha que visa inovação.

Isto posto, talvez a mais válida característica do cinema de Cary Fukunaga seja a humanidade, algo que toda a fase atual buscou, a fim de dar coração ao ícone, desconstruir o mito encarnado na persona do homem da década de 60, personificado em Sean Connery. Tudo isso está em “True Detective” e “Beast of No Nation”, o que no caso, é o que “Bond 25”, último filme de Daniel Craig na franquia, precisa. E que este, seja o legado do diretor.

Raife Sales
@raife_sales

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