Cinema com Rapadura

Colunas   sexta-feira, 10 de março de 2017

Elas em Ação: 7 mulheres que fizeram história em Hollywood

Confira a lista daquelas que superaram a desigualdade de gênero e deram uma aula de feminismo para todo o mundo ver.

Não é novidade que os últimos anos foram marcados por um discurso igualitário em Hollywood, tanto no que diz respeito à remuneração de atrizes quanto na quantidade e qualidade de papeis oferecidos às mulheres. E embora a ala feminina da indústria americana exija constantemente melhores condições de trabalho, o que se vê, na prática, ainda é uma enorme discrepância entre os gêneros.

É comum vermos grandes beldades do mundo do cinema se posicionarem sobre a questão, como Charlize Theron, Emma Watson e Meryl Streep, que levantam, sempre que podem, a bandeira do feminismo. A indústria, porém, vai muito além das atrizes e, por trás das câmeras, a situação é ainda pior do que na frente delas. Com isso em mente, para finalizar a semana de homenagem às mulheres, o Cinema com Rapadura criou uma lista de 7 delas que, além de fazerem história em Hollywood, nos dão, até os dias de hoje, uma aula de representatividade e direitos da mulher.

Kathleen Kennedy

Considerada uma das mulheres mais experientes e poderosas da indústria cinematográfica norte-americana, Kathleen Kennedy foi escolhida a dedo por George Lucas como sua sucessora à frente da Lucasfilm Ltd, em 2012, quando o diretor anunciou sua aposentadoria. Ao assumir a presidência do lendário estúdio, responsável pela produção dos filmes “Star Wars”, Kennedy colocou como uma de suas principais metas de gestão dar mais protagonismo às mulheres, tanto na frente das câmeras quanto por trás delas. “Star Wars: O Despertar da Força” foi a primeira produção do estúdio sob o comando dela. Não coincidentemente, foi também o primeiro filme da franquia em que o papel principal foi dado a uma mulher. Em 2016, “Rogue One: Uma História Star Wars”, segundo filme lançado por Kennedy, também teve uma figura do sexo feminino como protagonista.

Não é à toa que ela foi a escolhida para tocar o império de George Lucas. Como produtora, Kennedy trabalhou em mais de 60 filmes, incluindo sucessos como “E.T. – O Extraterrestre” e “Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros”. Ao lado de Steven Spielberg e Frank Marshall, Kennedy também fundou a produtora Amblin Entertainment. Se juntarmos todas as produções, o trabalho dela soma 120 indicações ao Oscar e arrecadação superior a $11 bilhões ao redor do mundo. Atualmente, ela é considerada a terceira profissional mais rentável da indústria.

Halle Berry

Halle Berry fez história em Hollywood ao se tornar a primeira mulher negra a vencer o Oscar de Melhor Atriz, em 2002, com o filme “A Última Ceia”. Apesar da aclamada interpretação de Leticia Musgrove, Berry ficou mais conhecida pelo grande público no papel da mutante Tempestade, da franquia de filmes “X-Men”.

Outros longas da filmografia da atriz incluem “007 – Um Novo Dia Para Morrer”, “A Senha: Swordfish” e “A Viagem”. Atualmente, ela estrela a série de televisão de ficção científica “Extant”, no papel de Molly Woods.

Mary Pickford

Gladys Marie Smith, mais conhecida pelo nome artístico de Mary Pickford, foi uma das primeiras grandes estrelas de Hollywood. Ela moldou a indústria cinematográfica logo em seus primeiros anos de funcionamento, ao co-fundar o estúdio de cinema United Artists e a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pelo Oscar. A canadense foi também a segunda vencedora da história da premiação na categoria de melhor atriz, pelo seu papel em “Coquete”, de 1929. Décadas depois, em 1976, Pickford recebeu um Oscar honorário por suas contribuições na indústria.

