Cinema com Rapadura

Colunas   quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Caçando as pontas soltas: os desafios da franquia Predador

Em mais de três décadas de franquia, o único ponto em comum era a presença dos alienígenas caçadores. Agora, o longa de Shane Black pretende aparar estas arestas.

Ele já encurralou Arnold Schwarzenegger (“O Exterminador do Futuro“), Danny Glover (“Máquina Mortífera“), Laurence Fishburne (“Matrix“) e outros, mas apesar de ser um dos personagens mais emblemáticos da indústria cinematográfica, os Predadores nunca tiveram um universo compartilhado para chamar de seu. Sendo uma franquia com mais de 30 anos, um traço fiel dos filmes é o de trazerem episódios isolados, com o único elemento comum sendo o personagem-título, o caçador mais implacável do cinema. Agora, com a estreia de “O Predador” se aproximando, muito se especula sobre seu lugar na continuidade da franquia.

O diretor Shane Black (“Dois Caras Legais“) vem dando indícios de que começará a unificar a franquia, prometendo dar destaque a pontos centrais dos filmes anteriores neste quarto longa. Por isto, o Cinema Com Rapadura, preparou um guia com os principais pontos de cada filme, e o que pode influenciar este universo daqui para frente. Boa caçada!

Predador (1987)

Tido como um dos melhores filmes do gênero de ação, o longa de 1987 apresenta a criação dos irmãos Jim e John Thomas: uma espécie alienígena que vêm periodicamente à Terra para caçar, sem outro propósito aparente que não seja o entretenimento. Enviados à América Central sob o pretexto de resgatar um funcionário de alto escalão do governo norte-americano, a equipe de comandos liderada por Dutch (Schwarzenegger) e Dillon (Carl Weathers) acaba se tornando parte de uma caçada inesperada.

Com o cenário sendo o de uma densa floresta tropical, o diretor John McTiernan (“Duro de Matar“) constantemente induz os espectadores a tentar enxergar entre as árvores o que está perseguindo a equipe – enfatizando a sensação de isolamento e paranoia dos personagens. Sem revelar sua aparência, sabe-se apenas que o predador utiliza visão térmica e camuflagem, além de armamentos infinitamente superiores aos humanos.

Entre as curiosidades deste primeiro episódio está a participação do próprio Shane Black, que dirige o longa de 2018 – na imagem acima, ele é o comando que está de óculos. Outro ponto é a popularidade que ganhou a atuação de Schwarzenegger, principalmente por conta de seu sotaque arrastado. Dificilmente há quem assista o filme sem tentar reproduzir falas como “get to the chopper!” (“chegue até o helicóptero!”) ou a marca registrada da série “you are one ugly motherf***er” (“você é feio para ca****”). Afinal, predadores não estão lá entre os seres mais bonitos.

“Predador 2: A Caçada Continua” (1990)

Situado dez anos depois dos acontecimentos do primeiro filme – portanto, em 1997 -, “Predador 2” agora mostra como seria a caçada em outro tipo de selva: a de pedra, habitada por uma sociedade em conflito permanente com si própria. Em uma Los Angeles dividida pela guerra entre a polícia e diversas gangues criminosas, o tenente Harrigan (Danny Glover) é o típico policial ativo há tempo suficiente para já ter visto um pouco de tudo. Nada, no entanto, que se compare ao ser misterioso que vem promovendo assassinatos com requintes de crueldade cidade afora. A gota d’água, no entanto, é quando sua investigação é assumida por uma organização obscura liderada por Peter Keys (Gary Busey).

Apesar de fazer referência à equipe que enfrentou um Predador em 1987, o segundo filme da série tem uma trama totalmente diferente do primeiro, por vezes até tentando assumir ares de crítica social – mas não necessariamente com sucesso. A Los Angeles imaginada é uma cidade desordenada e caricata, uma mistura da de “Blade Runner – O Caçador de Androides” com a Gotham de Tim Burton em “Batman“.

Ainda assim, sua função principal dentro da franquia é cumprido com louvor, estendendo um pouco o horizonte da franquia e abrindo novas possibilidades. Infelizmente, algumas delas seriam aproveitadas longos 14 anos depois, quando enfim os Predadores retornariam às telonas.

“Alien Vs. Predador” (2004) e “Aliens Vs. Predador: Requiem” (2007)

Quem quer que seja o ganhador… Nós perderemos“. Uma das melhores e mais literais taglines possíveis, não há descrição que faça mais jus à dupla de filmes da mini-franquia “Alien Vs. Predador“. Amparando-se na ampliação do universo da franquia proposta por “Predador 2“, a premissa aqui é simples: xenomorfos (de “Alien“) contra Predadores. Ambos, no entanto, não fazem qualquer esforço para ir além disso, com qualquer trama sendo apenas a alavanca necessária para que o embate ocorra. E ele ocorre, regado a perseguições incessantes de todos atrás de todos e, claro, muito sangue – seja fosforescente ou ácido.

O primeiro filme, de 2004, é dirigido por Paul W.S. Anderson (“Resident Evil“), e faz o possível para combinar elementos das duas séries sem deixar de trazer algo novo à tela. Mas com tantas coisas diferentes acontecendo simultaneamente e tendo como protagonistas duas espécies rasas e unidimensionais – além de não apresentar nenhum protagonista humano que desperte alguma simpatia -, o resultado é um clássico do cinema trash.

Aliens Vs. Predador: Requiem“, por sua vez, tenta evocar logo no título o legado de James Cameron à frente de “Aliens: O Resgate“. As semelhanças param por aí, entretanto. Com um filme desordenado e que tenta impressionar mais pela plasticidade das mortes de pessoas avulsas do que com qualquer traço de trama, talvez haja alguma relação entre “Requiem” e o fato de logo após seu lançamento ambas as franquias seguiram seus rumos separadamente.

Predadores (2010)

Sendo o único filme que Shane Black deu certeza que “ainda não ocorreu” dentro da continuidade da franquia (de acordo com o portal HeyUGuys), “Predadores” traz também a premissa mais diferente até o momento: ele não é sequer ambientado na Terra. Sua trama, no entanto, é a de sempre, com uma equipe sendo caçada implacavelmente. Estrelado por Adrien Brody (“O Pianista“), Laurence Fishburne e Alice Braga (“A Cabana“) e produzido por Robert Rodriguez (“Um Drink No Inferno“), ele traz sequências de ação bem coordenadas e eletrizantes. Ainda assim, não se propõe a trazer nada novo à série.

Com uma mitologia rica e em sua maioria ainda inexplorada, “Predador” é sem dúvidas uma das franquias mais promissoras de Hollywood no momento. Até o momento, entretanto, não houve quem conseguisse torná-la o blockbuster que merece ser, nem quem conseguisse criar um universo coeso a partir de seus filmes. Será que Shane Black conseguirá? Quais são suas expectativas para o próximo filme, que estreia no próximo dia 13 de setembro? Deixe nos comentários!

Julio Bardini
@juliob09

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