Cinema com Rapadura

Colunas   sexta-feira, 07 de setembro de 2018

Das telinhas para as telonas: animações que foram da TV para o cinema

Com a estreia de "Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas", relembramos outras animações que fizeram o caminho da televisão para o cinema.

Em uma realidade em que as produções de TV e de serviços de streaming cada vez mais ganham ares cinematográficos (seja pelo orçamento de uma série, ou pelos grandes nomes de Hollywood envolvidos no projeto), é comum encontrar sucessos do cinema que acabam ganhando um derivado neste meio. Pelos próximos anos, serão produzidas séries baseadas em franquias famosas, como o “Senhor dos Anéis” e “Star Wars“. Com desenhos, não é diferente: “Madagascar“, “Como Treinar seu Dragão” e “Big Hero 6” são alguns exemplos de filmes que ganharam uma série animada nas telinhas. Mas e o caminho contrário? Será que ele também existe?

Aproveitando a estreia de “Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas”, o Cinema com Rapadura traz uma lista de outras animações que, após fazerem sucesso na televisão, ganharam um filme nos cinemas para chamar de seu. Mas atenção: a lista contém desenhos que chegaram na tela grande ainda como animações, e não que receberam uma versão live-action inspirada nela, como são o caso, por exemplo, dos infames “Dragon Ball Evolution” e “O Último Mestre do Ar”.

Batman: A Máscara do Fantasma (1993)

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Muito antes dos super-heróis dominarem o mercado de blockbuster da indústria atual, o gênero já fazia sucesso na televisão. A década de 90 foi um período especial para os fãs de quadrinhos, que puderam acompanhar animações de alta qualidade baseado em personagens como “Homem-Aranha“, “X-Men” e “Batman“. O desenho focado no Homem-Morcego foi mais um ponto alto para o personagem, que vinha de sucessos recentes no cinema, com os filmes dirigidos por Tim Burton, e de uma repaginada nos quadrinhos, marcada pelo clássico “The Dark Knight Returns“, escrita por Frank Miller na década de 80.

Tendo sido exibida entre 1992 e 1995, “Batman: A Série Animada” ganhou um longa metragem no ano seguinte ao seu lançamento. A trama de “A Máscara do Fantasma” apresenta um novo desafio para o Cavaleiro das Trevas: o misterioso vilão Fantasma está atrás de antigos gângsters de Gotham, cometendo crimes que estão sendo creditados ao herói pela imprensa. A investigação de Batman fará não apenas que ele encare o novo vilão e seu clássico rival Coringa, mas que também o faça revisitar momentos do passado, em que ele se viu dividido entre ter uma vida normal ou assumir o manto do vigilante mascarado.

Tanto o filme como a série animada são provas de como um personagem como o Batman pode ser reinterpretado de formas diversas. A produção é uma mistura do visual gótico, mas não exageradamente colorido, que marcaram os filmes de Burton, com uma pegada mais sombria, que consagraria a trilogia de Christopher Nolan anos depois. As animações em longa metragem da DC tem visuais que são elogiados até hoje, e no caso de “A Máscara do Fantasma”, não é diferente, com a fluidez da animação colaborando, principalmente, para as cenas de ação. O roteiro é cuidadoso em trabalhar o drama interno de Bruce Wayne, mostrando um herói dividido e pressionado, que almeja tanto uma vida comum e feliz, mas sabe da sua responsabilidade em defender a cidade de Gotham.

Outro ponto do alto do texto é o trabalho e o desenvolvimento sobre o interesse amoroso de Bruce, que aqui, é o caso de Andrea Beaumont. Existe um peso para a relação, com a obra fazendo que as escolhas envolvendo esses sentimentos tenham impacto na história, e possam ser sentidas pelo telespectador. A trilha ótima de Shirley Walker (“Premonição 3“) ajuda a ditar o ritmo da aventura, tornando-a ainda mais empolgante. Por fim, deve-se destacar, mais uma vez, a dublagem de Kevin Conroy como Batman, assim como Mark Hamill em suas risadas loucas e voz aterrorizante como Coringa.

Veja a trailer abaixo:

Space Jam (1996)

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Pode até ser um pouco de trapaça colocar “Space Jam” nessa lista, uma vez que há a presença de atores reais na produção, mas os Looney Toones ainda aparecem no longa em seu formato original. Na trama, um inescrupuloso alienígena proprietário de um parque galático está a procura de novas atrações. Quando ele chega à Terra, Pernalonga e sua turma desafiam ele e seus capatazes para uma partida de basquete, que irá determinar o futuro dos Looney Tones. Contudo, os alienígenas roubam as habilidades de estrelas do esporte, como Larry Bird e Charles Backley, conquistando uma importante vantagem. Pernalonga e seus amigos resolvem pedir a ajuda de Michael Jordan, astro máximo do esporte, que deve ensinar a essa turma destrambelhada tudo o que sabe sobre basquete.