Em 1918, ela se tornou a atriz mais bem paga dos Estados Unidos. No total, fez mais de 200 filmes, sendo a maior parte deles ainda no cinema mudo, o que rendeu a ela o status de “namoradinha da América”. Mesmo com a adição de som nos filmes, ela acreditava que sua fama permaneceria inabalável. O que aconteceu, porém, foi que Pickford não conseguiu se adaptar às mudanças na indústria e, alguns anos depois, decidiu se aposentar.

Kathryn Bigelow

Com “Guerra ao Terror”, Kathryn Bigelow se tornou a primeira (e, até o momento, única) mulher a vencer o Oscar na categoria de Melhor Direção, em 2010. Na ocasião, a estatueta também era disputada por James Cameron, ex-marido de Kathryn, com o filme “Avatar”. Três anos depois, ela voltou a receber uma indicação ao prêmio, desta vez na categoria de Melhor Filme, com “A Hora Mais Escura”.

A filmografia de Bigelow inclui também produções como “K-19: The Widowmaker”, “Estranhos Prazeres” e “Caçadores de Emoção”.

Katharine Hepburn

Independente e sem papas na língua, Katharine Hepburn teve uma das carreiras de maior sucesso na história de Hollywood. Com mais de 50 títulos no currículo, antes da aposentadoria, em 1994, Hepburn participou de uma grande variedade de filmes e atuou por mais de seis décadas. Como recompensa, tornou-se a atriz recordista de Oscars ao ganhar quatro vezes a cobiçada estatueta, pelos papéis em “Manhã de Glória”, “Adivinhe Quem Vem Para Jantar”, “O Leão no Inverno” e “Num Lago Dourado”.

Na década de 1970, ela começou a aparecer em filmes para a televisão, que se tornaram o foco de sua carreira mais tarde. A atriz permaneceu ativa até a velhice e morreu, em 2003, com 96 anos. Em 1999, ela foi nomeada pelo American Film Institute a maior estrela feminina de todos os tempos.

Geena Davis

Como atriz, Geena Davis tem tido uma carreira discreta há muitos anos, embora seja lembrada, até hoje, por interpretar a icônica Thelma Dickinson, em “Thelma & Louise”, de 1991, considerada um dos grandes símbolos da liberdade feminina, em Hollywood.  Foi no ativismo, porém, que Davis encontrou o maior papel de sua vida. Em 2004, enquanto assistia a programas de televisão com sua filha, Davis percebeu o que ela considera um desequilíbrio na relação entre personagens masculinas e femininas. Três anos depois, fundou o Instituto Geena Davis de Gênero na Mídia, uma poderosa organização que trabalha em colaboração com a indústria do entretenimento para aumentar a presença do sexo feminino nos meios de comunicação dirigidos a crianças, a fim de reduzir os estereótipos de mulheres em um campo dominado por homens.

Atualmente, ela está produzindo um documentário justamente com esta temática, que tem previsão de lançamento para 2018. Davis foi indicada duas vezes ao Oscar e venceu na categoria de melhor atriz coadjuvante, em 1988, por seu trabalho em “O Turista Acidental”.

Frances Marion

Frances Marion foi uma roteirista, autora e jornalista norte-americana, frequentemente citada como a mais renomada roteirista feminina do século XX, ao lado de June Mathis e Anita Loos. Em sua carreira, ela escreveu mais de 300 roteiros e foi a primeira mulher a vencer o Oscar na categoria de Melhor Roteiro, em 1930, com o filme “O Presídio”. Dois anos depois, ela ganhou novamente com “O Campeão”.

Com o reconhecimento pelo seu trabalho, ela rapidamente se tornou a roteirista mais bem paga entre homens e mulheres, nas décadas de 1920 e 1930.

Muito antes de termos como “empoderamento” se tornarem populares, estas 7 mulheres já mostravam sua força, superavam adversidades e abriam caminhos para que outras pudessem seguir os mesmos passos. Embora estejamos falando de um mundo marcado por opulência, figuras femininas como estas citadas mostram que os direitos da mulher têm um longo caminho pela frente e que a desigualdade de gênero está presente em diferentes contextos, raças e condições socioeconômicas.

Sarah Lyra
@sarahlyra

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