Cinema com Rapadura

Colunas   quarta-feira, 18 de novembro de 2009

“Lua Nova” dá continuidade a saga e troca vampiros por lobisomens

Tentativa da autora em dinamizar sua obra e insegurança ao tratar de novos temas marcam o segundo capítulo da saga iniciada em Crepúsculo.

A americana Stephenie Meyer rapidamente ganhou fama com seu primeiro livro, Crepúsculo. Ao narrar o amor entre o vampiro Edward Cullen e a humana Bella Swan, a autora arrebatou os corações de milhares de leitores ao redor do mundo e agora, dando continuidade a história, a escritora novamente nos introduz no mundo sobrenatural e cheio de romances de sua segunda obra, Lua Nova.

Acontecimentos recentes acabam convencendo Edward que continuar junto de Bella somente traria riscos à vida da jovem e assim, termina o relacionamento entre os dois. Entregue a tristeza, a garota começa a ver uma nova esperança de felicidade na amizade do índio Jacob, que assim como Edward, também guarda um grande segredo.

Deixando de lado o “primeiro amor” para trabalhar em torno de outra experiência comum na adolescência (a primeira desilusão amorosa), Meyer se mostra corajosa ao deixar Edward um pouco de lado neste segundo capítulo da saga para investir no relacionamento entre Bella e Jacob. A amizade é força motriz da narrativa que se torna muito mais atraente devido ao caráter cativante dos dois personagens. O jovem índio se mostra tão carismático quanto à protagonista tendo sua personalidade trabalhada de maneira intensa. Bella por outro lado continua sendo o “perfil” da adolescência e seu sofrimento pela perda do namorado e suas reflexões sobre amizade e amor são muito interessantes de serem acompanhadas.

Infelizmente a autora se mostra insegura em inserir elementos inteiramente novos em sua obra e assim se agarra a certas características para manter sua narrativa. Assim, ao invés de uma família de vampiros temos uma família de lobisomens e, novamente, a protagonista passa a ser caçada por um vampiro (novamente e convenientemente no período de férias escolares). Porém, os lobisomens que deveriam ser o grande “trunfo” da obra, se mostram extremamente mal construídos, o que é uma surpresa levando-se em consideração o belo trabalho da escritora com a família vampiresca de Edward. Cada membro da família (ou matilha, se preferir) é apresentado de maneira rasa e sem interesse pela autora que apenas se preocupa em dar uma característica simplista para cada personagem, na ingrata tentativa de lhes dar profundidade e assim, temos um líder, um zangado, um engraçadinho e por aí vai.

Já a vampira que começa a caçar Bella se torna pouco mais do que uma “sombra narrativa” já que nunca realmente chega a aparecer na obra, fato que diminui e muito a tensão que a passagem deveria causar, pois nunca realmente chegamos a temer pela vida da protagonista.

Conhecer lobisomens e escapar de vampiros vingativos acabam por não ser os maiores desafios que a protagonista precisa enfrentar em Lua Nova e é justamente neste terceiro ato da obra que o livro se destaca, pois é nele que passamos a conhecer um pouco mais sobre a mitologia criada pela autora. Meyer procura definir mais o mundo “vampiresco” ao apresentá-lo como uma sociedade muito mais organizada do que anteriormente supúnhamos e assim introduz uma grande variedade de personagens e características sobre o mundo dos vampiros. Porém, todos estes novos elementos são apresentados de maneira muito rápida, dando pouco tempo para o leitor “degustar” as novas informações.

Existem dois fatos que achei curiosos sobre Lua Nova. O primeiro é que Meyer pareceu querer dar mais dinamismo ao livro, optando assim por colocar vários momentos de tensão ao longo da obra. Porém, embora estes sejam inseridos corretamente, de forma a não atrapalhar a narrativa, poucos são as passagens que realmente chegam a transmitir a urgência e tensão que deveriam. O segundo é que no terceiro ato do livro encontramos a única personagem cuja aparência é realmente descrita ao leitor e como a falta de imaginação da autora ao apresentar seus personagens foi uma de minhas principais crítica com relação a Crepúsculo, não pude deixar de reparar neste detalhe.

Embora Lua Nova apresente grande parte de elementos reciclados do primeiro livro, este também mostra alguns novos que prometem ser úteis a mitologia da série. Porém, a falta de ousadia da autora e sua clara insegurança em tratar de seres sobrenaturais que não sejam vampiros, fazem de Lua Nova um livro apenas mediano e sem dúvida um pouco inferior a Crepúsculo.

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Rafael Barbosa
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