A produção pode não ter o mesmo esmero técnico que “Uma Cilada para Roger Rabbits” (que ganhou três Oscars), mas ainda sim é um marco para crianças que cresceram na década de 90. O longa respeita o legado dos Looney Toones, destacando as principais características dos personagens, desde bordões até situações cômicas que ficaram imortalizadas nos cartoons da década de 40 e 50. Mesmo sem ter uma grande atuação, a química entre Jordan e os desenhos funciona o suficiente para divertir o público, tornando a aventura do filme proveitosa de ser assistida.

Essa não foi a única aventura de Pernalonga e sua turma nas telonas: em 2003, eles retornaram ao cinema com “Looney Tunes: De Volta à Ação“, com Brendan Fraser (da série “Condor“) e Steve Martin (“A Longa Caminhada de Billy Lynn”). Uma continuação de “Space Jam” está em desenvolvimento, e deve contar com o astro LeBron James como um de seus protagonistas.

Assista ao trailer:

Pokémon: O Filme (1999)

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Poucos fenômenos tiveram a magnitude que Pokémon conquistou em seu início. Tendo sido lançado para o Gameboy da Nintendo em 1996, o jogo ganhou, dois anos depois, um desenho próprio. A animação acompanha as aventuras de Ash Ketchum em busca de se tornar um mestre Pókemon, ao lado de Misty e Brock e, claro, Pikachu. No ano seguinte, o anime ganhou o seu primeiro filme solo, que foi um ápice para a marca na época. A trama da produção mostra como cientistas criam o Pokémon mais forte de todos, Mewtwo, um Pókemon de poderes psíquicos. Mewtwo se revolta e se liberta de seus criadores, e resolve desafiar os principais treinadores do planeta para um torneio Pókemon.

Para os fãs do jogo e do desenho, o primeiro filme foi praticamente a realização de um sonho. Ao contrário do seriado televisivo, que muitas vezes repetia a estrutura de roteiro que colocava Ash lutando contra a equipe Rocket, o longa tinha como premissa um duelo de proporções épicas, com o Pokémon mais poderoso até então. Mais do que isso: um Pokémon que já havia sido apresentado anteriormente na série, cercado de mistério e que serviu para atiçar os fãs sobre sua origem e capacidade, em uma inteligente jogada de marketing da produção.

O roteiro consegue caracterizar Mewtwo como um interessante antagonista, balanceando o poder de suas habilidades com sua filosofia de vida e o modo de ver o mundo – resultando na marcante frase “As circunstâncias do nascimento de alguém são irrelevantes. É o que você faz com o dom da vida que determina quem você é.” Em meio aos embates entre os seres e o surgimento do ainda mais misterioso Mew, um momento impactante e significativo para os fãs: um desolado Pikachu tentando, aos prantos, reanimar um petrificado Ash, com todos os Pokémons em volta chorando. O seriado ganhou outras aventuras no cinema posteriormente, mas nenhuma teve um impacto tão grande.

Relembre o trailer:

Bob Esponja: O Filme (2004)

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Quando o Sr. Sirigueijo é acusado de roubar a coroa do rei Netuno – vítima do novo plano mirabolante de Plankton, seu rival no ramo de fast-food -, cabe a Bob Esponja e seu melhor amigo Patrick salvarem a vida do proprietário do Siri Cascudo. A busca pela coroa do rei levará a dupla a uma aventura repleta de obstáculos e que, definitivamente, irá tirar o protagonista de sua zona de conforto. Uma jornada pela qual Bob Esponja pretende provar a sua maturidade e seu valor para se tornar o gerente da nova loja do Siri Cascudo.

Lançado em 1999, “Bob Esponja Calça Quadrada” é uma das produções de maior sucesso da Nickelodeon e um dos desenhos de maior influência da última década. Ao repetir a fórmula do desenho, o filme consegue ser um ótimo exemplo que justifica o sucesso. As piadas são uma mistura de ingenuidade com situações absurdas e improváveis, que consegue tirar a risada de crianças e adultos. O carisma da dupla protagonista, assim como sua capacidade de não se levar a sério, não importando o cenário, consegue prender a atenção do espectador.

A arte da animação é inteligente em apostar nas diversas caretas dos personagens, caminho que depois seria seguido por outros desenhos, como “Hora de Aventura”. Um aspecto que o longa peca, contudo, é em não utilizar por mais tempo personagens secundários conhecidos do desenho, como Cindy e Lula Molusco, que poderiam render outros bons momentos de humor. Bob Esponja voltou aos cinemas em 2015, em “Bob Esponja: Um Herói Fora d’Água“, produção que misturou live-action com animação e que contou com Antonio Banderas (“A Pele Que Habito“) no elenco.

