Cinema com Rapadura

Colunas   segunda-feira, 09 de novembro de 2009

Crepúsculo inicia grande saga mostrando o potencial de uma novata

Saga iniciada em 2005 aposta no romance “água com açúcar” e na mitologia dos vampiros para dar certo.

Crepúsculo, o livroJá faz anos desde que os vampiros causaram furor no mundo literário. Estas “criaturas da noite” tem se tornado celebridades, fato que não acontecia desde que Bram Stoker publicou seu livro “Drácula”, ou quando Anne Rice apresentou ao mundo suas crônicas vampirescas. A recente popularidade destes sugadores de sangue deve-se principalmente a uma americana que em uma noite, sonhou estar tendo um encontro com um vampiro e a partir daí, resolveu escrever um livro. A escritora Stephenie Meyer publicou Crepúsculo em 2005 como o primeiro capítulo de uma grande saga e desde então todos os seus livros tem despertado furor entre pessoas de diversas faixas etárias, mas principalmente entre os adolescentes.

O livro é narrado por Isabella Swan, uma jovem que se muda para a pequena cidade de Fork, em Washington, para viver com seu pai, Charlie. Enquanto frequenta a escola, Bella (como prefere ser chamada) conhece o misterioso Edward Cullen, por quem sente-se implacavelmente atraída. Porém, a vida da garota mudará para sempre ao descobrir que o garoto é na verdade, um vampiro.

Crepúsculo é apenas uma simples história de amor, mas é necessário dar crédito a Meyer por sua honestidade em deixar claro que seu livro propõe-se em ser exatamente isto. Assim a escritora concentra-se no romance entre seus protagonistas, retirando da obra qualquer sub trama que distraia o leitor do que realmente importa, o amor entre Bella e Edward. Entretanto, a autora também se mostra inteligente ao tornar seus personagens interessantes o suficiente para suprir a simplicidade de seu roteiro e assim, tornar o leitor interessado.

Bella é uma personagem fácil de gostar, bondosa, sensível e até certo ponto, amorosa com os que estão a sua volta. A autora retrata com riqueza os trejeitos de alguém que está passando por esta conturbada fase da vida e assim podemos ver algumas de suas características (como sua propensão a ser exagerada e a estranha mania de sentir-se deslocada e feia), não como defeitos, mas como manias que nós mesmos tínhamos na sua idade. Estas características também fazem com que os jovens facilmente se identifiquem com a protagonista, o que por si só já a torna uma das personagens mais fortes do livro. Porém, é uma pena que não possamos dizer o mesmo sobre seu par romântico.

Sempre com bruscas mudanças de humor e abusando de clichês do gênero como o fato de se martirizar por ser um “monstro”, Edward acaba tornando-se uma figura mais enfadonha do que cativante e facilmente superada por outros personagens muito mais interessantes e bem desenvolvidos como, por exemplo, os outros membros de sua família vampiresca ou o jovem índio Jacob. É uma pena constatar que estes personagens são tão pouco aproveitados neste capítulo da saga.  Assim, o “jovem” vampiro sustenta-se apenas em sua incrível beleza para tornar-se interessante aos olhos do leitor, mas mesmo está “beleza” torna-se extremamente desinteressante e superficial já que a aparência de Edward nunca é descrita corretamente ao leitor.

Meyer parece mais interessada em descrever ambientes do que seus personagens e chega a ser um pouco frustrante imaginar, em determinado momento da obra, que conhecemos em detalhes como é o quarto da protagonista embora saibamos pouco mais sobre sua aparência além do fato desta possuir cabelos compridos e meio ruivos. E devo confessar que certamente sei o formato e cor dos cabelos de quase todos os personagens da obra, já que a escritora normalmente utiliza-se somente desta simples descrição para apresentá-los e confesso que ri sozinho ao, em determinado momento, fantasiar uma praça de alimentação escolar habitada unicamente por “perucas flutuantes”.

Com relação aos vampiros, estes “seres da noite” não fogem de padrões estabelecidos por outros autores ao longo dos anos e sendo assim, são apresentados como figuras belas, fortes e claro, com uma grande sede de sangue. É interessante constatar que a autora se preocupa em apresentar seus vampiros como criaturas sobrenaturais, mas não essencialmente malignas, retratando-os como seres mais angelicais do que demoníacos, fato explicitado principalmente na transformação sofrida pelas criaturas quando estas se expõem ao sol.

Embora não seja uma obra profunda ou original em sua concepção, Crepúsculo mostra que tem seu valor como narrativa, sendo uma boa opção para quem quer uma leitura leve e “sem compromisso”. O livro também mostra potencial em uma autora, na época novata, que espero, consiga levar suas obras futuras para além do simples romance.

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Rafael Barbosa
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