Cinema com Rapadura

Colunas   terça-feira, 29 de dezembro de 2009

James Cameron é o grande campeão dos números em bilheterias

Estréia da coluna sobre as personalidades em bilheteriais.

James Cameron. Se você ouve este nome e não se lembra de, pelo menos, um filme que ele tenha feito, a pergunta é: onde você esteve nos últimos 20 anos?  O nome do diretor divide opiniões, mas seja lá qual for o resultado de qualquer debate sobre ele, uma coisa é certa: o cineasta possui pelo menos 4 filmes – de um total de 8 – que marcaram a história do cinema.

Cameron começou sua carreira em 1982, com “Piranhas 2 – Assassinas Voadoras”. O filme é uma continuação de uma película homônima de baixo orçamento, que estreou em 1978. Quando integrou a equipe do projeto, ele era apenas o diretor de efeitos especiais. Mas, por obra do destino, acabou assumindo o posto de diretor, abandonado pelo comandante anterior.

No entanto, não foi por suas qualidades como diretor que Cameron assumiu o projeto. Mas sim porque os produtores queriam manter o orçamento baixo. Foi também neste filme que começaram as lendárias histórias de brigas entre Cameron e as equipes de produção de qualquer projeto que ele assume. O resultado final foi a pior crítica que o diretor recebeu em sua carreira – alguns consideraram o longa de estréia do cineasta como um dos piores filmes já feitos no gênero de terror – e uma bilheteria fraca.

Piranhas 2 – Assassinas Voadoras” poderia ter enterrado para sempre a carreira de Cameron, mas ele não desistiu. Aliás, foi isso que o instigou a buscar uma inovação para seu próximo projeto: ele queria fazer um filme de ação que revolucionaria a história dos filmes de ficção da década de 1980. Sendo assim, nasceu “O Exterminador do Futuro”.

Depois de escrever o roteiro do filme que viria a se tornar um dos clássicos do cinema, Cameron lutou para levantar um orçamento, considerado baixo para os padrões da época: US$ 6,4 milhões. Mas todo o esforço valeu a pena, já que no primeiro fim de semana após a estréia, “O Exterminador do Futuro” arrecadou US$ 4 milhões. Em 12 semanas de exibição, o longa chegou aos US$ 38 milhões só nos Estados Unidos, além de US$ 40 milhões no mundo. Este foi o  primeiro filme de Cameron que marcou a história do cinema.

Após o lançamento de “O Exterminador do Futuro“, o diretor passou dois anos colhendo os frutos do sucesso. Em seguida, assumiu a direção de outra sequência. Muitos comentaram que esse poderia ser o reencontro de Cameron com a “maldição da continuação”, referindo-se ao fracasso “Piranhas 2”. No entanto, mais uma vez, o cineasta não se deixou levar pelas conversas e assumiu o comando de “Aliens – O Resgate”.

Com a responsabilidade de dar continuidade ao filme dirigido pelo já consagrado Ridley Scott, Cameron decidiu que “Aliens – O Resgate” não seria um longa apenas de ficção, mas também de suspense e ação. E a idéia não poderia ter dado mais certo. O filme, que ficou 12 semanas em cartaz, arrecadou US$ 85 milhões nos Estados Unidos e mais US$ 45 milhões no mundo. Novamente Cameron mostrava que sua vontade era fincar os pés em Hollywood.

O diretor esperou mais três anos para retornar às telas e prometia voltar com um projeto ainda mais complicado. Depois de trazer ciborgs do futuro e levar o público ao espaço, Cameron decidiu ir às profundezas do mar. Com “O Segredo do Abismo”, o cineasta, mais uma vez, mudou o jeito de fazer cinema. Foram oito semanas de filmagens subaquáticas, além disso, Cameron desenvolveu um software para criar seus alienígenas marinhos. O filme passou nove semanas em cartaz e arrecadou mais de US$ 80  milhões no mundo todo. No entanto, apesar das cifras satisfatórias, Cameron ainda não tinha chegado ao seu “breakthrough”, que era nada menos do que ultrapassar US$ 100 milhões em bilheteria.

Foi neste momento que o cineasta, que já havia se mostrado rentável para os estúdios de Hollywood, preparou as suas bases para fazer mais um grande filme. Já fazia mais de oito anos desde o lançamento de “O Exterminador do Futuro”. Com o avanço da tecnologia e um orçamento milionário (cerca de US$ 102 milhões), Cameron deu início à continuação de seu primeiro longa de sucesso, que seria batizado “O Exterminado do Futuro 2: O Julgamento Final”.

Considerado por muitos críticos uma das melhores e mais bem feitas continuações de Hollywood , o filme, que teve maior parte de seu investimento feito pela Pepsi (que ganhou como retorno uma massiva propaganda no projeto), foi um dos mais rentáveis no mundo todo, arrecadando US$ 520 milhões.

Após o sucesso estrondoso de “O Exterminador do Futuro 2”, financiamento e investimento deixaram de ser um problema para Cameron. As portas se abriam com muito mais facilidade em todos os estúdios em Hollywood, afinal, todos queriam um pouco da rentabilidade do diretor. No entanto, após quatro filmes muito bem-sucedidos, a pressão sobre os ombros do cineasta era maior do que nunca. E foram mais três anos, até que Cameron voltasse às telonas. O filme da vez, “True Lies”, trouxe o diretor com Arnold Schwarzenegger pela 3ª vez. E a dobradinha de sucesso garantiu mais uma vez uma rentável bilheteria: U$S 378 milhões.

Após “True Lies”, o cineasta ficou mais três anos afastados de Hollywood. Durante esse tempo, o diretor se ocupou de muitos estudos, testes e preparativos para o filme que viria a se tornar a maior bilheteria da história do cinema: “Titanic”. O filme foi um estrondo. Passou quase um ano em cartaz (41 semanas do total de 54) nos Estados Unidos e arrecadou impressionantes US$ 1,8 bilhões no mundo todo. E por que não dizer que o filme continua arrecadando até hoje?

Mais de 10 anos após o lançamento de “Titanic”, o diretor retorna às telas, mais uma vez cercado de expectativas. Para fazer “Avatar”, Cameron usou o máximo que existe em tecnologia digital e 3D e contou com um dos orçamentos mais caros da história do cinema (entre U$S 230 e U$S 400 milhões). E não foi à toa que o mais novo longa do cineasta arrancou elogios da maioria dos críticos e ainda corre o risco de repetir o feito de “Titanic” quando o assunto é bilheteria. E já arrecadou mais de US$ 1 bilhão o mundo. Que poder, hein?

Cameron, que já arrecadou mais de U$S 4 bilhões em bilheteria com apenas sete filmes, tem um feito de deixar grandes diretores Hollywoodianos com uma certa invejinha. E com o know-how em produzir sucessos de crítica e público, Cameron com certeza  continuará muito bem cotado em Hollywood. Claro que aqui estamos falando apenas de cifras e não de qualidade. Esse assunto abriria uma discussão muito maior do que essa.

Leonardo Heffer
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