Veja o trailer:

Simpsons: O Filme (2007)

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Por quase 30 anos e com inúmeras temporadas, “Os Simpsons” tem sido um dos grandes ícones da cultura pop ocidental, brincando, ao longo de sua existência, com os principais acontecimentos, tendências e celebridades que se popularizaram nos EUA desde 1989. Em 2007, foi a vez da família de Homer Simpson ir da TV para os cinemas. A trama do longa acompanha o maior erro cometido por Homer, ao menos até aquele momento: após poluir o lago de Springfield, ele acaba causando danos ambientais irreparáveis para a cidade. O governo americano decide, então, isolar a cidade por meio de um domo, no melhor estilo “Under the Dome“. Querendo ou não, Homer e sua família terão que vencer difíceis obstáculos para não apenas salvar a cidade, mas conseguir o perdão da mesma.

O longa metragem foi uma forma de homenagear a icônica família, repetindo tanto sacadas já conhecidas pelo público (como Homer esganando Bart), mas também aproveitando para desenvolver a relação da família Simpson de um outro modo. O roteiro encontra espaço para apresentar um subplot para cada um dos membros da família, explorando, principalmente, a relação entre eles. Destaca-se, nesse sentido, a crise no relacionamento entre Homer e Margie, uma vez que após mais uma trapalhada inacreditável do marido, a matriarca da família acha que não consegue mais amá-lo.

Outro ponto alto é trato com relação entre pai e filho, uma vez que Bart procura uma figura paterna que possa lhe dar carinho, mais do que simplesmente esganá-lo – e ironicamente a encontra no seu vizinho Flanders. A produção teve enorme sucesso, faturando mais de US$ 520 milhões no mundo todo, mas uma sequência nunca foi oficializada. Entretanto, rumores recentes apontam que a Fox planeja um novo filme baseado no seriado.

Veja o trailer:

Dragon Ball Super: A Batalha dos Deuses (2013)

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Ao longo das últimas três décadas, “Dragon Ball” solidificou-se como um dos animes de maior apelo mundial, conquistando milhares de fãs no mundo todo, sobretudo no Brasil, onde caiu no gosto do público nas décadas de 90 e 2000. Tendo como protagonista o carismático sayajin Son Goku, o anime destacou-se pelas batalhas de grandes proporções, recheadas de técnicas de artes marciais e poderes variados, além de uma rica gama de personagens, que sempre ajudavam a expandir o universo.

Entre os inúmeros filmes da franquia lançados desde seu lançamento, “A Batalha dos Deuses” se destaca por servir como uma retomada da exibição da saga, dando início ao arco de “Dragon Ball Super“. Na trama do longa, o deus da destruição, Beerus, acorda após um longo período de sono. Ao saber que um sayajin venceu o temível Freeza, ele parte em busca de Goku e de um mítico “deus super sayajin“, alguém que, talvez, tenha uma força equiparável a dele. A investigação de Beerus o traz até a Terra, onde Goku, Vegeta e os outros terão que desafiá-lo, se quiserem, mais uma vez, salvar a Terra.

Este é mais um exemplo de obra que transporta para as telonas as principais e melhores qualidades da série animada. O duelo entre Goku e Beerys apresenta uma qualidade técnica na animação que mesmo o anime, quando retornou à televisão, não apresentou em sua primeira leva de episódios. Como tantas outras, a luta tem um caráter épico e cria uma tensão digna para o duelo (e dessa vez, sem ter que se estender por vários episódios até chegar em seu ponto alto), mas sem esquecer do humor. Pelo contrário: as piadas e o lado cômico estão presentes durante toda a obra, divertindo o público e tornando a aventura bem mais proveitosa.

O trabalho da equipe de dublagem brasileira merece reconhecimento, uma vez que houve um esforço para trazer de volta os principais dubladores do desenho, deixando as sessões do filme ainda mais nostálgicas – afinal, não é todo dia que você tem a oportunidade de ouvir um “Kamehameha!” pela voz do Wendel Bezerra no cinema, certo? A iniciativa de exibir o filme nos cinemas foi um sucesso, tanto que outro longa do anime, “O Renascimento de Freeza“, chegou por aqui em 2015. Esse será o mesmo caminho do próximo longa metragem, “Dragon Ball Super – Broly“, que deve chegar as salas do Brasil em 2019.

Assista ao trailer:

E para você, qual foi melhor animação que se aventurou nos cinemas? Lembra de mais alguma que fez essa caminhada? Deixe sua opinião nos comentários!

Luís Gustavo
@louisgustavo_

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