Cinema com Rapadura

Colunas   quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O Astro Sombrio de Hollywood repassa a carreira de Heath Ledger

Ele faleceu em 2008 devido a uma intoxicação acidental de remédios prescritos e teve uma carreira repleta de polêmica e de bons filmes.

O Astro Sombrio de HollywoodA Editora Panini – por meio do selo Panini Books – lançou a biografia de Heath Ledger, escrita por Brian J. Robb. A, no início de 2009. O que poderia parecer “uma carona no sucesso da morte dele”, foi um sincero relato sobre a vida conturbada e excêntrica do ator. O autor conseguiu dar vida ao texto com a ajuda de imagens que ilustram praticamente todo o livro. Fazendo referências a próprias citações do ator, além de familiares, amigos, diretores e profissionais do cinema, o livro acaba ganhando um grande conteúdo que ajuda a narrar toda a sua carreira.

Na tarde de uma terça-feira, do dia 22 de janeiro de 2008, o mundo ficou chocado com uma notícia que parecia até inventada: o ator Heath Ledger havia sido encontrado morto em seu apartamento, em Nova York. Imediatamente, começaram a pipocar notícias dando mais detalhes. O corpo estava em apartamento de uma gêmea Olsen e indícios davam conta de que Ledger havia cometido suicídio (haviam pílulas ao lado do corpo); foi divulgado que uma nota de vinte dólares toda enrolada, encontrada no local, teria sido usada para cheirar cocaína e que outras drogas haviam sido encontradas no local – outro dado verificado mais tarde como falso. Fato é que nada disso importava exatamente: Ledger estava morto e nada mudaria isso.

No livro, o autor descreve a carreira do ator de maneira fácil e empolgante. É muito interessante conhecer uma trajetória não só pela narrativa, mas por frases dos envolvidos. É fácil de se identificar com a história de Ledger. Ele tinha tudo para ter sido mais um esportista australiano, como seu pai sempre quis, mas preferiu ir além. Começou a fazer teatro: “Alguns professores da escola tentaram desencorajar minha participação no teatro de todas as formas dizendo, basicamente, que eu estava desperdiçando meu tempo. Isso meio que me deixou com raiva e determinado a provar que poderia alcançar os objetivos que estabeleci para mim mesmo”, disse Ledger.

Sempre que estamos lendo uma página sobre um assunto importante em sua carreira, imagens, hoje todas disponíveis na internet, ilustram o momento. Algumas são praticamente fotos de books, profissionais, outras de arquivos de família e amigos de sua cidade natal, Perth, Austrália.

O que mais me chamou atenção foi o fato que o ator não gostava do sucesso e se questionava muito. A todo momento ele sofria por achar que o sucesso que estava fazendo era por acaso ou sorte, e não por talento. Pensava que do dia para noite iriam desmascará-lo e sua carreira acabaria. Esse medo fazia com que escolhesse papéis menores e em filmes que não chamariam muito alarde, mas sempre acaba se destacando e voltando para “período de medo”. A cada filme o perfeccionismo com a sua atuação, ajudava a ansiedade aumentar e isso fez com que começasse a tomar medicamento controlados para conseguir dormir e descansar.

Para muitos da imprensa, Ledger era considerado uma pessoa mau-humorada e difícil de ser relacionar. Enquanto todos os seus amigos e profissionais o adoravam e falavam maravilhas. Essa relação de amor e ódio com imprensa teve início quando o seu rosto estava estampando alguns filmes, como “O Patriota” e “Coração de Cavaleiro”. As perseguições constantes dos paparazzis e sua revolta em relação a isso, eram figurinhas carimbadas nas manchetes de jornais sensacionalistas. Sem contar com suas constantes idas a festas, bebedeiras, insinuações ao uso de drogas e os mais variados romances com atrizes como Naomi Watts, Lisa Zane, Heather Graham e Michelle Williams, que conheceu durante as filmagens de “O Segredo de Brokeback Mountain” (tiveram uma filha juntos, Matilda). Ledger sempre foi um prato cheio para os jornais e revistas.

No livro conhecemos um lado que o incomodava muito: os testes de elenco. Ele detestava e sempre ia muito mal. “Sou a pior pessoa para fazer testes. Sou muito, muito ruim. Você está sendo avaliado e eu sou tão consciente disso que me consome. Não consigo relaxa. Fico completamente duro. É idiota. Odeio isso!”, disse o ator.

Grandes atuações como em “Brokeback Mountain” e “Batman – O Cavaleiro das Trevas” (onde ganhou o Oscar e o Globo de Ouro póstumos) tinham feito acreditar que estava indo bem na carreira, mas os constantes problemas com a ansiedade, relacionamento (ele se separou meses antes de sua morte) e o consumo agressivo de drogas (contam que ele tomou 6 ecstasys de uma vez em uma festa, na frente de todos) e remédios controlados, começaram a se agravar. No livro é dito que o excesso do trabalho na confecção do personagem Coringa, o consumiu.

A narração da história do ator é cativante e triste. Brian J. Robb soube medir a forma que a trajetória era contada com palavras do próprio Ledger, se questionando e dando uma idéia de como pensava. Ele diz: “De certa forma, me sinto pronto pra morrer porque você continua vivendo no seu filho. Me sinto bem em morrer agora porque sinto que estou vivo nela“, falando sobre sua filha, Matilda.

Ledger deixou uma filha, pais e familiares com o coração partido pela perda; e um público extremamente saudoso. Saudosos de escutar seu nome em produções mundo afora, saudosos de assistir ótimos filmes que ele poderia vir a fazer. Saudosos de Heath Ledger.

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Jurandir Filho
@jurandirfilho

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